Playing With Shadows

Capítulo 1 - Sweet Bravery


Talvez, tenha sido a partida o momento mais difícil de ser posto em prática.
Deixar a família e amigos para morar pelos próximos 6 meses numa terra desconhecida seria um desafio. Mas um desafio totalmente empolgante e esperado. Nem a despedida melosa no aeroporto, quanto as várias horas gastas na viagem de avião foram motivos fortes o suficiente para desanimá-las.
–Que lugar vamos ir primeiro? -perguntou Angie, transbordando em animação.
–Na república, é claro. Precisamos guardar a bagagem e conhecer todo mundo do lugar antes de qualquer coisa -relembrou Lizzie. Fazendo sinal para o táxi na entrada do aeroporto enquanto Miriam vinha se juntar as duas. Durante a ida para a república não deixaram de se encantar com a beleza da cidade: as ruas pareciam verdadeiras obras de arte com toda a sua arquitetura antiga e repletas de gente, especialmente nos museus e catedrais. “Talvez o melhor horário seja uma visita noturna”, analisou Miriam.

Quando finalmente chegaram à república, perceberam que já havia gente as esperando. Uma senhora baixa e de sorriso largo, a dona da república, se apressou em abraçá-las assim que saíam do táxi; falava um italiano carregado e fez questão de apresentar cada membro o lugar e lhes mostrar rapidamente o quarto onde ficariam.
“Não é luxuoso, mas bastante aconchegante. Vai ser um bom lugar pra ficar, afinal”, refletiu novamente.

Aliás, é bom que conheçam melhor nossa protagonista. Miriam era uma jovem doce e extremamente sonhadora. Seu cabelos eram ondas castanhas que lhe percorriam todos as costas e tinha olhos cor de chocolate muito profundos. A audácia e inconsequência eram pontos fortes em sua personalidade, e provavelmente fora isso que a convenceu a ir àquela catedral, exatamente naquela noite, uma semana após terem se estabelecido em Florença. Ainda não sabia, mas essa decisão seria mudaria dramaticamente sua vida dali em diante, de uma maneira de que já não seria mais capaz de controlar.

Essa era uma noite excepcionalmente comum na bela Florença; daquelas que o incentiva a anda pelas ruas para admirar a lua, mas não sozinho, pois a cidade caía num silêncio profundo depois das 20h e parecia amendrontador andar por aquelas vielas. Porém nada disso foi capaz de impedir Miriam, que atraída pela beleza da antiga catedral, não conteve seus impulsos de visitá-la: mesmo àquela hora, mesmo sem ter aparentemente mais ninguém por perto.
Ao entrar no local foi imediatamente hipnotizada pela imponência do lugar e a únicas coisas que notava além das obras de arte da igreja, eram o som de sua própria respiração e do barulho de seu salto. Sons os quais se juntaram ao barulho de outros passos, mais espaçados e cautelosos.
–Quem está aí? - perguntou alto, tentando parecer mais firme do que realmente se sentia. Porém os timbres de sua voz apenas ecoaram pelo lugar, sem resposta. Miriam sentiu seu coração acelerar involuntariamente enquanto ouvia os passos parecerem se aproximar cada vez mais.
Do outro lado do altar, da lateral da igreja, surge um homem. Miriam não pode evitar de abrir levemente a boca em surpresa, pois tudo nele parecia incrível: seu cabelos negros que se contrastavam perfeitamente com a pele estranhamente pálida, os olhos de um azul hipnotizante e até sua maneira de andar era atrativa aos olhos da jovem. E pelo sorriso arrogante que tinha enquanto se aproximava dela, indicava que ela sabia do efeito que causava, e gostava disso.
–Quem é você?- tornou a perguntar, sem conseguir parar de fitar o sujeito, que agora já estava a sua frente.
–Isso realmente importa? - ele disse, chegando ainda mais perto, e fazendo com que no mesmo ritmo Miriam recuasse contra a parede, até não poder se afastar mais. Sua respiração se tornara descompassada e o sujeito estava próximo demais, tanto que conseguia sentir sua respiração fria bater com suavidade contra seu rosto. Ao contrário dela, ele parecia completamente relaxado. Miriam notou também que ele era surpreendentemente jovem, aparentando ter quase a mesma idade que ela, mas havia algo de errado nele, algo terrivelmente e assustado a qual a mesma não gostaria de presenciar. -O que importa, na verdade, querida, é que talvez eu seja o último rosto que vai ver. Espero ao menos que tenha gostado - comentou repleto de um humor negro. E foi então que tudo começou.

"Ela viu seu olhos se tornarem escuros. Não, não escuros. Na verdade, reluzentes. Um grande par de olhos vermelhos vívidos a fitavam com profundo interesse, tentando sugar cada requintada gota de medo que sua expressão deveria conter naquele momento. Ele se aproximou, esperando talvez que ela gritasse e implorasse por sua vida, numa cena aterradora de desespero, pois mais do que sangue, esse era seu alimento: o desespero de sua vítima. Ele abriu a boca levemente num sorriso irônico, exibindo caninos que pareciam aumentar de tamanho conforme aproximava mais de seu rosto. Mas a única reação da garota foi fechar olhos, aguardando lentamente a sentença que lhe parecia destinada."

Sim, um vampiro.
Uma visão tão bela quanto destrutiva.

E então, por alguma razão que a jovem não entendeu na hora, ele soltou seu pescoço a qual tivera mordido tão grosseiramente naquele instante. Seus lábios ainda estavam coloridos pelo carmim do sangue, contudo algo de inédito em sua expressão: surpresa. Miriam pensou ter visto seus olhos arregalados quando a soltou, mas não teve muito tempo para pensar nisso, logo já estava desmaiada.

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No dia seguinte, se surpreendeu ao acordar em sua cama na república. E, por um momento, chegou a imaginar que tudo aquilo fora um sonho, fruto de todos os filme de terror italianos que vira nas noites anteriores junto com seus colegas de alojamento.


Ela se levantou normalmente e lavou seu rosto no banheiro, parando alguns segundos para ver sua imagem refletida no enorme espelho à sua frente. Sua mão deslocou-se quase que involuntariamente até o pescoço, numa vontade inevitável de confirmar de que nada daquilo fora verdade.

Então ao sentir os dois furos perfeitamente alinhados em seus pescoço foi que percebeu que era tudo a mais completa realidade. E o pior: de maneira alguma poderia alterá-la, pois seu futuro já não dependia apenas de si. E ainda que não soubesse por enquanto, toda o lado sanguinário de Florença já comentava sua existência, aguardando ansiosamente conhecê-la...

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.