21. “O” RESPEITO.

Os beijos eram cada vez mais intensos, mas quando Narcisa simplesmente sentou sobre ele, Lucius gemeu e pensou que gozaria naquele momento.

Era estranho. Mulheres não tomavam iniciativa no sexo, todo mundo sabia disso.

Mulheres faziam o que os homens queriam.

E o fato dela estar sentada sobre ele, com uma perna de cada lado e os quadris chocados um contra o outro. Era prova de que Narcisa estava fora de si pela bebida.

Lucius sabia que Narcisa tinha consciência de seu lugar, fora criada para isso. E ainda faria um curso pré-casamento.

O curso consistia no básico: instruía a mulher para ser ótima esposa. Nele Narcisa aprenderia poções para sedução, para engravidar, para não engravidar, drinks que acalmam o marido quando o mesmo chegasse à casa cansado ou com raiva.

Acima de tudo, o curso a deixaria ciente do lugar da mulher.

Ela aprenderia a não debater, não responder e acatar tudo.

Aprenderia que no sexo, como em todas outras áreas, o marido que mandava, ele decidia, ele escolhia e ela nunca poderia tomar a decisão.

Uma boa esposa, é uma esposa obediente. Disso ela ate sabia, e era isso que ela aprenderia para não ter desculpa de esquecer.

Mas agora, ele estava assustado, além de excitado.

A voz dela estava descompassada, como todas suas atitudes. Ela murmurava coisa inaudíveis, e o que ele conseguia entender, beirava a safadezas.

― Acho melhor pararmos. ― ele disse tirando a loira de cima. Deitando-a meio sem jeito.

Para não mudar de opinião, Lucius levantou da cama. Sentindo um frio repentino devido ao arrependimento.

Ele a queria, muito. Sonhava e se masturbava pensando em Narcisa há algum tempo.

Planejou essa viajem, da forma que estivessem sozinhos.

Escolheu o vinho mais forte a praticamente empurrou o liquido para que ela tomasse diversas vezes.

A queria solta e liberal. Mas nem tanto liberal.

O fato dela estar deixando claro seu desejo reprimido. Desejo por fazer amor com ele... O intimidou.

Ele não faria isso.

Se ela lembrasse amanha dessa noite, se martirizaria pelo resto da vida por suas atitudes. E se ela não se lembrasse dessa noite, ele se sentiria mal por ter se aproveitado dessa forma.

Mas não era isso que estava acostumado a fazer? Usar, abusar ate enjoar?

De alguma forma, com Narcisa ele não conseguia.

Sem mais delongas e antes que se arrependesse, Lucius saiu do seu quarto a deixando sozinha na cama.

Depois de tomar um banho frio, Lucius abriu a porta do quarto, estava um silencio e da forma que ele deixou ao sair.

Narcisa estava deitada na cama, consumida por um sono pesado. Ele a cobriu com delicadeza e acabou indo para o quarto anexo.

Dor. Narcisa sentia a cabeça latejar e sabia que no mínimo ela iria explodir.

Estava num quarto e sabia bem como chegou ali.

As lembranças da noite passada vieram à tona. Beijos, calor, pegação.

Ela e Lucius tinham quase feito aquilo. Merlin! Ela o atacou!

Seu rosto ficou vermelho de vergonha enquanto revirava memorias da noite passada. As lembranças não eram nítidas, mas ela sabia o que tinha feito. E se culpou ate onde podia, enquanto tomava banho.

Narcisa colocou uma roupa de banho, já se lembrando da piscina que viu no deque do iate. Amarrou um vestido de banho e colocou a melhor face de inocente, ao sair do quarto.

Não tinha nem sinal de vida. O iate estava ancorado próximo a uma ilha e apenas o balanço do mar era sentido.

Narcisa foi ate a cozinha, sabia que estava sozinha com Lucius, então teria de ver o que poderiam comer.

Tudo parecia ter sido adiantado na cozinha chique, ela, como a maioria das meninas de famílias tradicionais, tinha aprendido a cozinhar. Mesmo não gostando muito de fazer e mesmo não precisando.

Mas agora ela precisava.

Mais do que depressa, pegou ovos, bacon e passou a fazer.

Aprontou um café forte e sem açúcar e um suco de laranja. Não sabia o que Lucius gostava, na verdade, era para estar aprendendo sobre o futuro marido...

― Narcisa? ― ele perguntou ao entrar na cozinha. A colher que ela segurava, caiu no chão num estalo com o susto.

A cena era cômica e ele nunca imaginou ver algo parecido em toda sua vida.

Narcisa estava com um vestido curto e meio transparente, desses de usar na praia ou piscina. Os cabelos presos num coque.

Tinha suco e café na mesa, bacon e ela terminava os ovos.