VIII - It’s A Sin

Frandal sorriu e disse:

– Minha casa fica aqui perto...

Loki concordou com a cabeça. Seu sangue fervia de ódio. Ele faria qualquer coisa para esquecer aquela cena que insistia em passar em sua cabeça.

Thor com Jane...ele não podia acreditar. Logo após eles terem feito o que haviam feito...refletiu que ele estava bêbado e que provavelmente não havia esquecido a moça.

A verdade é que os dois formavam um belo casal, que poderia ter tudo e tinha tudo para dar certo.

– Loki...chegamos.

Eles saíram do carro e entraram na casa de Frandal, que era pequena, mas muito aconchegante.

– Fique à vontade...

Loki o encarou por um momento e começou a beijá-lo, o que não era uma tarefa nada difícil, afinal o loiro era extremamente atraente.

Fechando os olhos, imaginou que era Thor e ficou bem mais fácil. Pensamentos diversos passavam por sua mente. Arrependimento, ódio, desejo, vingança...ele tentou se esconder de todos.

– Você é delicioso...- disse o loiro enquanto Loki beijava seu pescoço. – E maravilhoso para quem se mostra tão tímido. O que fez você mudar de ideia?

– Isso importa?

– Na verdade nem um pouco. – Frandal o agarrou contra a parede e começou a tirar sua calça. – Só fico feliz em saber que você quer aproveitar tanto quanto eu...venha aqui.

Loki começou a beijá-lo enquanto o loiro o arrastava para dentro do quarto. Foi jogado enquanto Frandal terminava de tirar suas roupas. Ele percorreu com os olhos pelo corpo de Frandal e isso o fez ficar sem ar.

Mas faltava algo.

Não que fosse ruim. Ou errado.

Mas não era Thor. E isso continuava torturando ele.

Ele não havia chegado tão longe com mais ninguém e se agora se sentia patético por estar ali. Logo ele, sempre tão certo, tão conservador.

Não era certo, mas era tarde demais.

Frandal estava em cima dele e agora tirava seu cinto. Seu corpo não acompanhava mais seus pensamentos.

De repente, o toque, o gosto de Thor voltou e era apenas fechar os olhos e pronto: conseguiu imaginar de novo os dois juntos.

Loki fechou os olhos e Frandal que o acariciava entendeu isso como um estímulo, fazendo-o ficar ainda mais sem ar.

Loki agarrou Frandal e o puxou, beijando-o.

Em seus pensamentos novamente: Jane e Thor, Thor sorrindo, Jane e Thor na foto juntos, Thor o beijando, a briga na noite anterior, Thor e o seu beijo, ele com ciúmes de Frandal na festa.

– Frandal...pare.

– O quê? – perguntou o loiro sem ar.

– Eu...não posso.

– O quê?

– Desculpe...

– Eu estou sendo rápido demais?

– Não é isso. Eu não posso...

Os dois permaneceram na cama deitados, um do lado do outro e ambos olhando para o teto.

– É por causa...da pessoa?

Loki fechou os olhos. Ele não conseguia mentir nem para ele mesmo, ser sincero com Frandal naquela situação era o mínimo que ele poderia fazer.

– É. Eu não sou normal...ok.

Frandal riu e disse:

– É o que eu mais gosto em você...gosto desse seu ar meio aristocrático, esnobe e ao mesmo tempo gentil.

– Você é gentil, Frandal. Posso te perguntar uma coisa?

– O que você quiser.

– Se você gostasse de alguém e descobrisse que é algo impossível e que essa pessoa já é apaixonada por alguém...o que você faria?

– Bom...tentaria esquecê-la, certo? Quero dizer, é impossível! Mas a pessoa te odeia? Quem te odiaria?

– Não...é delicado, e é simplesmente impossível.

– Entendo...- disse Frandal suspirando. – Bom, todo mundo já passou por isso. Eu acho. Não sou exceção. O problema não é nem o fato de ser “impossível” como você mesmo diz...mas se a pessoa que você gosta já está com alguém ou ama outra pessoa...não há muito a ser feito.

– Sim...

– O jeito é superar. Como tudo nessa vida...

Loki tinha que concordar. Além de tudo, Thor era seu irmão de consideração. A família deles nunca entenderia, ele mal conseguia aceitar.

E se Thor queria viver como se nada tivesse acontecido, ele deveria ser então adulto e fazer o mesmo. De qualquer maneira, partiria dali daqui três dias.

– Você está certo. – disse Loki olhando para Frandal que sorriu e respondeu:

– Uau, como estamos filosóficos. Bom, a minha hora do almoço acabou, vou ter que voltar ao trabalho.

– Eu sinto muito...

– Tá tudo bem! Quero dizer, se você mudar de ideia...eu vou tomar um banho gelado.

– Vou indo, vou pegar um táxi.

– Se mudar de ideia, me liga.

Loki o puxou pela gola e o beijou levemente.

– Tchau, Frandal.

O moreno saiu e partiu em direção do ponto de táxi mais próximo.

Durante o percurso pensou em algumas coisas como celibato, aminésia e máquina do tempo.

Fazia uma bela tarde e ele se lembrou que logo estaria de volta à cinzenta Londres.

Aquilo de certa forma o conformou.