Save Me

Prefácio


Antes mesmo de serem Gabrielle Givens e Cameron Briel, um anjo e um demônio, duas personalidades diferentes, lados opostos, céu e inferno, gelo e fogo, eram almas que se amavam genuinamente. Por séculos, talvez, ignoravam tal fato alarmante e contraditório e, da forma mais suplicante, demonstra-se aos poucos.

Cameron havia mesmo juntado seus lábios e Gabbe não poderia descrever o que estava sentindo. O beijo de um demônio era perigoso, fatal e quente. Chegava a ser pecaminoso de tão surreal. Era até mesmo melhor do que sentir o vento sobre suas asas ― e ela chegou a pensar que seria até melhor do que ser redimida. Ou então, talvez, melhor que a sensação de vencer uma batalha contra o inimigo. Porque confraternizar com um deles era muito melhor. Desde que o tal inimigo seja Cameron Briel, é claro. As suas línguas se tocavam avidamente, suas bocas se encaixavam de uma forma descomunal e, de repente, ela não sentia mais medo. Suas mãos delicadas foram de encontro aos cabelos negros e muito molhados dele, os enlaçando em uma tentativa de trazê-lo para mais perto de si. Porque ainda não era suficiente. Aquele beijo parecia cada vez mais errado e insano, porém ambos não se importavam. Cada toque era como se entrassem em combustão.

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As mãos do demônio apertavam sua cintura, puxando-a de encontro a si, a chuva forte caindo sobre os dois sem piedade, mas ainda não era forte o suficiente para fazê-los pararem com aquilo. Cam sentia que precisava de mais, portanto apertou o anjo um pouco mais forte, mas cuidando para que soasse delicado. Não combinava com ele, mas combinava com ela.

Com relutância, Gabrielle se separou dele quando percebeu que precisava de oxigênio em seus pulmões tanto quanto sabia que o que tinha acabado de fazer não tinha caminho de volta, com a mão deslizando dos cabelos para o peitoral dele, o empurrando levemente. Os dois anjos caídos estavam ofegantes, olhando um para os olhos do outro, com ânsia em saber cada detalhe de suas longas vidas, cada segredo obscuro que envolviam suas almas perdidas e, principalmente, tinham a ânsia de saber o que se passava em suas cabeças alimentadas por aquele desejo insano e mundano. Mesmo com tantas coisas passando por eles, nenhum dos dois encontrou resposta alguma.

Cam suspirou pelas narinas e encostou sua testa na dela. Alguns segundos se passaram e ambos pensaram que poderiam ter se passado anos que eles não notariam, afinal, quem se importava com o tempo em um momento tão crucial como aquele?

Era profano, sim, porém, mais importante, era verdadeiro.