Os dedos levemente calejados correram sobre as várias canetinhas esferográficas, indo até a vermelha e pegando-a. Começou a contornar de forma lenta os traços que formavam um coração no centro da folha de papel branco, levemente amassado.

Não queria que o contorno ficasse tremido, pois devia ficar perfeito igual à Kai, que iria receber o presente.

“Gosta de vermelho, Kai-chan?”

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Murmurou, e logo sua mente ilusória lhe respondeu com uma voz doce; “Hai, Myv.”.

Ao ouvir aquelas palavras o sorriso de Miyavi cresceu mais e logo tratou de fazer o presente com mais cuidado.

As pessoas não gostavam de Kai, diziam que ele não existia e isso deixava Miyavi revoltado.

É claro que ele existia. Ishihara prometera para si mesmo que ainda iria provar para todas aquelas pessoas ingênuas o quanto Kai era doce, e sua psicóloga havia lhe dito que ele ainda conseguiria fazer isso.

Sua psicóloga era a única pessoa que o entendia além de Kai.

Miyavi era completamente o inverso de Yutaka. Enquanto o último citado era completamente correto e responsável, Takamasa era atrapalhado e extremamente romântico.

Após contornar o coração inteiro e também o kanji que estava dentro deste, pegou o lápis de cor vermelho, que estava bem apontado, deslizando-o pela extensão da folha sem deixar que borrasse o desenho, preenchendo de modo que não ficasse nenhum pedaço do coração em branco.

No canto da folha, desenhou dois bonequinhos de mãos dadas e com as bochechas coradas, nomeando-os de ‘Miyavi e Kai’.

Queria poder passear com Kai de mãos dadas para todos os lados, ouvir o som de sua risada o dia inteiro, mas isso não era possível.

Mas estava decidido que esperaria até poder fazer tudo isso e não deixaria Kai nunca.

Ao perceber que o presente estava pronto sorriu abertamente, logo estendendo a folha pra frente, um sorriso enorme no rosto.

“Pra você, Kai-chan!”

Quando os olhos fitaram o espaço a frente, encontrou o vazio.

A mão com a folha foi caindo lentamente até o colchão macio, enquanto Miyavi abaixava a cabeça.

Os olhos correram para a parede que ficava ao lado da cama, fitando todos os desenhos que estavam presos ali.

Ele e Kai passeando, namorando, conversando.

Sentiu novamente a sensação de solidão e apenas se reservou o direito de morder o lábio inferior para não chorar.

Levantou-se da cama, prendendo o desenho na parede ao lado dos outros, em seguida se deitando e se cobrindo até o pescoço com o cobertor colorido.

Os olhos intercalavam entre a parede decorada de desenhos e a janela do quarto que mostrava o fim do pôr-do-sol.

Queria que anoitecesse logo, pois sabia que assim Kai viria o ver.

Bastava deitar a cabeça no travesseiro e deixar-se levar pelo sono.

“Eu te amo, Kai-chan.”

Murmurou, quando avistou a primeira estrela.

E assim que fechou os olhos pode ouvir um “Eu também.”.

Ele estava ali.


Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.