Essas feridas parecem não cicatrizar
Essa dor é tão real
Existem muitas coisas que o tempo não pode apagar

Você costumava me cativar com sua luz ressonante
Agora sou limitada pela vida que você deixou pra trás
Seu rosto assombra
Todos os meus sonhos que já foram agradáveis
Sua voz expulsou
Toda a sanidade que havia em mim

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No momento em que eu realmente entender meu inimigo, entendê-lo bem o suficiente para derrotá-lo, então, neste momento, eu também o amo.

Aparato para Hogsmeade, onde antes de ir para o castelo, paro no Cabeça de Javali, Aberforth Dumbledore recebe-me com um olhar não muito amigável, afinal, ele é da Ordem da Fênix.

– Em que posso ajudar? - pergunta grosseiro.

– Aberforth, eu preciso que entre em contato com Alvo Dumbledore.

– Se é alguma armadilha Princesa, meu irmão não é tão tolo em cair nessa. - reviro os olhos.

– Não é nenhuma armadilha, diga a ele que Elizabeth Snape pediu que ele viesse a Hogwarts com todos os membros que puderem da Ordem da Fênix, o mais rápido possível. Diga a ele que... Que eu irei realizar a antiga missão que me foi incumbida por meu pai. Diga exatamente essas palavras Aberforth, por favor.

– Parece ser importante, eu direi. - ele diz embora seu olhar sobre mim seja desconfiado e curioso.

– Obrigada e seja rápido, se ele não aparecer, eu posso não conseguir. - suspiro.

Estou saindo do estabelecimento quando Aberforth me chama.

– Você vai se voltar contra ele? - ele pergunta, eu não respondo, mas isto parece bastar para ele. - Irei o mais rápido possível, por enquanto, fique com isto.

Aberforth estende-me uma varinha.

– Eu tenho a minha.

– É melhor estar bem equipada guria, não estamos falando de um bruxo qualquer e esta não é a minha, mas sim de um sequestrador que abati recentemente. - eu a peguei e agradeci com um leve acenar com a cabeça, guardo a varinha extra no bolso da capa vermelha antes de sair do Cabeça de Javali.

Ando sem pressa do vilarejo até o castelo. Quando chego ao saguão de entrada, não sou impedida por nada, o que me faz ficar desconfiada, achei que seria mais difícil.

Entro na Grande Salão, encontrando-o sentado na cadeira do diretor. As cinco mesas retangulares, dos alunos e a dos professores foram retiradas, ele parecia estar me aguardando.

Empunho a varinha e paro de frente para ele, seus olhos rubros e perversos parecem furiosos, deve ter sentido que destruí suas horcruxes, mas não me deixo intimidar.

– Não devia estar repousando na mansão, Elizabeth? - ele pergunta arqueando uma sobrancelha.

– Tinha algumas coisas importantes para lhe falar, milorde. - digo lhe fazendo uma reverencia e como ele não diz nada, eu prossigo. - Encontrei seu medalhão e incendiei a mansão com fogomaldito destruindo todas as suas horcruxes. Achei que iria querer sber.

Digo tudo o que fiz como se não fosse nada demais, ignorando o ardor em meus olhos, eu não iria chorar, não enquanto eu não o derrotasse.

– E agora pretendo destruir você, como deveria ter feito há muitos anos atrás, quando voltei no tempo para 1943. - digo segurando o vira-tempo que eu nunca tirava do pescoço.

– Imaginei que você pudesse voltar atrás. - ele diz levantando-se e empunhando a varinha. - Mas ainda não é páreo para mim, Elizabeth, és apenas uma garota tola e vai pagar pelo que fez. Crucio.

Por pouco não sou atingida, mas me defendo.

– Ia mesmo me matar? Depois de tudo, você ia me matar... - digo indignada, a cada palavra lançando um feitiço mudo, furiosa. - Eu devia ter acreditado quando todos me disseram que você não pode amar, você é um monstro.

Praticamente cuspo as palavras enquanto duelamos, ele não diz nada, mas seus feitiços parecem querer me machucar, são letais e se apenas um me atingir sei que será o meu fim. Concentro toda a minha raiva, lanço os feitiços e me protejo enquanto ele avança contra mim.

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Ele para de lançar feitiços quando está já um pouco próximo a mim.

– Eu te amei e de verdade. - sussurro como numa confissão.

– O seu maior erro. - ele diz frio, minha garganta se fecha.

– Não... O meu maior erro foi acreditar que éramos parecidos, mas não somos. - ele me fita para a minha surpresa com um sorriso cruel e debochado. - Eu não sabia, mas tenho uma família que me ama, tenho uma mãe corajosa, um pai que confiou em mim e um meio irmão, chamado Harry Potter, a quem eu darei a chance de ter uma adolescência normal quando eu te destruir. E você... Você não tem nada.

Nada do que digo parece lhe abalar e o duelo continua até que sem mais forças, ele consegue me desarmar.

É o fim. Morta pelo homem que amo, patético Elizabeth. - penso quando ele ri triunfante, mas para a minha surpresa ele vem até mim, ficando a centímetros de distancia, com a varinha em meu pescoço.

– É o fim, Elizabeth Snape. - ele diz num sussurro e roça seus lábios nos meus, ele hesita, como se para ele também fosse difícil me matar.

Fecho os olhos, sentindo pela ultima vez a sensação dos seus lábios tão próximos dos meus, mas sei que aqueles poucos minutos em que ele hesitou, que significam muito para mim, também é o que vai garantir a minha vida.

Tão rápida quanto consigo, empunho a varinha que tinha no bolso de minha capa vermelha.

Avada Kedavra.

Vejo a luz deixar seus olhos e o corpo cair gélido ao meu lado. Estou trêmula e parece que todo o momento em que estive sendo forte me esgotou, eu simplesmente desabo ao seu lado, chorando ruidosamente.

O som ensurdecedor da chegada tanto da Ordem da Fênix quanto dos Comensais da Morte, abafam os meus soluços e um grito de dor ao sentir uma pontada forte em meu útero e um líquido quente escorrer pela minha perna, estou completamente alheia ao que acontece ao meu redor, perdida em minhas dores tanto físicas quanto emocionais.

– NÃO. - o grito estridente de Bellatrix me tira de meus devaneios. - TRAIDORA! Ela matou o Lorde das Trevas.

Os comensais da morte ao ouvirem isto, a maioria deles, os que duelavam com membros da Ordem, aparataram, fugiram.

Bellatrix veio em minha direção e eu sei que ela me lançaria à maldição da morte, mas não fiz nada para me defender. Estaria morta se não fosse protegida por um forte feitiço escudo de Lily Potter.

Os membros da Ordem agora parecem festejar a queda de “Você-sabe-quem”, então seguro a mão gélida de Tom e aparato dali, para o único lugar para onde eu poderia levá-lo e eu sabia que ele me odiaria por isto.

Aparato para o cemitério de Little Hangleton, ao lado dos túmulos de seu pai e seus avós, eu sei que ele odiaria ser enterrado com sua família trouxa, mas o que aprendi nos últimos dias é que não se pode renunciar sua família.

Ainda choro, mas agora silenciosamente e percebo que não estou sozinha.

– Então é verdade. - ouço a voz de Severus Snape. Eu apenas balanço a cabeça positivamente. - Você o matou?

Novamente não digo nada, apenas assinto, pois ainda sinto dor, muita dor por causa do aborto espontâneo.

– Por quê? - ele pergunta aparentemente confuso e dessa vez sou obrigada a rir.

Porque você me mandou para essa missão, essa seria a resposta, mas me limito a responder:

– Era o certo a se fazer.

– Você o amava, foi muito forte de fazer isto. Precisa de ajuda. - eu não respondo, mas ele percebe o que está acontecendo, cuida do enterro enquanto com minhas habilidades de curandeira, eu me recupero do recente aborto.

Severus Snape só foi embora quando teve certeza de que eu estava bem, embora a verdade é que eu não estava bem, minha visão começava a ficar turva e eu desconfiava que isto se dava pelo ataque de Nagini antes de eu incendiar a mansão.

Com minha varinha deposito um buque de rosas brancas no túmulo de Tom e ouço um estalido atrás de mim, penso que é Severus indo embora, mas estou enganada é Dumbledore.

– Você fez o certo, Elizabeth. - ele me conforta, ou tenta.

– Eu o amava, não me pergunte como ou porque, eu sei que ele era um monstro, eu sei que ele não podia amar, mas ninguém deu uma chance a ele também. - eu simplesmente explodo voltando a me encolher de dor.

– Eu sei. - diz o professor. - Você é como sua mãe Elizabeth, pode parecer muito com seu pai, na aparência, nas habilidades e em seu jeito, mas você enxerga o melhor lado das pessoas, até mesmo de pessoas como Tom Riddle.

Eu fico quieta por algum tempo e observo o túmulo do pai de Tom, por um momento penso em algo que parece louco a principio. Toco meu pescoço apenas para me certificar de que o vira-tempo ainda está lá.

– Ele seria diferente... Ele seria diferente se tivesse pais, se conhecesse o amor... - digo, minha voz é vazia e o olhar perdido.

– Elizabeth... Você, mais do que ninguém, sabe o quanto é perigoso mexer com o tempo. E não está em condições...

– Sei, mas o que vou fazer aqui, professor? Não há lugar para mim na família dos Potter, assim como nunca teve e eu não sou exatamente uma garotinha de 16 anos

Levanto-me decidida, apesar de estar um pouco cambaleante.

– Já salvei minha mãe, meu pai e Harry, agora preciso dar uma chance a Tom e a mim.

O professor não me impede quando eu seguro a ampulheta do vira-tempo e começo a rodá-la, muitas vezes para trás, pensando exatamente para que ano quero voltar e calculando quantas voltas tenho que dar.

Quando os vultos cessam, guardo o vira-tempo no bolso da capa vermelha. O tempo está nublado e eu ainda estou no cemitério de Little Hangleton, mas estou sozinha e o túmulo de Tom também não está mais ali.

Saio do cemitério, rumo à mansão Riddle, mas nem preciso chegar até lá. Vejo um homem bonito, tão parecido com Tom, andando apressado e aparentemente perturbado rumo à mansão, então eu o paro, chamando-o.

– Tom! Tom Riddle! - eu o chamo e ele olha assustado para mim.

– Quem é você? - ele pergunta com os olhos arregalados.

– Ninguém. - digo e ele me olha com os olhos semicerrados. - Mas... Você conhece Mérope Gaunt?

– Aquela louca... Aquela bruxa... Deviam queimá-la. QUEIMÁ-LA. - ele diz exaltado.

– Espere... Espere. - insisto. - O que ela te fez?

– Enfeitiçou-me, fez-me casar com ela, eu nem... Eu nem me lembro dos últimos anos, são como memórias borradas. - ele diz confuso. - E então eu de repente acordo e estou casado com ela e ela diz que está grávida. Aquela mulher é louca.

– Ouça-me e se acalme. Ela era uma mulher apaixonada, apenas isto... Usou o seu poder indevidamente, mas isto é reparável.

– Você é como ela. - ele diz assustado, a ponto de fugir.

– Não fuja, não somos maus, nem todos os bruxos são maus e esta mulher diz a verdade, ela está grávida e você não pode abandoná-la, que tipo de homem medroso é você?

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– Eu... Eu só... Isto é loucura, magia, isto é loucura.

– Tente entender, verá que não é loucura. Não estou pedindo que continue casado com ela, apenas peço que... Não a abandone grávida. Isto não é certo.

Ele parece pensativo por algum tempo. Ele suspira e parece ceder.

– Quer que eu vá com você até Mérope Gaunt? - ele assente sem dizer nada.

A caminhada é longa, mas conversamos um pouco enquanto andamos, sempre desconverso quando ele quer saber de mim, por que pareço tão doente e de onde venho. Por fim, chegamos a uma casa modesta, porém bem arrumada. Onde uma mulher não muito bonita está sentada, chorando e abraçando as próprias pernas. Ela ergue os olhos, esperançosa.

– Tom, é você?

– Sim, sou eu. Quero saber tudo sobre sua espécie. - ele diz, espécie, penso, quanta sensibilidade.– Não vou abandoná-la por causa do filho que diz que carrega, ele também é meu, eu não posso abandoná-lo.

A mulher assente espantada.

– Prometa que nunca mais vai usar magia em mim.

– Eu... Eu prometo.

– Então vamos... Vou levá-la até a mansão da minha família, meu pai não vai gostar de você, mas minha mãe será mais compreensível e terá que ter cautela quanto a... Bem, você sabe, magia, eles não estão acostumados com isto.

– Quem é ela? - pergunta Mérope olhando confusa para mim. Riddle também olha para mim.

– Ninguém. - ele diz. - mas me deu ótimos conselhos.

– Parece que você não precisa mais de mim. Eu tenho que ir. Adeus e boa sorte. - digo deixando-os sozinhos.

Sorrio e me despeço. Ainda há outro lugar em que preciso ir. Rumo para Hogwarts, onde fico aliviada ao encontrar Dumbledore ainda bem novo, um recém-nomeado professor de Hogwarts. Vou até sua sala.

– Acho que não nos conhecemos. - ele diz quando eu adentro sua sala. - Em que posso ajudar Sra...?

– Eu o conheço, mas você não me conhece. Peço apenas um pergaminho, pena e tinteiro professor.

Ele me entrega, mas está bastante intrigado. Escrevo algumas palavras no pergaminho, coloco-o dentro de um envelope também emprestado pelo professor e dentro do envelope, coloco também o vira-tempo.

– Sei que não me conhece senhor, mas sei que posso confiar em você. Peço apenas que quando for à hora, entregue a uma garota chamada Elizabeth Snape, quanto ela tiver 16 anos, por favor, é muito importante que ela o receba.

– E quando ela começará a frequentar Hogwarts, senhora?

– Possivelmente em 1992. - ele parece surpreso, mas não diz nada. - Apenas, por favor, entregue-a.

– Não se preocupe, a carta chegará às mãos de Elizabeth Snape.

– Obrigada senhor, isto é tudo. Adeus.

Deixo um Dumbledore mais novo, intrigado e confuso, mas sei que ele entregará a carta e isto me tranquiliza. Deixo Hogwarts fraca e doente, com apenas mais um destino a seguir, a morte.