OTAMV 2: A Prima

Meu psicológico


Com toda certeza do mundo, era a sensação mais indescritível do mundo. Um misto de desespero, frio na barriga, ansiedade, nervosismo, tudo dentro do meu estomago, borbulhando como se estivessem dando cambalhota dentro de mim.

A garota no palco era muito talentosa em suas acrobacias, mas aquele monte de voltas e piruetas deixavam-me ainda mais ansiosa e aflita, de modo que olhar pela fresta das cortinas tornava-se algo insuportável, que eu não conseguia deixar de fazer.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

_ A próxima é você! – o rapaz de produção – bem organizada, por sinal – disse-me as pressas, correndo para outro canto, na direção dos camarins.

“Droga, droga, droga, respira...” – repetia a mim mesma.

O que eu estava fazendo ali? Porque não aceitei perder as notas e apenas não passar por todo esse constrangimento... E se eu errasse, e se eu gaguejasse ou desmaiasse ou qualquer coisa do tipo?

NÃO! Eu precisava fazer por dois motivos: 1° eu havia me comprometido, e precisava manter minhas notas; 2° eu precisava dar esse presente, eu precisava fazer!

“Fighting, Chiao Ana” – cochichei.

Os minutos restantes da apresentação alheia soaram como meus últimos minutos de vida. Parecia que depois daquilo, morreria ou perderia a voz e a capacidade de me mover.Desviei os olhos da garota rapidamente, e encarei a platéia, sentindo uma onda de agitação correr por minhas veias.

Então pude ouvir, o coro de palmas e alguns gritos eufóricos, até que a garota se curvasse, retirando-se pelo lado oposto do palco com um enorme sorriso no rosto.

_ Sua vez! – uma mulher um pouco mais velha sorriu para mim, como se estivesse me acordando de uma hipnose. – O microfone estará funcionando a partir do momento em que te apresentarem, então cuidado. O som está conectado e vamos solta-lo cinco segundos depois que disser suas considerações, se for dizer alguma coisa... Bem, é isso! Boa sorte querida, não fique tão nervosa!

_ Obrigada! – disse enquanto ela partia, em busca de outra candidata. Fechei os olhos por uns segundos, enquanto a platéia se acalmava e uma das meninas do grêmio de preparava para me anunciar.

_ Ok pessoal, Eun Ji foi realmente boa! – sorriu. – Bem, vamos dar continuidade ao show de talentos, apresento agora, uma aluna que mesmo passando por grandes ataques de rejeição, aceitou participar mesmo sabendo do risco de ser vaiada antes mesmo de se apresentar... – gargalhou – Recebam calorosamente, ou nem tanto, Chiao Ana!

Entrei no palco, sendo recebida com algumas palmas entusiasmadas. Pude ver Kiseop assim que entrei, pois ele logo se levantou eufórico, fazendo com que eu morresse de vergonha, e Kevin levantou-se também logo em seguida.

_ Bem vinda, Chiao Ana! – sorriu amigável, como ela conseguia fazer aquela simpatia parecer real? Era óbvio que ela me detestava, e um dos motivos estava em pé, no meio do teatro, batendo palmas ainda. – O que vai apresentar hoje?

_ Hm, v-vou... c-cantar. – disse, detestando-me por gaguejar.

_ Ok, e você canta bem? – riu.

_ Acho que não. – disse baixo demais n o microfone, mas alto o suficiente para que todos rissem.

_ Entendo, bem, boa sorte pra você e, por favor, tenha piedade de nossos ouvidos! – todos riram. – Se deseja dizer alguma coisa antes de se apresentar, fique a vontade! – disse, afastando-se para a lateral do palco.

“É agora, vamos você consegue Chiao Ana, você consegue! Você ensaiou, você se saiu muito bem, e tudo vai dar certo agora!” – repeti dentro de mim em questão de milésimos.

_ Hm.. Oi – disse tímida, sendo recebida com a imensidão de silêncio – Não preparei nada pra dizer, então serei breve! Para mim, nada disso faz muito sentido, honestamente, pois não tenho talento algum pra mostrar, mas pra tentar dar um pouco de sentido a minha apresentação, ou à demonstração da minha falta de talento, gostaria de dedicar essa música à pessoas especiais para mim. – respirei fundo. – Esse foi um ano muito difícil, em que magoei muitas pessoas, e queria mesmo que essa letra se encaixasse aos meus três melhores amigos, mas a verdade é que mesmo eu os amando mais do que consigo dizer, essa música combina perfeitamente com apenas um deles... – encarei minhas mãos trêmulas, olhando para a cortina em seguida e recebendo o sinal. Enquanto isso alguns alunos cochichavam sobre meu pequeno discurso, e eu sequer conseguia encarar Kiseop, tendo a certeza de que ele estaria a me encarar.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Foquei meus olhos em Onew, que sorria alegremente como se estivesse ansioso por ver minha apresentação, e enquanto meus olhos procuravam pelo meu outro melhor amigo, a porta do teatro abriu-se assim que a música começou, e ele passou ofegante por ela, descendo as escadas e roubando minha atenção por alguns segundos.

Be Mine

Jun parou no meio da platéia e sorriu ao me ver em cima do palco, eu contive minha emoção e me concentrei na música, não podia errar, apesar de estar tremendo mais que um liquidificador.

Fechei os olhos, como se estivesse ali sozinha, como em meus ensaios. Limpei a garganta discretamente, longe do microfone, e apenas esperei...

“Embora você seja sempre frio

Embora suas palavras sejam sempre curtas, eu sei

Não esconda que seu coração está se esforçando. – engoli a seco, ainda de olhos fechados.

Agora, que você já se escondeu por tanto tempo

Me mostre sua sinceridade

Que só diz respeito a nós dois. – abri os olhos finalmente, criando coragem para encara-lo e estremecendo completamente com seu olhar fixo.

Tudo que eu quero é apenas estar com você

Mesmo que o tempo passe, não desapareça

Segure-se nesse momento, é por isso que eu estive esperando...

Então cale a boca e seja meu

Não espere mais

Venha sem dizer nada, só o amor importa

Tenho medo de que ele possa desaparecer – e meus olhos infelizes encheram-se de lágrimas.

Então apenas cale-se e seja meu

É aqui, junto a mim

Não hesite, pegue minhas mãos agora

Nós vamos superar isso tudo

Você é o que eu tenho sido. – apertava o microfone com tanta força, que sentia que ele se quebraria a qualquer momento. Porém, a tremedeira passara e eu só conseguia enxergá-lo, como se apenas ele estivesse ali.

Esperando por muito tempo

Quero estar em seus braços

Você está em meus sonhos há muito tempo – e nesse momento, um nó enorme formou-se em minha garganta e algumas lágrimas escapavam de meus olhos. Minha voz tornou-se trêmula e eu parei por um segundo de cantar, balançando a cabeça e encarando a multidão cheia de expectativa.

Sob o céu azul, eu sou livre como um pássaro

Eu quero ir mais alto e mais longe

Mas só se você estiver comigo... "– e foi o limite para mim, cobri o rosto com as mãos envergonhada e limpei os vestígios de lágrimas em meus olhos. Algumas pessoas murmuravam confusas ou surpresas, enquanto a música se encerrava e eu realmente não sabia o que fazer.

Foi quando dirigi meus olhos até Onew, e ele levantou-se com uma expressão travessa, pondo-se a bater palmas e incentivando JunHyung a fazer isso também. Brokie e Doojoon fizeram o mesmo, junto com os meninos do Beast do lado contrario das arquibancadas, Key levantou-se também e começou a gritar, quando algumas pessoas começaram a fazer o mesmo, mas mesmo assim, outras recusavam-se a isso, encarando-me com desprezo e repulsa.

Meus olhos passaram por Kiseop, e ele estava paralisado, apenas sentado com os olhos baixos. Entrei em uma espécie de desespero, sem conseguir interpretar aquela atitude. Kevin e Eli ao seu lado estavam em pé, o sorriso de Kevin me transmitindo uma tranqüilidade enorme, enquanto eu me curvei e me retirei do palco um pouco em transe.

Nos bastidores recebi felicitações de alguns alunos antes que entrasse em uma espécie de camarim, encarei-me no espelho por alguns segundos, perguntando-me como aqueles cachos haviam durado tanto em meu cabelo que costumava ser escorrido. Analisei o vestido, a maquiagem, me perguntando no que Kiseop poderia não ter gostado para reagir daquela forma.

Enquanto guardava minhas coisas em uma mochila, ouvi três batidas na porta.

_ Pode entrar... – gritei, arrumando ainda minhas coisas. Ouvi a porta abrindo-se atrás de mim, mas não me virei, acreditando tratar-se de uma das garotas que estava dividindo a mesma sala comigo.

Quando inesperadamente, senti meu braço sendo puxado com certa força, e quando dei por mim, minhas costas haviam sido batidas com força contra a parede fria. Ergui os olhos apavorada, mergulhando imediatamente na escuridão dos olhos de Kiseop, a poucos milímetros de distância.

_ Ya... – murmurei surpresa, mas antes que pudesse dizer qualquer outra coisa, fui beijada com demasiada força. Seus lábios uniam-se aos meus com certa avidez, sugando-os com força enquanto a língua irrompia com estupidez minha cavidade. Seus dedos seguindo de meu pescoço até estarem embaraçados em meus cabelos, puxando-os com certa força enquanto seu corpo pressionava o meu contra o concreto.

Eu queria empurrá-lo, dizer alguma coisa, dizer que ele estava me machucando e pedir para que parasse com aquilo, mas naquele momento, estava tão assustada que encontrei-me apenas inerte à seus movimentos bruscos.

Sua mão livre apertando-me forte pela cintura, percorrendo até minha coxa direita e erguendo-a para que estivesse a altura de seu tronco, apertou-a com força, enquanto dava continuidade ao beijo sufocante. Usei o pouco de consciência que me restava, pondo minha mão contra seu peito em uma tentativa falha de empurrá-lo, mas ele prontamente dirigiu sua mão até meu pulso, segurando-o e me fazendo solta-lo.

Seus lábios me tirando o fôlego, seus dentes mordiscando-me e suas mãos manejando-me à seu favor. E, apesar de estranho, era impossível não retribuir, mesmo assustada com tudo aquilo. Eu estava sufocada, clamando por ar enquanto ele parecia totalmente a vontade com aquilo. Bati novamente contra seu peito, desesperada por ar, até que finalmente pude sentir seus lábios afastando-se dos meus após um chupão.

Mantive meus olhos fechados, encostando minha cabeça na parede, respirando afobada, enquanto seus dedos ainda seguravam-me pelas madeixas. Queria xingá-lo, queria expulsá-lo dali imediatamente, queria chuta-lo, mas a necessidade por ar era mais presente do que a vontade de atingi-lo.

Ele continuou perto demais, sua respiração igualmente ofegante contra minha bochecha, enquanto seus lábios entreabertos roçavam os meus lentamente. Aos poucos deixou de agarrar-me pelos fios, percorrendo com a mão até meu ombro, e meu pescoço em seguida, dando-me a oportunidade de respirar.

Abri os olhos lentamente, me deparando com os dele, que eram capazes de enxergar todo o meu cerne, deixando-me constrangida até. A distância entre nós quase não existia, nossa respiração era uma só, seus lábios estavam exageradamente rubros e inchados, e imaginei que os meus também estivessem da mesma forma.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

_ Você... – ameacei dizer ofegante -... é idiota, por acaso? – perguntei, recebendo um sorriso enorme e igualmente covarde. Sem dizer nada, mordeu com demasiada força meu lábio inferior, arrancando-me um grunhido. – Ya! – empurrei-o, erguendo meu braço para atingi-lo com um soco, mas antes que pudesse fazê-lo, ele, mais uma vez, segurou em meu pulso e uniu sua testa a minha, permitindo que eu sentisse o cheiro delicioso de seu hálito quente, mergulhando em meus olhos assim como eu mergulhava nos dele.

_ Venha... – disse baixo, puxando-me pelo braço, apanhou minha mochila com a mão livre e guiou-me para fora da sala, pelos corredores.

_ Ya... Eu preciso ficar até o fi...

_ O que? Você não está achando que vai ganhar, está? Você sequer terminou de cantar a música... – continuou puxando-me a força.

_ Não é isso seu estúpido, eu preciso ficar até o final! – puxei meu braço com força sem conseguir me soltar, mas pelo menos fiz com que ele parasse, para me encarar.

_ Quem liga? – disse indiferente, puxando-me novamente.

_ Ya... O que está acontecendo? – perguntei confusa enquanto ele arrastava-me para fora da escola. – Kiseop! AISH... KISEOP! – gritei no estacionamento.

_ Gritar não vai ajudar em nada! – disse desligando o alarme do carro e abrindo a porta para que eu entrasse. – Entre. – disse soltando-me.

Eu apenas encostei no carro, cruzando os braços sem dizer uma palavra. O que estava acontecendo, afinal?

_ Ana, entre! – disse quase irritado.

_ Qual o seu problema? Você está querendo fazer com que eu me arrependa de tudo o que acabei de dizer pra você a quinze minutos atrás? Seu idiota estúpido! Olha isso aqui! – mostrei meu pulso, com a marca de seus dedos. – Eu realmente não entendo você, Kiseop... Eu não entendo! Então, vá pra casa, e eu vou ficar aqui, depois peço pra alguém me levar... – dei as costas e saí andando, segurando com todo o meu orgulho, uma lágrima que ameaçava sair.

Quando, novamente, senti meu braço sendo puxado, mas desta vez, sem força alguma. Meu corpo foi imediatamente de encontro com o dele, e em frações de segundos, seus lábios tomaram os meus, com cuidado e carinho. Meus olhos abertos, cedendo aos poucos até que estivesse totalmente entregue. Seus lábios firmes e macios arrancando-me suspiros, enquanto a língua quente percorria e dançava junto a minha. Droga. Droga! Droga, Lee Kiseop, o que você está fazendo?

Suas mãos em minha cintura, apertando-me contra ele enquanto a força do beijo fazia com que meu corpo se inclinasse para trás. E lentamente, nossos lábios se separaram naturalmente, meus olhos ainda fechados enquanto sentia tudo formigando e explodindo dentro de mim. Selou rapidamente o canto dos meus lábios, abraçando-me em seguida.

_ Me desculpe! – disse, enquanto eu ainda em transe, correspondia ao abraço. – É que... É que eu te amo de um jeito insuportável! Você é a pessoa que eu mais devia odiar, a pessoa que eu mais devia temer, por me deixar tão fraco, tão fora de controle... E no fim eu... E-eu não consegui me controlar...

_ Hm... – suspirei. Eu não sabia bem o que dizer. Ele dizia como se eu não fosse corresponder à um beijo seu, se me pedisse. Dizia como se nunca tivéssemos nos beijado, na verdade. Só não entendi muito bem o por quê de tanta agressividade, mas eu supunha algumas coisas... Na verdade, algumas vezes sentia necessidade de tê-lo daquela forma, também. Com força, com pressa, afoita. Mas sempre me controlava, sempre aquietava a chama que cercava meu coração e esquecia. Não guardaria mágoa daquilo, lógico que não, eu o amava... Ou melhor, eu o amo demais para remoer coisas como essa, mas a surpresa naquele momento havia me cegado quanto ao fato de que muitas vezes, Lee Kiseop me tirava do eixo, e que se não fosse por muita força de vontade, eu o atacaria também, tão agressiva quanto.

_ Vamos embora? – murmurou, beijando minha testa.

Eu apenas afirmei com a cabeça, seguindo para o carro – não muito longe – e sentando-me no passageiro.

Meu coração encontrava-se acelerado enquanto ele dirigia. Um silêncio estranho nos rondava, mas eu não conseguia dizer nada, uma vez que meus pensamentos estavam tomados pelas lembranças de minutos atrás. A força com a qual ele agarrava em meus cabelos, cintura, perna, pescoço... A força com a qual me beijava, tudo aquilo, todo aquele momento, passou a soar afrodisíaco demais ao meu ver. Depois da raiva e da surpresa, aquilo não me soava tão ruim... Além de provocante, era tentador cogitar como teria sido se tivéssemos passado dos limites. Teria sido no mínimo gostoso.

“Aish... Não! Chiao Ana, o que é isso! Não, não, não! Não pense em tantas idiotices, por favor!” – pensei repugnada, balançando a cabeça e afastando os pensamentos.

_ O que foi? – ele perguntou, concentrado na direção.

_ Nada. – disse baixo.

_ A propósito, você está linda! – disse sorrindo constrangido. – E... Obrigado! Você tem uma linda voz, e-eu já sabia disso, do dia em que você cantou ‘Someday’, mas naquele dia você cantou um trecho tão pequeno que eu mal pude digerir... Hoje você foi a maior atração, a mais linda de todas que se apresentaram, e com a voz mais angelical...

_ Obrigada! Eu sei que coloquei tudo a perder, metendo os pés pelas mãos e chorando no final, mas pelo menos consegui cumprir com o combinado... – suspirei – Posso fazer uma pergunta? – me virei em sua direção – Quer dizer... Não sei nem se terá resposta, mas...

_ Ah... O que é?

_ Porque no final, você... v-você não olhou pra mim? Eu fiquei apavorada, fiquei pensando que você não tivesse gostado.

_ Me desculpe – sorriu – Naquele momento a ficha ainda estava caindo... Fiquei realmente surpreso com tudo, com a sua coragem... Minha vontade inicial era ter subido naquele palco e beijado você lá mesmo, mas eu fiquei paralisado, incapaz de mover um músculo sequer, e continuei assim mesmo depois que você saiu... Só ‘acordei’ quando Kevin bateu em meu ombro, perguntando o que havia de errado comigo...

_ Ainda bem que você ficou paralisado, então... – rimos.

O carro parou no sinal vermelho, a luz iluminando nossos rostos enquanto seus olhos perscrutavam o que minha expressão queria dizer.

_ Você está linda mesmo! – disse mais para si mesmo, beijando minha bochecha rapidamente.

Eu não queria aquilo, não queria beijo na bochecha, não queria elogios. “O que está havendo com você agora, Chiao Ana?” – perguntei-me em vão, pois já sabia a resposta. Era terrível admitir, mas queria a força, a força de antes. Queria aquele sentimento de estarmos fazendo algo proibido ou de grande necessidade. Queria meu coração acelerado e queimando, meus sentimentos estavam a flor da pele. Aquilo era confuso pra mim, a ponto de fazer com que eu me envergonhasse apenas por pensar... “Esqueça isso...” – pensei, endireitando-me sobre o banco.

_ Hm... – limpou a garganta – Eu não sei se é hora pra isso, mas... Hoje de manhã, antes de sair de casa... Quando você... Quando nós... Não, na verdade, quando eu entrei no seu quarto enquanto você se trocava, eu queria ter dito que você estava linda, até com esse ralado na testa e com olheiras fundas.

_ Eu estou com olheiras fundas? – perguntei.

_ Está! – riu. – Mas naquela hora eu nem reparei muito, afinal de contas... você estava nua! – deu ênfase no ‘nua’ – Se você fosse homem, talvez entendesse o que uma mulher como você faz com um cara pobrezinho como eu, quando está nua... – senti minhas bochechas queimando.

_ Aish... Precisamos mesmo falar disso? – não era uma boa hora, meu corpo inteiro queimava e aquilo me deixava afobada, incomodada. – Foi você quem entrou no quarto, esse cara aí do qual você está dizendo, não tem nada de coitadinho, ele que escolheu bisbilhotar a namorada, porque na verdade é um tarado... – disse, fazendo com que ele gargalhasse.

_ Tanto faz. – parou o carro diante de outro semáforo, pousando uma de suas mãos na minha perna.

Meu corpo paralisou imediatamente, mesmo porque, eu sabia muito bem onde ele queria chegar com aquilo tudo. Com toda aquela conversa, me fazendo lembrar sobre o que havia acontecido de manhã... Eu não havia me esquecido da frase “Mais tarde” e pelo visto, ele também não.

O fato é que “Mais tarde” era aquele momento, e o que mais me deixava com raiva, era saber que eu também queria, eu queria muito. Talvez, eu quisesse mais do que ele.

Deixei um suspiro escapar sutilmente enquanto sua palma ainda acariciava-me, notando que ele havia tomado um curso diferente de nossa casa.

_ Como você é ligeiro, Kiseop... – disse debochada e indignada.

Ele apenas sorriu, com um certo tom de entusiasmo e satisfação por eu não ter me oposto à ideia.

Após alguns minutos, parou o carro em frente à um grande prédio e suspirou nervoso com as mãos no volante. Nunca tínhamos ido à um motel, e honestamente, nunca achei que precisaríamos.

_ Você quer mesmo? – perguntei.

_ Como assim? Entrar? Você não quer? – perguntou tão inseguro quanto eu.

_ Ah, é que... Não sei, parece estranho demais... Toda essa situação.

_ Eu sei. – sorriu embaraçado, coçando os cabelos um tanto nervoso, suas mãos sutilmente tremulas. – É que em casa não dá, hoje não... E eu estou um pouco...

_ É, eu sei, eu também estou um pouco...

_ Então...

Aquilo soava engraçado. Um completando as frases do outro, completamente embaraçados em uma situação nada confortável, querendo a mesma coisa.

_ Será que é muito caro? – perguntei enquanto notava nossas mãos unidas.

_ É, tem isso também... Tenho o cartão de créditos, mas appa vai querer saber com o que gastei tanto dinheiro...

_ Ah, então deixa... – disse quase desapontada.

_ Não, deve ter outro jeito...

_ Você não vai desistir, não é? – ri.

_ Não mesmo! Nem que tenha que ser no carro... – bingo. Nos encaramos entusiasmados com essa ideia idiota, rimos excitados pelo que estávamos prestes a fazer.

_ Não, mas... Deve ser ruim... Deve ser

_ Deve ser nada! Você está olhando para um ótimo e confortável carro... Qual é, não desista! – disse engraçadinho, dando partida no carro.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Kiseop seguiu com o carro até o parque onde escondia o salão do meu aniversário surpresa, parecia muito mais perto, uma vez que estávamos de carro e não de bicicleta. Parou o carro em meio as árvores, com certeza ninguém nos veria ali! Eu mal o enxergava do meu lado, assim que ele desligou os faróis.

_ Hm... Aqui está bom, não está? – perguntou tímido.

_ Ah, sim! Kiseop, o que estamos fazendo? – ri – Parece até que estamos desesperados! – conversávamos baixo.

_ E não estamos? Quer dizer, eu estou! Eu sempre estou... – disse, me arrancando uma gargalhada. – Certo, acho que se eu chegar o banco pra trás, fica melhor, deixa eu ver... – dito e feito, o espaço entre Kiseop e o volante cabia umas três Anas. – Você vem? – encarou-me. Meus olhos estavam começando a se acomodar com a escuridão.

Não pensei duas vezes antes de me acomodar em seu colo, posicionando as pernas ao seu redor, uma de cada lado do banco. Assim que me sentei pude sentir toda a sua excitação.

_ Caramba... Já? – perguntei incrédula, enquanto ele acariciava minhas pernas.

_ Você não devia reclamar disso! – brincou, beijando-me.

Os beijos começaram lentamente, aumentando gradativamente a velocidade, enquanto eu acariciava sua nuca. Suas mãos invadiam meu vestido, brincando com o cós de minha calcinha e me provocando a rir de cócegas. Suas mãos dirigiram-se imediatamente às minhas nádegas, apertando-as e puxando-me com força contra seu corpo, até que eu pudesse sentir seu sexo rijo contra minha entrada. Seus beijos seguiram para o pescoço, enquanto minhas mãos afoitas seguiam para o cós de sua calça, desabotoando-a apenas, antes que ele se afastasse um pouco para desfazer-se de sua camisa de botão. Eu o ajudei a desabotoar, uma vez que a pressa e ansiedade apenas atrapalhavam nosso objetivo.

Meus olhos encararam seu abdômen perfeito cheios de desejo, eu honestamente não me reconhecia, e nem ele. Nos livramos da camisa por inteira, jogando-a no banco de trás do carro, enquanto ele descia o zíper de meu vestido, beijando-me o pescoço e a clavícula. Não demorou muito até que o vestido tomara-que-caia deixasse de ser um empecilho.

Ele levou suas mãos até minhas costas, pressionando seus dedos com demasiada força contra minha pele, com a mesma intensidade que à minutos atrás, no camarim da escoa. Então senti-me ainda mais suscitada a continuar, grudei uma de minhas mãos em seus cabelos, puxando-os sutilmente enquanto minha outra mão arranhava seu ombro. O beijo era quente, forte, quase doloroso. Suas mordidas – que espalhavam-se por meus lábios, pescoço, clavículas – eram cada vez mais intensas, provocando-me a gemer por um misto de dor e prazer.

Inclinei-me um pouco contra ele, para que pudéssemos nos livrar de sua calça por inteira. O tecido escuro de nossas roupas intimas sento o único empecilho, desta vez. Mas não tão logo nos livraríamos deles. Eu precisava experimentar a sensação de deixá-lo fora de si.

Pressionei meu corpo contra o dele, roçando em sem membro excitado em exagero. Era gostoso demais ouvir Kiseop grunhindo palavras desconexas por pura ansiedade. Livrou-se de meu sutiã, beijando meus seios imediatamente, me enlouquecendo também. Um calor intenso percorria por todo o meu corpo, e eu só sabia provoca-lo cada vez mais, insinuando o ato, apenas insinuando, e gemendo baixinho em seu ouvido.

Nossos corpos já se encontravam molhados pelo suor, seus lábios mais uma vez grudados aos meus enquanto suas mãos pressionavam meus seios com cuidado. Eu rebolava em seu colo lentamente, fazendo-o torcer os lábios em desespero. Seria até engraçado, se eu não estivesse tão fora do controle quanto ele.

_ Não... – ele murmurou, tentando dizer qualquer coisa. – Não...faça isso. Não faça isso comigo. – deixou escapar em um grunhido.

Nesse momento, agradeci por Kiseop não ter unhas compridas, pois seus dedos percorreram por minhas pernas com tanta força, que ele me arrancaria sangue caso tivesse.

_ Hm... Espere! – eu disse, afastando-me um pouco. – Onde está a... – disse ofegante, com certa dificuldade. – Onde...

_ Ali dentro – referia-se ao porta-luvas. Que tipo de idiota guardava preservativos no porta-luvas? Aquilo já era premeditado? Rapidamente, afastei-me um pouco, apanhando o pacote em mãos enquanto ele acariciava minha barriga. Abri a embalagem com os dentes, fazendo com que ele risse.

_ O que foi? – perguntei confusa, fingindo não estar constrangida por estar pondo-lhe a camisinha.

_ Onde foi que aprendeu isso? – riu de maneira estranha, fechando os olhos e contraindo-se assim que sentiu meus dedos em seu pênis.

_ Não sei.. eu só, improvisei! – depois de feito, deixei que o tecido escuro protegesse seu sexo novamente, dando continuidade aos nossos beijos descontrolados.

Sua boca beijando e chupando-me dos ombros até os seios, enquanto eu mesma já não agüentava mais esperar. Mas, antes que pudesse cessar, Kiseop puxou minha calcinha com força, rasgando o tecido fino em duas metades que se espalharam pelo carro. Aquilo teria me machucado, se não estivéssemos tão elétricos, mas antes que eu pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, ele agiu de maneira mais rápida e esperta, afundando-se de imediato e provocando-me a gemer um pouco mais alto de prazer.

Nossas respirações igualmente descompassadas, eu apenas fechei os olhos e o senti inteiramente dentro de mim, nossos corpos quentes e trêmulos. Ele apertava-me em seus braços, enquanto estávamos incapazes de fazer um movimento sequer. Nunca havia sentido-o daquela forma, tão intensa. Kiseop tomou meus lábios mais uma vez, com força e avidez, enquanto eu criava coragem para me mover lenta e pesadamente em cima dele.

Era um misto de sentimentos muito novos para mim. Suas mãos pesadas acariciando-me de maneira nunca feita antes, mas eu estava gostando daquela sensação. Grudou em meu quadril, apertando-o e ditando um ritmo tortuoso para ambos. Ele afundava-se por inteiro lentamente, e afastava-me o máximo que conseguia. Eu apenas me deixei ser guiada, sabia que aquilo o deixaria satisfeito. Beijei-o novamente, seguindo para seu pescoço e tomando cuidado para não deixar marcas. Mordisquei o lóbulo de sua orelha, enquanto gemia baixinho a cada lenta e forte estocada. Minhas mãos percorriam por seu tórax e abdômen, arranhando-o enquanto ele mordia-me o ombro.

Era uma tarefa quase impossível gemer baixo, de modo que algumas vezes, me deixei levar pelo entusiasmo e gemi alto, fazendo com que ele perdesse parte do controle e estocasse com ainda mais força. Era no mínimo delicioso, ter Kiseop fazendo parte de mim.

Mas, como aquela sensação não podia ser perene, a medida que o tempo corria, sentíamos cada vez mais necessidade de velocidade, então nos deixamos levar pelo ritmo de nossos instintos. Suas mãos em minha cintura obrigavam-me a sentar com certa rapidez contra seu ventre. Pousei minha testa na dele, esforçando-me para manter os olhos abertos e grudados aos de Kiseop. Nossas respirações muito ofegantes, quando eu atingi o ápice quando menos esperava, gemendo tortuosamente à seus ouvidos enquanto ele continuou estocando. Quando dei por mim, minhas unhas estavam afundadas em seus ombros, e sua face retorcida de prazer, quando novamente, em um ritmo ainda mais veloz, nós atingimos o orgasmo juntos, gemendo em harmonia, como se fossemos um só.

Retardamos nossos movimentos, acalmando nossas respirações enquanto meus lábios precisavam urgentemente encontrar os dele. Kiseop por sua vez, continuou com os olhos fechados, a testa encharcada de suor e os cabelos molhados, abraçou-me com carinho, acariciando minhas costas e braços, ainda dentro de mim.

_ Eu amo você – eu disse, beijando-lhe a bochecha.

Um sorriso lindo iluminou seu rosto, enquanto ele tirava minha franja dos olhos e encarava-me de maneira constrangedora.

Eu estava feliz, claro. A cada segundo que se passava, eu tinha mais certeza que apesar de todos os conflitos que poderiam surgir, ele era o homem da minha vida. Ele era o meu amor, o motivo pelo qual eu sorria e era feliz.

Mas talvez, para estragar a perfeição daquele momento, seu celular pôs-se a tocar demasiadamente alto, e foi impossível não revirarmos os olhos assim que isso aconteceu. De início ele quis ignorar, mas eu disse à ele que atendesse. No entanto, assim que tomou o celular em mãos, o aparelho parou de tocar.

_ Quem era? – perguntei.

_ Omma... Deixa... Deixa eu ligar pra ela! – bufou. E antes que pudesse retornar, o meu celular começou a tocar. Apanhei-o no banco ao lado e atendi rapidamente.

_ Oi omma! – disse disfarçando minha voz exausta.

“Oi querida, onde você está? Kiseop está com você?”

_ Sim, nós estamos a caminho!

“A, certo! Eu preciso conversar com vocês quando chegarem em casa, mas se já estão chegando, então conversamos mais quando estiverem aqui, ok?”

_ O... Ok! – era difícil dizer, com Kiseop beijando-me o pescoço e me fazendo cócegas. – N-não vamos demorar! – desligamos em conjunto, e eu o encarei por fim. – Hm, ela disse... – beijou-me – Ela disse que... – selou seus lábios novamente aos meus – Ya! Me deixe falar! Ela disse que precisa conversar quando chegarmos em casa! Amor, pegue a minha roupa atrás de você, por favor? – pedi. – Onde é que... Onde é que meu sutiã foi parar? – perguntei mais a mim mesma, olhando em volta.

_ Acenda a luz! – disse.

_ Não precisa! Alguém pode ver! – disse, achando a lingerie por fim. – Não vai por roupa?

_ Não, vou dirigindo pelado! – rimos. – Só estou, esperando você sair de cima de mim...

_ Ah, me desculpe!

_ Não, é que... Eu não quero estar preocupado com roupas enquanto você está assim, tão gata em cima de mim! – brincou.

_ Ah, claro!

Vesti o vestido com certa dificuldade, Kiseop ajudou-me com o zíper e logo eu estava “pronta”. Saí de seu colo, sentando-me no passageiro novamente e abaixando o espelho, para que eu pudesse arrumar a bagunça em meus cabelos. Por fim, acabei prendendo-o, os cachos já estavam todos deformados e embaraçados por culpa dos puxões.

Ele não demorou muito a se vestir, abotoando a calça roubou-me um beijo novamente, quando eu menos esperava.

_ Hoje foi bom! – disse orgulhoso.

_ Porque, algum dia não foi bom pra você? – perguntei.

_ Aish... Deixe de ser idiota, todos os dias são bons! Todos os dias serão bons se forem com você! É só que hoje foi diferente, você estava diferente! – sorriu, ligando o carro.

_ Eu sei, e-eu não sei o que aconteceu comigo. – ri constrangida – Mas eu também gostei, muito!

O caminho de volta pra casa foi repleto de piadinhas sem graça de Kiseop, e coisas idiotas que me fizeram rir o tempo todo. Ele tinha o poder de me deixar completamente a vontade nas situações mais embaraçosas.

Não demorou muito para que chegássemos em casa. Ele estacionou o carro na garagem e entramos por dentro, em silêncio absoluto. Ou quase... Na metade do caminho ele estapeou meu bumbum de leve, fazendo-me rir assustada e beijando-me em seguida. Quando chegamos na sala, omma estava deitada no sofá, concentrada na televisão.

_ Ah! Vocês chegaram! – disse baixo, sorrindo sutilmente.

A medida que fui me aproximando, notei que Hyori dormia em um dos sofás, e me senti tranqüila por ela já estar em casa e aparentemente, bem.

_ Ah, ela já está aqui! – disse com alívio.

_ Sim, o médico a liberou hoje, como foi a apresentação? Sinto muito não ter podido ir, meu amor, mas as circunstâncias...

_ Eu sei omma, não se preocupe!

_ Venham... – disse levantando-se – Vamos conversar na cozinha!

Kiseop e eu apenas a seguimos, enquanto ela acomodou-se em uma das cadeiras e nós fizemos o mesmo.

_ Sobre o que é a conversa, omma? – Kiseop perguntou um tanto curioso.

_ Então, meus queridos, é sobre Hyori... É sobre Hyori e seu estado clínico! – disse, encarando-nos preocupada. – Mas antes, Kiseop, quando estiver induzindo Ana a fazer qualquer tipo de coisa imprudente no carro e não quiser que eu descubra, pelo menos abotoe os botões da camisa da casa certa! – riu.

Quando olhei para Kiseop, notei que sua camisa estava completamente torta, escondendo meu rosto com minhas mãos e morrendo de vergonha.

_ Omma... – ameacei dizer alguma coisa, mas o que eu diria.

_ Não, não, não.. Eu já tive a idade de vocês, e JaeSoon era bem aventureiro! – riu. – Mas então... – voltou a seu tom sério, e sua expressão igualmente preocupante. – Eu sei que vocês começaram o namoro agora, e ninguém está mais feliz do que eu com isso, juro! De modo que o que eu tenho a dizer, dói o meu coração de um jeito inexplicável, mas eu preciso agir corretamente... – suspirou – Kiseop, eu preciso perguntar algo a você e você tem que me dizer honestamente, ok?

_ Omma para de suspense, diga logo!

_ Assim... – suspirou – No período em que Ana foi para o Brasil, seu pai foi com ela e eu precisei ir à China resolver alguns problemas... Deixei você aqui com Hyori e... Bem, vocês tiveram alguma coisa? Quer dizer, você bebeu ou se alterou, e acabou fazendo o que não devia com a sua prima?

Senti meu coração parando por alguns segundos.

_ Omma! De onde tirou isso? – Kiseop perguntou indignado, encarando-me com os olhos arregalados. – Você sabe muito bem que minha relação com Hyori nunca foi boa, e nem se eu tivesse bebido algo entre nós aconteceria! Mas, por quê?

_ Bem filho, esses sintomas que Hyori tem tido, tem apenas uma explicação, e é gravidez. – disse com pesar, e eu senti meu coração ainda mais apertado. O que eu estava fazendo ali, se aquele assunto não dizia respeito a mim.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Encarei Kiseop com os olhos cheios d’água, e tudo dentro de mim fazia sentido quanto as coisas estranhas que Hyori falava. Sobre as promessas de Kiseop e “sobre o que aconteceu” que eu nunca antes havia entendido, mas talvez ela não fosse tão louca.

_ Mas... Mas omma, não é porque ela está grávida que o filho tem que ser meu! Eu nunca encostei um dedo nela! – ele disse tão apavorado quanto eu.

_ Eu sei, Kiseop, se acalme! Bem, o que complica ainda mais o caso, é que não é bem... uma gravidez! Quer dizer, ainda é cedo pra ter certeza, mas trata-se de uma gravidez psicológica! O médico disse que é realmente difícil saber no começo, se é psicológico ou se o feto é real, disse que vamos precisar de algum tempo pra descobrir isso, mas que no momento, ele acredita que seja psicológico pois não encontrou nenhum vestígio de vida dentro dela, mas todos os sintomas correspondem à uma gravidez!

_ Isso é horrível. – eu disse baixo.

_ Ta, mãe, mas o que eu tenho a ver com isso?

_ Então... – limpou a garganta – Assim que descobriu que estava “grávida”, Hyori chorou de emoção e disse que finalmente poderia se casar com o amor da vida dela, você sabe que sua prima é... é apaixonada por você! E, bem... Ela disse que o filho é seu.

_ O que? Ah, omma! Omma, isso não tem cabimento, olha, sinceramente...

_ Kiseop, se acalma! – pedi.

_ Filho, se você me diz, que não teve nada com Hyori, eu acredito! Mas isso me leva a crer, que a gravidez seja realmente psicológica então! O que torna o caso ainda pior, pois ela vai precisar de todo o nosso apoio...

_ Ta, eu posso apóia-la, não brigo mais com ela!

_ Não filho, você vai precisar fazer mais do que isso! – encarou a nós dois – Você vai precisar assumir essa criança, mesmo que ela não exista! Se ela diz que você é o pai, então você terá que ser o pai! Nós vamos precisar ter todo o cuidado do mundo, pois ela realmente acha que está gerando uma criança, e quando descobrir que o ela na verdade não existe, estaremos correndo o risco de Hyori entrar em depressão ou até mesmo tentar o suicídio, eu não posso deixar que isso aconteça!

_ Mas mãe, isso é injusto! Eu não tenho nada a ver com isso, eu em momento algum dei esperanças a ela, porque agora eu tenho que abrir mão de tudo e...

_ Filho você prefere que sua prima morra?

_ Ta, então vamos supor que eu assuma o filho inexistente dessa maluca, o que vamos fazer quando ela ver que o filho não vai nascer? – perguntou impaciente.

_ O médico sugeriu que façamos como se um aborto natural aconteça! Mas isso ainda vai levar tempo! Kiseop, eu não sei se você sabe, mas a gravidez psicológica é como uma gravidez real, a única diferença é que não existe feto! A barriga dela cresce, os ossos da coluna vão se deslocar, e ela inclusive vai sentir os movimentos do bebê.

_ Ah... Isso é loucura... Porque a gente não fala de uma vez que não existe bebê, quem sabe ela não desencana e...

_ Porque nada do que dissermos vai convence-la de que o bebê não existe, porque o seu corpo e seus instintos maternos vão dizer que ele está ali, dentro dela! – encarou-me por um momento – Eu sei Ana, que você não tem a ver com isso e que ama meu filho, mas eu preciso que vocês terminem, preciso Kiseop assuma a criança só por enquanto! Serão só alguns meses, me desculpem por atrapalhar o namoro de vocês, mas não posso deixar minha sobrinha... Bem ou mal, ela também é da família... Na gravidez as mulheres ficam vulneráveis, e se ela ver quem diz ser o pai do bebê com outra garota, só irá piorar ainda mais as coisas...

_ Não chame... ISSO, ou seja lá o que for, de bebê, já que não existe... Isso tudo só me da mais nojo da situação, não vou conseguir ser pai de uma criança que não existe e nem vai nascer, de uma mulher que só inferniza minha vida, e me atrapalha em tudo! – Kiseop disse, dando as costas e seguindo para o quarto emburrado.

Eu entendia. Mesmo assim, era como se o meu chão tivesse caído. Dali em diante, eu passaria a ver o amor da minha vida longe de mim, assumindo o filho que não existia, da prima que sempre quis nos separar. O que eu poderia fazer?

Mas, e o meu psicológico, como ficaria com tudo aquilo?

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.