Quase Mãe

Capítulo Único


Sua amiga tagarelava alegremente enquanto ela escolhia os produtos que ia levar. Ao seu lado, o jovem Gray encarava i balcão entediado, lamentando-se de ter tirado o palito mais curto e sido escolhido como o carregador naquele dia.


– Você tem uma paciência admirável, arranjar dois aprendizes logo nessa idade - disse ela com um risinho enquanto se debruçava sobre o balcão - Mas vendo por outro lado, eles são tão fofinhos! você não quer me dar um quando tiver crescido não?


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Ela teria feito um afago nos espessos cabelos negros de Gray, se o mesmo não tivesse recuado rapidamente para trás... Apenas para ser agarrado por Ur e içado no ar por ela, que colocou as mãos debaixo de seu braço para isso.


– Para que esperar tanto! - brincou ela para a indignação do seu pupilo - Tem certeza que não quer ficar com esse? É teimoso como uma mula, tem o senso de humor de uma árvore, o raciocínio de um peixe-boi e a sabedoria de um ganso, mas em todo caso, é compacto, não come muito e refrigera a casa. Topa?


Aquilo fez as mulheres rirem, e um Gray indignado conseguir se desvencilhar da sua mestra, e bufar indignado, enquanto arrumava suas roupas agora em desalinho.


– Eu vou esperar lá fora, onde o risco de ser atacado é menor - avisou ele, enquanto saía para a varanda da loja, deixando uma rajada de vento entrar ao abrir a porta.


– Bom, ele não tem lá um senso de humor muito apurado, não é? - comentou a outra mulher enquanto Ur pagava pelos produtos.


– Eu tinha a esperança de fazê-lo ocasionalmente sorrir, mas acho que a dor de perder a família ainda é pesada e recente demais - disse ela com um sorriso triste - Bom, é só isso por hoje. Deixe-me ir procurar o meu aprendiz antes que ele saía andando nu por aí.



Ela foi encontrar seu aprendiz na varanda, observando de forma carrancuda algo do outro lado da rua. Sua camisa e seu casaco haviam sumido.


– Gray, suas roupas! - repreendeu ela, sabendo que ele estava desenvolvendo uma compulsão inconsciente por se despir.


Ele olhou para si mesmo e se sobressaltou de surpresa.


– Quando foi que eu as tirei? - disse ele surpreso, enquanto recolhia as vestes do chão, notou o que ele observava.


Do outro lado da rua, havia um intenso tráfego de crianças com suas mães, e então ela se lembrou que hoje era um feriado dedicado as mesmas. Flores e crianças sendo milagrosamente boazinhas estavam para todos os lados.


Ela deu um sorriso de compaixão para o pequeno mago de gelo ao entender o que ele estava sentindo.


– Sabe Gray - disse ela dando um afago na cabeça dele enquanto - Não há vergonha nenhuma em se sentir triste.


– Eu não estou triste! - se defendeu ele instantaneamente, enquanto ela sentava ao seu lado no comprido banco de madeira onde ele estava e colocando o braço nos ombros estreitos dele.


– Então você está sendo bobo, e o apelido de Rainha de Gelo está na pessoa errada - disse ela em um tom suave de diversão - Por que nós não haveríamos de sentir inveja daqueles que tem ambos? Eu perdi minhafilha e você, a sua família.


Ele trincou os dentes perante aquela verdade dura, mas internamente ele estava surpreso de ouvir Ur citar a sua filha. Aquilo sempre foi um marco silencioso de dor para ela.


– Então vamos ambos nos deprimir hoje - disse Gray dando os ombros - Já que não temos mais ninguém!


– Ora, não diga isso - disse ela enquanto aninhava Gray nos braços - Eu tenho meus aprendizes e você tem a mim.


– Você não é minha mãe - disse Gray em um tom sombrio, sem perceber que aquilo podia soar cruel. Ur não se ofendeu com as palavras desmedidas do seu aprendiz.


– Nem você a minha filha, mas cada um, ocupa o coração com o que têm -disse ela sorrindo - Mas porque nós não finjamos que sim, só por hoje? Não se preocupe, vamos ter bastante tempo para treinar quando voltarmos!


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O pequeno mago ponderou aquelas palavras, antes de assentir com as bochechas rosadas.


– Não conte ao Lyon - pediu ele, e recebeu um beijo na testa em resposta.


–Eu prometo - garantiu ela, antes de rir e o levantar no ar - Agora, já que você concordou, hora de eu me sentir uma mãe novamente e forçar você a experimentar uma centena de roupas, mesmo sabendo que compraremos no máximo duas.


– E-ei, espera...


A lembrança daquele dia aqueceu Gray durante a longa e solitária viagem que o levou até Fiore e conseqüentemente, á Fairy Tail.



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Ano X795, residência dos Fullbuster



O som de choro de criança os acordou.


– Deixe, eu vou - murmurou ele sonolento, enquanto a esposa apenas se virava na cama. Ultear não era uma pessoa fácil de se acordar.


Aos tropeços, Gray Fullbuster avançou pela casa, e foi mais sorte do que raciocínio que ele acabou por trombar com o berço, onde uma garotinha de cabelos negros chorava e um urso de pelúcia caído no chão ao lado do berço, ele apanhou a pelúcia e a criança.


– Prontinho, Ur, papai está aqui - disse ele a içando por debaixo dos braços, o movimento lhe trouxe lembranças. A criança o fitava com os olhos ainda úmidos - você sabia que você teve uma avó incrível, pequenina?


O bebê obviamente não respondeu, então ele apenas lhe deu um beijo na testa e a colocou novamente para dormir.



Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.