Harry Potter.

Capítulo 22


Caí na areia molhada. Ouvi o barulho das ondas ao fundo.

— Onde estamos? - perguntei para Harry, que havia caído ao meu lado

— Casa de Gui e Fleur. - ele respondeu, sem olhar para mim

Olhei para baixo e vi que minha camiseta estava ensopada de sangue. Da minha barriga, saía o cabo de uma faca. Era o que Bellatrix havia jogado, enquanto aparatávamos.

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Arranquei a faca de mim e joguei-a na areia.

— Harry - sussurrei

Ele olhou para mim e vi seus olhos se arregalarem. Ele veio até mim e me pegou em seu colo. Ele fez menção de se levantar mas eu o parei.

— Não. - eu disse

— Liz - ele sussurrou - Me deixa eu te levar lá pra dentro, Hermione vai saber o que fazer.

— Não tem o que fazer. - eu disse

— Claro que tem! - disse ele chorando

— Você sabe que não. - eu disse

Ele assentiu e abaixou, depositando um beijo leve em minha testa.

Levantei minha mão, com muito esforço, e fiz um carinho na sua bochecha. Ele sorriu.

Fechei os olhos lentamente e soltei um último suspiro…

Acordei ofegante e tomei alguns segundos para lembrar onde estava. Chalé das Conchas, casa de Gui e Fleur. Fiquei sentada na cama e me permiti lembrar do que havia acontecido, desde que havíamos aparatado da Mansão Malfoy.

Eu havia caído na areia molhada, de fato.

Caí na areia molhada. Ouvi o barulho das ondas ao fundo.

— Onde estamos? - perguntei para Harry, que havia caído ao meu lado

— Casa de Gui e Fleur. - ele respondeu, olhando para mim.

Assenti.

Olhei em volta e vi vários rostos conhecidos. Rony e Hermione, que estava abalada mas parecia bem, depois de ser torturada. Luna. Sr. Olivaras. Dino Thomas. Grampo, o duende que havíamos visto passar pela nossa barraca há algum tempo. Dobby estava mais à frente, de costas para nós.

— Foi muito imprudente o que você fez. - eu disse a Harry

— O que?

— Voltar lá para me salvar. - eu disse

Ele me encarou, chocado.

— Você queria ter ficado? - ele perguntou

Revirei os olhos.

— Claro que não! - eu disse - Mas você não deveria ter voltado. Apenas Dobby poderia ter ido me buscar.

Ele continuou me encarando, confuso.

— Você é a nossa prioridade, entende? - eu disse - Você poderia ter se machucado voltando, eles poderiam já ter chamado Você-Sabe-Quem ou reforçado a segurança.

— Mas você ficaria presa lá de qualquer jeito. - ele disse

— Mas você estaria aqui. - eu disse

Ele estudou meu rosto.

— Você tem razão. - ele disse

Assenti.

— Mas acho que você me conhece o bastante para saber que eu nunca ficaria aqui esperando alguém te trazer. - ele disse - Por mais que eu saiba que você consegue fazer tudo que eu faço com mais facilidade que eu.

Ele riu e eu ri também.

— Com mais classe, também. - ele disse

— Gente… - disse Rony, com a voz urgente

Desviei o olhar dos olhos de Harry para olhar para Rony.

— O Dobby… - ele disse

Harry se levantou em um salto e pegou Dobby no colo.

— Hermione - disse ele, com a voz trêmula

Hermione, com os olhos cheios de lágrimas, negou com a cabeça. Todos os remédios haviam ficado na bolsinha dela, assim como a barraca, e os Sequestradores as deixaram no chão da floresta por onde passamos.

Por sorte, não haviam pego a minha, que possuía todo resto das coisas. Eu havia arrumado a maior parte do que tínhamos comigo enquanto todos dormiam, antes de partirmos para a casa de Lovegood. Quando fomos atacados, lá mesmo, eu havia escondido minha bolsa no meu sutiã, para não correr o risco de perdê-la.

Fui até Harry, que estava ajoelhado na areia, com Dobby no seu colo. Avistei uma faca ensanguentada no chão, perto de nós. Era o que Bellatrix havia jogado, enquanto aparatávamos.

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Ajoelhei ao seu lado e deitei a cabeça no seu ombros. Ele passou um dos braços pelas minhas costas e beijou minha têmpora. Dobby já não se movia. Sua roupinha estava ensanguentada e seus olhos estavam abertos.

Luna veio até nós e ajoelhou-se. Ela estendeu a mão e fechou os olhos de Dobby.

— Agora ele está sonhando. - disse ela

Harry sorriu para ela e ela voltou para perto de Olivaras e Dino.

— Eu quero enterrá-lo. - Harry disse

— Você quer ajuda? - perguntei

— Não. - ele disse - Obrigado.

Assenti.

— Eu vou levá-los para dentro, então. - eu disse - Vou ajudar Fleur e Gui a arrumarem quartos para todos, já deve anoitecer.

Harry assentiu.

— Me chame se você precisar de mim. - eu disse

Ele assentiu novamente.

Me levantei, beijei sua testa e fui até onde meus amigos estavam. Ajudei Mione a levantar e fui com ela até o chalé. Rony ajudou o Sr. Olivaras, que estava muito fraco. Dino, Luna e Grampo se ajudaram mutuamente.Fleur e Gui me cumprimentaram com sorrisos, mas com um olhar preocupado. Coloquei Mione no sofá.

— Você está bem? - perguntei

Ela assentiu.

— O que ela fez com você? - perguntei

Ela levantou a manga do casaco e me mostrou ferimentos em seu braço. Não eram ferimentos comuns, Bellatrix havia escrito “Sangue-Ruim” com a faca no braço de Hermione.

— Eu sinto muito. - eu disse

— Não foi sua culpa. - ela disse

A encarei, preocupada.

— Fleur deve ter remédios.

Fui até a cozinha, onde estavam Fleur e Gui.

— Fleury, você tem algum remédio para aplicar no braço de Hermione? - perguntei - Bellatrix a cortou.

— Claro. - ela disse - Mas você deve descansarrr, deixe que eu cuide de todos.

Assenti.

Ela saiu da cozinha e eu encarei Gui.

— Tudo bem? - perguntou Gui

— Dobby morreu. - eu disse

— Dobby, o elfo? Amigo de Harry? - ele perguntou

Assenti.

— Você tem uma pá? - perguntei

Gui negou.

Peguei uma faca que estava na pia e transfigurei, com a varinha de Bellatrix, para que virasse uma pá. Gui sorriu, me encorajando.

— As aulas da McGonagall serviram para alguma coisa, não é? - ele riu

Sorri para ele e fui até a varanda da casa.

Vi Harry na colina de areia ao lado da casa. Confirmando minhas suspeitas, ele cavava usando as mãos. Levitei a pá até que ela chegasse ao seu lado. Harry olhou para os lados, até que me viu. Ele sorriu e gesticulou com a cabeça para que eu fosse até ele. O sol estava se pondo.

Fui até ele onde ele estava e observei-o. Ele havia embrulhado Dobby em um pano e estava cavando um buraco do seu tamanho. Sentei em uma pedra grande no chão e fiquei só olhando, sem falar nada. Harry parecia querer o silêncio também.

Ele cavou o buraco e colocou Dobby dentro, rapidamente o cobrindo de terra. De vez em quando, eu o via secar alguma lágrima.

Quando ele cobriu todo o buraco, ele se aproximou de mim. Já estava quase completamente escuro.

— Posso usar essa pedra? - ele perguntou

Assenti.

Ele estendeu a mão e eu a segurei, para me levantar, mas ele não a soltou quando eu já estava de pé.

Ele levitou a pedra e, nela, escreveu

“Aqui jaz Dobby, um elfo livre.”

Ele ficou encarando a lápide improvisada por alguns segundos.

— Ficou lindo. - sorri

Ele sorriu.

— Ele salvou minha vida mais vezes do que eu poderia contar. - ele disse

Assenti.

— As primeiras palavras que ele falou para mim, quando nos conhecemos, foram “Harry Potter”. - ele continuou - Também foram as últimas.

— Você foi um grande amigo para ele. - eu disse

Ele assentiu.

— Se não fosse por ele, você ainda estaria no fundo do lago da escola. - ele disse rindo - Desde o quarto ano.

Gargalhei.

— Vamos pra dentro. - eu disse

Harry assentiu e, juntos, fomos para o chalé de conchas.