Meu Bônus Infernal

Confiança


POV Ares

– Então, e agora? – Perguntei enquanto a seguia pelo corredor. Alice olhou para trás rapidamente e encolheu os ombros.

– Eu vou fazer do meu jeito. – E eu apostava que aquilo não era nada bom.

– Não quero que você faça de jeito nenhum, se é que me entende. – Disse parando na frente dela e cruzando os braços – Mas tudo bem, ainda temos tempo antes de Apolo aparecer. E como eu aposto que seus pais vão ficar ocupados a noite inteira...

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Aposto que vão. – Disse ela rindo. Inocente. Eu não estava me referindo a Hermes ouvir bronca a noite inteira, mas preferi não comentar nada com Alice. Eu assenti.

– Eu vou ficar do lado do Apolo. Vou passar a noite toda segurando ele. – Disse enquanto voltava a andar. E aqui eu tenho que fazer uma pequena observação.

Eu nunca entendi e nem vou entender como a mente daquela garota funciona com maldade. As vezes ela desliga o sensor de maldade e pensa que nem uma criança inocente, mas em outros casos completamente inesperados, ela ativa.

Alice prendeu o riso, e eu a olhei estranhando.

– O que? – Perguntei, e ela balançou a cabeça.

– Nada. – Respondeu rindo um pouco – Continua.

– Tá... – Estreitei os olhos para ela e prossegui – Eu vou ficar segurando ele e...

– Como? – Perguntou prendendo o riso novamente.

– Ora, como se segura alguém? Por trás, fazendo assim. – Eu fiz o gesto no ar, como se estivesse segurando alguém na minha frente – E vou fazer força, para ele não escapar e...

– Eu aposto que você vai. – Alice assentiu rindo novamente - Com força. E cuidado, ele é ágil.

Eu parei e olhei-a finalmente entendendo. Alice percebeu isso e começou a rir ainda mais e mais alto. Ela encostou-se contra a parede para continuar sem perder o equilíbrio.

– É sério? Mesmo? Eu estou aqui tentando pensar em uma forma de te ajudar e você está me sacaneando, sua pervertida? – Falei irritado.

– Eu...! – Ela continuou a rir – Eu não falei nada!

– Não precisa também, não é?! O que você faz na porcaria do seu tempo livre? Vê pornô gay? – Alice tentou parar de rir com dificuldade.

– Eu não falei nada! Para de ser tão sensível. – Disse enxugando lágrimas de riso. Ela respirou fundo e parou de rir finalmente. Eu cruzei os braços e estreitei os olhos para ela – Parei, tá bom? Não precisa ficar irritado.

Esperei por alguns instantes, duvidando da palavra dela.

– Eu já disse que parei! Acredite em mim. Pode continuar a falar. – Pediu.

– Certo... – Resmunguei – A não ser que você queira que ele abuse de você, esse é o melhor plano que nós temos. E seria muito bom se vo-, quer tirar esse sorriso bobo da cara?!

– Eu não estou sorrindo! – Protestou sorrindo ainda mais.

– Claro que está sorrindo! Parece uma garotinha tarada que acabou de ver besteira na TV! Vê se cresce! – Reclamei sem paciência. Alice ergueu as mãos em rendição - Argh. Dane-se. O que eu quero saber é: você entendeu o plano?

– Eu entendi. – Falou finalmente séria – E...

– Se você comentar alguma besteira...! – Eu ameacei.

– E obrigada. – Respondeu ela sorrindo para mim, dessa vez sem maldade – Por me ajudar. É bom saber que eu posso contar com você para me proteger.

– Com prazer. – Assenti de volta. Alice estava sorrindo com normalidade, mas logo voltou a rir. Eu bufei – Ah, eu não acredito! O que você anda vendo na televisão?!

– Você que disse! Você fez de propósito! – Exclamou ela rindo de novo.

– Quando era para você entender que seus pais iam fazer sexo, você não entende, mas, presumir que eu e Apolo vamos, para a sua mente é fácil, não é?! – Reclamei e ela fez uma cara de nojo para mim.

– Que horror! Eles não vão! – Exclamou ela chocada.

– Claro que vão! – Exclamei de volta como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

– Eles não fariam isso na minha cama! – Corrigiu ela – Claro que não vão fazer nada! Argh! – Ela fez uma careta para mim – Que mente suja você tem.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

EU?! – Falei surpreso, e Alice me ignorou indo em direção ao quarto. Ela entrou e bateu a porta no meu rosto – Kelly! O que você está fazendo?!

Eu vou colocar o meu plano em prática. O seu é péssimo. – Respondeu do lado de dentro do quarto. Eu fiquei com raiva daquilo.

– E qual é o seu plano?! Cair na dele?! – Reclamei socando a porta – Ah, vamos! Abre isso logo!

Não entre! – Exclamou ela de volta. Eu ouvia toda hora as pessoas dela pelo quarto, o que me deixou ainda mais curioso. O que ela estaria fazendo?

– Ok! Eu tenho outro plano! Não estava com muitas esperanças nisso, mas nós podemos tentar dopar o Apolo. É só colocar um sonífero na bebida dele e...!

– O que está acontecendo? – Perguntou Apolo aparecendo do meu lado, franzindo o cenho.

– Ah, ótimo! Está vendo?! Ele chegou! – Exclamei para a porta.

– Está falando com a porta? – Perguntou ele franzindo o cenho.

– Alice está lá dentro. – Respondi revirando os olhos.

– Alice está lá dentro? – Repetiu ele olhando para a porta com um sorrisinho – Ei, está pronta, minha musa?

– Não chame ela de minha musa, seu infeliz. – Rosnei para ele – E é melhor você me ouvir agora mesmo. Se você encostar um dedo nela, eu arrebento a sua cara. Você vai passar a ser o Deus mais feio do Olimpo, entendeu?

– Você nunca foi muito original. Acho que essa deve ser a terceira ou quarta vez que você me ameaça com a mesma frase. – Comentou ele rindo um pouco.

– Ah, eu esqueci que você é o garoto do drama. Se quiser um pouco mais de emoção nas ameaças, eu faço você chorar aqui e agora. – Disse estalando os punhos. Apolo virou-se de frente para mim.

– Uh! – Fez em sarcasmo – Eu estou tremendo de medo.

– Eu não vou permitir que faça nada com ela, seu imbecil, por isso controle o que tem nas calças. – Rosnei com raiva. Apolo assentiu.

– E como você não vai permitir? – Perguntou cruzando os braços.

– Eu vou fazer qualquer coisa. Nem que tenha que te segurar a noite inteira. – Respondi com determinação, e vi Apolo começar a rir.

– Ares, isso foi tão gay. – Respondeu rindo – Vai me segurar como? Por trás?

– Qual é o problema com vocês?! – Exclamei irritado.

O que foi? – Perguntou Alice.

– Ares quer o meu corpo nu. – Respondeu Apolo rindo – Ele quer me abraçar a noite inteira. Controle o seu homem! Eu sou um Deus de família.

Do outro lado da porta dava para ouvir a risada de Alice.

Eu sei! – Exclamou rindo – Viu?! Eu não fui a única a pensar nisso!

– Ora, calem a boca! – Rugi com raiva – Vocês dois são uns retardados! E se eu ouvir mais do seu riso, você vai se arrepender, Kelly!

Tá bom... – Murmurou com pequenos risinhos. Revirei os olhos.

– O que você está fazendo aí dentro? – Perguntou Apolo franzindo o cenho com curiosidade – Arrumando a cama para nós dois?

– Claro que não, idiota! – Respondi para ele.

Sim! Só mais um minuto. – Respondeu Alice, para a minha surpresa.

– Sim?! Como é que é?! – Exclamei de volta, e Apolo encolheu os ombros.

– Eu causo esse efeito nas mulheres. – Sorriu bobo para a porta.

Ok! Pronto. Pode entrar. – Disse e eu fui o primeiro a abrir a porta. Eu e Apolo entramos no quarto e nos deparamos com uma cama perfeitamente feita. Metade dela tinha um cobertor amarelo e do outro lado um cobertor branco.

Alice sorriu para Apolo, e retribuiu o sorriso.

– Pelo visto, você quer falar alguma coisa. – Notou ele e assentiu – Vai fundo.

– Esse. – Alice apontou para o lado mais perto da janela – É o seu lado da cama. O com o cobertor amarelo é meu. A não ser que queira trocar, o que para mim não faz muita diferença, desde que respeite o limite. – Ela estava em pé perto da ponta da cama, e tocou a divisão exata dos cobertores – Aqui é o meio, o limite.

– E você está dizendo isso porque...? – Apolo estava quase rindo.

– Porque essas vão ser as regras para dormimos juntos. E tente não roncar nem babar perto de mim. – Completou ela. Eu ergui uma sobrancelha, surpreso.

– Então vocês dois não vão...

– Não. – Alice me interrompeu, e depois olhou para Apolo com um sorriso triunfante – Vamos só dormir na mesma cama, mas nada além disso.

– Claro. Eu... Eu sabia disso. – Assenti um tanto sem jeito. Apolo cruzou os braços. Eu achava que ele ficaria frustrado, mas me surpreendi mais uma vez ao vê-lo sorrir ainda mais triunfante que Alice. Ela percebeu isso também, e tentou não se abalar.

– Pode explicar esse sorriso? – Perguntou ela.

– Você, Alice Kelly, costumava ser mais imprevisível. – Comentou rindo um pouco e depois andou para perto da cama – Eu já esperava que você fizesse isso. Quando eu pedi para dormir comigo, eu escolhi muito bem as palavras.

– Para quê? – Perguntou ela franzindo o cenho.

– Para você ter que dormir comigo. Caso, no meio da noite, você não resistisse e quisesse algo a mais, eu estarei aquilo do seu ladinho. – Sorriu torto. Alice corou um pouco. Ela olhou para mim, e depois para ele novamente, negando com a cabeça tentando passar firmeza.

– Eu não vou. – Afirmou.

– Claro. – Falou sem acreditar e riu um pouco. Ele apontou para ela – Como eu já disse, eu esperava que você fizesse isso. Mas você quer ver que carta eu tenho na manga?

Alice cruzou os braços e ergueu um pouco o rosto. Apolo tirou a camisa e jogou-a no chão. Soltou o cinto e depois abriu o botão da calça jeans. Desceu o zíper logo em seguida e deixou ela cair no chão. Alice continuou olhando-o com o queixo um pouco caído e os olhos arregalados.

– O que você está fazendo?! – Reclamei ao vê-lo piscar para ela.

Apolo deu a volta por Alice e levantou um pouco o coberto do seu lado da cama. Entrou ali acomodando-se e jogou a sua última peça de roupa, uma cueca preta da Calvin Klein, no chão e sorriu torto para a filha de Hermes.

– Eu durmo pelado. – Respondeu. O rosto de Alice ficou completamente vermelho.

– Não dorme não. – Rebateu ela, chocada.

– Durmo sim. – Assentiu.

– Desde quando?! – Perguntou com a voz desafinando.

– Desde hoje. – Respondeu – Eu não sei te dizer porque, mas eu passei a achar que as roupas são superestimadas pela sociedade moderna.

– E você chegou a essa conclusão 5 minutos atrás? – Respondeu inquieta. Apolo assentiu com grande naturalidade, e se ajeitou na cama – Ah, você é tão imaturo! Coloca suas roupas de novo!

– Uhm... Não. Desculpe. – Respondeu depois de fingir pensar um pouco. Ele riu e resolveu implicar com Alice – A minha nudez te ofende ou incomoda?

– S-Sim! – Respondeu com dificuldade. Ela gaguejou?!

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Ah, sim. É que pelo jeito que você está olhando para o meu peitoral, não parece. – Comentou encolhendo os ombros. Alice ficou ainda mais vermelha.

– Para de olhar! – Exclamei para ela. Alice virou o rosto para mim com uma dificuldade que me incomodou. Eu comecei a reclamar com Apolo, usando milhões de adjetivos pesados, praguejando em grego antigo, enquanto Alice permanecia parada ouvindo toda minha indignação – Já chega, eu vou dormir aqui também! Não tem jeito de eu te deixar sozinha com esse atirado! Se ele pensa que...!

– Ares! – Ela colocou a mão sobre o meu peito, e eu olhei-a com irritação e impaciência – Eu tenho que falar com você. Vamos lá fora.

– O que você...?!

– Só vamos! – Falou me puxando pelo braço. Saímos do quarto e Alice fechou a porta atrás de si. Ela olhou para mim, respirou fundo e falou – Você não vai dormir aqui.

– Você enlouqueceu?! – Exclamei com raiva – Você me quer longe para poder se divertir com ele, não é?! Por que não admite logo isso, Kelly?! Você nunca consegue resistir a...!

– Você não confia em mim! – Exclamou para mim.

– Eu tenho meus motivos, e acho que você os conhece muito bem! – Respondi.

– Deixa eu te fazer entender. – Alice respirou fundo – Toda vez que você aparece na minha casa tarde da noite, ou quando você simplesmente não aparece, eu acho que você vai para aquela casa de strip.

– O que?! Eu não...!

– Eu sei que você não vai, porque você me disse que não vai! – Ela me cortou – E eu aceito isso, e resolvo confiar em você. Eu não pego meu carro e te sigo para ver se você está falando a verdade ou não. Eu só confio. Mas você não consegue fazer isso.

– Você beijou ele alguns dias atrás! – Protestei com irritação.

– E eu te contei e pedi desculpas. – Completou ela – Eu não vou pular e cima dele só porque ele vai dormir sem roupas! Não vai acontecer nada e eu preciso que você me dê esse voto de confiança.

– Mas...! – Bufei não conseguindo completar a frase de tanta irritação – Como eu vou ter certeza que não aconteceu nada?!

– Não vai. – Respondeu ela simplesmente – Você vai acreditar em mim, assim como eu faço com você. Senão, de que adianta ser um casal?

Respirei fundo e pensei naquilo. Parte de mim sabia que ela tinha razão, mas outra parte bem significativa queria sentar no chão daquele quarto e ficar a noite inteira observando os dois, pronto para separá-los a qualquer momento.

Entretanto, a parte racional ganhou. Eu revirei os olhos e depois parei-os nos de Alice.

– Eu vou confiar em você. – Disse apontando para ela. E foi quando a minha parte insegura falou – Não caía naquilo, tá bom? Aquilo não é nada. Quando eu tento, eu posso ser muito mais gostoso que ele. – Alice riu e desviou o rosto – Eu estou falando sério! Aquele peitoral não é nada comparado a esse aqui. Eu posso dormir sem roupas também. E o meu cabelo, tudo bem, não é bonito como o dele, mas é só porque eu prefiro um corte mais baixo...!

– Você não precisa ser ele. – Alice disse rindo e olhando para mim. Eu revirei os olhos não acreditando naquilo – Eu estou falando sério! Eu gosto de você assim mesmo. E sabe uma coisa que eu gosto em você que ele não tem?

Alice esticou as mãos e passou pelo meu queixo e pela lateral do meu rosto.

– Você tem essa barba mal feita, e quando você me beija ela pinica. E eu adoro isso mesmo. – Disse sorrindo para mim.

– Sério? Essa é a única coisa? – Alice revirou os olhos, mas eu acabei aceitando o elogio – Sabe, tem um nome para pessoas que não conseguem crescer uma barba. Mulheres.

– Vai dormir na sala. E caso ele tente alguma coisa eu te chamo – Disse sorrindo, e eu assenti. Alice acabou prendendo o riso – Aí você corre e abraça ele por trás. Bem forte.

– É. É. Abraço sim. Desse jeito? – Perguntei girando-a e abraçando-a por trás apertado. Alice riu um pouco disso, e se debateu – É assim que ele gosta? – Perguntei escorregando uma de minhas mãos para sua bunda. Alice deu um tapa no meu braço e eu soltei-a rindo.

– Estamos no meio do corredor! Não faz isso. – Ela estava com o rosto corado, mas tinha um sorriso bobo no rosto.

– Ah, olha para isso. – Disse olhando para seu pijama – Você está quase nua que nem ele! Tinha que ter escolhido logo esse maldito pijama de zebra? Suas pernas estão todas de fora! E essa camisa de alcinha...!

– Con-fi-an-ça. – Disse separando as sílabas. Ela entrou no quarto e me deu um boa noite antes de fechar a porta.