21st Century Girls

Bangtan: Dia D


— Rap Mon? Namjoon. Ya, Kim Namjoon!

— Mwo? - Rap Monster grita com o susto, e quase derruba o celular no chão - Aigoo, hyung! Dessa vez ia quebrar o celular, sabia?

Jin ergue as sobrancelhas.

— O que posso fazer se você fica com o nariz tão grudado nessa tela que não me escuta falar com você? - responde, mas em seguida faz um gesto para deixar o assunto de lado - Vamos, os meninos estão esperando no outro quarto.

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Rap Monster se põe de pé e os dois saem do quarto do hotel, caminham pelo corredor até algumas portas adiante.

— Aliás, o que estava vendo no celular pra te deixar com aquela cara de quem viu um unicórnio mas não sabe se acredita ou não? - Jin pergunta, e o líder franze a testa.

— Mas que diabos de comparação é essa? - diz, abrindo a porta e entrando no quarto.

Jimin está deitado numa das camas, com um envelope nas mãos, e Suga mais parece um monte de lençóis do jeito que está encolhido na outra, aparentemente dormindo.

Jin dá de ombros com o comentário.

— Só falei o que vi.

O líder solta um risinho incrédulo e dá um tapinha no ombro do mais velho.

— Falo já. É algo que quero compartilhar com todos juntos.

— Hmm, boas novas? - a voz de Hoseok irrompe o quarto, e os dois se viram para vê-lo entrar seguido de Jungkook.

O main dancer não espera uma resposta, e se joga na cadeira ao lado da escrivaninha, girando-a no lugar até ficar tonto, hiperativo como sempre. O maknae pula sobre Jimin só para provocar, fazendo o mais velho começar uma lutinha infantil e pouco justa, visto a força do mais novo. Enquanto isso, Rap Mon e Jin discutem quem deve acordar Yoongi.

— Ah, apenas peça que Jimin-ah faça isso. - Hoseok intervém - O hyung nunca bate nele.

Jimin escuta e para sua luta para juntar as mãos em um V e pousar o queixo no meio.

— Ele não é páreo para a minha fofura. - declara.

— Eu não sou páreo para quem, Park Jimin? - a voz de Suga soa sinistra sob o cobertor e todos congelam.

Taehyung é quem salva a pátria ao entrar no quarto de repente, com cara de cachorro sem dono. Ele se deixa cair na ponta da cama de Jimin e solta um suspiro tão sofrido que qualquer um diria se tratar do lamento mais legítimo do universo.

Alguns segundos se passam em silêncio, enquanto todos o encaram à espera de alguma explicação. Até Yoongi colocou a cabeça para fora do lençol, mas V não diz nada, apenas solta outro suspiro. Como sempre, Jimin é o escolhido para perguntar qual o problema:

— Tae-Tae? Aconteceu alguma coisa?

V assente.

— E...?

— Fui rejeitado. - Tae choraminga.

Mwo? - todos exclamam ao mesmo tempo.

— Mali me rejeitou.

Um.

Dois.

Trêsquatrocinco!

O quarto vira uma bagunça.

— Como assim?! - a voz de Jimin se sobressai às dos demais - Tae, você confessou pra Mali que gosta dela?!
V franze a testa.

— Mwo? - responde - Annya!

Silêncio.

— Mas você acabou de dizer...

Tae faz um biquinho.

— Ela não me deixou ir com ela.

— Ir?

— É, ela vai sair agora. Vai buscar So-Young noona, Yoora e as outras no aeroporto. Ah, e a professora de dança também.

— Sun Hee? - Hoseok pergunta.

— Yoora? - Jungkook exclama.

— So-Young? - Suga até senta.

— Nee. O grupo e a professora chegam em voos diferentes, já que ela estava aqui nos EUA, mas vão chegar quase no mesmo horário, e Mali foi mandada para buscá-las junto com outros seguranças. Ah, mas parece que elas vão ficar em outro hotel. - Taehyung avisa antes que os três se animem de mais, e então deita com mais um suspiro - Ah, fui rejeitado...

Jimin lhe estapeia o braço.

— Ya, pabo! Isso tudo só porque ela não te deixou ir junto?

— Annya. - o outro responde - É pelo jeito como as coisas andam entre nós. Eu pretendia me aproximar mais, e até comecei a dar pistas para deixá-la curiosa, mas... Tenho a impressão de que a distância entre nós aumentou. E ela é sempre formal comigo, principalmente quando há mais gente por perto.

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Rap Mon franze o cenho ao se lembrar de algo.

— Agora que penso sobre isso, ela comentou que foi repreendida por um sumbae. - ele leva a mão ao queixo - Acho que foi quando perguntei sobre aquela visita que vocês fizeram ao hospital. Ela disse algo tipo "você precisava ver a expressão apaixonada do Jimin. Fez valer toda a bronca que levei do sumbae-nim.".

Jimin assume uma expressão preocupada.

— Ela foi repreendida por minha causa?

— E não disse nada? - Tae suspira - Ah, jinja... Por que essa garota insiste em fazer tudo sozinha? Eu também ajudei no plano, por que não falaram nada comigo?

Os outros ficam em silêncio, e Suga cruza os braços, encostando as costas contra a cabeceira da cama.

— Era disso que eu estava falando. - diz o rapper - Alguns devem ter percebido o contato que ela estava tendo conosco, e resolveram adverti-la. Vocês sabem que eles fazem esse tipo de coisa. Não deixar ninguém se aproximar de mais... Ainda mais uma garota.

V ergue o olhar para o hyung.

— Acha que foi por isso que ela se afastou?

Yoongi dá de ombros.

— É o mais provável.

Namjoon se pronuncia:

— Mas você só saberá se perguntar, Tae-ah. - aconselha - Você devia procurá-la e conversar com ela em privado, para esclarecer as coisas.

Jimin leva a mão à nuca.

— Acho que Namjoon hyung tem razão. Além do mais, nós é que ficamos nos aproximando dela. Se isso lhe causou problemas, devíamos nos desculpar. - ele aperta os lábios - Ah... Se aquela visita ao hospital fez com que ela fosse repreendida... Agora estou me sentindo mal por isso.

Taehyung estende o braço e dá um tapa no joelho do amigo.

— Não sinta. - reclama - Mali disse que valeu a pena, então pronto. - ele se apoia em um cotovelo e fita o envelope ainda nas mãos do menor - O que é isso?

Jimin volta a tenção para o papel.

— Ah. Chegou quase agora. - responde - É uma carta de Ayui.

Todos se inclinam para olhar.

— E você ainda não abriu? - Hoseok diz quase com ultraje.

Jimin mostra a língua pra eles.

— Como se eu fosse ler na frente de vocês. - retruca, e mete o envelope no bolso - Quando vocês saírem, eu lerei.

Jin franze o nariz.

— Aish, esse muleque... - murmura.

Rap Mon cruza os braços.

— Bom, mas vamos ao assunto que nos trouxe aqui. - ele olha para Suga - Hyung, o que queria falar?

Yoongi sorri minimamente, meio sinistro.

— Você primeiro. - devolve - Estamos todos aqui, então pode desembuchar. Qual o motivo para você estar sorrindo desse jeito bobo desde que entrou no quarto?

Namjoon mete as mãos nos bolsos e tira o celular de lá.

— Ah. - diz, apertando os lábios, mas sem conseguir conter o sorriso - Kwan noona me mandou uma mensagem ontem à noite, mas só a vi agora de manhã.

Ele procura por alguns segundos até achar o que buscava e ergue a tela para que todos vejam. É uma foto que exibe uma passagem para os EUA sobre o colo de uma mulher.

— Ela está vindo pro show de hoje. - o líder explica e olha a foto novamente - Disse que tem algo a me dizer.

Jin lhe lança um olhar malicioso e cutuca sua barriga.

— Hmmmm.... Acho que sabemos qual o primeiro de nós a conseguir uma namorada. - o mais velho anuncia.

— Hajima, hyung! - Namjoon reclama, afastando as mãos dele - Não é oficial ainda. Eu estou feliz que a noona vem, mas, seja lá o que ela tenha a me dizer, é sério o bastante para fazê-la viajar da Korea até aqui. Estou apreensivo, pra dizer o mínimo.

Jin cruza os braços e assente.

— De qualquer jeito, certifique-se de permitir o acesso dela aos bastidores, ou podem nem conseguir se encontrar. - recomenda.

— Nee. Vou pedir a Mali que fale com o Segurança-chefe. - o líder concorda e então se vira para Suga - Sua vez, hyung.

Yoongi assente, sério.

— Bom, isso vai ser incomum... - começa, suspirando.

Todos os olhos estão grudados nele.

— Eu prometi a So-Young que hoje falarei para ela sobre meus sentimentos. - revela.

— Omo!

— Mwo?!

— Jinja?

Suga ergue a mão para calar a enxurrada de exclamações e todos se aquietam, asiosos.

— Nee... - continua - Eu estive tentando achar um bom jeito de fazer isso, mas... Por mais que eu pense, não há jeito melhor do que a música.

Os membros assentem enfaticamente. Todos concordam perfeitamente: para músicos como eles, não há melhor forma de falar de sentimentos do que usando suas próprias músicas e letras. Namjoon pergunta:

— Qual música quer usar?

Yoongi hesita por um momento, fita as próprias mãos, considerando durante alguns segundos, e então se decide.

— Butterfly. - responde - Quero que nós apresentemos Butterfly hoje, no concerto.

Ele olha para o rosto de seus membros.

— Eu sei que isso mudará o repertório, mas se vocês concordarem, posso convencer o PD. E eu sei que são meus sentimentos e é meu problema, mas não posso cantar a música sem vocês. Então queria pedir esse favor, mesmo que cause problemas. Miane.

Jungkook e Jimin trocam um olhar, e então fitam o rosto de Taehyung, como se buscando uma confirmação do acordo a que chegam. Jin faz o mesmo com Namjoon e Hoseok. É unânime. Nenhum deles jamais pensaria em negar um pedido desses, ainda mais num assunto tão relevante. Por mais que faça pouco tempo desde que ficaram sabendo sobre os sentimentos de Suga por Sunny, eles entendem o quanto aquilo é importante para o rapper. E estão mais do que felizes em ajudar.

— É claro que faremos. - Namjoon responde, colocando as mãos nos bolsos - E não nos venha com essa de "seu problema". Os sentimentos podem ser só seus, mas o problema de um é o problema de todos, entendeu? Já disse várias vezes: o Bangtan é uma família.

Yoongi dá um sorrisinho.

— Komaewo. - agradece, olhando cada um nos olhos.
Jimin assovia.

— Ya, agora que penso nisso, hoje é um grande dia, hein? - fala - Em matéria de garotas, quero dizer. - ele começa a apontar - Eu recebi uma carta de Ayui, Kookie vai dançar com Yoora no fechamento do concerto, Tae-Tae vai conversar com Mali sobre o que anda acontecendo, Yoongi hyung vai cantar pra Sunny noona e confessar seus sentimentos, Namjoon hyung vai encontrar com Kwan noona... - ele para em Jin e depois aponta para Hoseok - Só vocês dois não terão nada de mais acontecendo.

Jin cruza os braços.

— Quem disse? - retruca - A final do concurso de DaeGi é hoje, no mesmo horário do concerto. Vou ligar pra ela quando terminarmos e perguntar o resultado.

Todos se viram para J-Hope. O main dacer dá de ombros.

— Vamos ver o que acontece. - diz, casualmente.

Os outros riem um pouco da despreocupação do mood maker do grupo, e estão prontos para começar algum assunto trivial quando Jungkook começa:

— Hyungs.

O silêncio cai sobre o ambiente e todos se viram para o Maknae, que hesita um pouco.

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— De alguma forma... - ele inicia - Eu sinto que hoje algo importante vai começar... Talvez as coisas mudem para nós. Quero dizer, alguns de nós podem estar começando relacionamentos hoje, certo?

Intrigados, os membros assentem. Kookie aperta os lábios.

— Então... Só queria dizer... Aconteça o que acontecer daqui pra frente, vamos continuar unidos, certo? Vamos continuar apoiando uns aos outros, e o Bangtan vai continuar sendo o Bangtan. Não vamos deixar nada estragar o que temos.

Jin, Yoongi, Namjoon, Hoseok, Jimin e Taehyung se encaram, absorvendo a fala de seu maknae. E então, sorrindo, respondem em uníssono:

— Nee.

—___****____

"Jimin Oppa, annyeon!

Acordei da cirurgia há seis horas. Desde então, os médicos estiverem trabalhando duro com os testes, então só fiz uma pausa agora. Nii-chan me contou que você veio aqui, e disse que parecia preocupado, então fiquei o tempo todo querendo falar com você. No momento em que receber esta carta, eu já terei te enviado várias mensagens, mas não terei te contado nenhum detalhe sobre como as coisas vão indo, já que decidi fazer um pouco de suspense. Miane. Eu tenho um bom motivo, e vou explicá-lo logo.

Mas primeiro vou contar como tem sido até aqui.

Pareceu que eu dormi um sono incrivelmente profundo e acordei logo depois. A primeira coisa que vi foi o papel que você deixou, com a flor desenhada. As pétalas parecem corações, então foi uma visão maravilhosa que me acalmou, pois ousei pensar que, por mais assustador que fosse o que viria a seguir, eu ainda estaria no seu coração no fim. E você no meu. Espero não ter sido pretensiosa ao pensar assim.

Eu tinha mais medo dos testes do que da cirurgia em si. Ficava me perguntando o que faria se nada funcionasse depois de toda a esperança que dei a todos. A decepção seria grande de mais. Então, quando ligaram o aparelho, eu estava apavorada. Mas, no momento seguinte, quando ouvi a voz da minha mãe, tão quente e amorosa quanto eu me lembrava... Nem sei descrever, oppa. Estou vivendo um sonho há seis horas. Sentir os sons novamente... Ainda faz-me chorar como uma criança.

Ah, quando penso sobre isso, foi uma cena engraçada: tanta gente grande chorando junto. E, para mim, aquele choro soou como música. Por falar em música, parece que terei que esperar um pouco mais antes de ser capaz de ouvi-la apropriadamente. Mas já decidi qual é a que estou mais ansiosa para ouvir: Colecionadora de Histórias, de Park Jimin. Já estaremos ambos em Seoul quando eu puder ouvir, então venha cantar para mim nesse dia, por favor?

Quer saber um segredo? Eu imagino a sua voz. De alguma forma, acho que ela deve ser exatamente como você: suave, afetuosa, fofa, calorosa... É uma das coisas que mais quero ouvir.

Eu tenho que te agradecer, oppa. Só estou vivendo esse sonho porque você me deu coragem. E estive pensando no que eu poderia fazer para mostrar minha gratidão, e decidi. Você me falou que quer ouvir minha voz. No momento, ainda não consigo usá-la. Ainda não consigo fazê-la sair, porque ainda sou fraca e não tenho a coragem, porque ainda tenho medo. Mas prometo que vou me esforçar muito para vencer. Essa é a minha promessa: você vai ser a primeira pessoa a me ouvir. Vou treinar tudo o que tenho para te dizer sempre que estiver sozinha, e então conversaremos ao telefone, okay? Estou dando a mim mesma o prazo de nove dias, que é a data do seu último concerto na turnê. Nii-chan disse que vai fazer a carta chegar até você nesse dia (ele é incrível, né?). Quando acabar o show, ligue para mim, mesmo que seja tarde da noite. Prometo que serei rápida e te deixarei descansar logo.

Vou começar aos poucos, então não sei o quanto serei capaz de te falar na ligação, mas quero te contar os detalhes sobre tudo o que está acontecendo usando minha própria voz. No momento, estou me acostumando com os sons, a pronúncia, do coreano, já que apenas conhecia os movimentos dos lábios e as letras no papel. Mas eu sou inteligente e aprendo rápido. Nove dias é o suficiente, já que sei ler. De qualquer jeito, esse era o motivo pelo qual eu não te contei os detalhes nas mensagens. Espero não ter te preocupado de mais.

Bom, vou ficando por aqui.

Aproveite o seu concerto de hoje. Estarei esperando sua ligação.

Com amor,

Machida Ayui."


—_____***______

— Taehyung, não pode ficar me procurando desse jeito...

— Por que não?

— Ora, por que não...? - Mali hesita, mordendo o lábio inferior - Não é certo... Eu trabalho para vocês, sou basicamente uma staff. Não devemos ficar íntimos.

— Do que está falando, Marina? - Taehyung parece exasperado, a ponto de chamá-la pelo nome ao invés do apelido - Você é minha amiga, antes de tudo. Esqueceu que é graças a isso que está trabalhando aqui agora?

Marina passa os dedos pelo cabelo, meio nervosa.

Os dois estão em uma salinha vazia nos bastidores do local onde acontecerá o concerto. Taehyung a arrastou para lá dizendo que tinha um assunto para conversar, apesar dos protestos da garota, que agora tenta contornar a situação. Mas seu coração dói ao ter que afastar V daquele jeito. É cruel de mais obrigar uma fangirl a fazer isso, ela pensa. Mas é necessário. Pelo bem de ambos.

— Então eu não deveria ter vindo com vocês. - murmura - Mas agora já estou aqui, e não podemos ser próximos. Por favor, não fique me procurando a menos que precise de mim de verdade.

Taehyung trinca o maxilar.

— Eu preciso de você. - declara, direto - Todas as vezes que te procurei foi porque precisava te ver de verdade.

— Oppa! Por favor! - o tom de Mali soa suplicante de repente.

V fica surpreso. Faz tempo desde que a ouviu chamá-lo de "oppa", já que ela o vem tratando sempre de maneira formal.

— Você está deixando tudo mais difícil. - ela diz.

— Estou deixando o que difícil, Mali? - Tae questiona - Eu só estou tentando te entender. Quero saber o motivo de você ter se afastado de repente. Por que não me quer mais por perto? O que eu fiz de errado?

— Você não fez nada! - ela deixa escapar, mas cola os lábios em seguida. Fita-o por alguns segundos e então suspira, baixando os olhos e a cabeça. Decide falar calmamente: - Eu te falei antes... Ficar perto do Bangtan sempre foi um sonho. Quando consegui este trabalho pareceu o paraíso, e eu estava tão animada... Teria ficado mais que satisfeita em apenas estar no mesmo ambiente que vocês, mas vocês conversavam comigo, me chamavam para os passeios, até me deixaram ouvir segredos. E... Além disso... Você vivia me procurando. Acho que eu não fui capaz de me conter. Fiquei me achando importante de mais. Hee Ji Sumbae-nim me abriu os olhos quando falou dos boatos que estavam surgindo.

Taehyung ergue uma sobrancelha.

— Boatos?

Mali abaixa a cabeça ainda mais.

— Nee... Por minha causa, os staff podem estar falando coisas sobre você... sobre nós dois.

— Nós dois?

Ela assente, ainda sem olhar em seus olhos.

— Mianeyo, oppa. Foi por isso que me afastei. Sei que é perigoso ter esse tipo de mentira circulando. E... Ainda mais que você gosta de alguém.

Taehyung franze a testa.

— Mwo?

— Você sabe, se ela ouvir algo do tipo, pode acabar acreditando e isso vai complicar as coisas para você...

V a fita com cara de quem não está acreditando. O garoto quer pular de um precipício, e o motivo é o tamanho da burrice de Marina em matérias de amor. Como diabos é possível que até os staff tenham percebido alguma coisa e ela ainda não tenha se dado conta de que é dela que Taehyung gosta?

Ele apoia uma mão na cintura e bagunça o próprio cabelo com a outra. Solta uma risada incrédula.

— Aish, essa garota! - murmura, inquieto - Michyoso, jinja! Ottoke? O que eu faço com você, Mali-yah?

Marina se encolhe um pouco mais. Taehyung suspira.

— É, não tem outro jeito.

Rapidamente, ele ergue o queixo dela com os dedos, coloca uma mão em sua cintura e diz:

— Ya, pabo. É de você que eu gosto.

E então ele a beija.

—___***____

— Meninas, vocês têm meia hora. Estejam prontas.

— Ye!

So-Young segura o rosto de Yoora entre as mãos e checa a maquiagem da Maknae. Ela pega um paninho e lhe enxuga a testa suada.

— Yoora - diz - Não precisa ficar nervosa, okay? Vamos entrar todas juntas e nos divertir como sempre.

A menina abre um sorrisinho.

— Nee, unnie.

Sunny sorri maliciosamente.

— Além disso, sua apresentação com o Jungkook vai ser incrível. Finalmente veremos "YooKook" acontecer.

— Ya, Unnie! Hajima - Yoora reclama com as faces vermelhas.

— Sunny Unnie - uma das outras integrantes chama - Suga sumbae-nim está te chamando lá fora.

So-Young ergue o olhar para a porta e vê Yoongi parado ali. Curiosa, ela vai até lá, e ele fecha a porta, deixando os dois sozinhos no corredor.

O garoto limpa a garganta e faz um gesto para a sala.

— Está correndo tudo bem para o show de abertura?

Ela sorri.

— Nee. Estamos todas meio ansiosas com o tamanho do público, já que nunca nos apresentamos para tanta gente. Estou tentando não pensar muito nisso.

Ele assente.

— Vocês vão se sair bem.

Ela gosta de ouvir isso dele. Provavelmente mais do que deveria.

— Olha, Sunny...

— Nee?

— Nós não vamos nos ver até o encerramento do concerto, mas eu vim te falar algo... A penúltima música que o Bangtan performar... Se prestar atenção na letra, vai entender.

Os olhos de Sunny passeiam pelos dele.

— Entender... você?

Ele assente.

— No fim do concerto, eu te direi o que tenho para dizer. - ele faz uma pausa - Logo depois da apresentação de Yookook.

So-Young sustenta seu olhar por mais alguns segundos, hesitante. Yoongi vê o temor em seus olhos, à medida que ela morde o lábio inferior, como se quisesse dizer alguma coisa. Ele vira a cabeça de lado, inclinando-se para ficar à altura do rosto dela e pousando a mão em seu ombro.

— So-Young, Kwenchana? Se tem algo para falar agora, eu ouvirei.

Ela umedece os lábios com a língua, indecisa. Para Yoongi, aquele movimento faz com que sua atenção se foque completamente nele. Até que Sunny assente e segura a mão dele entre as suas, tirando-a de seu ombro e enlaçando seus dedos.

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— Kure... Então vou falar o que estive querendo dizer, sem me preocupar, certo?

Ele assente e ela respira fundo, abaixando o olhar antes de fitá-lo novamente.

— Oppa... - começa, e Suga quase arregala os olhos. Faz tempo que ela não o chama assim, mas ouvi-la fazê-lo faz seu coração acelerar - Nós conversamos várias vezes desde que você saiu em turnê. Mesmo assim, senti saudades.

Ela abre um sorriso enorme e solta sua mão.

— Era isso. - finaliza - Divirta-se no concerto. Estarei esperando quando acabar.

E, com isso, So-Young volta para o camarim, deixando Yoongi lá, parado no meio do corredor, sem ação. Quando finalmente consegue se mover, ele bagunça os cabelos em frustração. Mais uma vez ela foi clara sobre seu coração, mais uma vez abriu e confessou seus sentimentos.... E ele não conseguiu dar uma resposta. Queria ter dito que também sentiu saudades. Uma saudade irracional. Que chegou a ter dificuldades para dormir pensando nela. Que "Spring Day" ficava passando em sua mente o dia todo, repetindo "Bogoshipda" duzentas vezes.

Suga suspira, deixando os braços caírem ao lado do corpo. E então toca os dedos que ela segurou.

— Ela está com as mãos geladas de novo... - murmura baixinho - Ah, ottoke...? Quero esquentá-las...


—______***________

A multidão grita, eufórica, enquanto Yoora e Jungkook aparecem no palco, todas as luzes destacando-os. Naqueles três tensos segundos antes de a música começar a tocar, com todos os músculos retesados e prontos para começar a dança, com o canto prestes a sair por suas gargantas, com o suor nervoso correndo pelo rosto e a respiração entrecortada pela ansiedade, os olhos os dois se encontram. Ele sorri com o olhar. Um sorriso tranquilizador e caloroso. Ela responde. Um sorriso de quem está pronta. Ninguém mais pode ver isso, pois ali é um mundo só dos dois. Aqueles três segundos pertenceram a eles, assim como a dança que começam agora. Os movimentos fluidos, os vocais suaves, as palavras apaixonadas. Tudo pertence àqueles dois.

Eles se movem pelo palco, por pouco tocando um ao outro, mas sempre afastados no último momento. É o foco da música, um casal que se deseja, mas que é apartado. Não há erros na performance, pois é um mundo só deles. E, quando o mundo é só deles, eles são apenas um garoto e uma garota. Nesse estado, não estão preocupados com a pressão de serem perfeitos e, portanto, são capazes de alcançar a perfeição. E, mesmo se houver um erro, ninguém há de por defeito na forma como nunca tiram os olhos um do outro, perdidos e afogados nos sentimentos de seu par. Para quem vê de fora, é a atuação mais perfeita. Poucos sabem, no entanto, que não há atuação. Yoora e Jungkook estão perdidos um no outro. Tão profundamente entrelaçados que sapará-los poderia ser despedaçá-los.

As últimas notas da música chegam. Eles andam na direção um do outro. Tocam as pontas dos dedos. Tocam as palmas das mãos. Aproximam os corpos, nariz com nariz. A plataforma onde pisam começa a se mover para trás, e os dois são engolidos pela escuridão no exato momento em que a música acaba. Os gritos lá fora começam a silenciar à medida que a tela vai se fechando para escondê-los nos bastidores completamente. Jungkook não aguenta mais. Sem se mover nem um centímetro para longe dela, ele arranca o microfone de seu rosto e afasta o de Yoora com delicadeza, pousa a mão em sua face e hesita. Estão ambos ofegantes pela apresentação, mas nenhuma dos dois faz questão de esperar para recuperar o fôlego. Unanimemente, eles se inclinam mais alguns centímetros. E os lábios de Jeon Jungkook tocam os lábios de Kim Yoora.

—_____***______

— Adivinha?

— Ah, qual é, DaeGi! Diz de uma vez!

A garota ri, e Jin se delicia com aquele som. Claro que a felicidade dela só pode significar uma coisa, mas ele faz questão de ouvi-la falar.

— Eu venci! - ela praticamente grita.

Jin faz um estardalhaço, comemorando com gritos.

— Essa é a minha garota! Sabia que você ia detonar com aquele tal de Myun-Ki!

Ela solta mais uma gargalhada.

— Ah, oppa! Estou nas nuvens! Não sei se estou acordada ou sonhando!

Ele ri.

— Está acordada, pode ter certeza. - garante - E então, vai comemorar?

Ela faz silêncio por alguns segundos.

— Annya. - responde sem perder a animação - Não tem graça comemorar sozinha, então vou apenas me jogar na minha cama e dormir o melhor sono da minha vida.

Jin franze a testa.

— Sozinha? - repete - Não tem ninguém aí com você? Seus pais não foram pra Seoul como prometeram?

Mais um silêncio.

— Eu também achei que viriam. Mas quer saber? É melhor assim. Dessa forma vou poder descansar. Foi realmente cansativo, sabe? Realmente preciso dormir.

Jin aperta os lábios. Sabe que ela está apenas suprimindo a frustração por sua família não se importar.

— Kure, vá descansar bem. - responde - Quando eu chegar a Seoul, terei uma folga. Vou te levar para sair e vamos comemorar nós dois.

Ela arqueja.

— Jinja?! Komaewo, oppa!

Ele solta um risinho, mas fica sério em seguida.

— Ah, mas... Agora que o concurso acabou... Quer dizer que você vai voltar para a sua cidade?

Ela fica em silêncio, desta vez por ainda mais tempo. Sua respiração se faz ouvir e ele começa a contar. Inspira, expira. Duas, três vezes. Parece tão perto que ele sente os cabelos da nuca eriçarem, como se o hálito dela estivesse contra sua pele. Fechando os olhos, Seokjin imagina aquele par de lentes roxas fitando-o, aqueles lábios em um biquinho pensativo, o cabelo modelando-lhe o rosto.

— Wae? - sua voz é suave - Jin oppa, acha que posso encontrar um bom motivo para não voltar? Para ser sincera, estou à procura de um motivo para ficar em Seoul.

Jin deixa a quietude se prolongar um pouco, ponderando. De alguma forma, sabe que agora não é um momento para brincar, por isso, ao deixá-la sair, sua voz soa totalmente séria:

— Se ainda não encontrou uma boa razão para ficar, eu também gostaria que encontrasse. Até lá, o que acha de me usar como uma desculpa para não ir?

—___***____

Hoseok usa a toalhinha para enxugar o rosto suado enquanto anda despreocupadamente pelo corredor meio escuro. Apesar do suor, o tempo está frio e o vento fraco que corre pelo ambiente faz sua pele arrepiar de leve, o que o leva a lamentar o fato de ter deixado a jaqueta no camarim quando Namjoon pediu que saísse.

Ele foi enxotado logo depois de ser apresentado a Kwan, que, por sinal, é uma pessoa encantadora. Pela descrição de Jungkook, Hoseok havia esperado uma garota séria e meio assustadora, mas a verdade é que Kwan faz o tipo de mulher que domina o ambiente por possuir um brilho excepcional no olhar combinado a uma simpatia muito educada. Lembrando-se das histórias que Rap Mon contava sobre seus rempos de escola, Hobi conclui que Kwan não é exatamente "masculina", e sim forte. Forte como uma brisa, se é que faz algum sentido.

"Diferente de Sun Hee", pondera, seus pensamentos voando para a dançarina.

Sun Hee lhe parece delicada e bela feito vidro entalhado, e resistente da mesma forma. Se você parar para pensar bem, saberá que o vidro não é de se quebrar fácil. Pense em sua espessura, na forma como é delicado e em como traz beleza ao ambiente. Se lembrar disso, verá que ele tem uma firmeza pouco reconhecida. Assim como Sun Hee.

Ela é forte de um modo que poucos notam. É forte para si mesma, e não para os outros, como Kwan é.

Antes que se dê conta, Hoseok está sorrindo para si mesmo enquanto seus passos o levam pelo corredor. Mas o sorriso se desfaz ao ouvir uma voz nervosa mais à frente.

— Sorry. - diz alguém. Uma garota - E-Eu tenho algo pra fazer agora.

Franzindo a testa, ele aperta o passo até chegar ao fim do corredor, onde dois homens cercam uma garota. Um pouco mais perto e ele percebe que é Sun Hee ali. Ela está de braços cruzados, encarando-os, mas claramente desconfortável. Os dois homens são americanos, e falam com ela em inglês, por isso J-Hope entende pouco do que dizem, mas o tom insistente é inconfundível. Não a estão exatamente intimidando, já que parecem até manter uma distância respeitosa, mas Hobi tem a impressão de que ela não sabe como se livrar deles, apesar de estar incomodada.

Ele anda até o grupo, e chama com naturalidade:

— Sun Hee!

Os três se viram para ele, e a expressão dela assume um ar aliviado enquanto o garoto se aproxima e se dirige a ela:

— Annyeong! Estava te procurando. Esqueceu que marcamos de sair?

Ela pisca, em dúvida por um meio segundo, mas sorri em seguida.

— Annya. Já estava indo, mas acabei me atrasando. Miane.

J-Hope lhe dá um sorriso tranquilizador. Ele entralaça os dedos nos dela e olha para os dois homens parados ali, com cara de quem não está entendendo.

— Miane, mas vou pegar a moça emprestada. Tenham uma boa noite. - e se curva levemente, em seguida caminhando corredor adentro com Sun Hee logo atrás.

Quando finalmente fora das vistas deles, J-Hope para de andar, solta a mão dela e se vira para olhar seu rosto.

— Kwenchana? - pergunta.

— Nee. - ela assente.

— Eles tentaram te forçar a alguma coisa? Tocaram em você?

A garota sorri pequeno e balança a cabeça.

— Annya. - responde - Eles não estavam nem sendo mal-educados, apenas insistentes. É normal aqui na América, mas ainda não me acostumei com isso. Não sou boa em dizer "não".

Ele assente, aliviado.

— Komaewo. - Sun Hee agradece - Foi uma ótima operação de resgate.

Ele ri, vendo graça na forma tímida com que ela faz a piadinha, como se incerta se deveria ou não fazê-la.

— De nada. - responde e uma ideia lhe ocorre - Você tem mesmo algo pra fazer agora?

Ela cora.

— Annya. Aquilo era mentira.

Ele sorri.

— Então quer vir e beber um café comigo? - convida - Os membros estão todos ocupados de alguma forma, então a salinha dos lanches deve estar vazia.

A garota nem hesita.

— Se não for incômodo.

É assim que os dois acabam sentados na mesa da sala dos lanches, com xícaras de café quente à sua frente e petiscos ao alcance das mãos, conversando trivialidades. Até que Hoseok resolve perguntar:

— E como vai a sua mudança pra Seoul?

Ela abre um sorriso.

— Vai bem. - diz, e põe sua xícara na mesa, inclinando-se de leve para frente e falando num tom quase ansioso - Logo antes de você chegar, recebi a resposta do estúdio de dança para o qual fiz entrevista de emprego. Eles disseram que iam esperar um pouco mais para dar a resposta, mas depois de verem a apresentação de Yookook, não restaram mais dúvidas.

Seu sorriso alarga.

— Vou ser coreógrafa e professora no 1Million Dance Studio!

A boca de Hoseok se torna um O expressivo, mostrando sua admiração. O 1Million é um estúdio de dança muito bem conceituado, inclusive internacionalmente, com inúmera visualizações no YouTube.

Sun Hee se encosta na cadeira novamente, satisfeita por ter impressionado Hobi.

— Também vou ser uma das coreógrafas do grupo da Yoora, já que ela falou bem de mim pro seu PD. Fechamos contrato antes mesmo de eu vir pra cá.

J-Hope está sem palavras - o que é um acontecimento histórico. Isso porque está surpreso pela forma como seu coração salta de alegria com a perspectiva de encontrar Sun Hee com frequência pelos corredores da BigHit.

Ele sorri largamente.

— Acho que isso quer dizer que a nossa próxima dança será muito em breve, não é?

Os olhos dela fitam os seus, brilhantes.

— Nee. Estou ansiosa por isso.

—____***_____

Kwan fita Namjoon. Namjoon fita Kwan. Ela parece serena. Ele nem tanto. O sorriso dela é um sorriso de quem sabe de muitas coisas. O sorriso dele é de quem anseia saber de algo. O silêncio que cai sobre o ambiente é um silêncio carregado de palavras ainda não ditas, de pensamentos não expressos, de sentimentos repetidos. Algumas dessas coisas são relevantes, outras só se fazem presentes para aumentar a tensão. Kwan a aprecia, Namjoon nem tanto. Segundo ela, faz parte do charme das mulheres ser capaz de modelar a tensão de um ambiente da mesma forma como se molda um boneco de cera. Segundo ele, isso é parte do terror que as mulheres são capazes de exercer sobre os homens. Ambos estão corretos, se é que posso me dar o direito de definir o certo e errado no que escrevo.

Kwan sabe bem o que faz, porque é uma mulher inteligente. Namjoon não sabe bem o que fazer, apesar de ser um homem bastante inteligente. Segundo ele, faz parte da inteligência reconhecer quando não se sabe sobre algo. Segundo ela, ele tem razão.

Kwan ergue o braço lentamente, o indicador apontando para ele. Namjoon sente seu coração bater lentamente, indicando que o motivo é sempre ela. Dois, três segundos e a tensão se alarga, expande como um véu sobre os dois. Só então ela deixa sair sua voz:

— Kim Namjoon, hoje é o nosso primeiro dia. Lembre-se dele.

Namjoon obedecerá.

—____***_____

Muita coisa aconteceu naquela noite, e todas elas foram únicas e marcantes. O grito da multidão de fans expressava bem o interior agitado dos corações daqueles meninos. As explosões de luz combinavam com os sentimentos que borbulhavam dentro deles.

Mas a quietude que se seguiu a tudo isso nem de longe representava todos os problemas que os seguiriam logo após aquela noite.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.