VINTE E DOIS:


Durante semanas Hermione e Fred treinaram juntos, e com uma garra sequer sabiam que tinham. Fred levou Hermione ao médico, Hermione tinha fortes cólicas devido ao dano que o feto tinha feito em seu útero, por pouco não teve que tirá-lo.

As noites, por incrível que pareça, não eram mais insuportáveis. Fred e Hermione podiam até ter pesadelos, mas eram poucos. Normalmente sonhavam com Naoki.

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Metafísicos diriam que Naoki cuidava deles. Mas seria apenas o que eles diriam.

Hermione não tinha mais aquele medo insano do escuro, não tinha por que. Estava sempre com Fred, tinha o ruivo 100% ao seu lado. Os dois estavam trabalhando juntos para curar suas feridas, eles estreitaram ainda mais aquele laço entre eles.

Acordavam todo dia as 08h00min, tomavam café e iam correr. Voltavam para almoçar, depois do almoço treinavam juntos. Feitiços, luta corporal. Pegavam pesado um com o outro. A cada dia que se passava pareciam-se cada vez mais com felinos. Movimentos precisos e impecáveis, letais.

A cicatriz de Hermione continuava inerte e ela tentava não pensar muito sobre tudo que tinha acontecido. Nem Fred comentava.

E o quarto de Naoki continuava intacto. Destruído. Nenhum deles tinha estômago para mexer no quarto.

Durante as semanas que se passaram muitos tentaram visitá-los. Fred simplesmente dizia que não estavam dispostos.

Um mês de treinamento intenso, Hermione não vira ninguém que não fosse Fred. Eles haviam se tornado máquinas mortíferas. Aguardavam apenas pelo momento certo de trucidar o responsável pela morte de seu filho.

***

– Milord. – a vaca disse com a voz baixa.

– Ele não está no momento, está indisposto. – revirei os olhos passando as unhas na almofada dos meus polegares.

– Ah, Bellatrix. – Cameron imediatamente desfez seu tom honroso. – não entendo por que meu Lord divide o corpo com você. Justo com você!

– Sou a mais fiel – eu disse sorrindo – sua alma sobrevive a partir da minha, tira suas forças de mim! – eu murmurei apaixonadamente.

Voldemort dependia de mim. Ele reconhecia agora a minha lealdade. Ele escolheu a mim para dividir o corpo, somente a mim. Ele confiava em mim!

– De qualquer modo, o que você quer? – disse rispidamente.

– Bom há fontes seguras que dizem que a sangue ruim, Granger, voltou para casa. Acho que é o momento certo para atacarmos.

– Hm. Certo, conversarei com ele sobre isso. Ah, Ícaro, você por aqui. Bom mesmo que veio, quero que vá buscar os aurores que estão lá em baixo, não temos mais utilidade para eles, sim?

O negro apenas confirmou com um aceno de cabeça. Às vezes ele me preocupava, era muito quieto, muito fiel à Cameron. Tinha que me livrar dele também.

Ele não faria falta. Estávamos com um número grande de comensais. Isso me lembrou de minha irmã e eu franzi o rosto em desgosto, minha irmã e o maricas do seu marido Malfoy haviam deserdado. Mataria Lúcio assim que tivesse chance e puniria Narcisa eu mesma.

– Mais alguma coisa? – eu disse esnobemente para a morena.

– Não. – Cameron disse contida com a frustração estampada em seus olhos.

– Então saia.

Ela saiu, os saltos altos fazendo o irritante toc-toc-toc-toc. Revirei os olhos.

“Bellatrix.” Ele me chamou.

“Sim, Milorde.” Respondi sentindo meu peito bater mais forte.

“Temos que capturar a Granger e minha Horcrux. Precisamos purificá-la, ele será o cerne de um novo império.”

“Sim”

“E como estão os preparativos para meu novo corpo?”

“Tudo como o planejado, a cerimônia será amanhã ao entardecer. Como se sente?”

“Magnífico, como sempre. Tudo está saindo como o planejado. Quero a Granger nesta mansão até amanha pela tarde. Por favor providencie.”

“Sim. Cuidarei disso eu mesma. Descanse MiLord, deixe tudo comigo.”

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“Não me decepcione Bella. Conto com você.”

E o silencio em minha cabeça se seguiu novamente. Corri pelos corredores da mansão, tinha poucas horas para trazer Granger até um armadilha, trazer a Horcrux do meu mestre pra casa, e dar mais um passo rumo à gloria do Lord das Trevas.

***

– Temos que atacar. – eu disse girando uma adaga entre os dedos.

– Ainda não. – Fred respondeu.

– Então quando?! – disse frustrada fincando a lamina na madeira da mesa da sala de jantar.

– Não podemos simplesmente invadir a mansão. Se não pensarmos tudo, até os mínimos detalhes seremos no máximo mártires. É isso que quer?

Bufei e com um gesto quase imperceptível neguei.

– Mas temos que agir antes que eles saibam que... Que... – eu ainda não conseguia verbalizar.

– Que Naoki morreu. – Fred disse fingindo firmeza, fingindo que aquilo não o atingia.

Eu não fingia tão bem. Ainda estava crua. Senti uma raiva subir pela minha garganta, agarrei a adaga com firmeza e joguei com precisão contra o ruivo. Teria acertado sua testa se ele não tivesse desviado com agilidade felina do golpe.

– O que foi isso?! – ele disse bravo.

– Testando seus reflexos. Acho que devemos ir visitar sua mãe. Acho que já preocupamos a todos o suficiente.

Aquilo o pegou de surpresa, até mesmo o fez esquecer que há segundos eu havia atirado uma adaga no meio de sua testa.

– Você tem certeza amor?

Ergui uma sobrancelha, não era de seu feitio me chamar de amor. E em meio a toda a amargura que havia em mim, em meio aquele monte de podridões e sofrimentos que eu havia me tornado, aquilo fez com que eu sorrisse. Não muito, apenas um repuxar de canto de boca.

No final eu ainda poderia sorrir?

*

Foram até a toca dos Weasley, estavam entretidos um com o outro, imersos em suas próprias preocupações não repartilhadas sobre como seria a volta do contato social. Estavam tão distraídos que nem se deram em conta que a escória dos comensais espreitava sua casa.

*

Chegamos lá pela hora do almoço. Estávamos na terceira semana de junho. Se fosse um ano letivo normal, essa seria a época em que os alunos estariam voltando de Hogwarts após os resultados dos exames finais. Mas esse ano os alunos teriam uma semana de férias antes de retornarem as aulas que iriam até o dia primeiro de agosto. Logo todos estavam passando suas férias nA’Toca. Confesso que balancei. Mal conseguia enfrentar a ideia de dizer a Molly que seu querido neto tinha sido morto por mim, quanto mais olhar para Harry e Rony e contar-lhes isso. Nossa, como eu senti falta daqueles dois.

– Hey. – Fred disse pegando minha mão e me puxando para fora de meus devaneios. – juntos.

Ele beijou minha mão.

– Desculpe pela adaga mais cedo.

– Não por isso. Acho que tem uma espécie de Hienas em algum lugar da África que demonstram afeto através de mordidas e patadas. – ele deu seu típico sorriso lateral.

– Hienas?

– Sim. Hienas.

Eu e ele rimos.

– Vamos hieninha, sobrevivemos ao ato de dar a noticia de sua gravidez, vamos passar por isso também.

Ele me puxou e me deu um longo e demorado selinho.

– Te amo.

– Te amo mais, meu físico.

E batemos na porta.

“GINA A PORTA!”

“MÃE EU TO DE PIJAMA!”

“AINDA DE PIJAMA?! ISSO SÃO HORAS?! Lilá querida poderia abrir a porta para nós?”

“Sim senhora Weasley.”

“POR QUE VOCÊ NÃO GRITA COM ELA TAMBÉM HEIN, MOLLY?!”

“NÃO TE INTERESSA GAROTA, VAI COLOCAR UMA ROUPA! RONY, SOLTA AGORA MESMO ESSA ROSQUINHA, VAI ESTRAGAR O APETITE PRO ALMOÇO!”

– Estragar o apetite de Rony, essa é boa.

– Que saudades de casa. – Fred disse sorrindo.

Eu também sorria, que saudades dos Weasley. Que saudades da minha família. Afastei os pensamentos que estavam por vir. Meus pais. Evitava pensar neles.

Seus corpos multilados lado a lado, queimados pelas chamas altas e sedentas de Voldemort. Por minha culpa.

– Hermione?! Fred?! – a voz aguda de Lilá me tirou do transe que eu estava prestes a cair.

– Fred?! – a voz de Molly gritou lá de dentro.

– Mione?! – Harry e Rony disseram juntos.

E em menos de cinco segundos uma família Weasley espantada estava nos encarando na sala – Gina ainda de pijama.

– Hm. Oi. – Fred disse.

Eu estava aparentemente de volta no primeiro ano, com pavor social. Todos aqueles olhares me deixaram nervosa.

– Oi?! Depois de semanas, é isso que diz à sua velha mãe?! Venha cá! Ó céus você está magro, vamos deixe-me apertar você. Hermione você está tão caidinha querida, venha aqui. Ó Merlin, senti falta de vocês. GINA VOCÊ AINDA ESTÁ DE PIJAMA?!

Depois de nos esmagar ela mandou um patrono para que Jorge também viesse almoçar conosco.

Harry e Rony me apertavam, pareciam dois velhos babões em cima de mim.

– Nunca mais faça isso, você desapareceu!

– Soubemos sobre seus pais, ah Hermione, sentimos muito!

– Você está mesmo pálida, o que aquele ruivo idiota fez à você?

– Eu estou bem. – disse sorrindo.

Do outro lado da sala Jorge tinha acabado de Aparatar, estava com espuma no cabelo e apenas uma toalha na cintura.

– Fred?! Eu achei que tivesse morrido e mamãe estivesse me protegendo da verdade!

– Ah, cale a boca, você me viu semana passada.

– Você me enxotou da sua casa. Achei que fosse a Mione com uma poção Polissuco. Não faça mais isso cópia mal feita. – Jorge abraçou o irmão.

Depois de muito tumulto fomos comer. E finalmente o assunto chegou.

“E o Meu netinho como vai?”

“Sim, achei que você estaria mais barriguda...”

“Cala a boca Rony... Já sabe se é menino meu afilhado?”

“Nosso afilhado né Harry, e meu sobrinho...”

Murchei na cadeira. Simplesmente larguei o garfo que estalou contra o prato silenciando a todos. Eu dei a noticia que estava grávida, e Fred deu a notícia de que não teríamos um novo Weasley.

Vários comentários explodiram. Não entendi nenhum em particular. Apenas me senti mal, e voltei aquele maremoto que me sugava para minhas mais profundas e amargas tristezas.

Até que todos silenciaram, e apenas um murcho “O que houve?” do senhor Weasley se fez ouvir.

Fred contou meias verdades. Disse que nosso filho era uma Horcrux, e que por isso meu corpo o rejeitou. Isso horrorizou a todos e mais do que satisfez suas curiosidades.

– Por isso eu e Hermione nos afastamos um pouco. Luto eu acho. – Fred sorriu de lado, sem realmente querer sorrir.

– Não vou ser mais tia? – Gina disse ainda perplexa.

– Não querida. – Molly disse com a voz embargada. – agora vá tirar esse pijama.

***

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O resto da tarde se seguiu em clima de luto, senhor Weasley disse algumas palavras e ficamos todos sentados ao redor da mesa. Fred explicando que aquela informação ainda não deveria sair dali, pois planejávamos acabar com tudo aquilo.

– Vingança! É isso que está procurando. – Jorge disse em tom acusativo.

– Bem mano, perdoe-me por querer matar o homem que matou meu filho.

– Mas Fred, isso não tem como dar certo, e além do mais a vingança é...

– Me poupe dos discursos moralistas Gina. – Fred disse. – nós temos treinado. Não é como se pedíssemos ajuda ou algo assim. Não estamos pedindo permissão.

– Mas Fred...

– Ele tem razão. – ouvi pela primeira vez a voz do senhor Weasley desde que tínhamos dado a fatídica notícia. – esse homem já tirou muitos filhos de suas mães, destruiu muitas famílias. Os pais de Harry e de Hermione, meu neto. Amigos. Familiares.

– Vingança ou não, é para por fim a isso tudo. – Molly concordou – Estou com vocês crianças. No que precisarem.

– Mas isso é óbvio. – Harry se levantou. – estamos juntos nessa lembra Mione, o Trio de ouro!

Rony sorriu com ar de bravura e concordou, e aos poucos todos concordaram.

– E não está faltando uma doninha por aqui? Onde anda aquele Malfoy? E a doida da Luna? – Rony quem lembrou.

– Sim, temos que buscá-los, posso fazer isso se quiserem – Lilá se ofereceu.

Gina ia começar a falar quando Fred em um salto fez “SHHH!”

– Mãe, ele fez “Shhh” pra mim?!

– Hermione, por que os sapos e grilos estão fazendo barulho? Onde estão os gnomos mãe?!

Assim que prestei atenção notei. Os gnomos caçavam sapos, grilos e morcegos, então ou eles haviam sido dedetizados de vez – o que eu duvido muito, ou algo os tinha assustado.

– Era pra estarem no quintal... - Molly disse sacando sua varinha.

Todos fizemos o mesmo.

– Fred... – eu disse tensa.

E no instante seguinte tudo ficou preto. Pó escurecedor instantâneo do peru, gritos e coisas quebrando. Vultos negros voando pela sala e separando-nos. Alguém me agarrou e me jogou escadas a cima.

– Hermione! – Fred gritou lá em baixo.

Eu não fiz barulho, apenas tentei enxergar em meio aquela escuridão, e assim que consegui ver era tarde. Um soco certeiro me atingiu, era um comensal alto que eu não reconheci de imediato.

– A garota Granger?! – ele disse fingindo surpresa (eu acho). – Oh, não devia machucar a portadora da alma do Lord. Então doçura venha comigo sim. O Lord está louco atrás de você.

– Vá pro inferno! – eu disse o mais alto que pude, me pondo em pé, rezando para que Fred tivesse me escutado.

E escutou. Em questão de segundos Fred estava no pescoço do cara, tombando-o para o lado, o problema é que não apenas ele tinha ouvido. Outros dois comensais estavam ali e vieram para cima de mim. Eu felizmente devido aos treinos conseguia me desviar com facilidade. E agora conseguia enxergar melhor. (ANOTAÇÃO MENTAL: Treinar mais ataques no escuro).

Fred, acho eu, matou o comensal que rolou escada abaixo e imobilizou o outro, restando apenas um para mim. Não seria nada difícil.

– Granger não? – O homem disse – Conheci seus pais. Eles me falaram bastante de você. – o homem riu-se.

E pegou exatamente meu ponto fraco. A imagem dos dois veio até mim. Eu simplesmente congelei. O homem que Fred havia imobilizado se desfez de seu abraço e passou a socar Fred, que se defendia como podia.

– Hermione! – ele chamou.

– Ah Hermione, - o homem em minha frente disse – isso foi sua culpa, se você tivesse se comportado, nada disso teria acontecido.

– Hermione! – Fred disse agora sufocado pelo comensal que lhe dava um mata leão poderoso.

E eu ali. Pateticamente paralisada enquanto o comensal se aproximava de mim e preparava-se para aparatar, ou sei lá o que. Ouvi a varinha de Fred rolar para longe e ainda assim fiquei ali, congelada.

De reviravolta Fred conseguiu inverter sua posição e arremessar o comensal que o segurava escada a baixo, e como um felino segurou a cabeça do comensal a minha frente e lhe sussurrou:

– Eram os meus sogros.

O comensal nem teve tempo de processar a informação, Fred torceu sua cabeça de um jeito que seu crânio ficou anatomicamente incompatível com seu pescoço.

– Me desculpe. – eu disse assim que o corpo tombou aos meus pés.

– É assim que quer ir atrás dele?!

– Me perdoe... – eu balbuciei novamente.

– Eu não posso te perdoar se você não me deixar que eu te perdoe! – e não estávamos mais discutindo sobre minha falha na luta.

– Eu...

Ele então me abraçou e beijou o alto da minha cabeça.

– Perdoe-se. Por mim.

E então tudo se acalmou. Os poucos comensais que sobraram simplesmente sumiram em suas névoas pretas. Tínhamos o total de cinco comensais mortos pela casa e um petrificado.

Passado o choque inicial arrumamos tudo aquilo, e decidimos que pediríamos reforços a Kingsley. Começaríamos tirando os comensais do ministério.

E no fim da noite assamos marshmallows em uma fogueira de seis comensais. Sem maiores crises de consciência.