Uma Nova Noite

one-shot de aniversário pro Reita-san


Era realmente tarde da noite quando eu entrei em meu carro e finalmente guiei de volta pra casa. Não importa muito quanto tempo passe ou quantas vezes você repita pra si mesmo que foi a última vez que você foi irresponsável... Uma noite é sempre uma nova noite...

Eu achava esse um ótimo lema pra minha vida... “Uma noite é sempre uma nova noite”... Apenas essa consciência já lhe abre um leque de possibilidades... Uma sensação deliciosa e inebriante de liberdade... Afinal, o que há de errado em descobrir os sabores da vida? O que há de errado em buscar o doce da noite pra se esquecer o azedo e o amargo que pode ser encontrado com certa frequência de dia?

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Dizem que à noite todos os gatos são pardos... Que coisa mais idiota de se dizer! A noite é dos gatos! E eles são diferentes um do outro em tantos aspectos quantos anos tem a Terra! Eles são verdes, vermelhos, roxos, rosados, azuis... São gigantescos, pequeninos e...

E eu acho que eu bebi demais essa noite... Mas dirigir de volta pra casa com essa brisa noturna também é tão... Libertador... Tão... Místico...

Eu nunca em minha vida tinha tomado o caminho errado... Não apenas falando sobre escolhas, mas também sobre direção física... Essa era, aparentemente, a primeira vez que eu pegava o caminho errado, porque estranhamente o cenário que se montava a minha frente. Talvez, eu tivesse virado numa rua errada, mas aquele definitivamente não era o caminho pra casa.

Diante de meus olhos surgiu uma pousada, “Pedaço de Lua Enfeitiçado”, e por mais bobo que o nome pudesse ser, alguém ali poderia me colocar na direção certa pra casa, então, guiei o carro pra lá e me aproximei de um senhor que sorria antes mesmo de me ver.

— Sumimasen... – abaixei o vidro e o encarei, mas seus olhos se desviaram para o céu.

— Vem tempestade aí – ele declarou e eu olhei para o céu estrelado e sem nenhuma nuvem desconfiado de que talvez ele não fosse a pessoa mais sensata pra me colocar na direção de casa.

— Eu gostaria de saber onde estou... – expliquei calmamente. – Acho que virei na entrada errada...

— Ah, não... Não era a errada – ele sorriu, se voltando pra mim.

— Como é?

— O senhor está exatamente onde deveria estar – ele respondeu, parecendo bem lunático. – Se quiser, pode estacionar seu carro na garagem e Ana lhe levará até o seu quarto...

Ana? Quem é Ana?

— Quarto? Não! Eu não pretendo ficar aqui! Só quero saber que caminho devo tomar pra casa! – respondi, ficando estressado.

— Não é uma boa ideia dirigir numa tempestade! – ele disse solenemente. – Muitas pessoas morrem em acidentes de carros por dirigirem na chuva, sabia?

— Mas não está...! – não terminei minha frase. Diante de meus olhos, o céu, que estava limpo até o segundo passado, despencava violentamente.

— Não se esqueça de pedir chocolate quente! O da Ana é verdadeiramente divino!

Não respondi, ainda pasmo, guardei meu carro onde o senhor tinha indicado e entrei na pousada.

— Que chuva, não? – uma linda garota de longos cabelos ondulados, numa tonalidade acaju que contrastava com sua pele muito pálida me sorriu, surgindo eu não me lembrava de onde bem diante de mim.

— Tem chovido bastante – eu respondi e ela deu uma risadinha.

— É verdade... Venha, vou lhe arranjar um quarto! Temos um muito bom no segundo andar, esperando pelo senhor, Suzuki-san!

— Como sabe meu nome? – perguntei,surpreso, enquanto subíamos as escadas.

— Ora essa – ela tornou a rir. – O senhor me disse logo que entrou – sacudiu os cabelos e continuou a subir e eu forcei a memória pra me lembrar dessa passagem que já tinha me escapado... Eu devia beber menos! Só pra variar...

— Entramos no quarto 2719 e eu fiquei realmente satisfeito por não ter ido pra casa. Era um quarto formidável, sem contar que estava impecavelmente arrumado, ao contrário do meu próprio que me esperava em casa.

— Qualquer coisa que precisar, pode me chamar – a garota linda me sorriu mais uma vez e se direcionou para a porta, para se retirar e me deixar sozinho.

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— Posso pedir chocolate quente? – disse, me lembrando da recomendação do estranho senhor da frente da pousada.

Ela se virou, surpresa com meu pedido, mas logo sorriu lindamente e eu fiquei contente ao vê-la assentir. Retirei os sapatos e experimentei a cama: confortável como a infância! Liguei a TV e me senti em casa... Uma noite é sempre uma nova noite!

— Aqui está seu chocolate quente, Suzuki-san! – a garota retornara, com uma caneca fumegante sobre uma bandeja.

— Ah, arigato! – respondi, me endireitando e ela riu ao depositar a caneca sobre a cômoda.

Aproximei a caneca e aspirei o delicioso aroma do chocolate antes de levá-la à boca e descobrir que eu nunca tinha entendido o verdadeiro significado da palavra sabor até aquele momento... Tinha o sabor de um abraço num dia frio, de uma risada prazerosa, o sabor de brincadeiras de inverno, de paixão, de coração acelerado... De primeiro beijo... Tinha o gosto de boas lembranças... E de novos planos... Tinha gosto da aurora e do futuro... Um sabor que me deixou sem fôlego...

— Como...? – balbuciei e ela inclinou a cabeça para o lado, sorrindo.

— O quê?

Eram tantas perguntas que me deixavam tonto... Tantas perguntas que eu não sabia qual delas fazer primeiro e por último... Como ela me explicaria qualquer coisa que eu perguntasse se nenhuma pergunta fazia sentido em minha cabeça?

— Como é gostoso! – declarei, depois de ter passado um longo tempo em silêncio, tentando colocar em palavras o que estava em minha cabeça e não tendo sucesso nenhum...

— Que bom que gostou!

— Muito! – falei só pra continuar falando. – Parece um sonho! – ela sorriu acanhada.

— Ajuda a dormir – declarou e eu me surpreendi, olhando pra caneca em minha mão. – Não se preocupe! – ela se apressou a dizer. – Não tem nenhuma droga ai dentro! Só o bom e velho chocolate mesmo! Não precisa franzir o cenho desse jeito – ela gargalhou.

— É uma noite estranha, me dê o direito de me sentir apreensivo com uma declaração dessas – brinquei, falando com ela com uma naturalidade que me soou estranha e ao mesmo tempo agradável.

— Pensei que fosse um adorador das experiências novas – a garota declarou, novamente me surpreendendo.

— Como sabe disso?

— Sentiu o gosto de sonho do chocolate... Deve ser alguém que busca novas realidades em seus dias – ela deu de ombros, como se fosse uma coisa simples de se deduzir. – Um pedaço de sonho no amanhecer...

Olhei-a, intrigado e seus olhos se desviaram dos meus novamente, corando suas faces numa linda tonalidade rosa.

— E que tipo de sonho existe aqui? – ela riu quando perguntei.

— Uma noite é sempre uma nova noite...

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.