Os Cahill... No Brasil

Cap 14 Liberdade


Mary~

- Minha anja, minha borboleta... Volta. – ouvi uma voz, que não identifiquei, me chamando. Não me pergunte como eu sabia que ele me chamava, só sabia. Me chamou de novo e dessa vez reconheci de quem era a voz: Dan. Algo me puxou com súbita força e voltei pro meu corpo, pro presente.

Me levantei e uma tristeza (a da lembrança que tinha acabado de vivenciar, de novo) me dominou. Me joguei em Dan e o abracei com força.

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Dan me afagava e beijava minha testa. Afundara minha cabeça na dobra de seu pescoço e ouvi-o dizer:

- Calma, está tudo bem agora... Vou deixar nada acontecer com você... Quer, por acaso, me contar algo? Desabafar?

Não me movi.

Apertei ainda mais aquele abraço já forte, Ficamos naquela posição por um bom tempo – 10 minutos talvez – e, de repente, senti uma súbita vontade de me libertar. Sempre me mantivera presa nas minhas próprias memórias, fantasmas de meu passado. Sou uma pessoal imprevisível, mas a tristeza em mim era tamanha que chega a ser impossível de esconde-la. Meu ódio – e principalmente meus olhos – deixava-me transparente. Mas ainda cheia de segredos. E vivia me prendendo a eles. Mas, naquele momento, meu coração clamou por liberdade.

Enfraqueci o abraço e me afastei. Deveria contar tudo?

- Er... Me desculpa. – disse olhando para a mancha que deixara.

- Tudo bem. – ele respondeu. – Tem certeza que não quer me contar nada?

Fiquei observando-o com duvida, até que me decidi. Contaria (mas aos poucos) tudo para ele. Tudo, desde o principio. Me aconcheguei no colo do Dan e senti sua mão ir até o meu rosto. Mas parou no meio do caminho, com receio. Suspirei satisfeita de estar ali com ele, encorajando-o e ele tomou coragem. Senti seu toque na minha bochecha e ele paralisou, em transe. Depois ele acordou do seu (algum tipo de) transe e ficou acariciando meu rosto. Passou um tempo e me lembrei:

- São blecautes.

- O que? – ele perguntou em duvida, olhando para mim.

- Isso que acontece comigo. As vezes lembro do passado e me perco nas minhas memórias. É tão real que parece que voltei no tempo. É... Horrível! – esperei e ele assentiu. Continuei – Quando eu estava – fiz uma careta – Bem, lá, ouvi sua voz me chamando e senti um imã me puxar para o presente. Geralmente, demora horas para eu sair do transe, mas parecia que meu corpo esperava você me chamar desde sempre.

Ele sorriu e me disse:

- Se quiser, sempre vou te chamar de volta. Você não gosto desses blecautes, não é? – eu concordei e ele continuou: - E eu gosto de ter você para mim... – ele me abraça rapidamente.

Voltei para a posição antiga e ele ficou acariciando meu rosto novamente. Ele passava os dedos pelos meus cabelos deixando mais visível meu rosto. Sem a franja, estava visível minhas espinhas, que maravilha.

Comecei a sentir um frio e me encolhi. O céu estava escuro. O tempo passou e nem eu nem o Dan percebemos.

Dan se levantou e me dirigiu a mão. Segurei a mesma e ele me ajudou a me levantar.

- Vamos para casa? – Dan perguntou, eu assenti abraçando a mim mesma.

Dan me puxou para ele e ele me abraçou pela cintura sempre escondida com minhas camisetas masculinas e folgadas. Pendurei meus braços no seu pescoço e apoiei minha cabeça no seu ombro.

Ficamos andando nessa posição até o condomínio, sem pressa. Andando vagarosamente. Me sentia livre, depois de muito tempo, conheci a liberdade. Falta ainda coisas pra dizer pro Dan, mas eu diria... Com o tempo. Esperaria, só queria aproveitar aquele momento silencioso, porém maravilhoso.

Chegando no portão do condomínio com um grande M na frente, percebemos algo estranho: o portão estava aberto, algo difícil de dia, imagine de noite! E não apenas isso era estranho. Lá tinha um carro, aparentemente alugado, e por ser um grande carro, quase limusine, quem alugou era rico ou a presidente foi visitar o tio Carlos com um carro mais social.

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Entramos no condomínio e ouvimos uns estalos e risadas vindo de trás da casa onde o Dan e a Amy dormiam, um ótimo lugar para se esconder, diga-se de passagem.

Andamos até lá e encontramos Amy e mais um outro garoto que não conhecia, moreno, alto, rapidamente ele abriu os olhos e percebi: olhos cor de âmbar. Bem bonito, pra falar a verdade. Os dois estavam entre beijos e risadas quando ouço o Dan gritar depois de me soltar:

- IAN?!!!