Good Day Sunshine

Capítulo 8 - O convite


Depois de um silêncio quase sufocante, Richard finalmente começou a falar:

— Eu... — Foi tudo o que ele disse e voltou a ficar em silêncio.

— Você? — Eu perguntei, já impaciente.

— Faz tempo que eu tento esconder isso de todo mundo e até de você, mas a verdade é que eu — De repente a porta da sala se abriu, o fazendo parar de falar, enquanto nós dois desviamos o olhar para meu tio Harry que havia acabado de chegar.

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— Nossa, que cheiro bom! Estou morrendo de fome... — Ele comentou distraidamente enquanto tirava o paletó e o chapéu, colocando os mesmos no cabideiro. — Ah, você está aí também, Megan! Vai ficar para o jantar?

— Claro, imagina se eu ia embora depois de sentir esse cheirinho! — Respondi rindo e os dois riram também. Logo meu tio entrou para se trocar e nós ficamos a sós na sala de novo.
— E então Rick? Deixa de enrolar e fala logo!

— Nada não, deixa pra lá... — Ele se levantou depressa para se livrar de mim, sabendo que eu iria perturbá-lo até falar alguma coisa. — Vou lá na cozinha peguntar o que minha mãe tá fazendo, parece ser bom, né?

— Richard, volta aqui! Rich... — Não adiantava mais insistir, ele já estava na cozinha e tudo o que me restava a fazer era ir atrás dele para tentar arrastá-lo de volta, mas quando cheguei lá, minha tia disse para nos sentarmos à mesa porque ela já ia servir o jantar.

Seja lá o que for que ele tinha para me contar, na frente dos adultos é que não iria fazer e ele sabia que eu também não iria perguntar mais nada nessas circunstâncias, por isso se abrigou malandramente sob as vistas da mãe e do padrasto. Dessa vez ele havia escapado e eu não toquei mais no assunto aquele dia, mas me deixar curiosa é pior do que cutucar um vespeiro e ele sabia muito bem que eu podia esquecer por algum tempo, mas toda vez que me lembrasse que ele deixou de me dizer alguma coisa, eu ia perturbá-lo sem dó, até ele me contar.

Ao longo daquela semana, as coisas na escola continuaram com o mesmo tédio de sempre: Aulas chatas, colegas de classe idiotas com os quais eu vivia brigando, melhor amigo que não contava o grande segredo, não importando o quanto eu o perturbasse, aquelas sensações estranhas que continuavam tomando conta de mim quando eu estava com o George (o que era sempre, porque Richard fez o grande favor de se tornar amigo dele) e eu costumava brigar mentalmente comigo mesma para ver se aquilo acabava, o que sempre era em vão. Até que, na quinta-feira, eu fui uma das primeiras a sair da sala, acompanhada pelos meus dois amigos e, enquanto atravessava a porta, ouvi alguém gritar:

— Megan, espera! — Parei imediatamente, olhando para trás e vi que Lily me chamava, mas ainda estava enrolada demais guardando o seu material e disse à Watson. — Corre lá e fala com ela, Rita! Antes que essa apressadinha vá embora... — As três meninas riram quando ela falou isso e Rita veio até mim sorridente, enquanto vi George e Richard se afastarem ao longo do corredor, em direção ao bebedouro.

— Amanhã nós vamos dormir na casa da Lily por causa da festa do pijama, lembra que estávamos falando disso naquele dia que você sentou com a gente? — Assenti com a cabeça e ela continuou. — A Lily deu a ideia de a gente te chamar também... A Polly e eu achamos legal, o que você acha?

— Eu... Não sei se minha mãe deixa... Mas posso falar com ela...

Fiquei tão surpresa com aquele convite inesperado que nem soube responder direito e também não tinha certeza se queria ir ou não, porque passar a sexta-feira e o sábado com pessoas completamente diferentes de mim e que eu sempre julguei fúteis, não me parecia a melhor forma de diversão. Logo as outras duas chegaram ao lado de Rita e Lily me entregou um papelzinho onde estavam escritos, em uma caligrafia perfeita, três números de telefone com seus respectivos nomes acima de cada um deles.

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— Vai sim, Meggie! Qualquer coisa, pede pra sua mãe ligar pras nossas, tá bem?

— Tá, vou falar com ela... — Tentei parecer interessada por educação.

— Vai ser muito legal, você vai ver! — Polly disse tão entusiasmada que estava quase pulando enquanto batia palmas.

— É, eu imagino... — Respondi rindo, mais pela forma engraçada como ela falava da tal festa do pijama, do que pela felicidade de estar sendo convidada.

— Com licença, senhoritas, mas a Meggie é minha e vocês já tiraram ela de mim por tempo demais! — George surgiu atrás de mim e estava com as mãos pousadas sobre meus ombros. Enquanto eu sentia meu rosto corar, dei um passo para a frente, tentando me livrar de suas mãos, mas foi inútil, porque ele não me largou e as meninas ficaram se cutucando e dando risadinhas, o que deveria significar alguma coisa na linguagem de meninas normais, mas que eu ainda desconhecia.

— Nossa, como você é engraçado, Harrison! — Falei sarcasticamente, tirei as mãos dele dos meus ombros e virei para trás o encarando.

Richard já estava ao seu lado quando eu me virei e acrescentou, mal-humorado:

— Vamos logo, porque hoje a gente tem um monte de dever pra fazer!

— Ah, é mesmo! Que droga! — Me despedi das meninas e fui andando com eles até o portão da escola, resmungando sem parar. — Esse professor passa dever demais! Vou ficar a tarde inteira fazendo isso!

— Você não vai levar a tarde inteira se fizer tudo sem enrolar, Megan... — Richard disse com aquele tom de voz cansado, típico de um pai já está cansado de repetir a mesma coisa mil vezes.

— Eu não enrolo, só não gosto desses deveres chatos, principalmente quando são de matemática!

— Eu tive uma ideia, e se nós 3 fizermos isso juntos? Cada um faz um pouco e depois a gente junta tudo e copia um do outro. — Essa era uma péssima ideia e eu logo o contestei.

— Não, George, o professor não vai aceitar se estiver tudo igual e a gente ainda vai levar uma advertência ou acabar indo pra detenção e ter que fazer mais deveres!

— Claro que não, isso é matemática, as respostas TÊM que ser todas iguais! — Ele contra-argumentou com o maior ar de sabichão.

— Ele tá certo, Megan! Assim a gente faz mais rápido... — Richard o apoiou e eu revirei os olhos, finalmente vencida.

— Tá bem, tá bem! Mas se tiver tudo errado e o professor perceber o que a gente fez e passar mais dever por isso, VOCÊS que vão fazer ele por mim, estão me ouvindo?

— Sim senhora! — Os dois responderam rindo e, assim que saímos do Instituto, George seguiu na direção do ponto de ônibus e Richard e eu fomos pedalando até minha casa.

Ele almoçou lá mesmo e tentamos fazer juntos nossa parte da tarefa, porque eu era realmente péssima em matemática e ele, por mais que também não entendesse muito e odiasse tudo aquilo tanto quanto eu, preferia a praticidade dos números à gramática e outras matérias realmente complicadas onde era preciso escrever demais para que os professores achassem a resposta boa.

No fim da tarde, contei para a minha mãe sobre o convite de Lily, torcendo para ser proibida de ir, mas ela ficou bastante animada pela esperança de finalmente ter uma filha normal e logo ligou para a casa da senhora Powell, pedindo mais informações e confirmando minha presença.