Capítulo 3

- Tente dar uma volta com ela. - sugeriu Will na manhã seguinte, se contendo para não rir.

Christine estreitou os olhos para o mentor, desconfiada da expressão do jovem.

- É seguro?

- C-claro... - ele estava a ponto de explodir. A garota deu de ombros e se preparou para subir, mas a gargalhada de Will a fez parar.

- Se eu tentar, vou ser derrubada. - concluiu. - Não é?

Velho Bob fez que sim com a cabeça, animado.

- Garota esperta, essa aí! Tem sorte de tê-la como aprendiz, arqueiro!

O sorriso desapareceu do rosto do jovem.

- Diga-me, Bob... Eu fui o único que caiu nessa?

- Aaah, não, o pobre Gilan também foi derubado! Todos são. Pois nenhum de seus mentores cai na gargalhada.

- O que eu tenho que fazer para montar nela? - perguntou Christine. - Sem ser derrubada, digo.

- Você tem que dizer: "gallwn ni fynd?*". É galês. Significa: "podemos ir?". - explicou Will.

- Gallwin ni fynd? - repetiu a aprendiz.

- Não para mim, para o cavalo!

Ela se inclinou e sussurrou a frase na orelha de Penélope.

- Agora ela vai deixar você montá-la. - disse Velho Bob. - Experimente.

Cautelosamente, a garota subiu na cela e cutucou as laterais da pequena égua levemente. Logo, as duas corriam ao redor do cercado em uma velocidade incrível.

Quando voltaram ao ponto de partida, Velho Bob começou a falar sobre a égua.

- Ela é muito bem treinada para obedecer aos comandos dos arqueiros. Poderia manter esse ritmo o dia todo, muito depois de os cavalos de batalha grandes e sofisticados se deitam e morrem. A especialidade dela é a camuflagem. Não vai deixar ninguém montá-la sem a sena e é extremamente leal.

- Ela é linda. - disse Christine, dando uma maçã à égua. Will ergueu as sobrancelhas.

- Não lhe dê muitas maçãs, ou ela vai ficar gorda demais para correr.

Penélope relinchou, ultrajada com a ideia de ficar obesa. "Jamais!", seus olhos pareciam dizer. A aprendiz riu ao constatar que pensava do mesmo jeito que o animal. "Fêmeas", pensou Will. " Sendo humanas ou éguas, sempre com a mesma vaidade.".Não entendia o porquê.

Christine estava pensando a mesma coisa, exceto que ela entendia muito bem. Até demais.