Nameless

Nameless


Acelerei com a moto desesperadamente. Precisava mais daquela sensação, tudo o que eu queria era o vento açoitando meu rosto. O que? O motivo? O vento funcionava como água e me limpava da sensação humilhante. Queria-o surrando meu rosto, tirando cada milésimo de vergonha que pudesse existir. Acelerei um pouco mais na curva, senti a moto inclinar e meu joelho quase tocar o chão. Estava sem capacete, o menor deslize tiraria minha vida.

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Na real eu estava provocando, não ligaria de perdê-la. Agora a estrada era reta, passaria o resto da minha vida reta, assim, próxima à encosta, podia ver a praia à esquerda e a floresta à direita, corri, estava a quase duzentos, abri a boca sentindo o vento, não ligaria de engolir insetos ou morrer sem ar, também não me importava de ter meu rosto deformado pelo vento, aquilo me satisfazia.

Fechei os olhos e acelerei um pouco mais, senti as lágrimas correrem, não pela dor ou pela humilhação, mas pelo próprio vento. Continuei acelerando sem parar, uma hora a estrada teria fim, um carro apareceria, algo me pararia. Cedo ou tarde eu teria de parar.

Chorei e gritei para ninguém ainda correndo. Senti minha vida passando diante da minha mente, como um filme pessoal. Não queria ver minha vida, queria esquecer tudo. Tudo. Tudo.

Esquecer...

Algo fez a moto parar, aliás, ela não parou só... Declinou?!

Abri os olhos e vi a moto suspensa, lá embaixo – bem longe – o mar. Mar...

Aquele era o mar. Provavelmente houve uma curva e por estar de olhos fechados, não vi. A moto ia caindo. A adrenalina me fez soltar a moto para me agarrar a algo firme, mas eu estava a metros da encosta. Agora era eu e o mar.

A moto cambaleou no ar e em câmera lenta. Senti que cambaleei com ela. Cambaleei com ela. Meu chão... Tanto a moto como eu nos aproximávamos do mar.

Agora o ar cortava de forma grotesca com a moto e às vezes, pela proximidade de outrora, ou ainda por estarmos juntas na queda, eu esbarrava violentamente na moto, às vezes era empurrada, mas a queda me fazia me aproximar.

Perdi boa parte da pele do braço esquerdo, o escapamento – quente – arranhou minhas costas e o freio do guidão da moto fincou em minha perna arrancando não apenas a pele, como um pedaço. Antes entretanto que eu tocasse as águas gélidas do oceano, esbarrei em algumas pedras, e por fim, a moto se chocou contra as pedras, mas foi amortecida pelo meu corpo... Minha cabeça.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.