O Garoto Da Casa 918.

Capítulo 2


"Querida, o que houve!" -Disse minha avó quando entrei em casa.

"Eu esqueci meu casaco." -Olhei para ela tremendo.

"Vá tomar um banho quente." -Ela disse.

Assenti. Tirei meus sapatos e subi as escadas correndo.

A água quente bateu na minha nuca e foi escorrendo pelas minhas costas e cobrindo meu corpo que agora se esquentava; era tão bom. Quando olhei para o espelho estava todo embaçado, passei a mão e pude ver meu reflexo na marca limpa.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

A garota de cabelos molhados e olhos manchados de rímel parecia cansada. Coloquei meu vestido* e sequei meu cabelo. Quando saí, o cheiro de chá rondava a casa. Fui para meu quarto e peguei uma blusa, eu estava com mais frio do que antes.

"Vó eu posso sair com July amanha de novo?" -Perguntei encostando na parede da cozinha.

"Eu ia pedir sua ajuda nas estregas, mas claro."

"Vamos nos encontrar depois das duas." -Comente- "Tenho tempo de te ajudar."

Ela sorriu e levou o bule para a mesa.

"Como foi no parque?"

"O que quer dizer com isso?" -Perguntei.

"Você nunca é de sair e agora quer ir de novo?" -Ela deu uma risadinha e se sentou na minha frente.

"É que tinha uns garotos lá..."

"Já entendi tudo."

Eu não pude deixar de rir.

"Não é nada de mias vovó." -Segurei a xícara para esquentar minhas mãos- "É que eles vão ficar na cidade até semana que vem... E combinamos."

"Tudo bem, você pode ir." -Ela disse.

"Obrigada."

Uma das coisas que eu amava na minha avó, é que ela era compreensiva para tudo.

"Então, antes do almoço você me ajuda com as entregas e depois você pode ir."

Bebi meu chá.

x

A lua estava cheia, eu poderia ficar olhando a noite toda para ela. Me levantei e fui até a janela, abri o vidro e olhei para a rua lá em baixo. Alguns carros passavam, mas a rua esta silenciosa. Olhei para as casas e para as arvores do parque, como eu amava essa cidade.

Ouvi a porta se abrindo e me virei. Vovó entrou e sorriu.

"Eu já vou me deitar querida." -Ela comentou.

"Boa noite." -Disse fechando a janela e a cortina.

"Boa noite." -Ela então saiu.

x

Quando acorde o sol invadia meu quarto. Me levantei e troquei de roupa, desci para a cozinha e vovó estava no telefone, quando me viu sorriu.

"Tudo bem, chau." -Ela disse desligando.

"Bom dia vó." -Disse indo para a geladeira.

"Duas entregas." -Ela disse.

"Tudo bem."

Depois do café, vovó foi até o quartinho e pegou dois potes de geleia, um de mel e outro de melado. Nossas entregas eram apenas produtos caseiros, e as pessoas adoravam; principalmente as do asilo.

"São tudo para o asilo." -Disse vovó.

Eu ri.

"Tudo bem, eu levo." -Disse pegando a trouxinha com os produtos.

"Cuidado."

Assenti e saí. Com as entregas ficando famosas, vovó teve de comprar uma bicicleta e isso facilitava muito.

Coloquei a trouxa na cestinha da frente e montei. O asilo não ficava longe e nossa rua era bem tranquila. Pedalei calmamente pelas calçadas, virei esquinas e em cinco minutos eu já estava lá. Deixei a bicicleta perto da cerca e entrei.

"Bom dia, encomenda da Anna Produtos." -Disse para a recepcionista.

Ela já me conhecia, por isso deixou eu entrar em um sorriso.

Na salinha, vários idosos estavam sentados ou jogando dominó, quando me viram, não disfarçaram a felicidade.

"Bom dia." -Eu disse.

"Olá Helena." -Disse a senhora Douglas.

"Como vai a senhora?" -Perguntei.

"Vou cada dia melhor com os doces da dia avó."

Sorri.

"Vou por os potes no armário." -Disse indo para os fundos.

Coloquei os potes no armarinho de vidro e voltei.

"Lembre-sem exercícios também, não só doces." -Disse.

Eles riram.

"Estamos assim mais pelos doces do que os exercícios." -Disse o senhor Jonathan.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ri.

"Tenho que ir, aproveitem."

"Espere." -A senhora Douglas veio até mim- "Aqui está."

Ela colocou duas moedas na minha mão.

"Você sabe que eu não cobro para vocês."

"Mas você é uma moça e precisa." -Ela deu seu sorriso desdentado.

"Obrigada." -Sorri.

Voltei para casa e fiz o resto das entregas. Quando era meio dia elas já tinha acabado.

"Esta com fome querida?" -Vovó perguntou.

"Não." -Respondi tirando meu casaco e pendurando no cabide.

"Vou fazer uma torta."

"Pode ser." -Fui até ela e coloquei o dinheiro no pote.

"Você sabe que sua ajuda é muito útil para mim." -Ela comentou enquanto cortava os tomates.

"Eu sei vó, por isso que eu amo o que faço pela senhora."

Ela sorriu.

"Mas as vezes eu gostaria que você tivesse algo melhor."

"De novo esse assunto vó?" -Suspirei.

"Estou falando serio. Talvez fazer uma faculdade..."

"Vó eu amo trabalhar com a senhora, e se eu não estivesse aqui, me sentiria culpada."

Ela se virou e me olhou.

"Obrigada querida."

Sorri.

x

"E então ela ficou de novo com a história da faculdade." -Disse.

"Ela te ama, Helena." -Jully disse.

"Eu sei, mas eu fico pensando o que seria dela sem eu aqui para ajudar."

Jully deu de ombros.

"Ela poderia ficar no asilo..."

Olhei para ela.

"Soube que eles tratam as pessoas muito bem lá." -Ela comentou de cabeça baixa.

"Não sei.."

Chegamos no parque, e como dito, os garotos estava lá. Quando nos viram, vieram até nos."

"Olá rapazes." -Disse Jully.

"Oi." -Lian respondeu- "Você esqueceu isso ontem."

Ele mostrou meu casaco.

"Ah, obrigada." -Peguei.

"Eu pensei em te devolver, mas eu não sabia onde você morava."

"Tudo bem, obrigada mesmo assim por guardar."

Ele sorriu.

"O que vamos fazer hoje?" -Perguntou Jully.

Os dois se entreolharam.

"Nós trouxemos isso." -Howard pegou uma cesta que estava no chão.

"Piquenique?" -Perguntei.

"Vocês não gostam?"

"Adoramos." -Jully sorriu.

Arrumamos a toalha perto de uma sombra e Lian arrumou as coisas.

"O que vocês fazem por aqui?" -Ele perguntou pegando uma maça.

"Tinha um cinema, mas estão arrumando." -Peguei uma uva.

"Tinha um teatro, mas depois de uma chuva que deu, o teto foi para baixo acabou com o lugar. Então o prefeito desistiu e acabou transformando num museu." -Disse Jully.

"Museu do que?" -Howard perguntou.

"Sei lá, eu nunca fui." -Ela de de ombros.

Olhei para o céu que dessa vez estava limpo. Como ontem, não tinha cara de que iria chover.

"O que foi?" -Perguntou Lian.

Olhei para ele.

"Nada.." -Dei de ombros.

"Você não é muito de falar." -Ele riu.

"Não mesmo." -Jully respondeu.

"Quer dar uma volta." -Perguntou Howard.

Jully assentiu e se levantou, os dois foram para o lago e eu fiquei sozinha com Lian. Durante dez minutos ficou a quele silêncio constrangedor entre nós.

"Você gosta de pássaros?" -Por fim ele perguntou.

"Sim." -Sorri.

"Eu tenho um guia de pássaros só da Europa."

"Legal."

"Eu posso trazer para você ver da próxima vez." -Ele disse.

"Adoraria."

Ele assentiu.

"Desculpa, eu não sou o tipo de menina animada."

"Percebi."

Desviei o olhar. E foi sempre assim, quando eu tinha a grande chance de ter amizade com alguém, eu estragava tudo.

"Mas eu não vejo problema nisso." -Ele disse.

Olhei para ele.

"Acho até fofo. Do que ser a quelas garotas que chamam atenção de mais."

Sorri. Senti meu rosto esquentar e acho que minhas bochechas tinham passado de cor normal para extrato de tomate.

Ele riu.

"Você é muito tímida."

Ri, escondendo o rosto com as mãos.

"Ah, eu sei." -Disse.

"Quer dar uma volta?"

"Prefiro ficar aqui." -Disse olhando para trás e vendo Jully e Howard juntos.

"Entendi." -Ele disse percebendo o que eu quis dizer.

Suspirei.

"Você quer uma uva?" -Ele pegou o pote.

"Pode ser." -Peguei uma e coloquei na boca.

Senti ele segurando meu rosto e se aproximando. Meu coração foi a mil. Seus lábios tocaram no meu rapidamente e quando eu abri os olhos ele já se afastava. Rimos; por qual motivo? Eu não sei. Mas foi muito bom, apesar de ter durado três segundos.