Prisioneiras do Terror

Capítulo 1: 26 de fevereiro de 1942, 10:30 PM


Aos que lerem este relato, minhas sinceras saudações. Me chamo Gaara, tenho 19 anos e sou um dos milhões de soldados alemães envolvidos nesse conflito que está sendo chamado de segunda guerra mundial. Antes, porém, de começar a escrever o que pretendo, me sinto no dever de contar como cheguei aqui.

Eu nasci em Berlim em 1923 e nessa época a Alemanha ainda estava muito debilitada pela guerra de 1914 – 1918. Como ainda era pequeno não tinha idéia ou me preocupava com dinheiro ou guerras até que chegou a grande crise de 1929 que me mostrou literalmente o que é a pobreza. Nessa época desenvolveu-se a indústria bélica alemã e meus pais foram trabalhar em uma dessas fábricas para fugir do desemprego. Em 1933 Adolf Hitler chegou ao poder causando grande empolgação ao povo alemão pelos seus discursos nacionalistas e pelo grande incentivo dado à produção de armas. Quando completei 14 anos comecei meu treinamento militar e dois anos depois já ganhei uma prova de fogo; a Alemanha invadiu a Polônia e com isso recebeu declarações de guerra da Inglaterra e França. Foram convocados doze milhões e quinhentos mil soldados só na Alemanha, mas fui chamado somente em 1942 para fazer a segurança de um dos campos de concentração, lugar para onde eram mandados os prisioneiros de guerra.

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Fui mandado para Treblinka, um campo pequeno se comparado com os demais. Quando cheguei logo soube que cada cela seria guardada por dois soldados.

– Gaara? É você mesmo?

Com certeza reconheci a voz que me chamava. Quando me virei, vi que uma velha amizade iria renascer.

– Naruto?

– Quanto tempo cara! – ele disse ao me abraçar

– O que faz aqui?

– Também fui convocado como você. Daí me mandaram pra cá.

Naruto e eu já éramos amigos e estudamos juntos por alguns anos, mas por motivos que eu não conheço a família dele se mudou para Bremen. Depois disso não o vi mais e esse era o último lugar que eu imaginava revê-lo.

– Então já se conhecem? – perguntou o comandante

– Com certeza. – respondeu Naruto

– Vocês vão ficar com a cela 54. A função de vocês é verificar os prisioneiros que podem ser úteis. Nós cuidamos do resto.

Passamos a ouvir as instruções que nos eram dadas pelos comandantes que foram um pouco assustadoras, mas pelo menos eu já imaginava que seria assim. Depois peguei minhas roupas de soldado, armas e fui ocupar o meu posto. A cela ainda está vazia, os primeiros prisioneiros só chegam amanhã e confesso que estou um pouco nervoso. Enquanto o sono não chega não tem outra coisa a fazer senão conversar, que aliás fizemos isso até quase onze horas.

– Até quando acha que isso vai durar? – perguntou Naruto

– O que?

– A guerra.

– Não faço idéia. – respondi

– Fiquei confuso com a nossa função.

– Como assim?

– O que será que quer dizer com “prisioneiros que podem ser úteis?”

– Também não sei. Não fique pensando nisso.

– Tem razão. Melhor dormir.

– Boa noite.

– Não vai dormir agora?

– Agora não. Vou ficar mais um pouco.

– Então boa noite.

No fundo a dúvida que o Naruto tem também martela em mim, mas como eu mesmo disse, melhor não pensar nisso. Agora estou aqui sozinho e tudo que eu vejo é a pequena lâmpada acesa iluminando parte da cela vazia ao meu lado e também alguns insetos que insistem em me fazer companhia. Com certeza meu único passatempo será o caderno que eu trouxe e que estou escrevendo essas coisas; quando escrevo esqueço o tempo passar assim como agora. Já passa das onze e meia da noite; acho que vou seguir meu próprio conselho e tentar dormir já que não há muito o que falar no primeiro dia. Como estamos no meio de uma guerra, não sei se vou chegar com vida até o final, mas como estou um pouco longe da zona de conflito, fico um pouco mais tranqüilo. Bom, vou dormir e o que acontecer de bom ou ruim vou registrar aqui. Se de repente eu parar de escrever é porque devo ter morrido em combate. Acho que já me estendi demais; já se aproxima a meia noite e tenho que acordar cedo amanhã, boa noite e quando puder volto a escrever.