Anjos de Cera

Uma tarde com os amigos


Por mais que Gale tenha dito que ia acabar tudo bem, que não queria me envolver mais na história do roubo, eu passei as duas semanas seguintes preocupada. Eu via Snow em toda a parte. Assistir o jornal local era impossível. Toda vez que uma matéria mostrava alguém sendo preso eu tinha que olhar duas vezes para me convencer que não era Gale.

Gale me disse que ele tinha um bom motivo para fazer o que tinha feito. Eu sabia que ele jamais iria prejudicar outra pessoa. Meu amigo pediu que eu agisse normalmente. O que concordei na hora, já que se eu mostrasse pânico as coisas ficariam descontroladas. Além disso, não queria dar uma preocupação a mais para Gale. Ele quase surtou quando disse que eu já estava envolvida por que eu havia mentido para a policia para protegê-lo.

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Muitas vezes eu me peguei pensando se não estava agindo errado ao proteger Gale. Mas eu sempre afastava esses pensamentos na hora. Pela primeira vez na vida eu confiei cegamente em alguém.

Em um domingo à tarde, eu estava mais uma vez escrevendo. Depois que Peeta havia lido meus textos eu tinha redobrado a segurança sobre eles. Eu realmente estava morrendo de medo que alguém mais lesse alguma coisa ali. Eu estava tão concentrada que minha mãe teve que gritar duas vezes que havia alguém procurando por mim.

Peeta estava na sala conversando animadamente com Finnick. Meu deus, por que esses dois tem que se dar tão bem? Posso ver que minha mãe está curiosa sobre Peeta. Ah é, ela adoraria que eu arrumasse um namorado.

Quando está em casa, ela vive dizendo que eu tenho que me arrumar mais, namorar. Segundo ela estou perdendo toda minha juventude. Isso é típico dela. Para minha mãe a vida gira em torno de romance. O único que não sabe disso é meu pai. Peeta parece assustadoramente animado.

- Hoje vamos fazer algo diferente. Vem às garotas já estão nos esperando.

-Que garotas? Aonde nos vamos?

-Katniss, deixa de ser chata e vem comigo.

Dois fatos sobre a Katniss: Odeio que mandem em mim e, acima de tudo, odeio surpresas. Por isso, quando chegamos ao parque da cidade estou tão mal humorada quanto uma gordinha de dieta.

-Ok, onde está o resto do pessoal. Você disse que eles viriam.

-Estamos aqui o ser de paciência infinita- diz Rachel me abraçando como se eu fosse a prima do Ursinho Puff.

-Que bom, então o que vamos fazer?

- As garotas me proibiram de ir com vocês. Disseram que vai ser o dia das meninas ou coisa assim. Só coisas de garotas.

-O que? Dia das meninas? Peeta Mellark, as palavras “Morte lenta e dolorosa” significam algo para você?

-Não, nadinha. Agora bom passeio.

Tenho vontade de arrancar cada pedaço do corpo dele quando ele me deixa sozinha com as garotas.

-Olhem aqui, vou avisando. Não vou passar à tarde num salão de beleza. E se me fizerem ouvir música melosa juro que vou fazer vocês perderem cada fio de cabelo.

-Relaxa querida. Vem vamos te contar um segredo que o resto do universo desconhece- Annabeth pega do meu braço e saímos andando. Rachel pega uma garrafa de coca-cola da mochila e outra, santo deus eu devo estar delirando, de vodka.

-Está bem, não tenho escolha mesmo. E qual é esse segredo que o Universo desconhece?

-As garotas se divertem da mesma forma que os meninos quando estão sozinhas.

Sabe aquela história de dia das garotas? Salão de beleza, filmes românticos, pipoca, confissões tristes sobre garotos que nos deram um pé na bunda? Devo dizer que não teria nada disso naquela tarde com as garotas.

Elas estavam animadas com a coca e a vodka, e eu, bom eu também bebia um pouco. Mas não como elas, é claro.

Quando um garoto um pouco mais velho que nós passou por ali Annabeth soltou um gritinho, não a culpe, a garota já estava sofrendo os efeitos do álcool.

-Ei gatinho, me liga quando quiser- Sim, essa foi Annabeth extremamente alterada. Rachel e eu não conseguíamos parar de rir.

-Meninas parem com isso, tomem eu comprei pipocas para vocês. Vocês precisam comer alguma coisa.

Não preciso dizer que acabei comendo toda a pipoca sozinha. Saímos do parque e fomos para o Shopping que tinha perto dali. Tinha uma área de jogos lá. Guitar Hero, Street Fighter e X-box, todos os que você puder imaginar.

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Ficamos a tarde inteira jogando. Acabei ganhando todas as partidas. Mas só por que as garotas estavam bêbadas demais. Rachel começou a gritar quando começou a perder no Street Fighter.

-É culpa desse dragão maldito

-Que dragão maldito?

-Esse que estava me atacando.

Não havia dragão nenhum é claro. Nunca havia visto as garotas assim. Sim, elas estavam bêbadas, mas eu estava me divertindo como nunca. Elas não paravam de fazer uma estupidez atrás da outra. Elas provavelmente não iam lembrar nada depois, mas eu, ah eu nunca ia esquecer essa tarde.

Quando o shopping estava fechando me dei conta que precisaria levar as destrambelhadas para casa. Se os pais delas as vissem naquele estado a culpada seria eu obviamente. Sempre é culpa do mais sóbrio. Peguei um táxi e resolvi cuidar das duas bêbadas quando chegasse em casa.

Mal abri a porta Annabeth saiu correndo

-Onde fica o banheiro?

Não deu tempo de responder a garota saiu correndo, abriu a primeira porta e vomitou na primeira coisa que encontrou.

-Ok, Annabeth –Sai correndo para socorrer a maluca- Ok, essa é a cozinha, esse era o jogo de prato favorito da minha mãe, mas está tudo bem.

Enquanto isso pude ver Rachel se sentando no sofá pronta para desmaiar. A Garota colocou a cabeça entre os braços a corri para ela achando que estava vomitando também

-Rachel, tudo bem?

-Não, Katniss, por que ele não gosta de mim? E sou horrível não sou? Por favor, não me deixe sozinha, por que ele não me ama?

Eu tive que controlar a gargalhada. Deuses, eu teria muito que contar no outro dia, pena que eu não contaria a ninguém.

-Tudo bem, Rachel, não se preocupe, ele é um idiota, seja lá quem ele for. Vai ficar tudo bem.

Alguém toca a campainha. Eu me pergunto por que tudo sempre tem que acontecer ao mesmo tempo. Atendo e dou um suspiro aliviada. É Peeta. Rachel sai correndo do sofá e dá um abraço de urso em Peeta.

-Peeta, me diz, por que ele não gosta de mim? Eu gosto tanto dele. Eu sou horrível.

Peeta me lança um olhar que entendo como “Pelo amor de Deus me ajuda”. Consigo Tirar Rachel de cima dele.

-Não pergunte. Apenas me ajude a cuidar dessas duas loucas.

Com Peeta me ajudando a coisa fica bem mais fácil. Limpo a cozinha, fazemos as garotas sossegarem e Annabeth finalmente para de vomitar. Nos sentamos no sofá exaustos.

-Meu deus, o que vocês usaram?

-Não foi nada, é o açúcar da coca que não fez muito bem para elas.

-Sei, o açúcar.

-Eu disse para você não perguntar.

Quando terminamos de arrumar as coisas Peeta e eu estamos exaustos. Meus pais logo estariam em casa.

-Eu preciso ir a banheiro- Diz Rachel correndo.

-Ai não, de novo não- Diz Peeta.

-Pelo menos ela não foi para a cozinha- Digo suspirando.

-Tudo bem pessoal, foi alarme falso. -Diz Rachel voltando mais pálida que um defunto.

-Preciso contar uma coisa

-Tudo bem Annabeth amanhã você conta, vocês vão dormir aqui. Já avisei os pais de vocês, está tudo bem.

-Eu preciso contar- Para falar a verdade comecei a me assustar um pouco. Annabeth estava entrando em desespero.

-Annabeth, está tudo bem, durma.

- Eu preciso contar. Luke, Luke me estuprou.