Acordo com minha pequena irmã Laurel chorando, ela sempre teve pesadelos e ultimamente só eu consigo acalma-la. Ela tem nove anos e começou a ter pesadelos depois que viu uma edição dos Jogos Vorazes. Bom, somos obrigados a assistir, então não podemos fazer nada em relação a isso.

A cada dia que se aproximava a colheita ela ficava mais próxima de mim, pois ela acha que eu vou ser escolhida e então os pesadelos começaram a tormentar a mim.

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Eu tenho 12 anos, meu nome era para estar inscrito apenas uma única vez, a primeira, mas fui obrigada a pegar tésseras para não passar fome, então no globo com os nomes das meninas, meu nome estará lá no mínimo 5 vezes.

—Shh, não precisa chorar Lau..

—Eu não quero que você vá para os Jogos - ela chora ainda mais. Eu a afasto de meus braços, e olho diretamente em seus olhos e falo:

—Laurel, eu não vou ser escolhida, e se eu for – paro por um segundo para pensar na coisa certa a falar –se eu for escolhida, você não vai chorar, vai ser forte corajosa, vai ajudar a mamãe e o papai, e os nossos irmãos, você entendeu ?

—Eu também não quero que você vá, Rue – Aduke atrás de nós .

— É , nem nós.. – fala um coro cheio de carinhas tristes do lado e Aduke

—Rue não vai ser escolhida, agora, todos vão se arrumar! – Meu pai parece na porta e fala com firmeza, todos obedecem.

Ele caminha até mim rápido e apreensivo

—Obrigada pai – Ele me abraça com uma força que nunca vi antes.

—Você não vai ser escolhida, não vai!- fala mais pra si mesmo do que pra mim, como se mais vezes falasse, seu desejo seria realizado.

—Todo mundo sabe disso! Mas ela ainda tem que ir para a praça, vá logo tomar banho, Rue! – Minha mãe era a mais confiante, parecia não está preocupada com a colheita.

Depois do banho, me visto, e na cama há um lindo vestido verde, o coloco com leveza como se fosse capaz de rasga-lo com qualquer movimento mais brusco, solto meu cabelo e vou para a cozinha comer alguma coisa.

—Você está linda – Meu pai e minha mãe falam ao mesmo tempo

—É mesmo – Dixie comenta

Após alguns elogios, sento e como poucas coisas, apenas meu pai me acompanha até a praça, minha mãe e meus irmãos irão depois.

No meio do caminho, meu pai vê um jovem tordo e canta uma melodia de 4 notas, a mesma melodia que usamos pra avisar o fim do trabalho nos pomares. Nós amamos musica, quero ficar para ver o tordo reproduzir mais canções, mas está na hora de ir.

Chegamos à praça, nos abraçamos, meu pai me deseja sorte, e eu vou para a fila de inscrição, todos estão tristes, é claro, ninguém quer morrer. Me dirijo ao meu lugar, com as crianças de 12 anos, aceno para algumas pessoas que conheço, o prefeito começa a falar o blá blá blá de todo ano que ninguém de importa. Isolo sua voz e começo a cantar mentalmente, estou pronta para começar a terceira musica, quando ouço meu nome ser chamado.