Speechless

Capítulo 5


POV Harry

Eu demorei bastante para dormir depois que me acomodei no sofá da casa do meu cunhado, a diferença de horário ainda era novidade para mim, e eu estava sem sono algum. Fiquei ali deitado olhando para o teto e planejando minha nova vida.

Eu precisaria primeiro de um emprego, papai e mamãe deixaram a mim e Mione numa situação muito confortável financeiramente, mas nós sempre nos viramos. Ambos gastamos mais do que ganhamos, é verdade, mas gostávamos de nos sentirmos úteis. E era exatamente nesse ponto que eu sempre achei que não daria certo com Cho, ela era um pouco acomodada demais.

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Meus pais não gostaram muito dela, embora eles não tenham falado isso abertamente eu notei e Hermione apesar de não conhecê-la não a aprovava completamente, mas seu caso eu acredito que mais ciúmes do que outra coisa. Em todo o caso, a aprovação da família é fundamental, principalmente pra mim que nunca pensei em me afastar deles por mulher nenhuma, nem por ninguém.

Eu ainda sentia falta da Cho, principalmente hoje que estava um friozinho gostoso pra dormir junto, mas estava começando a acreditar que era mais carência do que saudade da pessoa. Eu sempre fui muito quieto, até meio tímido com as mulheres, então ela havia sido minha única namorada, fora alguns casos banais antes da minha ida para a América e um romancezinho de 6 meses quando tinha uns dezessete pra dezoito anos, e depois disso eu nunca havia ficado sozinho, hoje estou descobrindo que não é legal.

Longe dela e pensando com coerência, eu sei que ela não era a mulher dos meus sonhos, eu é queria que fosse e não consegui. E também que eu não era o homem dos sonhos dela, como ela mesmo dizia eu era certinho demais para o estilo de vida que ela sempre teve.

Eu estava virando de um lado para o outro naquele sofá há horas e não conseguia dormir, estava ficando com vontade de ir ao banheiro e já estava com sede fazia tempo, e mesmo achando muito anti-ético abrir a geladeira dos outros sem permissão eu não consegui mais agüentar. Me levantei e sem acender nenhuma luz fui em direção ao banheiro.

Saí de lá e caminhei até a cozinha, mesmo de luzes apagadas ela estava um pouco iluminada pelas luzes da rua então foi fácil encontrar a geladeira e os armários onde Ron e a “irmãzinha” guardavam os copos. Peguei um copo de plástico mesmo, ele estava na frente e eu não queria ficar mexendo muito, enchi de água gelada e apoiei no balcão olhando pela janela enquanto bebia. Estava uma noite fria hoje, e eu estava um pouco arrepiado por causa do vento já que só vestia um short emprestado.

—Insônia? - A voz veio inesperadamente de trás de mim e eu deixei o copo cair, espirrou um pouco de água em mim. - Desculpa, não queria te assustar.

Gina veio andando em minha direção trajando um robe cor de rosa, que ia até o meio das suas coxas e estava bem fechado no decote, pegou a garrafa de água ao meu lado, abriu a porta superior do armário e ficou na ponta dos pés para conseguir pegar um copo. Assim que o encheu, sentou-se no balcão ao meu lado e bebeu calmamente, nem um pouco incomodada com a minha presença.

—Não, imagina, desculpa eu por estar invadindo sua casa e pegando água sem permissão. - Falei me enxugando com um pano que ela me entregou quando viu minha barriga levemente molhada. - Para um nerd abrir a geladeira alheia sem permissão é quase como cometer um assalto. - Falei soando um pouco sarcástico.

—Hermione fofoqueira! - Ela resmungou e nós dois rimos. - Por que voltou de lá?

—Cansei de ficar fora de casa. - Me sentei ao seu lado. - Não vai quebrar se eu me sentar também, né?

—Não, fique a vontade.

—Obrigado. Então, era tudo um pouco estranho para mim, não ia conseguir ficar muito tempo lá de qualquer forma então terminei meu curso e vim embora. - Conclui e suspirei. - Mas fique tranqüila, você ainda terá seu irmão e sua amiga.

Ela riu de uma maneira contagiante, jogando um pouco a cabeça pra trás e fazendo os cabelos muito lisos ondularem. Acho que só adolescentes conseguem rir daquele jeito.

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—Fico feliz que não os tire de mim, sabe que até agora era como se eu fosse filha única, não é? - Falou divertida.

Eu sorri olhando enquanto ela bebia um pouco mais de água.

—E você, quando vai se revoltar e resolver mudar de continente?

—Não quero fazer isso. - Me respondeu decidida. - Eu queria sair do interior e vir pra capital e pronto, já consegui! Meu lugar é aqui, entende?

—Entendo, sei como é. - Me ajeitei no lugar. - E imagino como deve ter sido pra você convencer seus pais a te deixarem vir.

—Nem me fale, eu quase tive que fugir. -Ela riu um pouco. - Ron ajudou muito com isso, e eu não sei o que seria de mim sem ele. Ele pega no meu pé às vezes, é ciumento demais, mas a gente se ama.

—Você eu não sei, mas ele sempre falava da irmãzinha dele para mim e para Hermione, eu acho que vocês passaram tempo demais sem se ver e ele pensava que você ia ter treze anos para sempre.

—Eu até gosto desse cuidado todo, é bem legal irritá-lo. - Falou pulando graciosamente de cima do balcão - Se quiser tentar pergunte a ele quem é Dino Tomaz.

Riu um pouco enquanto pegava o copo da minha mão e colocava os dois dentro da pia para depois dirigir-se à geladeira e guardar a jarra.

—Hermione já me falou esse nome hoje, quem esse tal de Dino? - Perguntei ainda sentado.

—Mais um ex-namorado idiota que nunca me mereceu. -Falou já se virando para sair da cozinha. - Bom, vou dormir. Boa noite, Harry.

—Boa noite.

Ainda fiquei alguns minutos sentado ali, mas quando começou a ficar frio demais resolvi me deitar novamente. Já era bem tarde, então não demorei a dormir e antes que isso acontecesse, pensei claramente que Dino Tomaz era um idiota.

POV Rony

Acordei com Hermione enroscada em mim, como sempre. Nós dois havíamos dormido bem tarde e depois de algumas atividades físicas, então eu suponho que já não era tão cedo. Olhei no relógio ao lado da minha cama e marcava um pouco mais de onze da manhã. Me espreguicei discretamente para não acordá-la e antes de me levantar ergui um pouco o edredom que nos cobria, ela estava totalmente nua e era uma visão excitante a qualquer hora do dia.

Alisei um pouco seus quadris e dei um beijo de leve em sua bochecha. Depois disso sai cuidadosamente para não acordá-la, coloquei minha cueca, um short, uma camiseta e fui ao banheiro fazer minha higiene matinal. Saí de lá dez minutos depois e Hermione já havia agarrado meu travesseiro, eu ri um pouco com a cena e sai do quarto fechando a porta devagar.

A porta do quarto de Gina estava fechada, era de se esperar já que ela só acordava cedo nos fins de semana quando alguém a chamava. Harry já estava acordado e trocava os canais da TV a procura de alguma coisa interessante.

—Bom dia, cara. Dormiu bem?

—Bom dia, Ron, dormi sim, valeu.

—Vou ver se tem alguma coisa pra gente tomar café, perai.

Fui até a cozinha e voltei vinte minutos depois com dois pães com manteiga na chapa e dois chocolates quentes, entreguei um a ele e me sentei no sofá da frente.

—E ai, me conta o que aprontou nesse tempo que se isolou da gente. - Falei divertido e esperei que ele engolisse antes de começar.

—Aprontar mesmo não aprontei muito não, mas fiz muita coisa legal. Lá é tudo muito diferente, eu não ia me acostumar a viver lá pra sempre.

—E já tava na hora de voltar também, né. -Falei colocando as penas sobre o sofá. - Hermione sentia muito sua falta.

—E eu a dela. Você sabe como a gente sempre foi grudado, né cara.

—É, eu sei. E a mulherada de lá são boas?

Nós dois gargalhamos com essa minha pergunta.

—Eu desejo que Hermione nunca escute essa frase saindo da sua boca! -Disse Harry com exagero.

—Por mais boas que elas sejam, duvido que superariam a Mi, é só uma pergunta masculina, nada demais. - Respondi na defensiva.

—Espero que ela também pense assim. - Falou e nós dois rimos. - Mas são sim, é incrível como naquele lugar tem mulher bonita, mas ao mesmo tempo é difícil achar uma bonita que valha a pena. Falta o cavalheirismo inglês, se é que me entende.

—Que frase mais gay. - Falei em tom de deboche e caímos na gargalhada de novo. -E então, o que quer fazer no seu segundo dia em casa? Estou incluso nos planos ou já tem algo melhor em mente?

—Claro que você está incluso nos planos! Aliás não só você, Hermione o sua "irmãzinha" também.

Eu notei o sarcasmo com que ele falou irmãzinha, afinal não era para menos, eu sempre tachava Gina como uma criança para todos os meus amigos, mas ninguém podia negar que ela tinha um corpão de invejar muita mulher bonita por ai.

—Minha irmãzinha, né. Sei. - Joguei uma almofada nele.

—Que isso, cara, ta doido? Somos da mesma família agora. - Falou na defensiva.

—É isso que me preocupa. - Respondi antes de rirmos novamente.

Ficamos mais alguns minutos depois conversando sobre papo de homem: futebol, carros e tudo mais parecido com isso. A primeira a se levantar foi Hermione, com um short curto e uma camiseta que ela sempre usava para dormir, deu um beijo no irmão e veio até onde eu estava, se deitando e apoiando a cabeça em minhas pernas.

Já se passavam das onze da manhã quando Gina se levantou, e graças a Deus ela teve o bom senso de colocar um robe por cima daqueles pijamas curtíssimos que insistia em usar. Eu notei os olhares dela para Harry, e era uma questão de tempo ele também olhar daquela maneira para ela. Almoçamos em casa mesmo e pela tarde saímos um pouco pela cidade. Visitamos alguns pontos turísticos comuns, no inicio da noite um cinema e depois jantar num barzinho que sempre íamos. Na volta Hermione deixou Gina e eu em nosso apartamento e ela e Harry seguiram para casa.

Assim que entramos Gina tirou os sapatos de salto, sentou-se no sofá e começou a massagear os pés:

—Porque vocês usam isso se depois morrem de dor? - Perguntei sentando-me em frente a ela.

—Porque é mais bonito, mais elegante, mais atraente, essas coisas. - Falou deitando-se e pegando o controle da televisão. - E outra, eu sei que os homens gostam de mulheres de salto.

Eu ri, o que mais me restava fazer?

—E a faculdade, como anda? - Perguntei interessado. Eu sei que ela é responsável, mas eu gosto de estar sempre a par da sua vida.

—Está indo muito bem, você sabe que eu gosto do que faço, não é? Então fica mais fácil. Só a matemática financeira, de novo, que me complica.

Eu ri do modo como ela exagerava as coisas.

—E no seu estágio? - Perguntei deitando-me também.

—Lá está tudo ótimo, como sempre. Aliás, eu te contei que meu chefe vai sair?

—Não, não falou. - Respondi virando para ela. - Por quê?

—Porque arrumou outro emprego, com cargo melhor. Esse mês será seu ultimo.

—E já sabem quem vai substituí-lo?

—Não, ainda não falaram. Mas eu não sei se vão subir alguém de la de dentro mesmo, acho que vão trazer de fora.

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—Aah, entendi. - Ficamos em silêncio por alguns minutos e eu continuei. - Sabe o que eu não entendo...

—O que?

—Como alguem pode odiar matemática financeira e adorar trabalhar no departamento financeiro?

Ela riu alto, o típico jeito escandaloso que minha irmã sempre teve.

—Não sei irmãozinho, deve ser porque lá as contas chegam prontas para nós.

Nós dois rimos mais um pouco, continuamos conversando por alguns minutos e eu fui me deitar, uma longa semana nos esperava.