CAPÍTULO 44

ISCA DE AÇO

Os funerais de Neville Longbottom transcorreram no dia seguinte, nos jardins do próprio castelo de Hogwarts, obedecendo à vontade do próprio Neville. Luna havia trazido o testamento, que ele havia deixado guardado em casa. Nele, o bruxo declarara querer ser cremado e ter suas cinzas espalhadas nos terrenos de Hogwarts, onde passara tantos bons anos de sua vida.

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Em uma instalação montada com vista para o lago encontrava-se a pira, com Neville Longbottom deitado sobre ela, coberto com as bandeiras do Reino Unido e de Hogwarts, juntamente com uma flâmula da Grifinória. O corpo do bruxo fora vestido com um traje de gala e no seu pescoço estava o cachecol da Grifinória. Em suas mãos, a varinha de liga de Mirtheil, veterana de tantas batalhas, dividia espaço com a Ninja-to e a Kusarigama, que ele manejara com tanta habilidade durante os confrontos contra os Death Eaters e o Círculo Sombrio.

Várias fileiras de cadeiras haviam sido dispostas em frente à pira e, voltado para elas, um parlatório para o responsável pela elegia. Por unanimidade, a escolha recaiu sobre... Harry Potter. Assim que todos estavam sentados, o bruxo tomou seu lugar no parlatório e, olhando para a assistência, deu início àquela penosa tarefa.

—Senhoras e senhores, muitíssimo obrigado pela presença de todos. É um momento especialmente doloroso o da despedida de um valoroso bruxo que mais do que tudo é meu amigo e foi meu colega durante todo o curso aqui em Hogwarts. Falar de Neville Longbottom é falar de um exemplo de evolução e de superação. De um menino inseguro, esquecido e atrapalhado a um mestre em Herbologia e Farmacologia, um exímio Bruxo-Ninja e combatente da Luz. Do garoto que, de pijamas, tentou nos impedir de ir atrás da Pedra Filosofal e foi paralisado por Hermione ao que me forneceu o Guelricho na segunda prova do Torneio Tribruxo. Do colega que me acompanhou, juntamente com outros, a um combate contra Death Eaters no Ministério da Magia ao guerreiro Ninja que ajudou a fazer a diferença na Batalha de Azkaban, para impedir que Voldemort se apossasse da quinta Pedra de Sankhara, na Batalha da Ilha Sagrada de Avalon, na qual Voldemort encontrou seu fim e em nossa guerra permanente contra o Círculo Sombrio, que acabou custando sua vida. Além disso, há outras ligações entre nós dois, algo mais pessoal, que só vim a descobrir anos mais tarde. Frank e Alice Longbottom queriam ser meus padrinhos, mas meus pais já haviam se comprometido com Sirius e Ayesha, então comprometeram-se a ser padrinhos de Neville. Isso nos tornou ainda mais próximos e justifica um dos nomes pelos quais nosso grupo é conhecido, “Inseparáveis”. Neville Longbottom, seu corpo fará parte desta escola, destes terrenos, do lago, das montanhas, de tudo isto aqui. Mas seu espírito sempre estará conosco a nos inspirar, nas batalhas que nos aguardam. Frank, Alice, Augusta, Luna, Julius, contem conosco, sempre. _ e Harry voltou-se para a pira, colocando-se em posição de reverência, levemente curvado para frente, fazendo o gesto do guerreiro, com o punho direito cerrado de encontro à mão esquerda espalmada e bradando a saudação _ KEIREI!!!

KEIREI!!!— repetiram todos, em pé e com a mesma atitude de Harry Potter.

Frank, Alice, Augusta e Luna, esta com Julius a seu lado, colocaram-se nos cantos da pira, com tochas acesas e, ao sinal de Harry, introduziram-nas nos orifícios previamente preparados. Em seguida, a lenha oleada se inflamou e as chamas cresceram, fazendo com que a fumaça subisse aos céus da Escócia. Quando o corpo e a varinha foram reduzidos a cinzas, essas foram recolhidas em uma urna e entregues a Luna juntamente com a Ninja-to e a Kusarigama, retorcidas, enegrecidas e com as empunhaduras da espada e da foice chamuscadas.

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Luna Lovegood Longbottom recebeu a urna, montou em sua vassoura e alçou voo, subindo a uma grande altura e passando a executar uma trajetória circular espalhando as cinzas do esposo, que o vento encarregava-se de espalhar. Em breve, Neville Longbottom estava integrado a Hogwarts, como parte de tudo que havia por ali.

A bruxa loira pousou e desceu da vassoura, sendo abraçada por todos os amigos. Mas, infelizmente, não havia muito tempo para chorarem seus mortos. O Círculo Sombrio não dormia.

—Precisamos planejar nossos próximos passos, Harry. _ disse Luna, com um brilho nos olhos que o bruxo de óculos conhecia bem _ Hoje foram Neville e toda a tripulação de um submarino do próprio Círculo. Quem será capaz de dizer quais serão as próximas vítimas de “Escuridão”, “Sombra” e Mariana?

—Tem razão, Luna. Mas não é o momento de tocar o seu violino.

—Eu sei disso, Harry. Por mais que eu queira dar vazão à minha fúria, agora é a hora de manter a cabeça fria. Mais uma para a conta de “Escuridão”.

—Que já está bastante alta. _ disse Harry _ Amanhã, assim que os outros parentes e convidados forem embora, vamos nos reunir na Sala Precisa.

Ilhabela-SP, Brasil

Os dias de folga da tripulação do “Galactic” em São Sebastião estavam chegando ao seu final e logo todos teriam que embarcar novamente. Em Ilhabela, Draco e Svetlana elaboravam os planos que poderiam significar o golpe fatal no Círculo Sombrio, ao mesmo tempo em que procuravam aproveitar o sol, as praias e demais belezas naturais da ilha. Surfaram, mergulharam, fizeram trilhas, tomaram banho em várias das trezentas e sessenta e cinco cachoeiras (isso mesmo, uma para cada dia do ano, um dos orgulhos de Ilhabela) de águas límpidas e geladas. Todas as noites, depois do jantar, estabeleciam os contornos da armadilha que estavam preparando para “Sombra” e “Escuridão”. Sentados à mesa, bastante bronzeados e tendo à sua frente uma garrafa de Chardonnay e uma jarra de água gelada, pareciam estar satisfeitos com os rumos que suas ideias estavam tomando.

—A isca poderá ser lançada em breve, então? _ perguntou Svetlana.

—Sim. Só precisaremos colocar a isca no circuito. Para isso, a ajuda de Harry e do Prof. Mason será fundamental. _ disse Draco _ Assim que puder, entrarei em contato com eles e vamos balançar um peixão bem na frente do nariz do Círculo.

—E como você vai fazer isso? _ Svetlana estava preocupada com a possibilidade de descobrirem seu amigo.

Не волнуйся, Света (“Ne volnuysya, Sveta”, “Não se preocupe, Sveta”), ser o Prior do Conselho dos Sete me dá a vantagem de poder circular pelo mundo inteiro, sem precisar pedir permissão, bastando dar ciência a “Escuridão” de minhas intenções e destinos. _ disse Draco, tranquilo _ Além disso, temos mais gente infiltrada no Círculo, agora que você é uma de nossas aliadas, posso te contar. Lembra-se de uma garota que se formou um ano antes da minha turma, uma loira bonita transferida de Durmstrang, que depois entrou para a Academia de Aurores?

—Fala de Anastasia Artamonov? Claro que eu me lembro dela. Mas desapareceu, nunca mais soube dela.

—Foi assassinada por um operativo do Círculo, depois de descobrirem que um elemento da organização passava informações para ela. Você não sabe dos detalhes, aquilo foi antes de você entrar para o Círculo. Esse elemento é o informante de quem eu estou falando, seu codinome é “π” e ela já nos ajuda há um bom tempo. Também havia o elfo doméstico Pooka, mas “Sombra” o matou. Bem, a bagagem está arrumada e amanhã retornaremos a São Sebastião, para que você possa embarcar no “Galactic”.

—Ótimo. Assim já poderei começar a fazer a minha parte. “Escuridão” vai passar por outro tremendo ridículo. Enquanto ele pensa que poderá voltar a manter o mundo sob uma espada de Dâmocles...

—... Na verdade estará facilitando sua própria derrota. O Shicho realmente será desfechado, mas não será ele a alcançar o Tsuru no Tsugomori.

Draco e Svetlana estavam sendo observados, sem que percebessem. Alguém prestava muita atenção no resultado da discussão dos planos.

Hogwarts, dia seguinte.

Como os adultos estavam utilizando a Sala Precisa, restava aos Novos Marotos buscar outro lugar para darem os retoques finais na sua parte dos planos e era o que faziam, na casa de barcos, protegida com Feitiços de Privacidade. Albert Pettigrew e Randolph Lupin já tinham conhecimento de como Daphne Cornwall permitiria uma invasão de Hogwarts por parte do Círculo, de uma maneira que ela garantia ser infalível.

—Tá, ela diz ser infalível e realmente é. _ disse Tiago _ Mas só se você não tiver conhecimento. A partir do momento que você sabe, torna-se relativamente fácil de neutralizar.

—Realmente. _ disse Narcisa _ Eu já estou tendo algumas ideias e acho que todos estão pensando em algo, não é, Ti?

—Com certeza, Ciça. _ disse Tiago _ Quanto mais ideias diferentes nós tivermos, melhor será para cruzarmos os projetos e darmos os contornos finais do plano.

—E enquanto Randy não enjoar das nozes, teremos informações fresquinhas. _ disse Adriano, de mãos dadas com Nereida _ Até o momento, já sabemos como neutralizar aquelas pichações e, melhor ainda, voltá-las contra ela.

—Então, no momento em que soubermos quando a invasão ocorrerá, já teremos como neutralizá-los. _ disse Leilane _ Mas terá que ser tipo uma “pescaria com covo”.

—???

—Andei lendo sobre isso, outro dia. Os pescadores que usam esse método dão um jeito de encaminhar os peixes em direção a um lugar do qual eles não podem sair. Para isso, utilizam o “covo”, que é uma armadilha afunilada que desemboca em um espaço sem nenhuma outra saída. E eles não podem retornar porque a boca é muito estreita para tal.

—Certo. _ Larissa sorriu _ Vai ser então como tocar um rebanho de gado.

—Como mamãe costuma dizer e nós já vimos na estância, teremos que “tanger a boiada para o brete”. _ disse Narcisa.

—E depois, deixá-los esperando a marcação. _ disse Lílian, de mãos dadas com Mariel.

—Não chegaremos a tanto, Lílian. _ Adriano deu uma risada, divertido com a comparação _ Afinal de contas, nem mesmo teremos matambre.

Todos riram com o comentário do jovem. “Matambre” era uma parte de um dos bois, que era abatido por ocasião da marcação do gado, para servir de alimento aos peões durante o dia de trabalho. Como ficava pronta mais rapidamente, era a primeira a ser consumida para matar a fome dos peões (“mata-hambre”, “mata-fome”, em espanhol) enquanto o boi era carneado e os cortes iam para o espeto, em um belo churrasco de fogo de chão.

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—De qualquer forma, o princípio deverá ser esse. _ comentou Julius, com Sun-Li ao seu lado, o jovem usando de todo o seu treinamento para controlar a fúria que sentia e direcioná-la para o combate que se avizinhava.

—Sim, eu já estou tendo algumas ideias que poderão ter utilidade nos planos que bolarmos. _ disse Mirela.

—E juntaremos le nostre idee, aproveitando os pontos que puderem se encaixar para il piano finale? _ perguntou Vicenzo _ Stupendo. Como já sabemos os meios que Daphne Cornwall vai usar, teremos que acrescentar i dettagli para a, como disse Leilane, “pescaria com covo”.

—Levá-los para onde quisermos e então pegá-los, todos de uma só vez. E ainda teremos apoio de alguns professores. _ disse Lílian _ Acho que mamãe poderá nos orientar, afinal de contas, batalhas não são novidade para ela.

Na Sala Precisa, os Inseparáveis e a Ordem da Fênix estavam reunidos para traçar planos mais agressivos em relação ao Círculo Sombrio. A ousadia e o desequilíbrio de “Escuridão” estava chegando a um ponto tal que a organização criminosa poderia executar um golpe com implicações graves e irreversíveis.

—Bem, gente, o Círculo Sombrio chegou ao limite do tolerável. Seus golpes estão atingindo proporções assustadoras. Embora tenham perdido um importante meio de ameaça, o submarino “Leviathan”, eles ainda representam um grande perigo, como pudemos ver nessa última operação na Flórida, que infelizmente acabou custando a vida de nosso amigo e bravo guerreiro, Neville. _ disse Harry.

—Talvez esteja na hora de começarmos a tomar a ofensiva, Harry. Temos que levar a guerra ao quintal deles. _ disse Luna.

—De acordo, Luna. _ concordou Hermione _ Sabemos que a base de operações do Círculo Sombrio, a”Cidadela de Bóreas”, fica no Ártico. Mas ainda assim é uma extensão muito grande, com a Groenlândia, bancos de gelo, etc.

—Mas há outro detalhe, Sra. Weasley. _ disse Claudiomir _ Temos que lembrar que a base está em um espaço mágico, uma dimensão diferente. E isso faz pensar bastante.

—Como assim, Capitão? _ perguntou Pendergast.

—Não sou bruxo, Pendergast, mas desde que comecei a tomar contato com o mundo mágico aprendi bastante, portanto posso supor algumas coisas, além do que eu já sei. Toda magia deixa algum rastro de energia e talvez esse rastro possa ser detectado.

—Mesmo que eles utilizem meios para mascarar o rastro? Porque sei que há métodos para dissipar emanações mágicas. _ disse Janine, com a aparência da professora Guise.

—Para dissipar e disfarçar uma área pequena, sim, Jan. Mas para uma área maior, tipo Hogwarts, Avalon ou uma base de operações no meio do Ártico os meios, por mais eficazes que sejam, podem deixar passar alguma energia que pode acabar sendo percebida. _ disse Hermione _ Como bruxos podem perceber lugares mágicos disfarçados, eles não prestam atenção em eventuais emanações residuais que possam escapar do “abafamento” mágico. _ disse Hermione.

—Já trouxas não seriam capazes de perceber as emanações, a não ser que fossem mais sensitivos ou paranormais como eu era, antes de vir para Hogwarts e manifestar magia. _ disse Janine, deduzindo a partir das explicações da professora de Transfiguração de Hogwarts _ E mesmo assim, poderiam apenas experimentar uma sensação passageira e também não dariam importância a ela.

Isso mesmo, Jan. _ disse Gina _ Isso significa que a área teria de ser inspecionada e rastreada, atrás de eventuais emanações. Daria um trabalhão.

—Existe algum feitiço que possa ser utilizado para detectar vestígios de energia mágica? _ perguntou Claudiomir _ creio já ter lido alguma coisa sobre isso, na biblioteca do Ministro Mafra.

—Poucos, pelo que eu me lembro. _ disse Janine _ E não é qualquer bruxo que é capaz de executá-los. Mesmo assim, o trabalho de cobrir uma área muito extensa seria enorme.

—A não ser que... _ Hermione deixou a frase no ar, pensativa.

—... Que o quê, Hermione? _ perguntou Cho _ Seria como o que estou pensando? Associar o feitiço a um aparelho tecnomágico? Recorrer aos talentos dos gêmeos Weasley?

—Exatamente, Cho. _ disse Hermione _ Bruxos poderosos, associando esses Feitiços de Rastreamento a aparelhos tecnomágicos e depois deixando-os a cargo de Aurores, poderiam cobrir uma área muitíssimo mais ampla.

—Poderia dar certo. _ disse Sirius _ Mas, mesmo se detectássemos a entrada para esse espaço mágico onde encontra-se a “Cidadela de Bóreas”, a passagem ainda precisaria ser aberta.

—Precisaríamos de gente dentro do complexo. _ disse Ayesha, pensativa, ao lado de Sirius _ A sorte é que temos Draco.

—E não nos esqueçamos de “π”. _ disse Rony _ Com eles, nossas chances aumentam.

—Tudo indica que será uma operação na qual vão se mesclar aspectos das batalhas de Azkaban e Avalon. Descobrir o local, abrir a porta, infiltrar, estabelecer a posição, sustentá-la e garantir a entrada do grosso da tropa. _ disse Luna _ Mas ainda nos falta uma coisa, algo do que certamente precisaremos.

—E o que seria? _ perguntou Hsiao.

—Um “Cavalo de Tróia”. O meio para infiltrar e estabelecer a “Cabeça-de-Ponte”.

—Tem razão, Luna. _ disse Luke _ É a peça que falta.

Um calor na mão esquerda de Harry e o brilho do anel de comunicação dos Inseparáveis acabaram por dar a resposta.

—Acho que não falta mais. _ disse Harry _ Com licença, vou sair da sala um pouco. Não sei como Draco conseguiu, mas ele conservou o anel de comunicação dos Inseparáveis.

Poucos instantes depois, Harry voltou, trazendo uma Bolha de Mensagem. Quando ele a rompeu, surgiu a figura de Draco, em... trajes de verão? Depois que ele falou, o grupo começou a ficar mais animado.

—E aí, Harry, acha que vai dar? _ perguntou Gina.

—Não vai ser muito fácil, mas vamos fazer o possível. Não é, Prof. Mason? Vamos fazer algumas ligações? _ perguntou Harry.

—Precisaremos fazer um grande número de contatos, mas acho que vai dar. Ainda bem que alguns membros do Admiralty Board, o Conselho do Almirantado, me devem alguns favores. _ disse Mason.

—Eu gostaria de acompanhar vocês. _ disse Claudiomir _ Há um dos membros do Conselho do Almirantado que eu não vejo há muito tempo e que também me deve um favor. É um cara muito legal, eu fiquei meio sem jeito de cobrar o favor, mas agora é uma situação de extrema necessidade.

—Perfeito. _ disse Mason _ Amanhã mesmo iremos a Londres, fazer uma visita aos nossos amigos do Admiralty Board.

“Cidadela de Bóreas”, dia anterior.

Draco havia chegado à base de operações do Círculo Sombrio, acompanhado de Svetlana. A jovem Primeiro-Imediato do “Galactic” havia sido liberada pelo Capitão McKenzie e tomara uma Chave de Portal para o Ártico. Nas coordenadas da entrada, em pleno campo de gelo, Draco Malfoy esperava por ela, com uma garrafa de chocolate quente. Atravessaram a passagem e embarcaram em uma lancha, atravessando o lago que cercava o castelo.

No interior do castelo, um mensageiro veio avisá-los.

—Lorde “Viper”, Srta. Dolohov, o Conselho dos Sete já está reunido com “Escuridão”, somente aguardando pela senhorita e pelo Prior. Queiram me acompanhar, por gentileza.

Acompanharam o mensageiro e adentraram a sala de reuniões, ocupando seus lugares. Draco na cadeira do Prior do Conselho dos Sete e Svetlana em um assento reservado aos convidados. Na mesa principal, presidindo a reunião, “Escuridão” e “Sombra”, com Mariana Lugoma à esquerda de “Escuridão”.

—Está iniciada a reunião de hoje, para estabelecer nossos próximos passos. Todos nós sabemos que nossa organização sofreu um duro revés e uma grande perda com a destruição do submarino “Leviathan”, que precisou ser sacrificado com sua tripulação, para que não corrêssemos o risco de também perder o “Galactic”, sua doca e base de operações móvel (Svetlana controlou-se o máximo que pôde, ao ouvir aquelas palavras). Sem o submarino, nossa capacidade de manter o mundo como refém diminui drasticamente e leva ao malogro de nosso ultimato à ONU. No momento, estou aberto a sugestões de como poderemos preencher essa lacuna.

Tomou um gole de água e aguardou que alguém do Conselho dos Sete se manifestasse. Então, Draco pediu a palavra.

—Creio que há uma solução, “Escuridão”. E ela deixará as coisas como estavam. A Srta. Svetlana Dolohov tomou conhecimento de um fato que poderá fazer com que recuperemos nosso fator de intimidação.

—Deixemos então que ela se manifeste. Pode nos dar conhecimento de sua ideia, Srta. Dolohov. Aliás, a senhorita já demonstrou ser tão valiosa para o Círculo quanto seu tio o foi para os Death Eaters.

—Muito obrigada, “Escuridão”. A ideia é simples e, basicamente, se constitui em “mais do mesmo”. Embora o “Leviathan” fosse um formidável vaso de guerra e possuísse um fantástico poder de fogo, um submarino classe “Typhoon” é um remanescente dos anos da Guerra Fria e um tanto quanto obsoleto. Mas isso poderá ser remediado, pois tomei conhecimento de um fato que me foi trazido por um dos nossos operativos, lotado na Royal Navy. Ele relatou que...

Svetlana Dolohov expôs as informações das quais tinha conhecimento e depois que ela concluiu seu relato, “Escuridão” estava satisfeito.

—Fantástico, Srta. Dolohov. Essa notícia nos coloca novamente no circuito. Essa operação deverá ser colocada em prática assim que a data for confirmada. Seu gerenciamento ficará a cargo da senhorita e sob a coordenação de Lord “Viper”. Esta reunião está encerrada.

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Na manhã seguinte, Draco estava em seus aposentos. Uma batida à porta se ouviu e logo ela se abriu, dando passagem a uma camareira.

—Com licença, Lord “Viper”, prometo não incomodá-lo muito.

—OK, creio que você não levará mais do que 3,14 minutos para fazer o seu serviço, não é, “Hillary Duff”?

—Sem dúvida, Draco. _ respondeu “π” _ Soube que você está com um plano novinho em folha e que Svetlana Dolohov está colaborando. Eu já sondei o Ki da garota e vi que dá para confiar nela.

—Eu sei. Já havia feito a sondagem e concluí que ela é sincera. O sacrifício do “Leviathan” e de sua tripulação mexeu muito com ela.

—Então, conseguimos mais uma aliada?

—Certamente. E vamos dar ciência disso a Harry, o mais depressa possível. Isso pode representar a oportunidade de atingir o Círculo Sombrio com uma firme e forte estocada direto no coração. Uma Bolha de Mensagem à prova de detecção já está a caminho. _ disse Draco Malfoy, preparando-se para conjurar a Bolha.

Sede do Admiralty Board, dia seguinte.

—Acho muito difícil que o restante do Conselho concorde com essa sua ideia, Derek.

—Pode ser, Almirante, mas é a única solução. _ disse Mason _ Essa foi a melhor ideia que tivemos e é a única que tem alguma chance de sucesso.

—Continuo dizendo que os outros membros não concordarão.

Lord Hamilton, não saberemos se não dissermos aos outros e, principalmente, ao Primeiro Lorde. _ disse Harry _ Aliás, já demos ciência a ele.

—Isso é golpe baixo, Sr. Potter. _ disse o Almirante _ Como hoje é dia de nossa reunião semestral, ele já deve estar cheg...

A porta se abriu, interrompendo as palavras de Lord Edwin Hamilton, descendente do 9º Conde de Haddengton, que fora Primeiro Lorde do Almirantado de 1841 a 1846. Por ela entrou o Primeiro Lorde do Almirantado Britânico, William Arthur Phillip Louis, Rei do Reino Unido, da Comunidade de Nações e Chefe da “Commonwealth”, que ascendeu ao trono devido à abdicação de sua avó e de seu pai em seu favor, por terem a certeza de que ele seria um excelente monarca.

—Harry, mas que surpresa! Há anos eu não o vejo, creio que foi desde o julgamento de Draco Malfoy, quando... _ disse o Rei William.

—... Quando provamos a inocência de Draco e expusemos o espião do Círculo Sombrio na InterSec, o maldito “Mantis”. _ disse Harry _ É um prazer vê-lo novamente, Majestade. A família vai bem?

—É recíproco. Sim, Kate, George e Charlotte estão ótimos e os filhos do meu irmão, Victoria e Archie, receberam as cartas de Hogwarts. Mas, pela presença de Derek Mason e do segurança pessoal do Ministro da Magia do Brasil, o valoroso oficial do BOPE, Capitão Claudiomir, a visita não é social, acertei?

—Na mosca, Majestade. _ disse Claudiomir _ Um assunto da maior relevância é a razão de nossa presença. Temos um plano, arriscadíssimo, porém com a chance de acabarmos com o Círculo Sombrio.

—Seja qual for o resultado da votação do Conselho, estou disposto a ouvir. Vamos esperar os outros Almirantes chegarem.

Com a chegada dos demais membros do Admiralty Board, Harry montou uma tela e inseriu uma pen-drive no notebook, que estava conectado ao datashow. Após aquele procedimento inicial, Harry, Derek e Claudiomir fizeram a exposição do plano que haviam elaborado com base nas informações de Draco.

—E é fundamental que os detalhes fiquem somente entre nós. Sabemos que o Círculo Sombrio tem operativos infiltrados na Royal Navy e é com isso que contamos, para que sejam vazadas somente as informações que queremos.

—Mas é muito arriscado, Sr. Potter. _ argumentou o Almirante Saunders _ Envolver nesse plano extremamente arriscado a nossa mais nova embarcação classe “Astute” é um tanto quanto exagerado.

—Qualquer outra embarcação não seria suficiente para atiçar a cobiça de “Escuridão”, Almirante. _ disse Mason _ Depois de perder um submarino classe “Typhoon”, mesmo que meio antigo, ele só iria se satisfazer com o que houvesse de mais moderno em matéria de poder bélico naval.

—Mesmo assim, é um grande risco dispormos do “Audacious II” como uma isca de altíssimo valor. _ disse o Almirante Torrington _ Bem, teremos que votar essa invulgar proposta.

—De acordo, meus caros. _ disse o Almirante Graham, o último dos quatro membros do Alto Conselho do Almirantado a chegar à sala _ De antemão, quero expor o meu ceticismo quanto a esse plano. Arriscar qualquer outro submarino, ainda mais um de classe “Astute” e, principalmente, o “Audacious II”, é um luxo ao qual a Marinha não pode se dar.

—Mas nossas chances de sucesso dependem de corrermos esse risco, Almirante Graham. _ disse Claudiomir _ Todos os senhores têm conhecimento dos sucessos anteriores contra os planos do Círculo, principalmente da última operação na Flórida, na qual Harry Potter salvou milhares de vidas e impediu que os parques de Orlando e boa parte do estado sofressem uma contaminação radioativa.

—Sabemos disso, Capitão Claudiomir. _ disse o Rei William _ E pode ter certeza de que todos os serviços prestados ao Reino Unido pelos senhores serão levados em consideração na tomada da decisão deste colegiado.

—Assim esperamos, Majestade. _ disse Mason _ Contamos com a compreensão e com o senso de justiça dos senhores, no sentido de considerarem a nossa melhor chance de ferir mortalmente o Círculo Sombrio.

—E mais, senhores. _ disse Claudiomir _ Não considerem nossa presença aqui como uma cobrança de favores do passado. Deliberem e votem de acordo com suas consciências e com a ciência da necessidade de uma ação decisiva contra o Círculo Sombrio, por mais que seja arriscado dispor dessa belonave. Ah, se o senhor quiser passar mais um Carnaval no Rio de Janeiro, não deixe de me procurar primeiro. Garanto que serão dias de folia sem intercorrências, Almirante Graham.

Saíram da sala, para que os membros do Conselho do Almirantado deliberassem. Após algum tempo, o próprio Rei William comunicou a eles que o Conselho do Almirantado havia decidido, por unanimidade, apoiar a ideia dos bruxos.

—Impressionante. _ disse o Rei _ Eu pensava que seria um empate em 2 x 2 e que o “Voto de Minerva” terminaria por caber a mim. Mas o Almirante Graham, que foi o primeiro a votar e que eu pensava que votaria contra, foi enfático em votar favoravelmente. Senhores, eu não sei o que disseram ou fizeram, mas deu resultado e o seu plano poderá prosseguir. Boa sorte e que Deus e Merlin nos ajudem.

—Obrigado, Majestade. _ responderam todos despedindo-se do Rei, após as respeitosas reverências de praxe.

Saíram da sede do Almirantado e foram para a rua. Então Mason olhou para Claudiomir, com uma expressão safada no rosto.

—Você não presta, Claudiomir. _ disse Mason _ Dizer aquilo para o Almirante Graham foi golpe baixo.

—Que história foi essa do Almirante Graham no Carnaval? O que foi que rolou que eu não estou sabendo? _ perguntou Harry.

—Há vários anos, o Almirante Graham, que ainda era Capitão, estava em férias e foi passar o Carnaval no Rio. _ disse Mason _ Ele se envolveu com uma garota, plantada por pessoas que queriam chantageá-lo, em troca de informações da cúpula da Royal Navy. Por sorte, Claudiomir conseguiu ajudá-lo, pois aquilo poderia arruinar a carreira dele.

—Fora o casamento. _ disse Claudiomir _ Eu conheci a Sra. Graham e ela é uma fera.

—Nem vou perguntar em que estado ficaram os que tiveram a infelicidade de passar pelas suas mãos. _ disse Harry.

—Que maldade, Harry. Assim eu vou achar que você está pensando mal de mim. _ disse Claudiomir _ Não precisei matar ninguém e eu soube que os que conseguem se alimentar sem ser por via endovenosa já estão conseguindo tomar sopa... com canudinho. A garota está bem, até arranjamos um emprego para ela, no Departamento de Limpeza Urbana.

—O Prof. Mason tem razão. _ disse Harry _ Você não presta, Claudiomir.

Entre risos, os três tomaram um táxi-bruxo para a Rua Charing Cross. Iriam almoçar no Caldeirão Furado, onde tinham uma sala reservada à sua espera, antes de retornarem para Hogwarts.

—Mas como faremos para avisar o pessoal? _ perguntou Claudiomir, curioso com as possibilidades _ Pois eu sei que há muitos aliados que dariam um braço para participar dessa operação.

—Você está certo, Claudiomir. _ disse Mason _ Por sorte, temos meios de avisar a todos.

—E quanto à segurança? _ perguntou Claudiomir.

—Não se preocupe, Claudiomir. _ disse Harry _ Poderemos mandar a comunicação a todos os nossos amigos ao redor do mundo. E no caso de algum dos calhordas do Círculo interceptar a comunicação, ela se criptografa automaticamente, graças a um feitiço que desenvolvi.

—E não há como o Círculo quebrar sua criptografia? _ perguntou Mason.

—Não como a desenvolvi, Prof. Mason. Basta dizer que, entre as codificações, eles teriam que traduzir até mesmo Klingon, Ferengi e Vulcano. Duvido que consigam avançar uma sílaba. _ disse Harry, sorrindo.

—Então, creio que agora está na hora de nossa equipe se mobilizar e lançar um “Salve Geral”. _ disse Claudiomir.

—Como assim?_ perguntou Mason.

—Lembra-se de como é quando a bandidagem do Rio precisa mandar uma mensagem de grande abrangência, que alcance a facção como um todo ou mesmo várias facções? _ perguntou Claudiomir, ele mesmo respondendo _ A comunicação tem o nome de “Salve Geral”.

—Ou seja, lançaremos um “Salve Geral do Bem”. _ disse Harry, já preparando a mensagem.