Together

The Last Moriarty


As ruas movimentadas de Londres não permitiam que Jennifer fosse mais rápido. A cada momento em que tinha de parar, a cada sinaleira, cada fila de carros, era um ataque de pânico. Ela precisava atravessar a cidade e chegar a fábrica abandonada onde Luke e Sherlock estariam em uma guerra mortal. Ela sabia que nenhum deles se entregaria fácil, apenas temia que Sherlock fosse aquele a perder a chance.

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E ela não suportaria viver a vida sem seu consultor detetive. Não outra vez.

Novamente a sinaleira abriu, dando passagem aos carros e as poucas motos da cidade. Jennifer acelerou e saiu do tráfego pesado, pegando uma rua secundária em direção ao local. Com isso, sem carros trafegando e impedindo sua passagem, ela pode acelerar o quanto quisesse. Ao longe, viu o carro de Greg segui-la. Abriu um sorriso. Era bom saber que havia pessoas para ajudá-la.


Na fábrica, Sherlock e Luke estavam em uma batalha semi mortal. Socos, chutes, pontapés e chaves de braço rolavam soltas como em um ringue. Luke parecia mais forte e mais hábil que Sherlock, quando você o via. Mas Holmes era muito melhor do que se podia imaginar. Ele conseguia desviar da maioria dos golpes e conseguia atingir Berrigan em locais estrategicamente escolhidos que causavam um abalo em Luke. A luta se seguia assim. John, que a assistia ao longe junto de Mycroft nada podia fazer. A guerra era entre eles e, todos sabiam, que se alguém interferisse nisso, sem terem o aval de Lestrade de que Jen está segura, a loira teria menos chances ainda. Foi quando o celular de Watson vibrou, alertando que havia recebido uma mensagem.

“Jennifer está bem e indo na direção de vocês.” John sorriu. Sabia que a jovem sempre conseguiria fugir, não importando o que fosse. Ela era Jennifer Mars, afinal de contas, se alguém conseguia, seria ela.

– Mycroft! - John falou, mostrando a mensagem. O Holmes mais velho concordou e ambos foram em direção de Luke e Sherlock.

– Você trouxe seus pets, Holmes? Eu lhe avisei para vir sozinho. - Luke comentou. Sher sabia que, se Watson e seu irmão estavam aparecendo ali, significava que Jennifer estava a salvo. - Agora eu vou ter que ligar para Davis e pedir que ele a mate antes o que fogo o faça. - Luke se afastou de Holmes que foi segurado por John. Berrigan pegou o celular, ligando para o telefone de Davis... Ninguém atendeu. Presumindo que Davis estivesse se divertindo com Mars, ligou para Lionel, afinal, ele sempre pareceu o mais profissional ali... Apenas um grande e vazio nada. Nenhum dos dois atendeu o telefone. Isso era um sinal ruim. Um péssimo e horrível sinal.

– Da próxima vez que me quiser morta, Luke, o favor de se dignar a fazê-lo você mesmo. - A voz de Jennifer soou e ela apareceu na entrada secundária da fábrica. Carregava a arma apontando para a cabeça do falso namorado. - Davis manda lembranças.

– Como...? - Ele pareceu pensar. Não havia como fugir dos dois. Não que Jennifer não fosse capaz de, por exemplo, enganar um deles, mas havia o outro. Havia alguém para pegá-la...

– Lionel teme uma brilhante recaída de consciência, acredita? Atacou Davis, me deu a chave de uma moto e esse lindo revólver que, se tudo correr como eu planejo e, convenhamos, vai acontecer, vai ser um das últimas coisas que você vai ouvir na vida. - Sherlock olhou para sua loira e tentou se soltar de John. Por algum motivo, o doutor ainda o mantinha preso. Mas ele sabia o porque. Luke não poderia sair vivo dali ou ele apenas continuaria sendo uma ameaça. Alguém tinha que fazer o trabalho... Mas porque ela? Jen estava com a roupa rasgada, havia alguns cortes, não tão profundos e que já nem sangravam, por todo o corpo, algumas partes do corpo já estavam ficando arroxeadas. Como sempre, ela saíra mais ferida do que qualquer um. Ele permitiria que ela marcasse a alma com uma morte?

– Você não vai me matar, Jennifer. Você gosta de mim, lembra-se? - Jennifer riu. Ela estava tão cansada disso. Tão cansada desses homicidas malucos perseguindo sua sombra a cada passo da sua vida. Isso tinha que parar enquanto todos estavam bem. Enquanto Holmes estava vivo, John e Mary estavam bem. Ela não se importava mais em ser certa, e sim em estar a salvo.

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– Claro, seu doentio plano. O que pensou que fosse acontecer, sinceramente? Que, no final, eu fosse, não sei, me render para você porque eu estaria tãaaaaaao apaixonada e não conseguiria viver em um mundo que você não me desejasse? Pelo amor dos deuses Moriarty. Você é um nada. Um gigante nada. - Ela começou a se aproximar do jovem moreno. Luke quis se afastar, contudo, olhar de Jennifer era claro: se ele se mexesse, as chances iriam diminuir perigosamente, por isso, Berrigan continuou no lugar que se encontrava. - Vamos tratar de negócios sim?

– E que negócios eu posso ter com você, Mars? - Jen abriu um sorriso.

– A senha. - Luke gargalhou.

– Você realmente pensa que só porque tenho uma arma apontada para mim eu vou, de boa vontade, revelar a senha para que você e seu amado Sherlock Holmes possam viver felizes para sempre? Acho que não. - Então ele virou-se para Holmes, que se encontrava atrás dele. Jennifer não tinha criado a coragem de olhar seus amigos ali, e muito menos, o Holmes mais novo. O que ela estava prestes a fazer era errado, sabia que John iria tentar persuadi-la a não fazer. E sabia que ele conseguiria. Porém... Moriarty só deixaria de ser um problema quando estivesse morto e enterrado a sete palmos, ou até, cremado e jogado aos lobos. - Sabe Sherlock, muitas vezes eu a encontrava chorando de saudades. Chorando sua falsa morte. Você gostava de vê-la sofrer assim? - Jennifer não olhou para o namorado, apenas puxou Berrigan e deu-lhe um soco no estomago.

– Vamos tentar de novo, sim? A senha.

– Nunca. - Disse Luke, quase sem fôlego. O problema era que, sem a senha, Berrigan não podia ser morto. Não havia maneiras, após sua morte, que fossem revelar a senha.

– Posso não matá-lo Luke, mas se existe uma coisa que sei é que não vai existir pessoa mais furiosa que eu e, quando eu estou furiosa, pessoas ao meu redor se machucam. Machucam feio... - Nenhuma resposta. - Afinal, o que seu papai doido poderia usar como senha? Qual seria a palavra? O que significaria tanto para um homem tão maluco a ponto de escolher como senha? O que seria tão irônico e óbvio, qual seria a palavra que salvaria Sherlock Holmes? - Luke lançou-lhe um olhar curioso, o qual, de inicio a jovem não compreendeu. Foi quando a menina parou. Congelou ali, como se estivesse vendo seus pais ao seu lado, ou Jim rindo da cara de idiotas que ele conseguia ainda fazer os outros ficarem. A palavra era óbvia. A palavra sempre foi tão óbvia. O que, ou melhor, quem, salvaria Sherlock Holmes? Quem sempre colocaria a vida a frente de uma bala pelo jovem detetive consultor? Quem morreria por dentro quando Holmes estivesse morto?

Jennifer. Jennifer Mars.

Ela se aproximou do corpo curvado de Luke e sussurrou-lhe ao pé do ouvido:

– Jennifer. - O jovem moreno tentou fingir que não sabia, que essa não era a palavra. Mas no exato momento que Jen terminou de dizer o próprio nome, Luke segurou o ar. Seria imperceptível a qualquer um. Todavia, Jennifer não era qualquer um.

– Foi um extremo prazer conhecê-lo Luke. - Ela iria apontar a arma quando ele a atacou. Os dois rolaram no chão de terra e, no meio de socos e estalos, ouviu-se um tiro e então, tão de repente começou, parou. O corpo de Luke Berrigan caiu, desfalecido e sangrando, em cima de Jennifer Mars.

O último do clã Moriarty estava morto. Agora, todos podiam, finalmente, estar em paz.