OTAMV 2: A Prima

Introdução: Hyori



Tudo soou absurdamente nostálgico a meus ouvidos. O cheiro do arroz com feijão, o tempero da carne que impregnou-se em minhas narinas. Meus cabelos que mataram a saudade e esbaldaram-se das carícias de meu pai.

Senti-me tentada a ficar. Quietar-me de volta no Brasil.

No entanto, aquela breve visita fortaleceu-me. Estava enfim, voltando à Coréia. A idéia de deixar as coisas inacabadas por lá, não me agradou nem um pouco.

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O avião chacoalhava no ar, atravessando uma nuvem ou outra, provocando meu estomago a revirar-se. Como eu odiava isso.

Senti meu coração apertando-se de saudade. Por mais que me agradasse o sol quente e acolhedor de Petrópolis, eu amava o frio constante de Seul. Como eu amava.

Tombei ligeiramente minha cabeça para o canto, sentindo meus olhos pesarem. Adormeci.


___


Eu desci do carro, contemplando o jardim de inverno que eu tanto sentira falta. JaeSoon retirou minha bagagem do porta-malas, ajudando-me a carregar as mesmas. Entramos no Hanok.

Confesso que estava um tanto desapontada, imaginei que todos estariam ansiosos para o meu retorno. Esperava que Kiseop estivesse a minha espera no aeroporto. Sentia saudade daquele riso maravilhosamente desajeitado. Senti meu coração disparar enquanto Kiseop sorria dentro de mim.

_ Ana, você se incomoda de ficar um tempo sozinha? – JaeSoon perguntou enquanto eu deixava meus tênis na entrada. – Eu vou ali rapidinho buscar um bolo que a SoonHyun encomendou pro aniversário da Hyori...

_ Ta! Tudo bem... – balancei a cabeça afirmativamente enquanto digeria suas palavras. Encarei-o.

É. Talvez ninguém estivesse mesmo tão empolgado com a minha volta.

_ Não fiquei assim garota! – Appa acariciou-me os cabelos, adivinhando o que minha cabeça tanto martelava. – SoonHyun não parou de falar de você um segundo sequer! – hesitou. – E Kiseop nem precisa dizer nada, está escrito nos olhos dele o quanto sente sua falta! – meu coração disparou novamente.

_ Ta! – ri. – Pode ir... Ficarei bem! – assegurei-o, mas ainda era capaz de sentir meu coração apertado.

JaeSoon retirou-se, deixando-me sozinha a contemplar os móveis. Nada havia mudado de fato.

O cheiro do alecrim que omma cultivava no jardim, impregnava o ambiente.

Caminhei com minhas malas até meu quarto, meu corpo pedia desesperado por um banho relaxante.

Adentrando-me ao cômodo, notei minha cama bagunçada, alguns de meus livros revirados e meu guarda roupas aberto. A pia do banheiro disparava gotas de água, tornando-se o único barulho no ambiente.

Hyori.

Ela dormira em meu quarto? Ela mexera em minhas coisas?

_ Ok... – tentei acalmar-me. – Relaxe... respire! Vamos conhecê-la primeiro afinal... – respirei fundo, arrumando a bagunça imediatamente, e finalmente banhando meu corpo cansado.

A garota não havia perdoado nem sequer meus shampoos e condicionadores. Usou de minha loção para banho, e de meu sabonete antialérgico.

Vesti-me calma, tranqüila por estar em casa finalmente. Deitei em minha cama, saudando meu colchão, até que criasse animo para realmente me arrumar.

Enxuguei os cabelos, delineei os olhos e complementei com o pingente que havia ganhado de Kiseop. Queria que ele me visse com ele, queria que soubesse que eu realmente gostara.

Não demorou muito e eu ouvi a voz de SoonHyun, gritando-me da sala. Parti rapidamente para seu encontro, abraçando-a.

_ MENINA! – gritou, abraçando-me cuidadosamente para não estragar suas unhas feitas. – Que saudade meu amor!

_ Omma... – senti meus olhos marejando. – Também senti sua falta!

_ Vamos... – encarou-me nos olhos – Conte-me tudo!

Sentamos-nos no sofá. Eu contei cada detalhe de minha viagem, e SoonHyun ouviu-me atenta. Ela abanava as mãos em busca de secar logo o esmalte vermelho que enfeitava suas unhas, sorrindo graciosamente.

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_ Que bom que se divertiu por lá... – sorriu. – Mas eu senti tanto a sua falta! Hyori não agüenta mais me ouvir falar de você... Nem Kiseop! – gargalhou.

_ Omma, minha mãe está até com ciúmes, acredita?

_ É bom ela ter... Como não ter ciúmes de uma criatura como você?

Sentia falta daquele sorriso. SoonHyun mal havia chegado, e o ambiente já mudara.

Foi quando nossa conversa foi interrompida por uma discussão, vinda de trás da porta que se abria lentamente.

_ NÃO, QUER PARAR DE... – Kiseop encarou em meus olhos, interrompendo imediatamente o que dizia. Abriu seu melhor sorriso, mudo.

Deus, como eu sentia falta daquele sorriso. Aqueles lábios encantadores, seus dentes que alinhavam-se em um sorriso perfeito, e seus olhos. Seus olhos tiraram-me o foco. Meu coração primeiramente parou, depois retomou o fôlego, batendo de tal forma que explodiria em meu peito.

_ YA! – a garota que segurava forte em seu braço, interrompeu minha hipnose.

_ Ah... – omma levantou-se. – Vocês finalmente chegaram! Kiseop, esta implicando com o que agora? – Kiseop livrou seus braços de quem parecia ser Hyori, e seus olhos percorriam por meu rosto, e por SoonHyun.

Eu encontrava-me imóvel no sofá, controlando minha respiração que tornava-se ofegante, e ordenando que minhas mãos parassem de tremer.

_ Sabe Ana, desde que você se foi, Kiseop passou a implicar com Hyori... – omma sorriu. – Parece até que agora, ela está em seu lugar!

Deixei de encarar Kiseop, e concentrei-me em SoonHyun, compreendendo suas palavras. O trecho “...Parece até que agora, ela está em seu lugar!” ecoou dentro de mim.

_ Deixe-me apresenta-las... – omma disse enquanto eu e Hyori passamos a nos encarar. – Hyori, essa é a famosa Ana! – sorriu. – Ana, essa é minha sobrinha, Hyori.

_ Olá! – levantei-me rapidamente e cumprimentei-a formalmente.

_ Oi fofa! – sorriu aproximando-se de mim. – Então quer dizer que você é a Ana...

Sorri sem graça. Eu era péssima para apresentações.

_ Você é até bonitinha!

_ Obrigada... – meus olhos percorreram rapidamente pela face de Kiseop, que encarava-me como quem se divertia com a situação.

_ Tem razão oppa, ela é uma mestiça ajeitadinha! – sorriu, desta vez, fazendo com que Kiseop revirasse seus orbes castanhos.

Hyori era alguns centímetros mais alta do que eu, seus cabelos compridos ondulavam-se suavemente na altura da cintura. Sua pele era tão clara, que acreditei que sumiria a qualquer instante. Resumidamente, Hyori era como uma boneca.

Passei a encarar Kiseop mais uma vez, ansiando por um abraço. Nada.

Esperava ouvir pelo menos um “Oi Ana, tudo bem?”, mas os lábios de Kiseop permaneciam imóveis, e seus olhos estavam vidrados nos meus.

Hyori encarava-me de cima a baixo, intimidando-me. Parou seus olhos em meu pescoço, encarando meu acessório discreto. Passei a mão pelo pingente, tentando esconde-lo de sua cobiça, em vão.

_ Oppa! – ela agarrou novamente nos braços de Kiseop, e o mesmo passou a encará-la de cima. – Nem pra você ser um irmão legal, e avisa-la que usar coisas como esse pingentinho barato, já está completamente fora de moda? – Kiseop e eu nos entreolhamos.

Aquilo fora constrangedor, mas deixei com que meu riso escapasse pelo canto dos lábios ao ver as bochechas de Kiseop corarem.

_ Não pode se esforçar em ser um pouco menos irritante?! – Kiseop disse áspero, livrando novamente seus braços, passando por mim em direção à seu quarto.

Nenhum “Olá”, quanto menos um abraço. Contentei-me com o que havíamos dito um ao outro com os olhos.

Não demorou muito e JaeSoon chegou com o bolo enorme de chocolate.

Sentamos-nos todos à mesa, desejando parabéns a pequena tagarela que completava seus 18 anos. Kiseop parecia entediado, SoonHyun encontrava-se ligeiramente bêbada e JaeSoon controlava suas piscadas longas. Ele logo retirou-se da mesa, entregando-se ao sono, seguido por SoonHyun que cambaleava pela sala.

_ Quando é seu aniversário Ana? – Hyori perguntou-me.

_ Nove de setembro. – respondi, sentindo meus olhos pesarem também.

_ Kiseop oppa, o que vai me dar de presente? – fez aeygo, ignorando minha resposta.

_ Já levei você ao parque e te dei um urso, o que quer mais? – perguntou grosseiro enquanto brincava com os talheres.

_ Um beijo?

Ela proferiu tais palavras, chamando-me a atenção. Kiseop encarou-me rapidamente enquanto eu sentia meu rosto queimar.

_ Idiota! – empurrou-a para longe de si.

_ Oppa, não tenha vergonha de Ana! – encarou-me sorrindo. – Você gostava de fazer isso quando éramos mais novos! – desafiou-o.

_ Você é nojenta!

Hyori permaneceu comportando-se como se eu não estivesse ali. Ela atirava-se cada vez mais para cima de Kiseop, e ele empurrava-a para trás, tentando livrar-se do hálito de álcool que a garota tinha.

_ Aish... – resmungou. – O quanto você bebeu? – perguntou enquanto ela ria sem parar, tentando beija-lo.

Aquela cena intrigou-me. Uma mistura de sentimentos surgiu em mim, e eu deduzi ser ciúmes.

“Ana, ciúmes da prima dele? Que coisa mais nada a ver é essa? Aish... Cai na real!” – balancei a cabeça, tentando livrar-me de tais pensamentos.

Em questão de segundos Hyori dormiu, encostando sua cabeça no ombro de Kiseop, enquanto passamos a nos encarar, um de cada lado da mesa.

_ Parece que você não é a única que capota quando bebe demais! – arqueou uma sobrancelha.

_ Oi Kiseop! – ironizei.

Ele sorriu novamente, fazendo com que minha ira inexplicável passasse rapidamente.

_ Oi meu amor... – piscou lentamente. – Eu senti sua falta! – disse calmo, fazendo com que meu coração derretesse.

Permaneci contemplando seu rosto perfeito, e eu levantei-me dali antes que meus batimentos saíssem de meu controle. Mais ainda.

Ele seguiu-me, deixando Hyori tombar para o lado, segurando firme em meu braço. Senti um frio na barriga surgindo aos poucos, quase que torturando-me.

_ Ya... – sussurrou. – Não vá! – encarou em meus olhos.

_ Com você me segurando, é impossível! – permanecemos nos encarando com olhos cerrados.

_ Eu senti tanto a sua falta! – puxou-me para mais perto de si, fazendo nossos corpos se chocarem.

_ Bem que eu percebi... Você me recebeu com um abraço tão forte... – ironizei novamente.

_ Então tudo o que você queria era um abraço? – perguntou debochado enquanto eu me calei. – Só um abraço...

Eu não conseguia respondê-lo. Borboletas demais voavam em meu estomago, e meus olhos percorriam por toda a face de Kiseop.

Ele surpreendeu-me, agarrando-me pela cintura e erguendo-me para me abraçar melhor. Quietou seu queixo em meu ombro, respirando quente em meu pescoço. Eu abandonei meu estado imóvel, envolvendo meus braços por seu pescoço, abraçando-o também. Aquele perfume enlouqueceu-me.

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Ele beijou ali, beijou o pé de meu ouvido, deixando meus pelos ouriçados. Afastou-se um pouco para encarar em meus olhos, e então, nossos olhos cerraram-se. Não consegui não encarar seus lábios enquanto ele os aproximava dos meus.

Aquele não era o lugar, não era a hora, mas eu queria. Na verdade, meu corpo todo queria, não só o coração.

Encostou seus lábios nos meus enfim, suavemente enquanto nossas respirações chocaram-se. Sobrepôs seus lábios nos meus, beijando-me tranquilamente, enquanto fechamos nossos olhos lenta e preguiçosamente. Tombei a cabeça para o lado ligeiramente, deixando o beijo tornar-se intenso. Suas mãos acariciavam minhas costas, enquanto as minhas brincavam com seus cabelos e orelhas. Não demorou muito e eu senti toda sua excitação por dentro de sua calça, envergonhando-me.

_ Senti muita falta disso minha Jageun (pequena/pequenininha)... Senti muito a sua falta! – sorriu, beijando-me novamente.

_ Eu também senti sua falta! – admiti sorrindo.

Seus olhos brilhavam ao encarar os meus.

_ A propósito, você fica linda com esse pingente! – brincou.

_ Obrigada... – sorri baixo. – Eu o amei!

_ E eu amo você! – ele disse ainda mantendo-me em seus braços.

Senti-me segura ali, de certa forma. Seus braços fortes agarravam-me com firmeza, e seus olhos faziam com que eu me concentrasse naquele momento, apenas.

Estava feliz. Naquele momento, estava feliz por estar ali com ele. Envolvida por seus braços, sendo amada.