POV. Caspian.

- Não sei mais o que fazer com ela... – comentou o rei, de costas para mim. – O que o senhor faria general... Se estivesse no meu lugar?

Sua pergunta me surpreendeu. O rei estava pedindo a minha opinião? Nos poucos segundos que demorei em responder, pude ver Miraz, meu tio e conselheiro do rei, olhar-me com raiva. Ignorei-o como sempre fazia.

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- Eu não tenho filhos, majestade, acho que não posso ajudar falando como pai... Mas talvez eu possa falar como filho. – respondi. O rei virou-se para mim sentando em seu trono e olhando-me com olhar curioso.

- Interessante... Continue. – ordenou. Era uma boa oportunidade, afinal eu sabia o que Susana pensava e os motivos que ela tinha.

- Meu senhor – Miraz deu um passo a frente quando eu abri a boca para responder.. – Caspian é novo, provavelmente dará forças e razão ao espirito rebelde da princesa.

Bufei.

- Muito pelo contrário. – arrematou o rei. – Caspian vive no palácio desde pequeno, Miraz, eu o vi crescer junto com minha filha e sei que ele possui a cabeça no lugar, é maduro e sábio apesar da pouca idade. – disse ele. Miraz teve que recuar e assentir falsamente enquanto olhava-me com raiva. Respondi calmamente.

- Com sua licença, meu rei. – dei um passo a frente com a mão repousando no punho da espada embainhada. – Acho que o senhor devia dar mais liberdade a ela, digo, não fazê-la achar que o castelo é uma prisão. Deixá-la ir a cidade quando quisesse, claro, sempre acompanhada de um soldado...

- Está dizendo que devo deixar minha filha fazer o que quiser? – testou o rei. Miraz me encarou com um sorriso orgulhoso.

- Não, senhor. – falei. – Digo que a super segurança que o rei põe sobre ela a faz ver a própria casa como uma prisão e dá a ela a vontade de sair da mesma. – expliquei. – Acho que... Se lhe fosse dada mais liberdade ela optaria por ficar mais tempo dentro dos muros do castelo. Diminuiria sua vontade de sair dele. – até porque eu também queria a segurança de Susana, mas morria de ciúmes ao vê-la cercada de soldados que, apesar de estarem trabalhando, não eram impedidos de olhá-la com cobiça e fazer comentários nada agradáveis a seu respeito. Eu os ouvi diversas vezes fazendo isso nas reuniões que aconteciam no estábulo as sextas à noite. Até acabei brigando com um deles por causa disso... – Quanto às idas da princesa a cidade eu não vejo problemas, afinal, ela está com o povo do qual um dia será rainha.

O rei Franco me observou por alguns segundos com o olhar surpreso e curioso.

- Como sabe de tudo isso...? – perguntou. Dei de ombros.

- É como eu me sentiria, senhor...

O rei riu.

- Viu o que eu disse Miraz?! – ele ria. – Esse rapaz vale ouro!

Miraz teve que assentir contra a vontade. Alguns segundos de silêncio enquanto o rei tomava a sua decisão. Ele levantou de seu trono.

- Sua resposta me surpreendeu, confesso que sim. Você tem razão e eu já sei o que fazer.

- Sabe? – Miraz temeu.

- Sei. Irei fazer o que Caspian disse, deixarei apenas um soldado tomando conta de Susana. Ele irá acompanha-la para onde ela for e me trará constantes relatórios do que ela anda aprontando, além de ser muito bem recompensado com ouro e pedras preciosas... – ele fez uma breve pausa. – E já tenho o soldado ideal para fazer isso, um homem de confiança, um ótimo guerreiro, leal ao rei e de ótimos conselhos, um soldado maduro e sábio o suficiente.

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- E quem seria, majestade? – quis saber Miraz com certa certeza de se encaixar nas características. Certo receio me ocorreu. Há tempos venho ouvindo Miraz falar que queria uma nova esposa, uma que fosse jovem e bela assim como minha falecida tia fora um dia e o que mais me amedrontava era a ousadia dele de querer juntar uma quantidade de dinheiro tão grande para pagar um dote digno da filha do rei. É claro que eu não permitiria. Até me arrisquei ao tirar determinadas quantias de seu acumulo...

O rei olhou para Miraz.

- Devo lhe dar os parabéns, Miraz. – disse o rei e meu coração se apertou. Não, Franco não pode aproximar aquele crápula de Susana... Não da minha Susana... Miraz enchei o peito já glorificando a si mesmo. Esperamos o rei continuar. – Você está de parabéns, meu amigo. – pôs a mão no ombro de Miraz que sorriu. – Seu sobrinho é um rapaz de honra. Apesar da morte de sua esposa e dos pais dele, você criou sua filha e Caspian e contribuiu muito para eles se tornarem o que são hoje.

Sim, ele contribuiu mesmo, tudo o que ele fazia eu fazia exatamente o contrário, ou seja, eu fazia a coisa certa.

- Er... Obrigado, meu rei. – ele curvou-se brevemente e ainda não tínhamos uma resposta do rei. Franco voltou-se para mim.

- Você é de ouro, Caspian, e eu não vejo ninguém melhor. Você aceita esse novo trabalho?

Isso sim me deixou surpreso. Não só a mim como a Miraz. Seus olhos se arregalaram e sua face se avermelhou. Meu coração quase burrificou meu peito de tanto pular.

- Tá falando sério?! – falei, pigarreando logo em seguida. – Será uma honra, meu rei. – sorri de orelha a orelha e Miraz ficou mais vermelho. – Obrigado.

- Ótimo! – o rei sentou-se novamente. – Pode ir agora e diga a Susana minha decisão.

- Agora mesmo, senhor. – fiz uma reverencia e sai tentando me controlar para não sair pulando.

Os guardas fecharam as portas da sala do trono quando saí e eu segui para as escadas a passos largos sem conseguir parar de sorrir.

Eu estava tão feliz que nem conseguia pensar direito, sequer percebi que alguém vinha em minha direção.

- Posso saber o motivo de tanta alegria? – perguntou a loura, fazendo-me parar no primeiro degrau. Sorri.

- Não, Lilliandil, não pode.

Ela bufou.

- Sabe que detesto esse nome, porque não me chama de Lilly? – ela estava irritada.

- Por que acho esse apelido infantil demais. – falei. – Mas até que ele se encaixa com quem ainda brinca de bonecas. – provoquei. Ela bateu pé de uma forma birrenta e saiu pisando fundo resmungando que não brinca mais de bonecas.

Essa é minha prima, Lilliandil, filha de Miraz. Ela bem merece o pai que tem. É a versão feminina dele e meu carma. Ainda não sei o que fiz para ter ela na família... Mas enfim, minha felicidade é tanta que nem Lilliandil vai conseguir estraga-la.

Continuei subindo as escadas, ao chegar ao topo, dobrei para a direita e depois no primeiro corredor a esquerda. Passei em frente a uma das janelas daquele corredor. Ela dava vista para o jardim, lá vi Edmundo e Lucia, sentados ao pé de uma arvore abraçados e rindo. Sorri imaginando quando poderia agir assim com Susana sem ser mandado para a forca. Até lá, tudo teria que continuar às escondidas.

Olhei para os dois lados antes de bater na porta do quarto dela. A porta abriu e Susana me encarou com os olhos assustados olhando para constatar que ninguém nos via. Quando viu que não, puxou-me para dentro do quarto e trancou a porta.

- O que está fazendo aqui, Caspian? Se alguém vir você... – ela sussurrava.

Beijei-a para que parasse de falar. Quebrei o beijo logo em seguida.

- Calma, Su, o próprio rei me mandou aqui. – sussurrei também. Ela uniu as sobrancelhas.

- Como assim?

Peguei-a pela mão e a levei até a poltrona. Susana sentou ali e eu, ainda sem soltar sua mão, ajoelhei-me a sua frente.

- Seu queria falar comigo sobre você.

- Sobre mim?

- É. Queria minha opinião sobre o que ele deveria fazer com você a respeito de suas fugas... Eu disse o que achava e ele decidiu que colocaria apenas um soldado responsável por você dentro e fora do castelo. – falei. Susana esperou que eu continuasse. – E – sorri. – Ele escolheu a mim para esse novo trabalho.

Susana processou minhas palavras, abriu um sorriso largo e lançou-se contra mim abraçando-me e nos derrubando no chão.

- Não acredito! Caspian, isso é ótimo! Vamos poder passar mais tempo juntos, meu amor... – ela riu e eu a acompanhei. Sentamo-nos no chão.

- E essa nem é a melhor parte. – falei. – Eu finalmente vou conseguir o dinheiro que falta para pagar seu dote, Su... – afaguei seu rosto.

- Não vejo a hora de isso acontecer... – olhou em meus olhos. – Pertencer a você e só a você...

Beijei-a, em seguida a abracei.

- Não vamos ter que esperar por muito mais tempo, meu amor. Eu prometo.