The Secret

Capítulo 3


Entrei na pequena casa de minha avó. Ela era empoeirada e muito desarrumada, com vários penduricalhos no teto. Havia uma mesa de madeira redonda com um pano de prato embolado em cima e no centro dela um vaso de flores, agora murchas, uma pequena televisão antiga, um sofá velho de couro gasto preto, um tapete no chão e quatro pequenas portas de madeira velha, fechadas.

-Bem vinda querida. – disse minha avó entrando com uma pequena bolsa de couro marrom. Ela nunca largava aquela bolsa, era até engraçado, por que em todas as fotos de família ela estava agarrada a ela.

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-Obrigada vovó. – sorri e adentrei ainda mais na casa.

Mesmo sendo super simples e empoeirada, era aconchegante, ainda mais por que lá era frio. Depois de eu entrar mais um pouco ao ponto de fechar a porta e trancá-la, pude ver a pequena lareira no canto do cubículo, que se chamava sala.

Olhei minha avó acendendo a lareira e depois andando até uma das portas, à esquerda.

-Pode ficar aqui. – ela abriu a porta sorrindo e lá estava uma cama com colcha cor de rosa, uma janela com persianas lilás e um armário branco com lilás.

Entrei no pequeno, mas lindo quarto e fiquei admirada. A casa não parecia se encaixar no estilo do quartinho.

-Você dorme aqui, vovó? - falei entrando, sentando-me na cama e admirando o quarto de mais perto.

-Não. Sua mãe dormia aqui. – disse ela sorrindo. Parecia se lembrar de algo. Como se eu fosse a nova Taylor, minha mãe.

-Ela tinha um bom gosto. – eu me lembrava exatamente como era o seu quarto e o meu. Ela quem decorava os quartos e eu sempre gostei muito de como ficavam, quando ela os finalizava. Sempre bonito, arejado e com um toque especial de mãe. Feitos com amor e ternura. Acho que isso os deixava ainda mais bonitos.

-Tinha sim. – disse ela com os olhos com lágrimas contidas. – Então... Tem que ligar para o Dr. Charlie. – vovó enxugou as lágrimas, com um sorriso e um pouco de vergonha.

-Não vou fazer isso, vovó. – agora, não tenham mais lágrimas de emoção e recordação em meus olhos.

-Tem que fazer, querida. Ele vai ficar muito chateado quando não te encontrar em casa. – ela sorriu e foi para sala, eu a segui, exaltada.

-Vovó... – fiz uma pausa e me sentei ao seu lado, como as mãos no rosto. – A senhora não entende! Se eu fizer isso ele irá vir atrás de mim e eu serei presa. Por que ele achará que, já que fugi, tenho culpa. – mas, não era isso! Eu simplesmente queria fugir, para que tudo voltasse ao normal.

-Querida, as coisas não funcionam assim. – ela ligou a televisão, apertando um Butão no controle. – Vamos fazer assim. – ela me olhou com ternura. – Você fica aqui até amanhã e depois volta para casa, tudo bem? – seu sorriso era colhedor. Mesmo que eu não tenha a visto por muito tempo, ela ainda tinha o mesmo sorriso e o mesmo olhar encantadores.

-Tudo bem. – sorri, mas eu não faria o que ela havia me dito. Eu iria para outro lugar, mas para casa, eu não iria voltar.

*

Eu e vovó ficamos vendo novelas e filmes, enquanto o jornal não começava. Eu sentia falta disso. De ter com quem compartilhar as coisas e rir com as pessoas e ser amada novamente. Era ótimo sentir o quentinho do abraço de minha avó. Estávamos envolvidas em um cobertor grande, pesado, felpudo e quente, com canecas de chá nas mãos e abraçadas. Era ótimo!

-Querida... – disse minha avó.

Tirei os olhos da novela, que em falar nisso, era realmente interessante.

-Oi. – falei olhando-a de baixo.

-Preciso que vá a padaria e compre pão, para nós lancharmos. Pode ir? – ela sorria.

-Claro! – ela estava sendo super amável comigo, por que não ir?

Levantei-me e coloquei o tênis. Eu já tinha ido na casa de minha avó quando era pequena, mas não passei da porta, pois não quis entrar. Coisa de criança... Então, fomos visitar a pequena cidade e tenho memória fotográfica, sabia exatamente por aonde ir.

-Sabe como se chega lá, não é? – disse ela sorrindo e se aquecendo ainda mais no cobertor pesado.

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-Sei sim. – peguei as chaves da porta em cima da mesa da sala e meu casaco na cadeira.

-Pegue meu carro. Chegará mais rápido. – ela pegou as chaves em uma mesinha de canto e jogou-a para mim.

-Obrigada vovó. – abri a porta e fui.

A estrada estava íngreme, mas dava para passar.

Não demorou muito e eu entrei na padaria.

-Quatro pães, por favor. – pedi para o padeiro que estava na frente da padaria.

Não sabia quantos pães minha avó queria, por que ela não havia dito, então pedi o suficiente para o lanche e o café da manhã.

-Você é... – disse o padeiro barbado, colocando os pães no saco plástico. – Melany? – perguntou ele.

-Por que quer saber? – eu estava desconfiando de todos. Ele podia muito bem ser um dos ajudantes do Dr. Charlie.

-Sua avó falou que estava na delegacia e foi correndo para lá, ontem. – eu o olhei surpresa, como ele já sabia? – As coisas voam aqui. É uma cidade muito pequena, todos se conhecem e sabemos tudo de todos aqui. – ele com certeza viu a surpresa em minha face.

-Então... Sim, sou eu. – sorri e peguei os pães. – Quanto deu? – perguntei, colocando a mão no bolso traseiro da calça.

-É de graça. – ele sorriu. – Sua avó é uma mulher muito boa. Pode ser de graça. – ele sorriu novamente.

-Obrigada. – estranhei e saí da pequena padaria.

Coloquei as mãos no bolso para pegar minhas chaves, mas não estavam lá, então virei-me para ver se tinha deixado no balcão, mas não estava lá. Virei-me e levei um susto.

-Deixou cair. – falou um menino com olhos azul acinzentados, pele branca como a neve, cabelos castanhos com reflexos em loiro, alto e forte. Era um menino lindo e que se notava de longe.

-Obrigada. – gaguejei.

-Você é... – sua voz saia como melodia para os meus ouvidos.

-Melany. Neta de Dolores. – sorri.

-Sei... Posso te acompanhar até sua casa? – sorriu ele com gentileza e começou a andar.

-Obrigada, mas... – peguei as chaves de sua mão com delicadeza. – Estou de carro.

-Ah! Claro! – ele parecia desapontado.

-Mas, a gente se vê. – falei entrando no carro.

-Amanhã, terá uma festa, comemorando o aniversário da cidade, quer ir? – ofereceu ele sorrindo, com os cotovelos na janela do carro velho.

-Obrigada... – falei desajeitada. – Mas, só estou na cidade por hoje. – eu estava envergonhada e queria muito ir com ele nessa festa. Ele era especial. Tinha um brilho nos olhos.

-Que pena. – disse ele abaixando a cabeça e desapoiando do carro.

-Mas... – soltei, prendendo a respiração. – Talvez eu fique e dê uma passadinha lá. – disse, colocando a cabeça para fora do carro.

-Ok! Te espero lá. Começa às oito da noite e vai ser na prefeitura. – ele sorriu e seus olhos brilharam ainda mais.

-Até lá. – sorri e dei partida.

-Até lá, Black Soul. – sorriu ele e saiu andando.

O que ele quis dizer com aquilo?!