POV Ares

Depois de corrermos cerca de mais meia hora atrás da Filhinha de Hermes, tentando convencê-la de que não houve beijo, ela resolveu que sua corrida matinal tinha durado o bastante.

Retornamos para a casa, e esperamos até que todos tivessem descido para tomarmos café. Estava reclamando com Alice, que constantemente prendia o riso lembrando-se do beijo que não aconteceu, quando Hermes desceu as escadas.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Por mais raivoso que eu estivesse, não pude me controlar em rir. Alice me deu uma forte cotovelada, embora também prendesse o riso. O Deus das corridas cruzou os braços, com um ar severo. Achei que ele fosse falar algo relacionado ao que estava nos provocando as risadas, mas...

- Onde você foi parar? – Perguntou Hermes olhando para Alice. Tampei a boca para não parecer que ele estava rindo – Você não estava no quarto de manhã.

- Eu fui dar uma corrida. – Respondeu Alice com um sorriso pouco simpático.

- Tão cedo? – Questionou.

- Desculpe se o chão não me deixou tão confortável a ponto de enrolar para levantar. – Rebateu cruzando os braços. Hermes revirou os olhos.

- Ao menos você agiu com maturidade. – Suspirou encolhendo os ombros.

- Quanta maturidade. – Comentei quando ele se afastou. Alice prendeu o riso e fingiu que eu não estava falando com ela – Eu fico até pensando o que você seria capaz de fazer se nós terminássemos.

- Uma festa. – Respondeu rindo. Dei uma cotovelada com força nela, e Alice fez uma careta para mim.

- Ia chorar por semanas. Comer potes de sorvete... – Ela me cortou.

- Você? – Riu.

- Você, idiota. Você não vive sem mim, Kelly. – Respondi fazendo uma careta também. Alice revirou os olhos. Em algum lugar da sala, a mãe/militar de Alice gritou. Ouvimos alguns xingamentos e Hermes correu até a mesa novamente.

- Alice Kelly! – Rosnou enquanto passava a mão pelo rosto, tentando tirar o bigode estilo Hittler e a monocelha que Alice desenhara.

- Não sei por que você está tão surpreso. Achei que fosse esperar por algo assim. – Comentou calmamente, mas com um largo sorriso de satisfação no rosto.

- Eu esperava que você tivesse maturidade. – Respondeu ainda mais irritado.

- Para o inferno com a maturidade, você me colocou para dormir no chão. – Reclamou cruzando os braços.

- Eu vou te colocar para dormir no telhado depois disso aqui! – Ele ia avançar em cima dela, mas Jenny o puxou pela camisa.

- Ei, calma aí! Nada de agressividade na hora do café. – Falou prendendo o riso ao olhar para o rosto de Hermes. Ele xingou e esfregou a tinta de caneta com mais força ainda, mas não estava fazendo tanto efeito.

- Droga! – Reclamou.

- Não está tão ruim assim, querido. – Falou a mãe/militar.

- Não está tão ruim?! É claro que está! – Exclamou irritado – Tudo por culpa dessa criança de 20 anos! Você não dá educação para a sua filha, não?!

Jenny revirou os olhos, notando que não havia como discutir com ele. Era melhor deixar que se acalmasse um pouco para depois abrir a boca. Nessa, Apolo entrou no recinto e foi para a mesa, mas parou quando encontrou o rosto de Hermes.

Apolo começou a rir tanto que lhe faltou ar nos pulmões. Eu o acompanhei, e Alice, sem conseguir se controlar, também. Hermes trincou os dentes.

- E ainda dizem que eu sou o nazista? – Perguntou Apolo rindo. Ele se controlou por alguns segundos, e estendeu a mão para o alto – Heil Hermes.

- Eu vou arrebentar essa sua cara de idiota, Apolo! – Exclamou com raiva.

- A minha cara é de idiota? – Riu ele. Hermes virou-se para Alice e apontou para ela. Seu rosto estava ficando vermelho de raiva.

- Você vai ver a minha resposta a essa brincadeira, sua espertinha. – Ameaçou e se retirou da sala. Jenny fez uma careta de preocupação, e olhou para a filha.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Acho que você realmente não devia ter feito isso. – Murmurou.

- Vai me fazer pedir desculpas? – Questionou Alice sem ligar.

- Não. Ele mereceu. – Respondeu ela rindo um pouco – Mas se você contar a ele que eu disse isso, vou negar.

Depois de comer toneladas de panquecas, nós nos jogamos no sofá da sala. Alice esperou pacientemente que eu e Apolo terminássemos de nos ajeitar para sentar também. Ela cobria o nariz, e tentava não se movimentar. Não queria respirar poeira.

- Você devia ter ficado no seu quarto. – Murmurou Apolo, ainda irritado com ela. Alice olhou para ele.

- Por quê? – Quis saber, mas depois olhou para mim e prendeu o riso – Ah. Entendi. Sinto muito por atrapalhar vocês.

- Não íamos fazer nada! – Reclamei com raiva e dei um tapa na nuca de Apolo – Deixa de ser idiota! Esqueceu que está falando com uma pervertida?! Não pode dizer qualquer coisa!

- Pervertida?! – Repetiu ela chocada – Eu não sou nada disso!

- Não?! – Falou Apolo incrédulo – Eu não tenho nem a mais remota ideia de onde você tirou essa tara por nos ver juntos, mas pode ir deixando ela de lado! Isso nunca vai acontecer!

- Deve ter sido na internet. – Sugeri – Tem muita sacanagem na internet.

- Eu não...!

- Ei. – Nós nos viramos e vimos o primo esquisito dela. Dwayne. Ele apontou para a porta da sala de modo indiferente – Eles vão jogar baseball, mas está faltando gente.

Não falou mais nada. Olhei para Alice e vi que seu rosto tinha voltado ao normal. Ela não estava mais irritada nem com vergonha, mas olhava para Dwayne como se fosse uma autoridade que respeitasse muito.

Aquilo me irritou.

- Já vamos. – Respondeu por nós dois também. Ele deu de ombros, como se não estivesse nem aí, e foi embora. Alice colocou-se de pé e caminhou até a porta. Eu me mantive sentado.

- Quem disse que eu quero ir? – Perguntei de mau humor. Ela olhou para mim como se não não fosse uma resposta possível.

- Por que você não viria? – Quis saber.

- Não gosto daquele idiota, por isso eu não iria. – Respondi sinceramente. Alice revirou os olhos.

- Então fica aí, Ares. Do ladinho do Apolo. Aposto que você vai adorar, não é? – E saiu da sala. Coloquei-me de pé com raiva, e marchei atrás dela morrendo de vontade de arrastá-la de volta pelo cabelo.

Apolo passou na minha frente, o que me irritou mais ainda. Era como se eu estivesse a fim de ficar com ele lá, mas ele não quisesse minha companhia. Não tinha ideia de onde ela tirava aquela ideia estúpida de que eu e ele poderíamos estar dando em cima um do outro, e eu ainda tinha a determinação de discutir aquilo mais tarde.

Chegamos no campo que tinha na entrada da casa, e vimos todos os primos de Alice parados, esperando por nós. Heather olhou para Alice com um olhar de nojo, e Joey desviou o rosto como se a presença dela o incomodasse.

Não entendia porque ela iria querer jogar com eles, sendo que todos a odiavam, mas não dava tempo para perguntar. Ela parou de andar e ficou em silêncio, esperando alguma ordem deles.

- Vamos fazer homens contra mulheres. – Sugeriu Joey rapidamente. Heather bufou como se aquilo não a agradasse. Ela e as outras bailarinas olharam para Alice e entregaram o bastão para ela.

- Espero que acerte, perdedora. – Falou com repulsa.

Podia ser incrivelmente irritante, mas era também incrivelmente bonita. Dei de ombros. Depois de nos ajeitarmos no espaço, Joey pegou a bola. Ele seria o lançador.

Apolo ficou atrás de Alice para pegar a bola que Joey lançasse. Falou algo para a Filhinha de Hermes, mas por eu estar longe, não consegui ouvir.

- Pronta? – Perguntou Joey.

Alice assentiu.

Ele lançou a bola.

Alice errou feio.

Todas as garotas suspiraram pesadamente, até mesmo a irmã gêmea do pirralhinho que era apaixonado por ela. Alice fingiu não notar, e Apolo devolveu a bola para Joey.

- Calma, ainda tem mais dois. – Incentivou o loiro.

- Ainda tem mais dois. – Repetiu Heather, como se aquilo fosse interminável.

Joey lançou novamente. Alice tentou rebater com força, mas acabou girando no lugar, e não acertando a bola. Apolo a devolveu para Joey, que resolveu implicar um pouquinho.

- Pensei que soubesse usar o taco. – Riu em escárnio. Alice fez uma careta de ódio para ele, e minha mão coçou para arrebentar a cara do idiota.

- Se nem você sabe, como eu saberia? – Replicou.

- Quer mesmo que eu responda? – Perguntou rindo. Todos riram também, menos eu, Apolo, Dwayne.

- Lance a bola, imbecil. – Rosnou.

Joey lançou com força e Alice errou novamente, por pouco. Heather bufou.

- Não quer trocar ela pelo Thomas? – Perguntou. Joey riu da ideia.

- Vou fingir que foi uma piada. – Falou.

Jogamos durante longos minutos, até que chegou a vez de Alice lançar a bola. O rebatedor era Joey. Antes de segurar o taco de baseball, ele lançou mais uma piadinha.

- Quer que eu finja ser tão ruim quanto você? – Perguntou inocentemente – É mais pelo seu bem, sabe? Vai ver assim você não fica tão deprimida depois de...

- Eu vou lançar. Está pronto? – Alice o cortou. Aquele garoto estava começando a me dar muita raiva. Ele se preparou. Todos esperavam que Alice fosse tão ruim lançando quanto rebatendo, mas estávamos errados.

Alice lançou a bola com uma força e velocidade absurdas. Joey encolheu-se para não ser atingido, e ela sorriu.

- Quer que eu pegue leve? Sabe, para você não ficar deprimido depois. – Implicou. Ele fez uma careta.

- Foi só uma jogada de sorte. – Resmungou.

Quando Alice segurou a bola novamente, ela a lançou com tanta força e velocidade quanto da última vez.

Joe errou.

Ela sorriu.

- Só mais uma. – Comentou Apolo, com um sorriso torto. Alice sorriu de volta e pegou a bola. Esticou a mão e deixou que ela voasse em direção a Joe, que não conseguiu rebater.

Alice comemorou, e ele xingou.

O jogo se desenrolou em um ritmo rápido. Ninguém ali era ruim, exceto a Filhinha de Hermes. Alice conseguiu, no entanto, rebater uma única vez. Ela correu como um raio pelas bases, enquanto todos lutavam para passar a bola antes que Alice pisasse na quarta base.

Joe ainda esperava que o lançamento fosse para ele, quando os pés de Alice tocaram a base. Ele, no entanto, fingiu com grande velocidade que já tinha marcado o ponto antes dela.

- O que?! Você pegou a bola depois! – Exclamou ela.

- Bem que você queria, não é? Mas sinto muito, você continua sendo péssima nesse jogo. – Respondeu.

- Eu cheguei sim antes, Joe! – Reclamou.

- Não chegou não! – Exclamou ainda mais alto que ela. Aproximei-me um pouco dos dois, com os punhos já cerrados.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Quem ele pensava que era para gritar com ela?!

Mais uma piadinha, só mais uma mísera piadinha...

- Mas não fique triste. Aposto que você pode pedir consolo para o seu namoradinho. Ele te ensina a usar o taco, Ally. – Seu tom de voz era baixo, para que só ela ouvisse. No entanto, eu ouvi.

Com um movimento rápido, afundei meu punho em sua barriga, derrubando-o no chão. Joe deu um grito abafado de dor, e todos olharam para mim com os olhos arregalados.

Até Alice.

- O que você fez?! – Exclamou chocada.

- Você não ouviu como ele falou com você?! – Exclamei ainda com raiva.

- Você não precisava fazer isso! Será que é idiota?! – Reclamou e largou todo o equipamento do jogo no chão. Alice correu para a sala, e eu deixei meu queixo cair em choque. Apolo olhou para ela correndo, e depois para mim.

- Acho que você devia falar com ela. – Comentou encolhendo os ombros. Apolo olhou para Joe no chão e deu um sorriso torto. O garoto já estava de pé e chutara a bola de baseball com raiva. O Deus do sol aproveitou a oportunidade e fez com que a bola chocasse-se violentamente contra o vidro do carro de Joe.

Eu, mesmo rindo um pouco, ainda segui preocupado em direção a porta da frente. Entrei e fechei-a atrás de mim. Alice estava em pé, esperando de braços cruzados que eu aparecesse.

- Escuta aqui, eu não fiz nada que você... – Ela me interrompeu. Alice jogou-me contra a parede e me beijou com vontade. Fiquei atordoado por alguns instantes, mas depois coloquei minhas mãos em sua cintura, alisando-a.

- Você bateu nele. – Ela abriu um largo sorriso. Alice começou a pular na minha frente, comemorando – Você bateu nele! Eu nem acredito! Essa foi... Foi a coisa mais linda que você já fez por mim!

Pisquei os olhos, confuso.

- Você está com raiva, ou feliz? – Alice respondeu de um modo direto. Beijou-me novamente, e, enquanto eu retribuía o beijo, ela alisou meu peitoral por cima da camisa.

- Feliz. Mas não posso mostrar que eu estou feliz, senão eles vão inventar que a culpa foi minha. – Respondeu. Heather abriu a porta, e Alice impediu-se de me beijar mais uma vez. Ao invés disso, deu um forte tapa em meu rosto e me olhou irritada novamente.

- Nunca mais faça isso! – Reclamou. Heather ignorou-nos e foi para a cozinha. Alice esticou-se para sussurrar no meu ouvido – Obrigada.

- Não vamos passar disso? – Perguntei ao vê-la se afastar. Eu mostrei um dos meus melhores sorrisos tortos e maliciosos, e Alice revirou os olhos, tentando esconder seu próprio sorriso.

- De noite a gente... Conversa. – Eu entendi muito bem a indireta.