Capítulo IV – Poucas palavras

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Eu corria nos campos verdes dos arredores de Hogwarts com uma bela companhia loira em cachos. Os cabelos dourados reluzindo o brilho do sol como pepitas de ouro recém mineiradas. O cheiro de rosas tão bem exalado, que invejava a todas as flores. A graciosidade que lembrava um belo vôo da mais bela ave que cortava o céu. Uns olhos azuis que te faziam enxergar o intenso fundo do mar.

Esse ser sem defeitos começava a se afastar e a se despedaçar em minha frente. Não conseguia pará-lo. O ser se desmanchava em cinzas e eu me desesperei.

Tentei segurar as cinzas entre meus braços mas elas me escapavam entre os dedos. Eu sentia as lágrimas cortando meus olhos e soltei um grito de desespero.

– MOLLY!!!

Abri os olhos desesperado procurando um relógio para dizer-me a hora. Eram 3:33 da madrugada, e eu me encontrava deitado ao lado de Rowena. Levei a mão a meu peito e suspirei me acalmando. Foi um pesadelo meio intenso para mim.

Dois porquês: Havia algum tempo que não permitia pensar no nome daquela pessoa, e eu nunca imaginei que sua imagem estivesse tão viva em minha mente.

Fechei os olhos e voltei a dormir. Rowena se mexeu na cama e voltou a se aquietar.

A verdade é que essa fase em que eu me encontrava agora, era uma fase de inércia. Meu corpo vivia em movimento, mas a minha mente se mantinha paralisada. Os momentos que passamos juntos jamais serão apagados de minha memória, mas a verdade é que eu não gostaria de tê-los vividos.

Um novo sonho aconteceu, mas não é interessante dizê-lo nesse momento, o que posso dizer foi que dormi. Dormi até o próximo dia sem cessar.

O despertador começou a rugir e eu me levantei jogando um feitiço que destruiu a mesa onde ele se encontrava mas não destruiu o tal despertador. Ele era esperto. Então fiz ele vir de encontro à minha mão.

– Accio Despertador

Ele pousou na palma da minha mão e eu o apertei até ele se quebrar por completo. Odeio coisas encantadas que tem algum tipo de Consciência. Me dão trabalho.

Me levantei evitando com que Rowena percebesse e comecei a me vestir. Ela acordou e me olhou de soslaio. Quando percebi ela me observava de olhos semi-abertos para que eu não me incomodasse, mas ela sabia que aquilo me incomodava mais ainda.

– Hey! Estava fingindo que estava dormindo?

Perguntei vestindo o casaco. Ela abriu mais os olhos e se sentou na cama.

– Onde você vai?

– Trabalhar, ora. Coisa que você também tem que fazer, se não se lembra.

– Ainda são 7 da manhã. Por quê tão cedo?

– Por quê mais tarde?

– Pra aproveitar mais a cama.

– Ficar na cama pra mim, só tem sentido quando estou dormindo.

– Não seja grosso Salazar!

– Não fui, só não menti. Quer que eu minta?

– Não!

– Então pare de achar que sempre sou grosso com você.

– Você não era assim com 15 anos.

– Não tenho mais 15 anos à 20.

– Você era mais divertido naquela época.

– Eu era mais idiota.

– Era mais fácil de te aturar.

– Se é tão difícil me manter por perto, saia de perto de mim então. Ora.

– Tá vendo? Grosso!

– Você que falou que não aguenta mais ficar perto de mim.

– Nunca falei isso!

– Deu a entender.

– Para de merda Salazar! Eu só quero você mais perto, e você se afasta. Por isso reclamei, você sabe disso.

– Não sei de nada.

Bocejei e ela emburrou. Cruzou os braços e fez bico afundando na cama. Olhei para ela franzindo o cenho e sorri. Ela virou o rosto e eu segurei o riso. Me sentei na cama e virei o rosto dela para mim.

– Você me irrita!

Soltei. O bico dela duplicou de tamanho e eu sorri. Ela fechou os olhos em ameaça e eu lhe dei um selinho.

– Não seja boba. É por isso que gosto de você.

Ela abriu um largo sorriso e eu gargalhei me levantado e voltando a me vestir. Estava um frio enorme e eu me enrolava com três casacos e duas calças além do cachecol. Ela se levantou também e começou a se arrumar enquanto eu espreguiçava.

Olhei pela pequena janela que se encontrava praticamente à minha frente e pude ver Godric conversando com alguém de capuz.

Rowena veio por trás e me abraçou pela cintura. Meus olhos se perderam por alguns instantes e logo quando voltei a focar o mesmo ponto, as duas pessoas já não estavam lá mais. Virei bruscamente para Rowena e saí do seu quarto. Eu iria falar com Godric, e seria agora!

Quem era aquela pessoa de capuz com ele lá fora? Eu tinha o direito de saber. E agora!