Convivência Por Contrato

Capítulo 12 - Dia Nove: 24/05 (Parte 1)


Na manhã seguinte, Sakura acordou no horário de costume, 07:00h.

Levantou-se preguiçosamente, mas muito bem disposta. O dia anterior, o qual passara nas fontes termais, realmente fizera milagres.

"Eu deveria ir às termas novamente. Essa ideia é tão boa... Não sei por que não faço isso com mais frequência..."– Pensava ela enquanto tomava banho - "Realmente... Uma ótima ideia... Decidi que não vou mais sofrer pelo Sasuke-kun, então agora vou viver para mim e cuidar de mim. Ele que se dane pra lá!"

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

A rosada então terminou sua higiene matinal e se arrumou. Estava prestes a deixar o quarto quando viu o presentinho de Jiraiya jogado no chão. Estremeceu só de pensar no conteúdo.

Chutou o livro violentamente, o qual foi parar debaixo da cama, e desceu as escadas.

Ao passar em frente a sala, viu Sasuke dormindo preguiçosamente todo esparramado no sofá. O controle remoto jazia no chão e a televisão ligada, transmitia um programa qualquer.

Ela bufou e foi ao jardim dos fundos ver sua cadelinha.

Saeko estava dormindo debaixo da cerejeira em meio a vários pedaços de papelão mastigado, babado e rasgado, e isopores coloridos.

"Tsc! Como se não bastasse a casa estar uma porqueira, agora a minha cachorrinha suja o jardim... Não vou limpar isso sozinha! Kami, como eu vou convencer o Sasuke-kun a me ajudar?"– Sakura suspirou cansadamente - "Acho que vou mesmo falar com a Tsunade-sama. Ela é a única que consegue obrigá-lo a fazer as coisas..."

Enquanto seus pensamentos fluíam, a Haruno notou pedaços de isopor colorido saindo da boca de Saeko. Ela então se deu conta de que, desde que ganhara a cadelinha, nunca a tinha alimentado. Perguntou-se o que Saeko andara comendo nesses dias.

"Ela provavelmente comera as coisas aqui do jardim. Preciso comprar ração para ela..."– Pensou a rosada enquanto voltava pra dentro de casa. Olhou o relógio do corredor - "Hum... Ainda tenho algum tempo..."

Saiu, então, de casa, deixando o Distrito Uchiha atrás de si. Ela, no entanto, ao invés de seguir para o hospital, foi em direção ao clã Inuzuka.

"E mais uma vez, aqui estou tão cedo eu importunando a paz alheia."– Pensava ela tocando a campainha - "Não ficarei surpresa se qualquer dia desses a Tsume-san soltar um de seus cães atrás de mim."

–Ohayo, Sakura-san - Hana cumprimentou ao abrir a porta.

–O-Ohayo, Hana-san. Aqui estou eu, perturbando mais uma vez. Gomenasai... - Ela riu constrangida - Eu... Eu não queria acordar, mas...

–Não tem problema. - A Inuzuka murmurou, enfiando as mãos nos bolsos do jaleco - Eu não dormi, na verdade... - E bocejou, comprovando o que acabara de falar.

A Haruno então percebeu que Hana realmente não parecia ter acabado de acordar. Seu cabelo não estava bagunçado e desarrumado, muito pelo contrário, estava preso no habitual rabo-de-cavalo, e ao invés de pijama, ou meras roupas casuais, ela trajava seu jaleco branco.

–Estou assim desde que voltei do consultório ontem. - Explicou ela - Um dos meus cachorros está bastante doente e eu não estou conseguindo saber o que ele tem... Passei a noite em claro pesquisando e fazendo experimentos... Estou com medo de que seja algo contagioso, mas... - Ela sorriu levemente mudando de assunto - Enfim, Sakura-san, como posso lhe ser útil? - E coçou os olhos.

–Ah, sim. Hana-san, hoje eu percebi que desde que o Kiba nos deu a Saeko, eu nunca a alimentei... Eu gostaria de saber se... Você teria ração para me vender?

A Inuzuka ergueu uma sobrancelha, a olhando como se não acreditasse que ela fora perturbar a paz mundial apenas para comprar ração. Suspirou longa e cansadamente antes de falar:

–Hum... Bem... Tem uma ração especial que eu desenvolvi recentemente e... Sakura-san, porque você não passa aqui depois do seu expediente para pegá-la?

–Ahn... C-Claro. Tudo bem.

–Uma ultima pergunta: Se você nunca alimentou a Saeko, o que é que ela tem comido?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

–Ahn... Pois é... Eu realmente não sei... - A Haruno respondeu envergonhadamente.

Hana assentiu de modo desaprovador. Ela provavelmente estava pensando no quanto Sakura era irresponsável com sua cadelinha.

–Então até mais tarde, Sakura-san - E fechou a porta na cara dela.

"Estou em dúvida se essa hostilidade foi pelo fato de ela estar cansada ou se é devido a minha displicência com a Saeko."– A rosada ainda estava parada à porta que fora inesperadamente fechada - "Mas você também, hein Haruno Sakura... Incomodando as pessoas tão cedo... Bem... De qualquer forma, eu agora preciso me apressar. Devo estar atolada de coisas para fazer no hospital..."– Ela deixou o clã Inuzuka, caminhando em direção ao hospital.

Enquanto andava, seus pensamentos fluíam livremente...

¤¤¤

Naquela manhã, Sakura acordara bem cedo. Finalmente chegara o dia em que Sasuke voltaria da viagem que fizera com seu irmão.

Ele ficara fora apenas duas semanas, mas seu coração apertava de tanta saudade. Estava tão ansiosa para revê-lo que mal dormira na noite anterior. Quando acordou tinha um sorriso bobo nos lábios e ficou rolando na cama.

Desde o dia em que trombaram no corredor da escola e ele a derrubou no chão, ficaram bem amigos.

Eles não deram a sorte de ficar na mesma sala, e quase não se falavam. Após as aulas, o Uchiha tinha seus afazeres e a Haruno os dela, então eles não se viam muito a não ser na escola, durante os intervalos ou então enquanto ambos ficavam esperando seus pais irem buscá-los.

Apesar desse pouco tempo que tinham juntos, a amizade entre eles cresceu surpreendentemente. Sem falar também que Sakura nutria uma, não tão, secreta paixão por ele.

Chegava a ser engraçado. Uma garota de apenas oito anos apaixonada pelo amiguinho de escola. Mas, bem, dizem que o amor não tem idade. Talvez a rosada fosse um ótimo exemplo disso.

Ela, sorridente, olhava para o teto enquanto se lembrava de como ele era amável e gentil com ela, das vezes que a defendeu quando as crianças zombavam de sua testa, quando lhe contou que tinha um medo bobo de trovões...

A rosada então se levantou da cama. Queria ver Sasuke logo, saber das novidades, e quem sabe brincarem um pouquinho.

Fez sua higienização matinal e desceu correndo as escadas.

–Não corra dentro de casa. - Souma, da sala, advertiu - Ainda está muito cedo para bagunça, Sakura-chan.

–Gomen, otosan... - Murmurou a pequena Haruno e correu para a cozinha. Sua ansiedade era tanta que nem se importou com o que seu pai dissera - Ohayo, okasan! - Gritou animada, assentando-se à mesa.

Kin, que estava de costas, cantarolando baixinho enquanto lavava algumas louças, assustou-se com sua filha.

–Oh! Sakura-chan! Que susto você me deu. - Ela secou as mãos no avental e virou-se para a filha - Ohayo. Você acordou cedo...

–Hai! Estou muito feliz e empolgada! Mal dormi essa noite.

–Posso pôr seu café? - A Haruno mais velha não esperou pela resposta. Simplesmente colocou à frente da pequena um prato com uma fatia de bolo de frutas e um copo com leite - Hum... E por que você está feliz, posso saber? - Kin voltou às louças.

Sakura engoliu o leite que tinha na boca e falou entusiasmada:

–O Sasuke-kun vai voltar de viajem hoje! Vou terminar de comer e vou até a casa dele. - E, balançando os pés timidamente, disse -: Estou com saudades....

A Haruno mais velha imediatamente parou com o que estava fazendo.

–Talvez eu leve flores para Mikoto-san ou tomates para o Sasuke-kun, que eu sei que ele gosta - Continuou Sakura, falando de modo animado, comendo um pedaço do bolo logo em seguida.

A cozinha então ficou silenciosa. Sakura mastigando, a água da torneira escorrendo livremente e Kin olhando pela janela.

–Acho que é melhor você não ir, Sakura-chan... - A Sra. Haruno murmurou após alguns segundos.

–Hum?! Por que não?

Kin suspirou pesadamente. Fechou a torneira e virou-se para a filha:

–Aconteceu uma... A família do Sasuke-kun... Eles... - Como ela falaria para Sakura o que acontecera com os Uchiha?

–Bem, não importa. - Sakura, que provavelmente nem escutara o que sua mãe tentava falar, pulou para o chão, interrompendo-a - Já me decidi! Vou levar flores e tomates. Assim tanto o Sasuke-kun quanto a Mikoto-san ficarão felizes. Não é, okasan?

–Eu... Bem... Sim, Sakura-chan. Tem razão - A Sra. Haruno exibiu um sorriso triste. Não conseguira contar para a filha sobre a tragédia.

¤¤¤

–Posso te ajudar, garotinha? - O vendedor de legumes perguntou à Sakura quando ela parou em frente sua barraquinha.

–Eu quero tomates! Três. Os três tomates mais bonitos e frescos que você tiver!

–Hum... Você não acha que é muito novinha para estar na rua a essa hora da manhã? - Observou ele, pegando os tomates - Ainda está muito cedo para uma garotinha de seis anos ficar andando sozinha pela vila.

–Hunf! - Sakura cruzou os braços e exibiu uma expressão aborrecida - Eu tenho oito anos! E eu sei tomar cuidado, não se preocupe.

O homem deu de ombros e colocou os tomates na pequena cesta que ela lhe estendeu.

Enquanto andava até o Distrito Uchiha, a rosada ouviu vários cochichos. Não sabia ao certo o que era, mas parecia que algo havia acontecido na vila.

"Tsc! Droga! Esqueci das flores que eu queria dar à Mikoto-san... Será que ainda..."– Seus pensamentos foram interrompidos quando se deparou com várias fitas amarelas e tábuas pregadas no enorme portão de entrada do Clã Uchiha, barrando a passagem.

Ali perto, um grupo de pessoas falava abafada e gravemente, como se tratassem de um assunto delicado. Algumas faziam anotações e outras andavam de um lado para o outro.

Ninguém reparou a presença da rosada ali. Talvez por ela ser pequena ou talvez por estarem ocupados de mais, no entanto, Sakura notou Itachi, que estava no meio de toda aquela gente.

Ela pensou em ir até o Uchiha e perguntar o que estava acontecendo, mas ele estava ocupado conversando com uma mulher.

A Haruno notou que ele tinha a expressão abatida e os olhos avermelhados. Sim, era melhor não falar com Itachi agora. Ela procuraria por Sasuke.

Hábil e rapidamente, a garota passou por baixo das tábuas e entrou no bairro. Ninguém notara que ela estava ali e muito menos que ela "invadia" o Distrito.

"Isso é tão estranho..."– Pensava ela, andando pelas ruas vazias - "O que houve aqui? Nenhuma viva alma... Está tudo tão parado... O que será que aconteceu com o Itachi-san? Fiquei com pena dele... Bem, vou procurar pelo Sas..."– Novamente os pensamentos de Sakura não foram concluídos.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Seus olhos estavam fixos no garoto de cabelos negros, parado de costas para ela a alguns metros de distância.

Sasuke estava em frente a casa principal do clã, com a cabeça abaixada e os punhos cerrados.

Apesar de ter percebido algo ligeiramente estranho, Sakura correu até ele, chamando-o alegremente.

–Sasu...! - Ela, que o gritava empolgadamente, assustou-se ao perceber que ele tremia e lágrimas rolavam de seus olhos - S-Sasuke-kun?! O que você...?

–Isso não deveria ter acontecido...! - Ele murmurava com a voz embargada pelo choro. Parecia não ter notado a presença da rosada.

–Sasuke-kun... O que houve?

–O papai e a mamãe não deviam ter morrido. Isso não devia ter acontecido! - O moreno continuava a falar sozinho.

Sakura arregalou seus olhos verdes. Naquele momento ela entendeu o que acontecia. Tudo agora fazia sentido.

Os cochichos que ouviu na rua... Itachi chorando... Pessoas, ou melhor, policiais e médicos rondando a entrada do bairro, verificando o que havia acontecido... O Distrito Uchiha interditado... Sua mãe... Kin! Sua mãe sabia, por isso havia dito para ela não visitar Sasuke hoje...

O que havia acontecido com os Uchiha?!

–S-Sasuke-kun... - A Haruno o chamou com a voz trêmula - Mikoto-san... Fugaku-san... Cadê todo mundo?

–Isso não podia ter acontecido! - Sasuke continuava a murmurar enquanto chorava, alheio à presença de Sakura ali - Não podia...! Não é justo!

–Sasuke-kun... - A rosada tocou no ombro dele.

–ME DEIXE EM PAZ! - Ele gritou repentinamente, virando-se para a Haruno e a empurrando.

A ação do Uchiha fora tão repentina que Sakura desequilibrou-se, caindo no chão. A alça de sua cesta quebrou-se ao tocar no solo com tamanho impacto e os tomates saíram rolando.

Imediatamente os olhos dela encheram-se de lágrimas.

–P-Por que você...?

–Você, que tem os seus pais, que todo dia tem alguém esperando você voltar pra casa, não tem o direito de ficar aqui me perturbando! - Sasuke gritava em meio ao choro desenfreado - Saia daqui! Me deixe em paz! - Ele saiu correndo, pisoteando um tomate ao passar e deixando a chorosa e assustada Sakura no chão.

¤¤¤

Alguns dias após o ocorrido, quando já estava mais calmo (mas ainda inconformado e abatido), o moreno foi até Sakura, lhe pedindo desculpas pelo o que fez e pelo modo como a tratou.

É claro que a Haruno o perdoou, mas o modo como ele se desculpou fora tão frio e sem emoção que a deixou ligeiramente perturbada.

Depois disso, Sasuke se tornou uma pessoa fria e séria. Superficial até.

Sempre calado, preferia não se enturmar. Entre os colegas da escola era tratado por "Sombrio anti-social".

Sakura queria que aquela fase de Sasuke passasse logo. Que ele voltasse a ser o mesmo garoto gentil e sorridente de antes, e que a amizade deles não fosse afetada por causa disso.

Mas, no fundo, a rosada sabia que isso não iria acontecer. A mudança do Uchiha fora permanente, e antes que percebesse, eles não se passavam de duas pessoas distintas. Como se fossem meros desconhecidos.

¤¤¤

Sakura, quando se deu conta, estava no chão. Ela estava tão distraída, tão imersa em seus pensamentos que não percebeu duas pessoas carregando tábuas vindo em sua direção. Até ser derrubada por elas.

–G-Gomen, Sakura-san! - Um dos homens pediu.

O outro soltou as tábuas inesperadamente, fazendo seu companheiro se desequilibrar, e correu até ela, ajudando-a a se levantar.

–Você está bem, Uchiha-san? Perdoe-nos, por favor. Não tínhamos visto que vinha alguém.

Sakura, que ainda segurava a mão dele, a puxou violentamente, fechando a cara.

–Estou ótima - Murmurou ela secamente e saiu andando.

–Ué... - O homem coçou a cabeça confusamente vendo-a se afastar.

A Haruno não havia sido hostil por ter sido derrubada, afinal isso não era um problema. O que a deixara irritada fora o fato de aquele homem a ter chamado de "Uchiha-san", a fazendo se lembrar de que estava presa em um castigo de Tsunade, sendo obrigada a conviver com Sasuke.

Enquanto caminhava, ela notou a inusitada movimentação da vila. Tão cedo como ainda estava, e várias pessoas já corriam de um lado para o outro, carregando barras de ferro, tábuas e toldos, e montando barraquinhas improvisadas.

A rosada, que tinha os olhos arregalados numa expressão de espanto, lembrou-se do dia anterior, de como notara algo estranho no ar, quando escutara pedaços estranhos de conversas e quando tropeçara em um fio que estava no meio da rua.

Em meio às pessoas com seus estabelecimentos de última hora, havia também aquelas que carregavam fios, tomadas, extensões e toda aparelhagem elétrica, ligando-as às televisões misteriosamente dispostas pela vila.

–Aquela Tsunade-sama... - Alguém reclamou - Pedindo tanta coisa assim em cima da hora... Tsc!

–Pedindo? - Outra pessoa resmungou debochadamente - Ah, mas que gentileza a sua dizer que ela nos pediu alguma coisa... Ela não pediu. Ela ordenou, obrigou e até ameaçou!

É claro que toda aquela agitação não ocorria apenas ali, onde Sakura podia ver, mas sim por toda a vila. Aparentemente as pessoas tinham interrompido seus afazeres rotineiros para se dedicar a algo estranhamente planejado por Tsunade.

A Haruno queria saber o que se passava, mas as pessoas pareciam muito apressadas e atarefadas, e ela mesma estava começando a se atrasar, então correu para o seu local de trabalho. Mais tarde descobriria o que estava acontecendo.

No hospital, paradas à entrada do corredor que dava acesso aos quartos dos pacientes, três enfermeiras cochichavam, colocando suas pranchetas à frente do rosto:

–Tsc! São nessas horas que sinto mais raiva da Sakura-san. - Uma delas resmungou - Sou eu quem deveria estar com o Sasuke-kun...

–Hunf! Como se eu fosse deixá-lo para você, Mariko. - Falou outra, revirando os olhos - Mas realmente... Saber que ela vai participar com o Sasuke-san é revoltante!

–Ela... Ela vai participar mesmo? Como sabe? - A última perguntou.

–Tsc! Mas é claro que vai. Acha mesmo que ela perderia a chance de desfilar por aí com o Sasuke-kun?

–Desfilar com ele e esnobar todo mundo - Completou a segunda.

–Querem saber o que eu...

–Sabem, eu adoro fofoca - Sakura parou ao lado delas, sussurrando de modo igualmente conspiratório.

As três deram um pulo devido ao susto, e imediatamente calaram a boca, ficando estáticas e com os olhos arregalados.

–Fico sabendo de coisas a meu respeito que nem mesmo eu sabia. - Ela então mudou o tom, falando séria e secamente: - Fico muito feliz em saber que já terminaram todos os seus afazeres. É por isso estão aqui se divertindo falando da minha vida, não é?

–S-Sakura-san! - Mariko gaguejou - O-Ohayo g-gozaimasu... Eu... Eu...

Ela correu dali, entrando no quarto de algum paciente. As outras duas exibiram um sorriso falso e também desapareceram, dando a desculpa de estarem muito atarefadas no momento.

–Hahah... - O secretário, que prestava atenção à cena, ria debochadamente - Já estou até vendo essas três dançando nas suas mãos, Sakura-san... Hahaha...

A rosada se limitou a revirar os olhos. Suspirou e se dirigiu ao vestiário. Trocou de roupa, vestindo seu uniforme branco e voltou à secretária para pegar alguns prontuários.

–E essas garotas, hein Sakura-san? Ainda te perturbando? - O secretário perguntou divertido, mexendo nos arquivos.

–Tsc! Eu sinceramente... Ahn, Hiro, o que... O que está acontecendo por aqui?

–Como, Sakura-san?

–Tem algo estranho acontecendo... Por que as pessoas estão montando barracas e instalando televisões por toda a vila? Vai haver algum festival ou coisa do tipo hoje à noite?

–Aqui está, Sakura-san. - Ele entregou uma pilha de papéis a ela e debruçou na bancada - Não me diga que você não sabe. Hum... Está bem cima da hora, na verdade. Os preparativos começaram ontem mesmo...

–Espera, você está dizendo que o pessoal fez tudo isso de ontem pra hoje?

–Aham. Começou ontem pela manhã, e como, obviamente, não daria tempo de terminar tudo, eles estão correndo agora. Isso é humanamente impossível, você sabe, mas nossa prefeita parecia estar bem decidida a realizar esse evento hoje. Ela estava uma pilha de nervos. Ameaçando e xingando todo mundo... Como você não sabe disso, Sakura-san? Ela estava causando um fuzuê na vila toda... Aliás, onde você estava? Quero dizer, não que eu seja intrometido, mas é porque achei estranho você não ter vindo trabalhar... As curiosas tentaram arrancar alguma coisa da Shizune-san, mas tudo o que ela disse foi que você estava ocupada com outros assuntos...

–Hum... Ontem, bem, eu passei o dia nas fontes termais com o pessoal... "Hunf! Agora as coisas começam a fazer sentido... É claro que o calmo e controlado Itachi-san não agiria de um modo tão suspeito como ontem. E é claro que a Ino não iria me importunar tão cedo à toa. Muito menos insistir tanto para simplesmente irmos às termas. Ou insistiria? Sem falar que ela citou a Tsunade-sama várias vezes... Tsc! Eu sabia que tinha dedo da mestra nisso. É claro que tinha! Então eis o motivo pelo qual ela nos queria 'fora de circulação'. Por que não percebi logo?... Será que ela ameaçou a Ino de alguma coisa? E à Temari-san também? No dia daquele jantar ela estava... estranha... Estou até sentindo um pouco de pena delas..."

–Ah! Então é por isso as coisas ficaram tão quietas durante a tarde... Sem aquele Naruto aprontando, quero dizer. Ah que inveja! Você se divertindo e nós aqui trabalhando... - Suspirou ele levemente injuriado - Eu já deveria ter adivinhado. Sorte sua então. Não teve que aturar as broncas e os berros da Tsunade-sama, e nem a loucura que estava por aqui.

–Não tenho tanta certeza... - A rosada murmurou com uma voz quase inaudível - Meu dia de ontem não foi esse mar de rosas que você está pensando...

–Bem, este é um evento que a Tsunade-sama está promovendo, como eu já disse. - Continuou ele - Eu realmente não entendi o porquê desse desespero dela e nem o porquê de ela querer fazer isso da noite pro dia. Tsc! Esse tipo de coisa não funciona assim... - Hiro suspirou desanimado, como se aquele fosse um assunto maçante - Fiquei sabendo que essas barraquinhas que estão sendo montadas por toda a vila irão vender as mais diversas comidas, e que, do lucro arrecadado, 70% irá para a prefeitura, e apenas os outros 30 serão dos comerciantes. Eles estão bastante revoltados com isso, sabe. Enfim... - O secretário, que havia se abaixado atrás do balcão procurando por algo, levantou-se, e agora tinha um panfleto em mãos - O Konohamaru-kun e os amiguinhos estão distribuindo isso por toda a vila. Realmente me admira que você não tenha recebido um desses até agora e nem saiba de nada.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

–Você não é o único... "Mas é claro que não estou sabendo de nada. Não depois de todo esse trabalho que a mestra teve tentando 'esconder' tudo isso."

–De qualquer forma, aqui, Sakura-san.- Hiro entregou o panfleto à ela - O Konohamaru-kun disse que foi obrigado pela Tsunade-sama. Era isso ou ser punido... O danado não quis falar o que foi que ele aprontou dessa vez, mas, sabe, acho que...

Sakura não ouvira mais nada do que ele falara. No instante em que aquele panfleto parara em suas mãos, sua mente entrara em outro plano.

O folheto que ela segurava tinha os seguintes dizeres:

Pela primeira vez na Vila da Folha, trazemos um evento inovador!!

Estão todos convidados para participar da abertura, a qual se realizará às 10:00h em frente à prefeitura!!! A participação é facultativa, portanto quem não se interessar, pode comparecer apenas para assistir e torcer (Ou comer. As várias barraquinhas dispostas pela vila venderão as mais suculentas variedades!).

A única regra é que você não pode participar sozinho(a), afinal essa é a COMPETIÇÃO DE CASAIS!!!

Sim, será algo divertido, revigorante e até mesmo lucrativo!!!

Chame seu namorado(a) ou cônjuge e venha participar!! Serão diversas atividades e o melhor: O prêmio que poderão receber no final!!!

Vocês não vão perder essa chance não é mesmo?!

Às 10:00h, não se esqueçam!

Atenciosamente, sua prefeita, Senju Tsunade.

Obs: Prêmio a decidir.

Ps: Se eu encontrar panfletos emporcalhando o chão, saibam que as consequências serão graves para todos!

Mais ou menos isso.

***

A televisão ligada exibia um comercial: O fundo era um campo aberto onde dois homens e duas mulheres praticavam exercícios físicos enquanto, à frente, um homem ligeiramente gordo e escandaloso gesticulava e falava animadamente:

"Ok! Vamos falar de coisa boa! Vamos falar sobre a oportunidade que está batendo na sua porta nesse instante! Ei você! É, você mesmo! VOCÊ QUE ESTÁ ESPARRAMADO NO SOFÁ APENAS VADIANDO! Que tal comprar nossa nova..."

Com o berro do vendedor, Sasuke deu um pulo e caiu do sofá. Tateou o chão em busca do controle e, rapidamente, desligou a televisão.

Ele, que a princípio ficara tão desorientado devido o susto, voltou a si quando os latidos de Saeko, vindos do jardim dos fundos, invadiram seus ouvidos.

Resmungando e praguejando, levantou-se do chão. Olhou as horas no relógio do corredor: 08:37h. Estava ligeiramente atrasado.

Ele correu para cima, tomou um rápido banho e fez toda sua higienização matinal. Ao terminar de se arrumar, antes de deixar o quarto, seus olhos caíram sobre a cama, lembrando-se de Sakura, na noite passada, encolhida e assustada com o presente de Jiraiya. Um leve e involuntário sorriso brincou em seus lábios.

Desceu então as escadas e correu pra fora dali.

Enquanto andava pelas ruas, em meio à inusitada e inesperada movimentação, o mesmo ar de dúvida e surpresa apossou-se dele.

"O que está havendo por aqui...? Será que..."

–Andem logo com isso! - Um homem ordenou um tanto aborrecido e impaciente, interrompendo os pensamentos do Uchiha - Já são 09:00h. Só temos mais uma hora até o evento e vocês não fizeram nem metade do que eu mandei. Escutem bem, se eu dançar nas mãos da Tsunade-sama por causa da negligência de vocês...! Torçam para que isso não aconteça.

–H-Hai, senpai! - Os dois garotos que trabalhavam ali gaguejaram. Um deles martelava alguma coisa aqui e ali, enquanto o outro abria caixas de madeira, tirando e organizando o conteúdo sobre a mesa da barraquinha improvisada.

"Evento? Tsunade-sama? Hunf! Eu já deveria ter suspeitado de que ela estaria no meio disso. Só pra variar..."

Continuando a andar, durante todo o caminho, reclamações, gritos, pelejas de pessoas desesperadas e marteladas foi tudo o que ele ouviu.

Até mesmo na Força Policial, algo nitidamente percebível era a diferente movimentação.

Ele, que chegara com quinze minutos de atraso, não recebeu nenhuma atenção especial, o que era estranhamente suspeito, afinal o Capitão Yamato era muito cismado com regras e pontualidade. Nem mesmo Kakashi, como habitual, estava lendo seu livro pervertido.

Na verdade não eram apenas os dois, mas todos os policiais do lugar estavam centrados em outra coisa ao invés de suas tarefas rotineiras.

Estavam todos parados no meio do recinto, como se uma espécie de reunião particular ocorresse ali. Bem, era mais ou menos isso.

Kakashi e o Capitão Yamato estavam à frente, falando e dando instruções de um assunto em particular enquanto os demais apenas ouviam.

Para evitar qualquer tipo de problema, e aproveitando que ninguém notara sua presença, Sasuke caminhou até sua mesa, assentando-se e observando seus colegas.

–... Não, é claro que não. Isso é apenas procedimento padrão, vocês sabem. - Falava o Capitão Yamato - Nosso dever, como agentes da Lei, é proteger e manter a segurança aqui na Vila da Folha. Como eu já disse, não aconteceu nada preocupante, mas nesse tipo de evento, durante a animação do pessoal, sempre tem algum engraçadinho que aproveita para roubar, ou como é normal, alguém se machuca, passa mal... Enfim, estaremos lá apenas para garantir a segurança ou ajudar se for preciso.

–Certo, então. - Kakashi tomou a palavra - Já foi previamente decidido por mim e pelo Yamato qual será nosso esquema de guarda. Por favor, não deixem seus postos. Como estarão todos envolvidos no evento da Tsunade-sama,...

Naquele momento, a atenção do Uchiha se prendeu à pequena reunião que acontecia ali.

–... eles não prestarão muita atenção ao que acontece ao redor, por isso estão todos divididos e bem dispostos. Caso aconteça algo na sua região de patrulha ou nas proximidades, vocês estarão lá para prestar a devida ajuda. "Tsc! Isso sem falar que a Tsunade-sama chamou a mim e o Yamato em particular... Nos ameaçou dizendo que as coisas ficariam realmente feias para o nosso lado caso algo saísse do controle durante o evento, e ainda... Yare, yare... Tinha que ser a nossa prefeita..."

–Ok. Essas são as equipes: Você, você e você, parte leste da vila. - Na medida em que falava, Yamato apontava para os respectivos policiais - Modoroki, você e os dois aí que não calam a boca, região norte. Vocês três aí atrás, Yuu e cia., região oeste. Hm... Agora você, vocês dois, e Sasuke, parte s... Onde está o Sasuke? Ele ainda não chegou? Tsc! Aquele...

Imediatamente o moreno pulou da cadeira, infiltrando-se rapidamente entre os demais:

–Estou aqui.

–E onde o senhor estava, posso saber? Você está vinte minutos atrasado.

–Eu estava... Hm... Você sabe, tomando café, já que não pude fazer isso em casa... - Ele tinha um sorriso maroto nos lábios.

Yamato apenas o encarou desconfiadamente por alguns segundos. Pigarreou, voltando ao assunto inicial:

–Como eu dizia, você e mais os três ficarão responsáveis pela parte sul da vila.

O Uchiha balançou levemente a cabeça em sinal afirmativo. Não demorou até que seu olhar frio e distante, e sua expressão neutra voltasse ao seu rosto.

O Capitão Yamato continuou então a distribuir as tarefas, e após isso voltaram todos aos seus respectivos afazeres.

Após alguns minutos de muito roncamento estomacal, balançadas na cadeira e vários insucessos nas tentativas de montar um castelo de clipes, o moreno foi até Yamato, o qual explicava alguma coisa para uma policial novata.

–Capitão Yamato, peço sua licença... Eu gostaria de dar uma pequena saída.

–E para onde, eu posso saber? - Ele cruzou os braços.

–Hm... Eu gostaria de... De ir comer alguma coisa. Não vejo comida desde ontem à tarde.

–Ué, mas você não disse que tinha se atrasado por estar fazendo exatamente isso?

Sasuke ficou ligeiramente corado.

–Acontece que eu menti.

Ele então suspirou ligeiramente impaciente. Essa coisa de respeito e hierarquização não eram algo que ele sabia fazer bem.

O Capitão ergueu uma sobrancelha. Sorriu logo em seguida, lhe dando um tapinha camarada no ombro:

–Você vai ter muito tempo para isso depois, Uchiha.

***

Desde que voltara a trabalhar Sakura ainda não fizera nada realmente importante. Tudo o que ela havia feito se resumia em preencher relatórios, coordenar os demais funcionários do hospital e atender pacientes com problemas estritamente simples, como o que ela fazia agora: enfaixar o pulso de uma senhora.

Havia duas hipóteses para isso: Apesar de ter retornado ao trabalho, Shizune ainda sentia receio em deixá-la cuidar dos pacientes, por isso orientara ao pessoal da secretaria a não entregar a ela casos difíceis. Ou então os próprios pacientes preferiam outros enfermeiros a serem atendidos por ela.

Qualquer que fosse o caso estava a irritando grandemente. Sakura queria poder auxiliar em uma cirurgia ou então fazer algo importante além de preencher relatórios o dia inteiro.

Ou então, no mínimo, se livrar daquela senhora incrivelmente rabugenta e cabeça dura.

–Tem certeza de que está fazendo isso direito? Meu pulso ainda dói!

–Senhora, estou fazendo o melhor que eu posso. - Sakura se segurava para não gritar - Esse é o procedimento padrão. É lógico que a senhora sente dor, levando em conta que se machucou hoje. Por sorte não fora nada grave. Apenas...

–Mas está doendo! Você não entende isso? Não consegue fazer nada direito? Que tipo de enfermeira é você que não consegue realizar seu trabalho?

–Senhora... - A rosada suspirou longamente, controlando-se - Eu acabei de lhe explicar. O seu pulso não vai melhor agora. Eu irei prescrever uma medicação contra dor, mas levará no mínimo uma semana para que...

–Tsc! Os jovens de hoje são tão incompetentes... Na minha época fazíamos tudo com perfeição, porque senão a surra era certa. É claro que... Espere aí! Você é aquela enfermeira que todos andam falando! A incompetente Haruno Sakura que aplicou água nas veias da coitada da Ryuu. Eu já deveria saber...

Sakura preferiu ficar em silêncio. Não queria fazer besteira. Sem contar que o que aquela mulher estava falando era verdade, então... Sim, o silêncio era a melhor opção.

–Na verdade fiquei sabendo que agora é Uchiha Sakura. Fico me perguntando o que você fez com o coitado do Sasuke-kun para que ele aceitasse se casar com você...

A rosada chegara ao seu limite. Estava prestes a dizer umas verdades àquela intragável mulher quando fora "salva pelo gongo":

Haruno Sa... Quero dizer, Uchiha Sakura-san, por favor, compareça à secretária. Uchiha Sakura-san, por favor, compareça à secretária.

Alguém a chamara através do microfone, o que fora ouvido por todo o hospital.

As pessoas que estavam ali por perto imediatamente dirigiram os olhares à ela. Alguns eram até olhares de raiva ou rancor.

"Vou te matar, Hiro!"– Pensou ela com um leve sorriso nos lábios. E dirigindo-se à mulher: - Bem, a senhora ouviu. Eu preciso ir.

–O quê?! Mas meu pulso...

–Senhora, como eu já disse, não há nada a fazer por agora. Já terminei meu trabalho, fiz o necessário. - A Haruno entregou a receita médica à ela - Apenas descanse e não faça esforços demasiados com seu braço. Passar bem.

E saiu andando.

–Espero que esteja preparado para morrer - Sakura, assim que chegou à secretaria, falou, assustando Hiro que estava distraído.

–Sakura-san!

–Sabe, eu realmente estava disposta a ter matar por sair gritando "Uchiha Sakura" por aí,...

–Ora, mas é o seu nome. - Ele riu, como se divertisse, a interrompendo - Por quê? Tem vergonha dele? Saiba que nesse momento metade das garotas estão se matando para ser você.

–... mas como você me salvou, vou deixar passar - Ela sorriu.

–Ahn? Salvei?

–Você não faz ideia da paciente que eu estava atendendo... Pior que pedra no sapato!

–Então um brinde a nós. Que detestamos nossos empregos...

A rosada simplesmente revirou os olhos.

–Mas, diga-me, Sakura-san, pronta e animada para participar do evento da Tsunade-sama? Será daqui a quatorze minutos... - Constatou ele olhando no relógio.

–Hunf! Como se eu fosse!

–Por que não? Parece que será bem divertido... E interessante. Sem falar no tal prêmio.

–Não estou interessada. "Até porque, conhecendo a mestra, eu devo esperar algo, no mínimo, inusitado".

–Se eu tivesse uma namorada, eu participaria. A última que eu tive me abandonou e fugiu com o meu primo. Não dou sorte mesmo... Mas, sabe, estou até sonhando com esse prêmio... Sakura-san, se você ganhar, não se esqueça de dividir comigo, ok?

–Como você pode ficar empolgado com algo que não faz a menor ideia do que seja? Você conhece a Tsunade-sama, então provav... Tsc! Eu já disse que não vou participar! Enfim, porque você me chamou?

–Ah, sim. Kotetsu-san veio te procurar. Ele disse que a Tsunade-sama está te chamando. Parece que ela quer que você faça algo para o evento dela...

–Se isso for uma invenção sua para que eu participe desse evento da mestra, eu vou...

–Hunf! Então acredite se quiser. - Hiro revirou os olhos, voltando aos seus afazeres - Tsunade-sama te quer em frente à prefeitura em cinco minutos. Procure o Kotetsu-san para ele te explicar melhor.

A rosada suspirou demoradamente, mas assentiu.

–Mas eu ainda acho que você deveria participar, Sakura-san. - Assim que ela se virou para sair, ele falou - Só acho.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ela simplesmente riu e se dirigiu ao vestiário para se trocar novamente.

***

Nas duas horas em que Sakura ficara no hospital, as coisas na vila evoluíram bastante.

Todas as barraquinhas já estavam montadas e prontas para o comércio, as televisões instaladas apenas esperando para serem ligadas e exibirem seja lá o que for, e a movimentação pelas ruas que aumentara drasticamente. E incrivelmente não havia um resquício sequer de lixo no chão.

Nas proximidades da prefeitura algumas poucas pessoas começavam a se aglomerar. Talvez estivessem curiosas para saber o que acontecia naquele inusitado dia, ou meramente cobiçavam o tal prêmio.

Apesar da movimentação e da empolgação geral que rondava a vila, a rosada não estava nem um pouco interessada. Primeiro que, por ser algo vindo de Tsunade, já era digno de grande desconfiança, e segundo, ela não estava com a menor vontade de participar de algo que envolvesse ela e o Uchiha juntos como um "casal".

Além de estar irritada com ele, era melhor que ambos evitassem chamar mais atenção do que já recebiam. Sem falar que o próprio Sasuke não aceitaria participar daquela besteira.

E AQUELE EVENTO ERA UMA INVENÇÃO DE TSUNADE, O QUE TORNAVA AS COISAS AINDA MAIS "PERIGOSAS" PARA OS DOIS!!

Em meio à "bagunça" que acontecia por toda a vila, a Haruno não teve dificuldade em encontrar Kotetsu. Perto de uma loja de conveniências ele estava, relaxadamente, encostado em um poste enquanto conversava com Yamato.

Sakura achara aquilo estranho. Yamato fora do prédio policial? Conversando relaxadamente?!

–Ohayo, Capitão Yamato, Kotetsu-san... - Falou ela, aproximando-se dos dois - Ahn... Kotetsu-san, eu soube que você fora me procurar mais cedo...

–Ah, Sakura-san! Graças a Kami! - O homem com a faixa no nariz suspirou aliviado - Que bom que chegou. Tsunade-sama estava prestes a rasgar meu pescoço quando eu disse que não havia te encontrado. "Como não?! Aquele hospital não é tão grande assim para que ela possa se esconder! Você ficou com preguiça de procurar, que eu sei!", foi o que ela falou. Bem, na verdade, ela gritou. Por sorte, naquele momento, o Itachi-san entrou no escritório dela e eu fui salvo da retaliação.

–A nossa prefeita está uma pilha de nervos ultimamente... - Constatou o Capitão Yamato, cruzando os braços - Deve estar acontecendo alguma coisa para ela ficar tão estressada...

–De qualquer forma, Sakura-san, vai haver uma campanha de vacinação de última hora e a Tsunade-sama quer que você seja a responsável. São as ordem dela...

–Campanha de vacinação? Agora?! Mas esse tal evento que ela está promovendo não vai começar daqui a pouco?

–Daqui a seis minutos, sendo mais exato - Informou Yamato.

–Hai. - Kotetsu assentiu - Na verdade, não é bem uma campanha. Como você já deve saber, vai haver uma competição entre os casais da vila, por isso a Tsunade-sama quer que os competidores recebam uma espécie de vacina. Para se prevenirem contra algo que vai acontecer durante o evento, ou alguma coisa assim, e ela disse que, como você não vai participar, é para você coordenar a vacinação.

"O-O quê?! O que está havendo aqui? Depois de todo esse trabalho que a mestra teve para esconder esse evento de mim, ela simplesmente decidiu que eu não vou participar?"– Sakura pensava um tanto confusa - "Não que eu esteja reclamando, afinal eu não iria participar disso de qualquer maneira. Mas é estranho... E essa 'campanha de vacinação' tão em cima da hora? O que vai acontecer durante o evento que os participantes precisam ser vacinados?..."

–Ahn... Sakura-san. - Kotetsu a chamou, despertando-a de seus devaneios - O evento já vai começar. É melhor ir para seu posto... Eu sei que você foi pega de surpresa, mas essas são as ordens da nossa prefeita...

–Não, está tudo bem. - Respondeu ela, voltando sua atenção à conversa - Eu estava apenas pensando...

–Então vá à prefeitura. Do lado de fora do portão, ao lado esquerdo, tem duas mesas. Uma é para os participantes poderem se inscrever. Inoichi-san é quem está responsável por ela. E a sua mesa é a outra.

A rosada então agradeceu e desatou a correr em direção ao local indicado. No pouco em que ficara conversando com os dois, a aglomeração em frente à prefeitura crescera gradativamente. Praticamente todos os moradores de Konoha estavam ali, com exceção dos donos das barraquinhas.

Com certo custo, a rosada conseguiu atravessar a multidão, a falação e o empurra-empurra. Quando alcançou seu "local de trabalho improvisado", teve uma surpresa: A mesa que deveria ser destina a ela estava ocupada por outra pessoa.

–Mariko!? - Ela teve que gritar devido à barulheira - O que você...?

–S-Sakura-san!? - A enfermeira assustou-se ao ver sua chefa ali.

–O que está fazendo aqui?

–Eu estou responsável pela campanha de vacinação. Ontem Kotetsu-san foi ao hospital perguntar se alguma de nós estaria disponível para coordenar essa campanha para a Tsunade-sama. Eu disse que podia, então ele me mandou vir aqui hoje, às 10:00h.

–Ohayo, Sakura-san! - Inoichi, que acabara de notar a presença dela ali, gritou cumprimentando-a.

"O quê?! Mas... Se a Mariko está responsável por isso desde ontem... Então por que a Tsunade-sama mandou me chamar? Espera...!"

Naquele instante, automaticamente, todas as televisões espalhadas pela vila se ligaram, uma atrás da outra, e no telhado da prefeitura, Tsunade surgiu, seguida de Shizune e Jiraiya.

Os aplausos e os gritos foram ensurdecedores quando a loira apareceu. Apesar de seus surtos, as pessoas realmente gostavam dela e lhe tinham grande respeito.

Tsunade apenas sorria ante aquela empolgação. Quando a agitação diminuiu, ela se pronunciou:

–Olá, cidadãos de Konoha! - Devido ao fato de ela utilizar um microfone, sua voz era alta e clara, repercutindo por toda a vila enquanto sua imagem era exibida pelas televisões, possibilitando que todos, onde quer que estivessem, a vissem - Fico muito contente em ver que vocês aceitaram meu convite. Espero que todos estejam empolgados e ansiosos para participar da competição, então... Sejam bem vindos! Bem vindos ao nosso evento que acontece todo ano aqui na Vila da Folha! - Tsunade falava energeticamente - Bem vindos à nossa anual Comp...!

–Tsunade-sama - Shizune, sussurrando, a interrompeu -, essa é a primeira vez em que a senhora realiza tal evento... "Tsunade-sama, não acredito que a senhora já está bêbada..."

–Silêncio, Shizune! Eu falo o que eu quiser. Se esse não é um evento anual, vai começar a ser a partir de hoje!

–S-Sim, senhora. Eu apenas estava...

–Ei, vocês duas. - Jiraiya pôs uma mão nos peitos da loira - Se vocês querem discutir, façam isso com os microfones desligados.

–Mas o quê...?! - A prefeita não deu tempo para explicações. Acertou um belo soco na cara do homem de cabelos brancos, assustando a todos que a assistiam.

Naquele momento, Jiraiya não estava apalpando os seios de Tsunade. Ao menos não intencional e pervertidamente.

Quando eles estavam arrumando os microfones, o de Tsunade escorregava ao ser preso na blusa, sendo que o único lugar em que ficara preso fora entre seus seios.

Sendo ele Jiraiya, provavelmente aproveitou para tirar uma casquinha, mas sua real intenção era simplesmente abafar o som emitido pelo microfone dela. É claro que, ante tal abuso, Tsunade não se lembrara disso.

Conhecendo Jiraiya, ela achou que ele estava fazendo algo pervertido descaradamente, então o arrastou pela orelha, saindo de cena e deixando a transmissão no ar, e Shizune sozinha.

–Er... Então... Problemas técnicos... Hehehe... - A morena, um tanto desconcertada, murmurou. Agora era sua imagem a ser exibida por toda vila. Ela então tomou o controle da situação: - Bem, como disse a Tsunade-sama, ficamos muito contentes em ver que aceitaram o convite de comparecer à abertura do evento. Esperamos que vocês participem, comam bastante e... Divirtam-se!

Novamente o fuzuê tomou conta do pessoal. Eles, que há pouco estavam pasmos com a violência da prefeita, pareciam bastante animados para participarem daquilo. Não, na verdade só queriam o tal prêmio.

–Er... - Shizune olhou para trás, onde Tsunade e Jiraiya estavam. A cena provavelmente era ruim, pois ela fez uma careta, voltando-se rapidamente às câmeras - Então... Deixem-me explicar como funcionará nosso evento. Como vocês sabem, hoje será realizada uma competição aqui na vila. Uma competição para decidir qual é o casal que mais conhece um ao outro, o mais apaixonado e o mais sortudo também. Como informado nos panfletos, a participação é facultativa, então os interessados podem se inscrever ali com o Inoichi-san. - As imagens mudaram, exibindo um sorridente Yamanaka sentado à uma mesa - Sim, eu sei que vocês estão empolgados e inquietos por causa do prêmio, mas acalmem-se um instante... Bem, como eu dizia, a participação é facultativa, portanto quem não tiver interesse, pode simplesmente assistir através das inúmeras televisões dispostas pela vila, e quando sentirem fome, as barraquinhas venderão variedades suculentas. E agora o que vocês tanto queriam: O prêmio...! - A morena anunciou empolgada.

Tsunade, que havia terminado de dar uma surra em Jiraiya, voltara para o lado de sua ajudante, sendo exibida bastante ofegante e com a expressão assassina através das imagens. Shizune virou-se para ela, sussurrando com um ar preocupado:

–Tsunade-sama, qual é o prêmio?

–Ahn?! Ah, o prêmio! - Tsunade, pega de surpresa, anunciou afobadamente no microfone - "Droga! Fiquei tão ocupada planejando as coisas para hoje que me esqueci do prêmio. Sem falar que o Jiraiya já me irritou com a safadeza dele e eu até perdi a linha do raciocínio. Mas, ora bolas, pra quê prêmio?"

–Hum... Tsunade-sama?... - A morena a chamou receosa.

–Ah, sim! O prêmio será um ano de sakê grátis! - Anunciou ela animadamente - Sim, eu sei. Podem comemorar.

Se murmurar fosse o mesmo que comemorar, então estava tudo bem, pois era isso que o pessoal começou a fazer.

–Ei, Tsunade. - Jiraiya, que também voltara às cenas, com um olho roxo, sussurrou no ouvido dela - Tirando você, esse prêmio não será atrativo para mais ninguém. Pense em algo melhor se quiser incentivar as pessoas a participarem dessa sua invenção.

–Hunf! Cale a boca! "Tsc! O que eu faço?"– A prefeita mordeu a ponta do dedão, gesto típico que demonstrava que ela estava pensando em algo - Tudo bem. Os vencedores terão direito a três dias de folga! Sem desconto no salário, é claro. E mais... - Ela enfiava as mãos nos bolsos, procurando por algo.

Não era um prêmio tão espetacular assim como alguns pensavam, mas só o fato de poder faltar ao trabalho sem qualquer tipo de prejuízo já animara muita gente.

–... e mais esse cupom para um dia na churrascaria. - A loira tirara um papel amassado do bolso da calça - Coma e beba o quanto você aguentar sem pagar nada!

–Churrasco! - Chouji suspirara sonhadoramente - Preciso desse cupom! Vou partic... Droga! Eu não tenho namorada... Shikamaru! - E correu até onde seu amigo estava.

Ou o pessoal de Konoha adorava uma algazarra, ou fato de comer de graça era mais atrativo do que ficar de folga. O fato é que, quando o prêmio da churrascaria fora anunciado, a barulheira foi geral.

–Ah! Mais duas coisas. - A loira se lembrou - Eu sei que estão todos muito animados, mas para ficar claro, esse é um evento que apenas os casais podem participar. Sejam namorados ou casados. Se você gosta de alguém, mas não tem nada com essa pessoa, nem perca seu tempo. - Ela parecia encarar o Uzumaki, o qual já estava, previsivelmente, comendo em uma das barraquinhas, e Hinata, que estava parada ao lado de um poste - E quanto às inscrições... A participação é facultativa, vocês sabem. Com exceção para o nosso famoso casal Uchiha - Do telhado, Tsunade olhava diretamente para a rosada.

–Como é que é?! - Sakura gritou um tanto surpresa e revoltada. As pessoas que estavam perto dela lhe dirigiram os olhares.

–Quê?! - Sasuke, que não prestava a mínima atenção ao que acontecia e simplesmente conversava com seus colegas de equipe, assustou-se ao ouvir seu nome pronunciado pela loira.

–Ah sim. - A prefeita tinha um sorriso malicioso - Considerem isso como o meu presente de casamento para vocês dois.

***

Quinze minutos antes:

Sasuke já estava cansado daquilo. Ficar sentado, sem fazer nada, apenas esperando o tempo passar. Sem falar que estava com fome!

Na verdade, ele estava tentando se lembrar da última coisa que acontecera por ali. Konoha sempre fora calma ou por algum motivo nada acontecia?

Ele até se esquecera da última vez que em que bandidos de vilas vizinhas tentaram invadir a Folha, ou a última vez que assistira o interrogatório de algum criminoso perigoso. O detetive Ibiki tinha um método incrível!

Seu estômago roncou. Ia demorar muito até o evento de Tsunade começar?

Não que ele estivesse interessado, na verdade nem sabia sobre o que se tratava, mas finalmente sairia daquele prédio policial. Iria pras ruas, manter a ordem e a calma durante o evento. Se tivesse sorte, poderia prender algum delinquente.

–Certo! - Yamato, de repente, se pronunciou. Ele olhava para o relógio na parede - O evento da Tsunade-sama está prestes a começar. Lembrem-se de não saírem de seus postos e prestar ajuda quando necessário.

–Pode ser que algum cidadão venha aqui apresentando algum tipo de problema, é por isso que nem todos irão fazer patrulha. Até por que isso seria impensável. - Kakashi falou, suspirando logo em seguida -: Então agora, vocês que foram convocados, por favor, dirijam-se a seus postos e garantam a segurança da vila nesse dia tão inusitado.

Rapidamente os policiais foram saindo e o prédio ficou calmo e silencioso.

O Uchiha fora o último. Antes que ele saísse e seguisse seus colegas, Yamato o chamou:

–Sasuke, você pode ir comer antes de começar sua patrulha. Mas não se atrase. - O capitão exibiu sua careta intimidadora e assustadora - Tenha a certeza de estar no seu posto às 10:00h, entendido?

Sasuke ergueu uma sobrancelha, mas assentiu.

A primeira coisa que fez ao deixar o prédio policial foi entrar em uma das barraquinhas provisoriamente montadas na rua.

Apesar de seu jeito meio rebelde e revoltado, o Uchiha era sim um policial responsável. Era bem aplicado e levava seu trabalho a sério. Mas o fato de Yamato "pegar no seu pé" como se ele fosse uma criança particularmente problemática o irritava profundamente, então não dava muita importância para o que ele dizia.

Era 10:10h e ele ainda estava comendo. Calma e lentamente, como se fizesse de propósito. Enquanto comia, ele ouvia a agitação que acontecia na vila e a voz de Tsunade. Era tão alta que a loira parecia falar em seu ouvido.

Ele levantou os olhos e se deparou com uma televisão do outro lado da rua: A imagem da prefeita era exibida enquanto ela falava alegremente.

O moreno revirou os olhos, continuando sua refeição. Seus pensamentos estavam tão longe que não ouvia nada do que ela dizia.

Ao terminar de comer, pagou e caminhou até a parte sul da vila, sua área de patrulha.

Ele percebeu que não mais Tsunade falava. Agora era Shizune, a qual estava desejando que todos participassem, comessem e se divertissem.

Irritante do mesmo jeito.

Mas afinal, participar do quê? Até agora não tinha a menor ideia do que acontecia na Vila da Folha.

–Finalmente, hein, Uchiha? - Um dos policiais da sua equipe brincou - Pensei que tinha se afogado na tigela de comida.

–Hahaha. - Ele riu de modo irônico, revirando os olhos.

–Mas como eu dizia... - O segundo policial falou, virando-se para o outro - Não acho que isso vá...

–O que está havendo aqui? - O moreno perguntou ao primeiro policial.

–Ahn? Ah, eles estão planejando como vão executar o mandato de prisão caso algum delinquente apronte. Como se algo fosse acontecer por aqui... É apenas uma patrulha de rotina. - Ele revirou os olhos - Acho que esses dois estão exagerando...

–Não é isso. Estou perguntando o que é esse evento que a Tsunade-sama inventou.

–Ah! Você não sabe? - O segundo policial intrometeu-se sua conversa - Acho que nossa prefeita está cansada de ser solteirona, por isso decidiu fazer um evento para os casais da vila - Ele riu.

–É uma espécie de competição. Para ver qual é o casal mais apaixonado ou sei lá o quê. Acho que nossa Tsunade-sama não regula muito bem - O terceiro falou gravemente.

–E por que alguém participaria disso? - O moreno perguntou com deboche na voz.

–Parece que ela está oferecendo um prêmio. Acho que são três dias de folga mais um dia inteiramente grátis na churrascaria.

–Como se alguém fosse se interessar... - Sasuke revirou os olhos.

–Eu achei legal. - O primeiro comentou - Se eu não estivesse a serviço, e eu minha esposa não estivéssemos brigados, eu participaria.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

–É, Sasuke-san, por que você não participa? Acho que a Sakura-san iria achar uma boa ideia - O terceiro policial sugeriu.

Sasuke olhou para ele e começou a rir.

–Até parece. - Ele ria debochadamente - Por favor, não me faça rir. Como se eu...

–... Com exceção para o nosso famoso casal Uchiha - A voz de Tsunade invadiu os ouvidos do moreno.

–Quê?! - Sasuke parou de rir, surpreendendo-se ao ouvir seu nome pronunciado pela loira.

–Ah sim. - A prefeita continuou, sorrindo maliciosamente - Considerem isso como o meu presente de casamento para vocês dois.

Fora a vez de o terceiro policial olhar para o Uchiha e rir.

***

Após a abertura do evento, Tsunade disse que daria vinte minutos para que o pessoal se inscrevesse na competição.

A fila que se formou em frente à mesa de Inoichi foi gigante. É claro que metade daquele pessoal nem estava empolgado para participar, apenas queriam o prêmio. Afinal, qual era o problema daquelas pessoas com a churrascaria?

Parados perto da enorme fila, Chouji, Shikamaru e Temari conversavam:

–Por favor, Shikamaru! - O gordinho implorava enquanto lhe sacudia o braço - Participe da competição!

–Tsc! Que saco. - O Nara coçava a cabeça - Isso vai ser muito problemático...

–Por favor! Eu quero aquele cupom!

–Você já vai à churrascaria todo dia, Chouji...

–Mas dessa vez será de graça. O quanto eu aguentar sem pagar! - Os olhos dele até brilharam.

O Nara espreguiçou e resmungou.

–Qual é o problema, Shikamaru? É por causa... - Ele virou-se para a loira - Você não quer deixar ele participar, Temari?

–Eu?! Não tenho nada com isso. Até acho que seria legal.

–Eh?! - Tenten, que estava passando por eles, tentando atravessar a multidão, exclamou empolgada - Vocês vão participar? Então nós também vamos, Neji!

–Como é que é?! - O Hyuuga ficara surpreso com a decisão repentina da namorada - Acho melhor nem mexer com isso Tenten. Você, que adora tanto a Tsunade-sama, a conhece bem o bastante para esperar algo estranho vindo dela...

–Mas eu não posso perder para a Temari-san! - Ela sorria desafiadoramente para a loira. Apesar de serem amigas, existia uma pequena rivalidade entre elas.

–Fazer o que né?... - Neji e Shikamaru suspiraram rendidos.

Chouji deu um pulo de alegria, já imaginando o churrasco, e as duas garotas apertaram as mãos como algo do tipo "Que vença a melhor!".

Tsunade, juntamente com Shizune e Jiraiya, estava em seu escritório enquanto aguardava.

Ela estava em sua postura habitual, sentada à mesa e com os cotovelos apoiados, enquanto Shizune, parada ao seu lado, e Jiraiya, olhando pela janela, conversavam sobre o evento que ela promovera.

–Eles estão bem animados, parece... - O homem de cabelos brancos riu, olhando a movimentação à baixo - Eu não sei o que você está planejando, Tsunade, mas parece que dessa vez você acertou. O prêmio pelo menos...

–Sim, realmente o tal cupom animou bastante o pessoal - A morena sorriu.

–Hunf! - A prefeita revirou os olhos - "Tsc! O único prêmio que eu ganhei em uma aposta e tive que abrir mão... Realmente não tenho sorte. Só porque eu planejava usá-lo pra beber..." Mas é claro que eu...

–Com licença, Tsunade-sama. - Inoichi bateu na porta, já entrando na sala dela - O limite de tempo que a senhora estabeleceu chegou ao fim. Bem, aqui está a lista de todos que se inscreveram.

A loira pegou a folha que ele lhe estendeu e arregalou os olhos.

–Quarenta e dois casais se inscreveram?! Quero dizer, quarenta e três, contando com o Sasuke e a Sakura...!

–Puxa! - Jiraiya assoviou admirado - E você esperando uns dez gatos pingados... Pois é! Está comprovado: Se quer levar algo a diante, ofereça comida de graça.

–Eu realmente não esperava muita gente, por isso propus um prêmio para incentivá-los, mas... Oitenta e seis pessoas?! Tsc! - Ela mordeu seu lábio inferior.

–Mas isso é bom, não, Tsunade-sama? - Perguntou Shizune - Quanto mais melhor...?

–Não, não. Com toda essa gente isso vai demorar demais...

–Então o que pretender fazer? - Jiraiya perguntou não esperando uma resposta - Bom... Já que seu esquema foi pelo ralo, deixe eu ir. Tenho um encontro mais tarde...

–Por que a senhora não faz uma pré-eliminatória, Tsunade-sama? - O Yamanaka e a morena perguntaram ao mesmo tempo.

A prefeita os olhou extasiada, como se eles tivessem acabado de resolver um impossível e complexo quebra-cabeça. Talvez o sakê que bebera mais cedo afetava seu raciocínio, lhe impedindo de pensar em uma solução tão simples.

–E o que vocês sugerem?

–Deixe comigo - Shizune sorriu.

***

–É, Uchiha, no fim das contas sobrou até pra você - O segundo policial riu.

–Acho melhor você ir agora. Vai acabar se atrasando para o evento da Tsunade-sama - O terceiro também ria.

Sasuke não estava achando a menor graça. Ele apenas tinha um olhar frio e assassino.

–Não se preocupe. Vamos cuidar das coisas por aqui. - O primeiro lhe deu um tapinha nas costas - E torcer por você também.

–Boa sorte, garanhão! - Eles piscavam e lhe mandavam beijos - Se esforce!

O moreno saiu dali bufando, deixando seus colegas rolando no chão de tanto rir.

Estava decidido: Ele encontraria Sakura e deixaria claro que em hipótese alguma, nem em sonhos, participaria de algo que Tsunade estava planejando, afinal a loira já transformara sua vida num inferno mais do que suficiente.

Do outro lado, ainda na prefeitura, a rosada tentava sair do meio da muvuca. Não iria participar daquela invenção da loira nem por reza.

É claro que a prefeita ficaria uma fera, mas quem era ela para obrigá-la a participar de algo intitulado como "facultativo"? Se Tsunade queria inventar moda, ela que ficasse a vontade. Apenas não a colocasse no meio.

A Haruno decidiu que voltaria para o hospital e, quando sua mestra fosse xingá-la (o que com certeza iria acontecer), ela usaria a desculpa de que tinha pacientes em condições terminais para cuidar.

Em meio à confusão, a falação, os risos e o cheiro da comida que já começara a ser preparada, o Uchiha procurava "sua esposa". Isso deveria ser uma tarefa fácil, certo? Uma pessoa com cabelo rosa é facilmente reconhecida.

–Sasuke! - Naruto gritou com a boca cheia quando seu amigo passou por ele - Fiquei sabendo que voc...

–Agora não, Naruto - Respondeu ele sem se dar ao trabalho de olhá-lo e muito menos parar.

O moreno continuava a andar e olhar para os lados, até que avistou a Haruno. Ela estava em frente à prefeitura, tentando se espremer entre as pessoas da aglomeração que se formou ali para poder sair. Ele então foi até ela, se espremendo também entre o pessoal.

–Com licença. - Ela os empurrava - Eu quero passar, por favor!

–Para de empurrar, droga!

–Mas eu quer...

–Sakura! - Sasuke segurou o braço dela e a puxou.

–Sasuke-kun?! Não! Eu estou custando para sair e você está me empurrando de volta pra cá?!

Ele a ajudou a sair daquela muvuca, no entanto ainda estavam em frente à prefeitura. Teriam que se esforçar bastante para sair dali.

–Tsc! Parece até que está havendo um show. - Ele reclamava sozinho, a puxando para um canto menos movimentado - A Tsunade-sama apenas deu um aviso e um pandemônio se instaurou aqui! Por que essas pessoas não continuaram em casa...?

–S-Sasuke-kun? - Sakura tinha os olhos arregalados numa expressão pasma e surpresa - O que você...? - Ela se lembrou de que ele ainda a segurava. Empurrou sua mão, parando de segui-lo e perguntando com frieza na voz: - O que você quer?

–Hunf! - Ele revirou os olhos e parou de andar, encarando-a - Você, Sakura, podia ser mais educada, sabe? Eu te ajudei a sair e ainda assim...

–Não! Você só me "desentalou" dali e me empurrou de volta pra onde eu estava. Tsc! Tenho que sair daqui antes que a Tsunade-sama...

–Exatamente! Dá pra você me explicar o que...

–Olá novamente, cidadãos da Folha! - A voz de Shizune tornou a repercutir pela vila, interrompendo os dois. Sua imagem era exibida pelas televisões, e logo atrás dela estavam Jiraiya e Tsunade - O tempo para as inscrições terminou. Vamos então começar com as atividades programadas!

Como era de se esperar, o pessoal fez uma algazarra.

–No entanto... - Continuou a morena - O número de casais inscritos foi muito além do esperado, por isso haverá uma pré-eliminatória. Ao todo são quarenta e três casais, então a pré-eliminatória será feita para reduzir esse número. De quarenta e três para oito! Serei eu a responsável por essa eliminatória, então me deixem explicar como vai funcionar. Será bem simples: Farei três perguntas de lógica e raciocínio, e as oito primeiras duplas que acertarem serão classificadas. - Shizune sorriu gentilmente - Assim que souberem as repostas anotem em algum papel, não importa, e entreguem ao Inoichi-san. Como eu disse, as primeiras oito duplas serão as vencedoras, então eu sugiro que vocês não as contem aos seus concorrentes.

Quando a morena terminou de dizer isso, dez das quarenta e três duplas, automaticamente, desistiram de participar. Provavelmente ficaram com preguiça de usar o cérebro.

–Como eu disse, é muito simples. E as perguntas são bem fáceis também. - A morena voltou a sorrir - Então podemos começar? Tudo bem, a primeira pergunta: Três pessoas vão pescar. Dois pais e dois filhos. Como isso é possível?

Imediatamente o fuzuê se instaurou. Antes mesmo de começarem a usar a cabeça, as pessoas começaram a reclamar.

–Depois vocês reclamam! - Tsunade impacientou-se - Primeiro ouçam as perguntas antes de causarem confusão!

–Sim, me deixem terminar! Continuando...: Sachi está olhando a fotografia de alguém. Sua amiga pergunta quem é o homem do retrato. Sachi responde: “Irmãos e irmãs eu não tenho, mas a mãe deste garoto é filha do meu pai”. Quem está na fotografia?. E por último: Em uma reunião de família, estavam presentes as seguintes pessoas: Um avô, uma avó, dois pais, duas mães, três crianças, três netos (as), um irmão, duas irmãs, dois filhos, três filhas, um genro, uma sogra e uma nora. Porém, não estavam lá tantas pessoas como pode parecer. Quantas pessoas estavam presentes, e quem eram?– Shizune, que lia um papel com as perguntas, levantou os olhos - São apenas essas três. Podem começar!

–É isso que você chama de fácil, Shizune? - O homem de cabelos brancos perguntou sério, sua voz repercutindo pela vila.

–Eu as achei bem fáceis. - Ela comentou - "Será que exagerei? Não, claro que não."

–QUÊ?! - O cérebro de Naruto deu um nó - A pescadora Sachi compareceu à reunião de família?! Er... Ainda bem que não estou participando disso, 'ttebayo...

–Hunf! Moleza. Muito bobas essas perguntas. - Shikamaru, que estava encostado num poste, bocejou - Tão fáceis que até me deram sono...

–Já sabe as respostas?! - Temari e Chouji gritaram estupefatos.

–Hai. - Ele assentiu - A Shizune-san disse que seriam fáceis, mas não pensei que seria tanto assim.

Não houve tempo para mais nada. O Akimichi o puxou pelo braço e correu com ele até Inoichi.

–Calma. - A rosada falava sozinha enquanto andava de um lado para o outro - Essa situação pode ser facilmente revertida se não tentarmos resolver as charadas da Shizune-san. Simples. Como apenas os oito primeiros serão classificados, nós...

–Apressem-se competidores. Só há mais cinco vagas! - A voz de Jiraiya repercutiu pela vila - Como já era de se esperar, os dois casais Nara estão classificados. Com uma diferença de cinco segundos, Shikamaru e Temari chegaram à frente de Shikaku e Yoshino, ambas as duplas com as respostas corretas. - E rindo: - E a terceira vaga é do nosso popular casal Uchiha! Como a Tsunade informou, os dois já estão, automaticamente, dentro da competição!

–Você dizia...? - Sasuke olhou para a Haruno, falando com a voz cética.

O tempo correu. Em quarenta minutos a pré-eliminatória teve seu fim.

–Puxa! Quanta empolgação! - Falou Shizune bastante animada. Sua voz repercutia pela vila e sua imagem era exibida nas televisões - Fico contente em anunciar que quinze, das quarenta e três duplas, acertaram as respostas, as quais eram, respectivamente: Os pescadores são o avô, o pai e o filho; A pessoa da fotografia é o filho de Sachi; e estavam lá duas garotinhas, um garoto, seus pais e seus avós, totalizando sete pessoas. Eu disse que eram fáceis...! Mas infelizmente serão apenas oito duplas, dezesseis participantes. Vou anunciar agora quem são eles. - E baixou os olhos para uma folha que segurava, lendo-a -: Nara Shikaku e Yoshino! Nara Shikamaru e Sabaku no Temari! Uchiha Sasuke e Sakura! Hyuuga Neji e Mitsashi Tenten! Haruno Souma e Kin! Toshi Yasuji e Naoko Saya! Hideki Haru e Mieko! Kaya Yusuke e Akiyo!

As palmas e os berros (que em momento algum foram silenciados) atingiram seu ápice, levando o pessoal à loucura.

As pessoas agora estavam ansiosas para o início da competição. Até mesmo as duplas que não foram classificadas entraram na torcida. Todos queriam ver no que ia dar o evento que Tsunade promovera.

–Ótimo! Vamos finalmente começar com o evento! - Agora era a voz e a imagem da prefeita a serem exibidas pela vila - Vocês que foram classificados, por favor, dirijam-se à mesa da Mariko, aquela garota ao lado de Inoichi. - As imagens mudaram, exibindo a enfermeira ligeiramente corada por ter sido pega de surpresa. Voltaram à Tsunade logo em seguida: - Todos vocês! - Frisou ela, dando bastante entonação na voz.

A Haruno sabia que aquilo era para ela e Sasuke, afinal a loira a olhava diretamente do telhado da prefeitura.

Ela suspirou pesadamente e andou até onde Tsunade ordenara.

–Espera... Para onde você vai? - O moreno perguntou.

–Brincar de casal feliz enquanto a Tsunade-sama assiste tudo de camarote.