No dia seguinte, eu fui acordado por Tulip. Nós descemos da árvore, e mal tinha colocado os meus pés no chão quando vi um pára-quedas grande próximo a mim. Abri com cuidado e vi uma lança. Havia um bilhete: “Use com cuidado, filho”. Eu me virei para Tulip e ela disse:

– Um presente do papai, hein. Assim, você fica mimado, tudo que você pede, ele dá. – ela sorriu

– È – eu falei sorrindo de volta- Meu pai é bom comigo, Tulip.

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– Tuly, me chame de Tuly, é assim que meus amigos e minha família me chamam.

Aquilo me fez abrir outro sorriso. Tulip, ou melhor Tuly, me considerava um amigo. Talvez ela fosse a minha primeira amiga de verdade. O estranho era que só um de nós poderia sair vivo da arena. Isso me incomodou um pouco, mas não tirou a satisfação pelo que ela disse.

– Ok, então, será Tuly.- eu faleii

Nós comemos e Tuly disse que tomaria banho no riacho e tentou me convencer a fazer o mesmo. Eu pensei naquela água fria, e cheguei a tremer, sabia que não poderia adiar aquilo por muito tempo. Mas decidi não ir, argumentei que preferia tentar caçar com a minha lança. Tulip trocou as folhas que tinha colocado nos meus machucados e eu a deixei próximo ao riacho.

Eu fiquei de tocaia e comecei a jogar minha lança nos animais que passavam. Não estava lá há muito tempo quando ouvi um tiro de canhão. Voltei correndo ao riacho e encontrei Tuly terminando de vestir as suas roupas. Fiquei aliviado ao vê-la bem. Ela também ficou ao me ver.

Alguém havia morrido e só à noite nós descobriríamos quem. Não vimos nenhum aerodeslizador sobrevoando a área, então a morte devia ter acontecido longe da gente. Pensei que provavelmente era uma vítima dos meus ex-aliados, ou quem sabe um deles. É... Eu sabia que aquela ausência de mortes de não ia durar muito.

Voltei a minha caçada e antes da metade do dia consegui pegar um coelho e um pássaro pequeno. Tulip tinha pegado mais algumas raízes e frutas. Cozinhamos o coelho, o pássaro e as raízes, comemos um pouco e guardamos o resto nas nossas mochilas. Percebi que até tínhamos uma boa reserva de comida.

Conversamos e descansamos o resto do dia. Quando o sol estava prestes a ser pôr, nós comemos e Tuly falou que ia encher a garrafa de água dela. Nós fomos ao riacho:

– Deixa que eu coloco água para você – eu falei querendo ajudá-la, já que percebi que sua mochila estava um pouco pesada

Ela se sentou e me aproximei da margem do rio, coloquei a garrafa na água, vi uma espécie de corrente elétrica e logo depois uma pequena explosão, a garrafa começou a pegar fogo e derreter. Com o susto, caí para trás. Tuly veio correndo até mim:

– O que foi?

– È uma armadilha, a água está eletrificada. Quase tomei um choque – disse mostrando a minha mão e logo depois apontei a garrafa de água que afundava

– Uma armadilha? Ficaremos sem água então? – ela estava assustada

– Bem, minhas duas garrafas ainda estão cheias, você pode ficar com uma. O problema vai ser quando a água delas acabarem.

– È ...- Tuly colocou o dedo no queixo e depois disse mais animada - Vamos andar um pouco, talvez nem todo o rio esteja assim.

Nós caminhamos jogando pedras no rio, até que chegou um ponto onde notamos não haver mais faíscas. Tuly estava certa, aquela armadilha tinha sido preparada para a gente. Os gamemakers queriam que pelo menos um de nós fosse eletrocutado. Mas nós havíamos escapado.

Continuamos andando mais. Já que tínhamos começado a caminhada, pensamos em ir até a área de mata tropical, que era mais quente. Estava um pouco escuro e eu acabei caindo em cima de um formigueiro. As formigas eram enormes, nunca tinha visto nenhuma igual aquelas. Fui picado por duas, realmente doeu e ainda deixou uns calombos. Com medo de encontrar mais armadilhas nós decidimos dormir lá mesmo. Passar frio mais um dia parecia uma alternativa melhor.

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Enquanto subíamos na árvore, e dessa vez eu não precisei de ajuda. Vi a imagem de Dorian, o garoto do distrito 5. Era ele quem havia morrido pela manhã. Eu tinha certo medo por Juno. Ela ainda estava com os meus ex-aliados e eu sabia que eles não eram confiáveis. Eu sei que é horrível pensar assim, pois Dorian também era uma pessoa, mas fiquei um pouco aliviado. Havia 11 pessoas na arena agora.

Me acomodava para dormir quando percebi um pára-quedas próximo a mim. Era mais um presente do meu pai. Gemma tinha razão, ele era um ótimo mentor, não sei como depois de tudo o que eu fiz, ele ainda conseguia patrocinadores e mandava presentes para mim. Era um pacote, quando o abri vi um cobertor. O bilhete ,dessa vez, tinha a seguinte mensagem “Para mantê-lo aquecido, filho”.

Eu ri e olhei para cima. Vi Tuly, ela também estava com frio, levantei o cobertor e perguntei:

– Quer?

– Esse é um presente seu.

- Não posso deixá-la com frio, Tuly.

– Eu não posso aceitar, Diamond.

– Então temos um impasse.

Ela ficou um tempo calada e depois disse:

– A gente pode dividi-lo. Se você ficar quieto.

Sim, era uma ideia tentadora e podia complicar as coisas entre a gente. Mas realmente era a mais sensata.

– Não se preocupe com isso. – eu respondi.

Ela desceu do galho e deitou em cima de mim. Coloquei o cobertor sobre a gente. Aquilo era acolhedor. Com cobertor e os nossos corpos juntos, já começava a me esquentar. Sentia o seu cheiro, o seu calor, a sua respiração. Era delicioso. Comecei a pensar em coisas que não deveria. Disse que ela não precisaria se preocupar, então me mantive parado de olhos fechados, eu tinha que dormir.

Quando acordei , Tuly já tinha se levantado. Ela estava comendo e eu me juntei a ela. Ela foi colher frutas e eu fui caçar. Em poucas horas, eu consegui abater um coelho. Estava ficando bom naquilo. Aproveitei e tirei a pele do animal com uma faca.

Voltei para perto do riacho e a encontrei sentada mexendo com as frutas, ela já havia acendido uma fogueira onde eu coloquei o coelho. Sentei-me próximo a ela. Ela sorriu para mim e começou olhar meus ferimentos, já tinha retirado todas as folhas quando disse:

– Seus ferimentos estão bons, não precisam mais disso. Mas acho que seria melhor você tomar um banho para evitar qualquer infecção.

Eu pensei na água fria:

– É realmente necessário?

– È, além do mais você está fedendo. – ela fez uma cara de nojo

– Ok, eu me dou por vencido. – me aproximei do riacho e comecei a tirar minha roupa, percebi que ela me olhava.

Fiquei apenas de cueca (bem, minha cueca era praticamente um calção,então não era assim tão constrangedor) . Ela olhava para mim de forma diferente. Não sei se ficou ofendida com a minha falta de cerimônia, se gostava do que via, ou os dois. Joguei uma pedra na água e não saiu nenhuma faísca. Entrei e contive o meu desejo de gritar. A água estava gelada. Mas eu fazia parecer que estava deliciosa.

– Vem, a água está ótima. – falei para Tuly

– Mesmo? Eu tomei banho ontem e estava bem fria.

– Ahh, que isso! Vem, a água está quentinha. – ela provavelmente sabia que eu estava mentindo, mas respondeu

– Ok.

Tuly tirou a jaqueta, as botas e as calças e ainda de blusa, entrou na água. Tenho que admitir que aquilo me interessou e eu queria ter visto mais. Ela ficou aborrecida comigo, pela minha mentira . Jogou água no meu rosto, me deu uns caldos. Mas depois ficou tranquila e nós nos divertimos no riacho.

Depois que saímos , nos sentamos ao sol, próximos a fogueira para nos secar. Aproveitamos e pegamos alguma coisa para comer. Enquanto conversávamos, eu notei que seus olhos castanhos mel, ficavam ainda mais claros ao sol. Ela sorria e parecia feliz. Seu rosto estava próximo a meu, não resisti e a beijei. Senti os seus lábios e o gosto da sua boca, ela parecia retribuir o beijo. Meus braços estavam a sua volta, e os dela em volta a mim. Mas após algum tempo, ela me empurrou e me deu um tapa.