Love Way
Capítulo 3 - Você não está sozinha.
– Acho que não vou poder sair com o Potter e a esposa. – Lily disse com a voz fraquinha.
– Eu sei, mana. Eu irei avisá-los. Você está doente, Lily. Nem me disse! – Dorcas passou a mão sobre a testa quente da amiga.
– Acho melhor irmos para o médico.
– Não! Sério, Dor, acho que não.
– Acha nada, você vai e agora. Ligarei para o Potter na saída. – Dorcas ordenou e Lily ficou calada; acompanhou Dorcas com os olhos e só saiu da cama para ir ao hospital.
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– James, ela vem mesmo? Não temos que buscá-la? – Kate perguntou passando a mão roboticamente pela barriga.
– Não, a Dorcas a traria aqui e iríamos. Mas acho que houve alguma coisa. – James olhou novamente seu relógio no pulso. Estava atrasada à meia hora.
– Está ficando frio, James. – Kate passou os próprios braços finos sobre o fino casaquinho rosa que lhe cobria até o busto.
– Eu sei. Vou ligar para a Dorcas. – ao dizer isso, o celular tocou.
– Oi, Dorcas. Aham, ok. Ela está bem? Não, tudo bem. Certo. Até.
– O que houve?
– Lily ficou doente. – James disse um pouco... decepcionado.
– Lily, James? Você a chama de Lily? – Kate franziu o cenho.
– Sim, Kate. O quê que tem? E ela me chama de Jay. Algum problema? – James perguntou desafiadoramente. Ele, e a esposa sabia melhor que ele, que odiava que o prendessem ou grudasse muito.
Percebendo o que tinha dito, Kate fez cara de culpada.
– Amor, desculpa, sério. É que... às vezes o ciúme é demais. – ela disse abraçando-o.
– Hm, ok.
Ficaram calados até Kate quebrar o silêncio.
– Ela é bonita?
– Sim.
– Hm. – Kate tentou ignorar a resposta. Ela sabia como James era. Ele não mudaria e nem mentiria para vê-la feliz. Ele só fazia isso quando se importava demais com a pessoa. Ele não via motivos para mentir.
Ele permaneceu calado, depois mesmo de Kate murmurar que não estava nada bem e ainda estava com ciúmes, ainda mais.
– James, não vai fazer nada?!
– Quer que eu faça o quê? – ele disse e a soltou. – Que eu te obrigue a tirar o ciúme, Kate? Não posso, desculpe.
– James, já percebeu que você sempre é assim? – ela começou. Jay sabia que quando a esposa começava assim, melancólica e vítima, ela iria discutir a relação e, por conseguinte iria brigar com ele. Porque tudo era culpa dele naquele casamento!
– Não, Kate. Chega, pára, sério. Não vem colocar a Lily como desculpa para o nosso casamento. – James a ignorou e entrou em casa.
– O quê?! Potter, quem citou o nome da sua amiguinha? Sério, não a conhece nem por um ano! Nem por quanto tempo quanto eu! Você nunca, nunca, ficou decepcionado ou preocupado comigo quando acontecia algo comigo!
– O quê, digo eu! O que virou isso aqui? – ele apontou para os dois. – A Lily não tem nada a ver com a gente! Nada! E ninguém está falando como eu fiquei em relação a ela! Pára com essa sua paranóia!
– Potter – ameaçadoramente, Kate aproximou-se de James e apontou-lhe o dedo no rosto. – Você não é ninguém para me chamar de doida.
James respirou fundo.
– Não te chamei de doida. – a olhou com raiva tirou seu dedo de sua cara.
Deu as costas e subiu.
– AHHHHHHH! Essa Lily mal chegou e já está estragando tudo! E eu nem a conheço! – Kate urrou sozinha no sofá.
–- # --
... sessenta e nove, setenta.
– Setenta gotas de soro que caíram até minha corrente sanguínea. – A voz de Lily fez Dorcas sobressaltar-se no pequeno sofazinho branco daquele lugar minúsculo.
– O que você disse?
– Disse que caíram setenta gotas de soro até a minha corrente sanguínea. – Lily disse simplesmente.
– Hm... e por que você estava contando? – Dorcas perguntou se aproximando e olhando o saquinho de soro acima de Lily na maca.
– Sem nada para fazer. Você me trouxe aqui e não vi nada interessante para fazer, ué.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Mas não era para procurar distração no saco de... de soro.
– O quê que tem?
– Hm, nada. Como se sente? – Movendo a mão para ver sua temperatura.
– Melhor. Quando irei sair? – Lily perguntou esquivando-se da mão de Dorcas.
– Você parece uma criança. – Dorcas bufou. – Amanhã, possivelmente. O médico disse que desidratação pode ser grave.
– Hm, não me importa. Era só beber água e ficava melhor. – Lily deu um sorrisinho.
Dorcas deu um meio sorriso e bufou.
– Já disse que parece uma criança? –
– Hoje? Já.
– Que bom. – Dorcas disse folheando uma revista despreocupadamente o sofá.
Lily voltou para sua atividade de contar as gotas. Era legal, sua única distração naquele momento. Iria passar um dia todo mesmo.
Deu de ombros e voltou.
~*
– Dorcas, pega meu celular ali, por favor. – Lily murmurou sem emoção para a amiga. O celular tocava na poltrona em frente à porta. Era a quinta vez que tocava, sem parar. Da primeira vez, ela viu que era Marlene. O deixou tocar; na segunda, viu que ela era de novo e o deixou novamente; na terceira, o tacou na poltrona bem distante de si.
– Não aguento mais esse toque, garota. – Dorcas deu-lhe o pequeno aparelho.
– Alô, Marlene. – Lily resmungou.
– Lílian, porque estava me ignorando? IGNORANDO? – ela gritou e Lily distanciou o aparelho de perto do ouvido.
– Parou? Parou com a crise neurótica? – a ruiva perguntou sarcástica.
– Pára com isso, sua safada. Como você está?
– No hospital. – de novo, Lily tirou o aparelho de perto do ouvido pelo grito da morena do outro lado do oceano.
– Lílian, eu acho que terei que ir para Londres. Cuidar de você, sua louca. E nem me avisa! – Lene dava o sermão.
– Marlene, já acabou? – a voz de Lily era entediante.
– Lílian, eu passo o tempo que eu quiser, ouviu bem?! Que EU QUISER TE DANDO UMA BRONCA! – e Marlene não parava de falar.
– Aish! – Lily resmungou e colocou o aparelho do seu lado na cama.
– É a Marlene? – Dorcas perguntou rindo no sofá.
– Sim, ela está um caso sério. Seriíssimo!
Dorcas riu.
– Ela só está preocupada com você. Relaxa. – Dorcas murmurou risonha, folheando a revista.
– Às vezes, acho que ela deveria vir para Londres; assim poupar-me-ia trabalho de explicá-la tudo sempre. – Lily jogou a cabeça no travesseiro, cansada.
– Sabe, - Dorcas largou a revista e veio de encontro à Lily – ontem eu estava consultando uma garotinha que a mãe tinha um problema.
Lily levantou a cabeça e a olhou.
– Que tipo de problema?
– Ela não pode ter mais filhos.
A simplicidade em que Dorcas disse, fez Lily assustar-se.
– Por quê?
– Quando ela estava grávida da Mona, a menininha, ela sofreu um acidente. – Dorcas passou as mãos pelo lençol da maca, arrumando-a.
– Que triste. – Lily lamentou, realmente triste.
– Isso não é o pior; ela foi atropelada e a Mona teve que nascer prematura, e o marido da Liza teve que escolher entre a filha e a esposa.
– Nossa! Coitado, nunca quero me ver nessa situação.
– É. Ele escolheu a filha, pois a Liza já tinha falado para ele; ela teve uma gravidez de risco. Mas...
Dorcas saiu de perto e foi até a bolsa no sofá.
– Graças a Deus, os médicos conseguiram salvar a Liza, mas sem o útero – Dorcas procurava incansavelmente algo em sua bolsa. – Sinto-me muito ligada à Mona.
– Por quê? – Lily perguntou interessando-se pela história.
– Ela foi minha primeira paciente. Eu vivi o drama do pai dela; eu comecei a consultá-la quando a mãe ainda estava em risco. Liza só saiu da UTI quando a bebê estava com quase um ano. Quem tentava viver era o pai.
– Eu... – a voz de Lily embargou – Acho que não daria para um trabalho desses. Tenho o coração fraco.
Dorcas riu.
– Sério? – ela riu mais um pouco e se aquietou.
– Não, é sério! Eu já fui a médicos e disseram que meu coração é um pouco fraco, se eu tiver bebê, poderá ser de risco.
– Eu não sabia, Lily. Desculpe-me.
– Nada. Eu acho que não pretendo ficar grávida, mesmo. Sabe, não tenho nem namorado.
Elas riram.
– Eu também não, quer dizer, eu quero só quando tiver alguém. Até porque, minha vida é tão instável.
– Como assim? – Lily perguntou pegando o celular e desligando. Talvez Marlene se cansasse.
– Eu trabalho aqui no hospital, mas eles podem em mudar e eu tenho que ir. É um tipo de programa aí. – Dorcas deu de ombros.
– Eu acho que preciso de Doritos e um refrigerante, Dor. – Lily respirou fundo não aguentando mais aquele quarto.
– Não, mocinha.- Dorcas riu. – Um para mim, quem sabe. – ela saiu do quarto rindo.
– Não, Dorcas! Eu quero! – Lily riu e gritou sozinha.
O silêncio reinou.
O telefone começou a tocar novamente.
Lily não se deu trabalho de olhar o visor; achava que era Marlene.
Engano, era um certo Potter preocupado com uma pessoa que só conhecia a um dia.
–- # --
A porta abriu e um homem com jaleco apareceu.
– Srta. Evans, como se sente agora? – ele perguntou aproximando-se de Lily.
– Hm... acho que bem, doutor. Quando eu poderei ir para casa?
– Deixe-me terminar de examiná-la agora e poderá ter alta. – ele sorriu e continuou a examinar.
Quando estava para terminar o trabalho, ele disse:
– Cadê aquela sua amiga? Ela não está aqui no dia de sua alta?
– É. Ela teve que sair por enquanto. Ela teve um plantão de última hora em um estado vizinho, mas eu posso ir sozinha, não se preocupe.
– Tudo bem. A senhorita já pode ir. Não se esqueça de se hidratar, Lily. Pode ser pior da próxima vez. – ele disse saindo.
– Pode deixar. Por mim, não haverá próxima vez. – o médico riu e saiu.
Lily levantou-se da maca gelada e suspirou aliviada. Finalmente!
Arrumou as coisas e trocou-se rápido.
Enquanto terminava as coisas, ouvi o barulho de grossas gotas de chuva na janela. Pelo visto, teria que ir sozinha para casa e na chuva. É o jeito.
Fechou tudo e saiu andando pelo corredor.
Chegou à porta do hospital e respirou fundo. Apesar do vento está pesado e frio, era bom poder respirá-lo. O aroma úmido de Londres era bom, melhor que o quarto de hospital, com certeza!
Preparou-se para correr até a outra rua em busca de um táxi, quando uma buzina lhe atrapalhou.
– Lily, o que pensa que está fazendo? – em meio à tempestade que já se formava, ela ouviu a voz mandona de James dentro de seu carro, uma SUV prateada.
Acho que não estava mais sozinha.
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