The Way I Loved You

XVI - Heartache


Às vezes a vida não tem uma razão ou um por que. Algumas escolhas que fazemos nos levam a destinos diferentes, tais destinos que podem ser modificados por qualquer ato ou situação da nossa vida. São essas escolhas que tem as razões, os por quês.

Assim que cheguei a Paris, me deparei com a realidade: eu estava completamente sozinha. Sem lembrar que Paris é a cidade dos casais... Poderia ficar mais frustrada?

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Entrei no táxi e recordei-me que havia deixado meu colar da sorte com o Harry há alguns dias. Eu tinha aquele colar desde que me conheço por Primrose, ele sempre – ou quase sempre – me deu a sorte que precisava. E acho que o que eu precisava agora era meu colar de volta... Mas se isso incluía vê-lo novamente, está fora de questão.

Via o tempo passar pela janela. Tantos desejos e promessas foram jogados fora, como lixo... Tudo por uma briga ridícula causada por ciúmes. Admito que tive a grande parte de culpa nisso.

A verdade é que se me perguntarem se eu estou bem, eu não terei a resposta. Eu sentirei falta de tudo nele... O jeito único de sua fala, olhar para o lado e pensar que é um sonho a parte em que ele está deitado ao meu lado, seus olhares, conversas jogadas fora, seu beijo, seu toque, sua boca, seus olhos irresistíveis e tudo que faz ele ser quem ele é. Talvez a dor não fique para sempre...

Pedi ao taxista pra me deixar ali mesmo. A quatro quadras do meu apartamento, onde se situava o parque. O vento se encontrava com meu rosto, fechei os olhos e senti aquela brisa. Talvez ela levasse toda a dor embora. Fui andando devagar até ao meu prédio, sempre olhando para o que estava ao meu redor. Eu queria mesma saber a resposta: estou bem ou não? Casais passavam ao meu lado, alguns rindo e outros não. Estava frio, eu estava apenas com o meu casaco e uma roupa fina por baixo. Parei em frente à padaria e entrei. Comprei algumas coisas pra comer quando chegasse em casa, mesmo não estando com fome ou mínima vontade de comer. Saí e continuei andando até chegar ao prédio, entrei e fui até ao sindico, que estava habitualmente atrás de seu balcão. Ele sorriu ao me ver, mas pareceu um pouco confuso.

“Primrose! Já estávamos sentindo sua falta. Porque não avisou que voltaria?”

“Ah... Não deu tempo, Robert. Mas também senti falta de vocês...” Disse e depois olhei para o lado, onde apareceu a Sra. Holdeyford com um sorriso no rosto. Robert aparentava ter alguns 60 anos... Era sempre simpático e cuidava de tudo. E a Sra. Holdeyford tinha seus 76 anos, uma senhora muito simpática e que sempre me ajudou quando precisei. Ela me deu um abraço.

“Oh Prim, que bom que voltou...” Ela disse e procurou algo em sua bolsa. Entregou-me algumas cartas e olhou novamente para mim. “Chegaram logo depois de você ir embora... Enfim, tenho que ir ver os meus netos, se cuide!” Sorri e acenei.

“Então Robert, eu tenho mesmo que ir... Tenho algumas coisas pra resolver. Mas depois podemos conversar com mais calma.” Eu disse e ele assentiu.

Apertei o botão do elevador, que se abriu em seguida. Entrei e apertei o terceiro andar. Aquela música de sempre tocava lá dentro. De certa forma era irritante, mas ao mesmo tempo me lembrava de que era o meu lar. A porta se abriu e fui até à porta do meu apartamento. Procurei a chave em minha bolsa e depois de um tempo abri a porta. As luzes estavam acesas... O que era estranho, pois eu me lembro de tê-las apagado quando fui embora... Enfim, fui até à cozinha e deixei as coisas encima da mesa. Ouvi um barulho vindo do quarto e me desesperei. Será que havia alguém no meu apartamento? Não podia... Peguei rapidamente uma faca e fui andando vagarosamente até ao quarto, sem fazer muito barulho. A porta se encontrava encostada, mas podia perceber que a luz estava acesa ali também. Abri devagar e espiei. Apenas vi alguém sentado na cama e... Não poderia ser.

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Deixei a faca cair, o que causou um barulho não tão alto, mas o suficiente para fazê-lo virar para a porta. Ele estava de terno e parecia nervoso. Veio até mim com uma expressão de culpa e algumas lágrimas nos olhos. Tais olhos que estavam inchados e vermelhos. Eu não conseguia pronunciar uma única palavra.

“Prim...” Ele falou com a voz rouca, mais do que o normal. “Eu só quero que você me ouça ok?”

“Harry...” Eu ia me pronunciar, mas ele não deixou.

“Não diz nada ainda, por favor. Apenas me escuta.” Ele disse implorando e eu olhei para baixo. “Eu sei que eu te magoei de certa forma, mas não foi a minha intenção. Eu também sei que a culpa disso tudo é minha, de nós não termos dado certo... Foi porque eu errei de novo. Eu me culpo por não ver o seu lado nisso tudo... Eu me preocupo, Prim. Muito. E eu sei também que, se eu for embora agora, eu vou estar sozinho. Eu já sinto falta de tudo em você, até aos mínimos detalhes. Sinto falta de ouvir a sua voz, sentir o seu toque, olhar pra você e saber que está tudo bem, que você é minha. É difícil saber que você não quer que eu te toque, porque, acredite, eu sinto falta disso também. Te ver todos os dias, ouvir você brigando comigo e dizendo que eu nunca de ouço... Querendo ou não, são as melhores coisas do mundo, porque vem de você. E não importa o que aconteça agora, eu sempre vou me culpar por tudo isso. Eu só espero que um dia você me perdoe.” Ele disse forçando para não chorar, mas já chorando assim como eu. Apenas o abracei, o mais forte que pude.

Talvez eu sempre estive certa: não importa se podemos ou queremos, mas sempre estaremos ali um para o outro.

Fim.