Homens não choram

Ao terminar de ouvir o recado, Yuki pegou um vaso de flores que estava por perto e o jogou com força contra uma parede, fazendo o vidro se despedaçar.

- Droga, droga, mil vezes droga! E agora, o que vou fazer? Está tudo acabado, a perdi para sempre! - ia dizendo enquanto chutava os móveis.

O baterista guardava alguns maços de cigarros para os amigos quando eles o iam visitar, mas ele, que não fumava, começou a tragar um após o outro, acompanhado de garrafa após garrafa. Vinho, uísque, saquê e quase tudo que havia por lá, armazenado para ocasiões especiais, foi consumido por ele apenas.

Algumas horas depois, Jasmine You foi à casa do colega. Estava parado à porta tocando a campainha insistentemente, mas sem resposta.

- Yuki, você está aí? - chamou pelo lado de fora.

A correspondência estava embaixo da porta, meio dentro meio fora, sinal de que ele não havia saído. Ligou para ambos os telefones, mas também não atendeu.

A saída foi usar a cópia da chave que possuía, poderia ter feito isso antes, contudo não a usaria caso não fosse necessário.

- Mas o que aconteceu aqui? - perguntou espantado ao ver a casa bagunçada - Deu uma festa e nem me convidou? Se bem que está mais para uma guerra. - viu o jarro quebrado.

O baixista andou pelo local desarrumado, evitando os cacos e os objetos jogados no chão, até perceber o amigo desacordado em cima da mesa da sala de jantar e ainda segurando um copo meio vazio.

- YUKI! - correndo em direção a ele - O que foi que você fez? - levantou-o na cadeira.

O rapaz nada respondeu, apenas pareceu recuperar um pouco os sentidos com alguns gemidos.

- Você está péssimo e com cheiro de cigarro e bebida. Você não é assim. Por que fez isso?

Yuki voltou a cair sobre a mesa com o rosto coberto pelos braços e apontou para o telefone do cômodo ao lado.

- O telefone? - o outro fez \'não\' com a cabeça - A secretária? - com um aceno positivo, o moreno de cabelos cacheados foi até lá, apertou o botão e ouviu a mensagem gravada.

Escutou atentamente até o final sem esboçar qualquer reação.

- Foi por isso que encheu a cara? Que se entupiu de álcool e tabaco? - indagou revoltado.

- Ela me abandonou. - disse finalmente o baterista, mas sua voz saiu abafada.

- O que?

- Ela foi embora, me deixou. - falou um pouco mais alto.

Jasmine foi até ele, levantou-o de definitivo da cadeira e o segurou em frente a si.

- Onde está aquele que disse que não desistiria de seu amor? Cadê ele? Achei que você não contasse mentiras. - largou-o.

- Ela deve estar com outro agora. O que mais eu posso fazer? - ia dizendo enquanto cambaleava pelos corredores em direção ao banheiro.

- Primeiramente deve tomar um banho. - viu o colega vomitar no sanitário - E um remédio para ressaca depois.

Ajudou-o a se despir, praticamente fazendo todo o trabalho e em seguida abriu o chuveiro jogando-o debaixo da água fria.

- ARGH! Não podia ser mais frio, Jasmine? - reclamou com ironia.

- Pare de ser chorão e termine isso logo! - ia saindo quando Yuki, de repente, caiu escorregando pelas paredes do banheiro, chorando.