Amor Mascarado 2

Lembranças Amargas


Eu estava deitada no quarto branco, olhando pro teto enquanto tentava organizar meus pensamentos. Na noite passada, Erik dissera que não estava pronto para me dizer sobre seu passado, e eu preferi não forçar para não irritá-lo de novo (nem a ele e nem a mim, inclusive). Ele pediu que eu o deixasse sozinho por um momento, e assim acabei pegando no sono no quarto branco, e Erik provavelmente estava no quarto preto, ou na mesa onde ele costumava compôr suas músicas. Mas então, a porta se abriu e Erik entrou, sem dizer nada. Ele sentou na cama, ao meu lado, e respirou fundo.-Oi. - eu sussurrei, tentando descobrir o que se passava dentro da cabeça complexa dele. Erik hesitou e respirou fundo uma vez mais antes de me responder.-Catherine, vai querer ouvir sobre o meu passado agora? Eu simplesmente assenti. Ele me puxou para perto de si e eu apoiei a cabeça em seu peito.

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-Certo. -Seus lábios sorriram, embora seus olhos não fizessem o mesmo. -Certo. - ele repetiu. Isso só mostrava que Erik estava nervoso. -Como você sabe, eu já nasci assim. Minha mãe... O nome dela era Madeleine, e meu pai morrerra durante a gravidez. Ela sempre me odiou, nem se deu ao trabalho de me dar um nome. Madeleine me deixava sempre trancado no sótão escuro, que era a coisa mais parecida com um quarto que eu tinha, e fingia para os vizinhos e para a família que eu não existia. Quando eu tinha uns três, quatro anos, ela me vendeu para um circo de ciganos. - Erik fez uma pausa, os olhos marejando. Seu aperto em volta de mim ficou mais forte. - Eles ganhavam dinheiro às minhas custas. Eu passei minha infância dentro de uma jaula, com pessoas rindo do meu rosto e me dizendo que eu era o Filho do Diabo. Eu sempre acreditei nisso, para falar a verdade. Fiquei lá por uns sete anos, até conseguir escapar com a ajuda de Madame Giry. Naquela noite cometi meu primeiro assassinato.

Levantei um pouco para conseguir enxergar Erik. Eu não sabia porque ele achava tão "perigoso" me dizer isso. Era importante. Eu não suportava a ideia de Erik sendo torturado quando pequeno. Isso partia meu coração em muitos, muitos pedaços.

Erik me afastou de si e levantou da cama, se encolhendo quase em posição fetal num canto do quarto. Agora ele estava soluçando desesperadamente.

-Erik? O que...? - Não consegui completar meus pensamentos em voz alta.Eu estava assustada.

Andei até ele, tocando seu braço - que cobria seu rosto. Meu anjo se afastou na hora.

-Não, não me bata. Eu... Eu vou ser bom. Eu p-prometo. - ele suplicou em meio às lágrimas.

Meu Deus. Eu não conhecia esse lado de Erik. Por que eu bateria nele? Será que...? Ah-Meu-Deus. Ele devia estar tendo devaneios. -Eu não vou. - eu tentei tocá-lo de novo, sem sucesso.-Me deixe... Sozinho... Por favor. - Erik estava quase sem voz, soluçando e fazendo as lágrimas caírem cada vez mais.

Eu não conseguia raciocinar, então simplesmente obedeci. Saí do quarto, me encostando na parede ao lado da porta, tentando refletir sobre o que tinha acabado de acontecer. Erik tinha uma passado doloroso. E pelo jeito, tinha acessos de loucura quando pensava naquilo. Portanto, a partir daquele momento, eu não podia deixar ninguém fazer Erik pensar nisso. Mas a primeira coisa que eu tinha que fazer naquela hora, era conseguir o meu Erik de volta. Como? Não tinha nada que eu pudesse fazer.Fiquei ouvindo enquanto o barulho todo que vinha do meu quarto, do choro dele, diminuía. Para isso, foram necessários uns bons vinte minutos.

Abri a porta do quarto devagar, para ver Erik dormindo onde eu o tinha deixado quando saí. Ah, droga. Ele estava dormindo no chão de pedra fria, e estava mais do que óbvio de que eu não conseguiria erguê-lo. Então, eu peguei um cobertor do armário e coloquei-o sobre Erik, ajeitando sua cabeça em cima do meu travesseiro. Agora eu precisava tirar essa história a limpo e só havia um jeito que eu conseguia pensar de fazer isso. Eu ia falar com Brigitte Giry. _______________________________________________________---Brigitte! - eu chamei, finalmente encontrando-a. Ela estava no jardim.-Catherine! Olá.-Preciso falar com você. É urgente.Brigitte me dirigiu um olhar obstinado, cheio de perguntas.

-Sobre o quê?-É sobre Erik, é claro.

Fez-se silêncio por algum tempo, nós duas nos encarando mutuamente. Depois do que pareceu um século, Giry quebrou o vazio.

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-O que aconteceu?

-Ele me contou sobre o passado dele. E... Eu não sei, acho que ele entrou em alguma espécie de estado de choque.

-Por que você acha isso?

-Ele começou a chorar, e falar para eu não bater nele e pra deixá-lo sozinho. Você sabia sobre o que aconteceu com ele?

-Sim. Só não entendo porque Erik teria te contado isso.

-Brigitte, eu somos casados. É meu direito saber, não acha?

Ela simplesmente acenou com a cabeça.

-O que acha que eu faço? - perguntei.

-Não sei, querida, não sei. Quer que eu desça com você para te ajudar com ele? Erik costuma me ouvir.

Eu assenti brevemente, e fizemos nosso caminho para a casa do Lago.______________________________________________________Entrei no quarto branco, segurando a porta para Madame Giry, e vi que Erik ainda dormia. Não parecia um sono tranquilo, no entanto, seus olhos se mexiam de modo pavoroso

-Erik? - eu sussurrei baixinho, me ajoelhando ao lado dele enquanto Brigitte se sentava na beira da cama.

Mais rápido do que os meus olhos podiam acompanhar, ele sentou, enconstando as costas na parede de pedra fria.

-Como você sabe o meu nome?- ele perguntou.

-Como assim?

-Meu nome! - Erik exclamou - Ninguém sabe o meu nome.

De repente, suas mãos estavam em volta do meu pescoço, e eu estava quase sufocando. Os olhos dele estavam quase vermelhos. "O que está acontecendo com o meu marido?"

-Erik, sou eu, Catherine. Sou sua esposa.

Brigitte estava assistindo a cena com os olhos arregalados, sem saber o que fazer enquanto eu tentava tirar as mãos de Erik do meu pescoço com urgência. Mas tão logo quanto eu completei a frase, o aperto dele se afrouxou um pouco. Eu podia ver a confusão em seus olhos e sabia que era exatamente a mesma expressão que ele via nos meus. Erik hesitou.

-Me prove. - ele sussurrou.

Eu puxei o rosto dele para perto e o beijei, mas ele se distanciou. -Erik! - foi a vez de Brigitte chamar.

Ela estava de pé, as mãos no ombro dele. As mãos de Erik soltaram meu pescoço e ele se virou para Madame Giry, enquanto eu me encolhia num canto, lágrimas escorrendo pelo meu rosto, a pele onde suas mãos estavam antes ardendo.

-Erik. - Brigite disse, hesitante. -Ela é Catherine, não se lembra? Ela ama você. Achei que já tivessemos passado por isso antes.

-Eu lembro de você. -Erik falou. -Você é Brigitte. Mas eu não lembro dela.

-Pense melhor, olhe bem para ela.

Erik se virou para mim novamente, me observando de cima a baixo enquanto eu tentava secar as lágrimas de meus olhos. Seus olhos, lentamente, se tornaram o mar azul calmo de antes, e ele se aproximou. Me encolhi ainda mais. Ele olhou por cima do ombro.

-Madame Giry, será que pode esperar na sala, por favor?

Ela apenas assentiu e saiu do quarto, fechando a porta atrás de si. Erik me observou por mais alguns segundos antes de compreensão e angústia tomarem seus olhos. Ele estava chorando de novo.

-Catherine! - ele sussurrou. -Me desculpe. Ah, Catherine, eu sinto muito. Eu... Não sei o que aconteceu. - Erik fez menção de se aproximar, mas eu me afastei ainda mais, abraçando os joelhos.

Isso não o impediu de se aproximar e eu não tinha mais para onde recuar, minhas costas já comprimidas contra a parede. Uma de sua mão traçou os pontos ardentes do meu pescoço, onde antes ele tinha apertado. Mas agora, embora eu não tivesse total confiança nele e estivesse com medo que Erik tentasse me matar novamente, seu polegar acariciava a minha pele e ele parecia se sentir muito mal. Isso não me deixava mais calma.

-Desculpe, Catherine. - ele sussurrou uma última vez antes de se levantar e ir falar com Brigitte, na sala.