Capítulo 1 - Irmãzinha

Hermione Jean Granger. Todos na escola de Hogwarts conhecem esse nome. É o nome de uma menina extremamente bonita e rica, porém igualmente mimada e arrogante. A menina que todos os meninos desejam e que todas as meninas invejam e admiram. Hermione tem a vida perfeita: mora em uma luxuosa mansão com seus pais e seus dois irmãos mais velhos; é dona das roupas mais finas e elegantes e consegue tudo que quer, na hora que quer. Será mesmo?

Hermione estava sentada na sala de estar de sua mansão, folheando distraidamente uma revista, enquanto acariciava atrás das orelhas de seu gato Bichento. Olhava incessantemente seu relógio e balançava o pé com impaciência. De repente, um barulho de carro do lado de fora despertou a atenção da garota, que levantou abruptamente do sofá, e correu até a janela para espiar. Bichento, assustado com o movimento de sua dona, saiu em disparada para o andar de cima.

Espiando pela janela, Hermione via o que estava esperando havia um ano. Sem demora, ela correu de volta ao sofá, ajeitando sua roupa e seu cabelo, e sentou-se graciosamente, recomeçando a folhear a revista. Ela podia sentir seu coração batendo em cada centímetro de seu corpo. Suas mãos estavam geladas e suadas e sua respiração começava a se tornar mais ofegante, quando ela ouviu a porta se abrindo e vozes cada vez mais próximas. Ela ouviu a voz de seu irmão, Draco:

- Se você achou este carro incrível, espere até eu te mostrar o que eu vou comprar mês que vem. Deixe essas malas aí mesmo, depois alguém pega. – Draco notou Hermione na sala – Claro! Eu devia saber que você seria a primeira do “comitê de boas vindas”.

Hermione desviou os olhos da revista que fingia ler, e lá estava ele. Mais bonito do que ela lembrava, com aquele sorriso tímido tão familiar com o qual ela havia sonhado incontáveis vezes. Cormac McLaggen, o garoto que ela amava desde o dia em que nasceu.

Cormac morava na casa dos Granger desde criança. Era filho da empregada da casa e sempre fora tratado como membro da família. Agora, com 20 anos, acabava de voltar de viagem. Ficara um ano estudando no exterior, um presente dado pelo Sr e Sra Granger, que o amavam como a um filho.

Hermione ficou em pé e disse, da maneira mais despreocupada que pôde:

- Ah, oi Cormac. Não sabia que você voltava hoje.

- Há! Até parece. – caçoou Draco. Hermione olhou feio para o irmão.

- Tava com saudades de mim, irmãzinha? – perguntou Cormac, abrindo os braços para que Hermione fosse abraçá-lo.

Mas a feição de Hermione havia se transformado. Seu rosto transparecia ódio. Ela jogou a revista no chão e saiu decidida da sala, deixando Cormac com os braços abertos e uma expressão de surpresa no rosto. Chegou em seu quarto e se jogou na cama. “Irmãzinha”. A palavra continuava ressonando em sua cabeça. Ela não acreditava. Cormac estragou tudo de novo.

Hermione sempre fora apaixonada por Cormac, desde que se entendia por gente. Tinha crescido com ele, cada lembrança boa em sua vida estava relacionada à ele. Quando eles eram crianças, viviam juntos, Cormac sempre a defendia de seus irmãos mais velhos. Ela o amava, queria ficar a vida toda com ele. Ele a amava também, mas como a uma irmã. Hermione não aceitava isso, não podia suportar a ideia. Cormac e ela nasceram para ficar juntos, eles não eram irmãos! Ela achava que depois dessa viagem, ele esqueceria essa bobagem de irmãos. Tinha esperança de que quando ele a visse, depois de um ano, notaria como ela era bonita e como ele podia desejá-la. Afinal, ela já tinha 17 anos, não era mais uma menina.

Uma batida na porta acordou Hermione de seus pensamentos. Era sua mãe:

- O que foi que aconteceu lá em baixo? Por que você está chorando?

Hermione não respondeu. Sabia o que sua mãe ia dizer.

- Escute aqui, Hermione, o Cormac acabou de chegar e eu não quero você criando problemas. Essa sua obseção já passou dos limites faz tempo. Eu pensei que essa viagem acabaria com tudo isso, foi por este motivo que eu e seu pai mandamos Cormac estudar fora. Mas tudo bem. Este é seu último ano na escola e ano que vem, quem vai estudar fora é você.

- Mamãe, por favor! Eu amo ele, você sabe disso! – disse Hermione chorando.

- Não! Você não o ama! O que você tem é uma obseção. Você não aceita ser rejeitada. O Cormac é a única coisa que você queria e não pôde ter! Isso é culpa minha e do seu pai, que sempre lhe demos tudo, na hora que você quis. Mas a vida não é assim, minha filha. Nós não podemos mandar nos sentimentos dos outros, e nada do que você fizer vai fazer o Cormac gostar de você do jeito que você deseja. Eu sinto muito, mas eu acho melhor você aceitar isto de uma vez por todas e poupar muito sofrimento.

E dizendo isso, a Sra Granger saiu do quarto, deixando Hermione sozinha novamente.

Mas Hermione não ia desistir, ela sabia que Cormac seria seu, de um jeito ou de outro.