Havia três carros parados no gramado na frente daquela casa velha. Todos os três eram carros esporte caríssimos, o que pareceu surpreender Ares e Apolo.

– Como eles vieram para cá com um carro esporte? – Perguntou Apolo de queixo caído – A estrada é toda irregular!

– Eles dirigem muito devagar. – Respondi observando os carros – Não tem pressa mesmo. Passam o caminho todo falando no celular enquanto dirigem.

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– Mas... Que tipo de caipira tem um carro esporte? – Perguntou Ares sem entender – Cadê as caminhonetes ferradas e velhas, ou os carros sujos de lama?

– Eles não são caipiras. – Respondi. Ares olhou para mim com um tanto de impaciência, e cruzou os braços.

– Você não disse tanto que eles eram caipiras, e que eram maus, e que eram chatos, e tudo mais? – Perguntou impaciente – Explica direito, lesada.

– Eles são caipiras nas férias. – Expliquei – São todos executivos ricos. Só que eles se passam por caipiras nas férias, como se fosse extremamente divertido. É aquele tipo de gente que acha que o contato com a natureza é ótimo, mas não vive sem os Ipads.

Eles fizeram “Aaah” mostrando que entenderam, e continuaram observando os carros. O primeiro a ter as portas abertas foi o BMW vermelho, parado um pouco mais perto da casa. Do banco do motorista saiu um homem de camisa polo e óculos escuros, do mesmo jeito que Apolo se vestia.

Ele falava no celular, enquanto fechava a porta do carro e tentava ajeitar o relógio melhor no pulso. Do banco do carona saiu uma mulher rabiscando em um bloco do tamanho de uma folha A4.

Eles fecharam as portas, mas logo pararam e se entreolharam.

– As crianças, Trisha! – Repreendeu ele. Ela ergueu os olhos castanhos para o homem, e torceu o nariz.

– Quem mandou você fechar a porta do carro, Adam? Abre logo! – Repreendeu ela. Ele revirou os olhos e apertou o botão das chaves. O carro apitou, e as portas de trás se abriram. Duas crianças saíram correndo á toda velocidade, eles mas Adam foi até o carro mesmo assim.

– Vai apresentar, ou vamos continuar só encarando? – Perguntou Ares fingindo delicadeza, mas eu sabia que estava impaciente.

Nós estávamos em pé perto da grade da varanda, mas os donos do carro vermelho não podiam nos ver. O que era ótimo, na minha opinião.

– Aqueles são Trisha e Adam Hanks. Eles são casados e tem dois filhos, a Ruby e o Thomas. São gêmeos. – Contei. Apolo assentiu olhando as crianças correrem.

– Aposto que o garoto nasceu primeiro. – Comentou. Olhei para ele, achando-o completamente complexado por causa de sua briga com Ártemis.

– Ah. Claro. Pena que eu não estava lá para conferir. – Comentei assentindo e voltando a olhar para eles – Ahm... Trisha é uma egocêntrica exótica, e Adam é um tecnomaníaco.

– O que? – Perguntou Ares sem entender.

– Ela é arquiteta. Vive fazendo rabiscos naquele bloco branco, e não se importa com ninguém que está perto dela. E os projetos delas são... Er... Raros no mercado. – Tentei explicar na melhor forma possível, mas eu sabia que eles entenderiam mais tarde – O Adam é viciado em qualquer tipo de tecnologia portátil. Não consegue passar mais de um minuto sem olhar o celular.

– As crianças tem algum problema também, ou você só odeia os dois? – Perguntou Ares prendendo o riso.

– Eu não estou exagerando, se é isso que está passando pela sua mente. Só estou falando a verdade. – Rebati. Olhei para as crianças correndo e franzi o cenho – Bem... Thomas é normal, eu acho. Nada demais. Mas... Ruby é um inferno. É o tipo de princesa cor de rosa que todos são obrigados a amar.

– Quem obriga? – Perguntou Apolo.

Ela obriga. – Respondi fazendo caretas. Minha mãe estava passando na varanda, quando nos viu no canto. Ela chegou mais perto, olhou para nós e depois para eles.

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– Está espionando o inimigo? – Perguntou ela para mim – Cuidado, Alice. Acho que eles podem vir aqui para te morder.

– Muito engraçado, mãe. – Falei em sarcasmo. De repente, notei a cena. Trisha tirara um monte de pano do banco de trás – Para que tanto cobertor? – Minha mãe olhou e depois voltou-se para mim.

– Alice, não são cobertores. É um bebê. – Corrigiu ela. Olhei para minha mãe arregalando os olhos.

– O que? – Perguntei sem acreditar. Estava tão surpresa por eles resolverem ter três filhos, e não cuidarem direito de nenhum dos três, que acabei fazendo uma pergunta mal interpretada – Desde quando ela estava esperando um bebê?

– Ahm... Há cerca de uns nove meses, Alice. – Respondeu minha mãe bem devagar como se eu fosse uma criança. Apolo e Ares começaram a rir da minha cara, e minha mãe fez o mesmo.

– Vocês são uns implicantes! Querem parar?! – Exclamei com o rosto vermelho – Eu quis dizer que eu não sabia que ela estava esperando um bebê, porque eu não vejo ninguém há um tempo, tá?!

– Tá na cara porque ninguém gosta de você aqui, Ally! Você é o geniozinho da família! Inteligente demais! – Riu Ares apertando a minha bochecha. Eu lhe dei um tapa no braço, mas isso não machucou.

– Eu não perguntei nada para você! – Retruquei irritada.

Quem dera! Quem dera você tivesse perguntado! Eu ia te dar um fora tão lindo...! – Riu ele animado. Eu revirei os olhos e disse “vão se ferrar”. Eles só riram mais.

– Qual o nome? – Perguntei para minha mãe, ignorando-os.

– Ryan. – Respondeu minha mãe. Ares ponderou mentalmente, e assentiu aprovando o nome. Aposto que ele tinha pensado no soldado Ryan, mas não perguntei. Olhei para eles ainda incrédula – Eu também não acreditei que eles quiseram ter outro filho. Três deve ser um trabalho enorme.

– Exatamente! Era isso que eu queria dizer, mas me interpretaram mal! – Exclamei concordando, e acabei falando demais sem pensa novamente – Como isso foi acontecer? Que loucura.

Eles começaram a rir novamente, só que dessa vez bem mais alto. O rosto de Apolo ficou vermelho de tanta risada. Ares ria tanto que ficou mudo. Minha mãe encostou-se contra a parede e começou escorregar lentamente em direção ao chão.

Eu fiquei ainda mais envergonhada. Passei a mão pelo meu rosto vermelho de vergonha, e desejei com todas as minhas forças não ter perguntado aquilo.

– Eu odeio vocês. – Murmurei.

– Você perguntou para mim? Posso responder? Posso? – Perguntou Ares com a vontade animada de me dar um fora. Eu tentei lhe dar uma cotovelada, mas ele se protegeu sem problemas – Não. Não! Pelos Deuses, eu não acredito que você realmente perguntou isso!

Ele voltou a rir da minha cara, e Apolo olhou para mim. Era a vez dele de implicar comigo.

– Não precisa ter vergonha. Eu explico. – Falou ele tentando parar de rir – Quando um casal se ama demais, e eles querem um bebê, eles pedem para a cegonha...

– Ah, cala a boca! Eu não quero mais falar com vocês! – Exclamei empurrando Apolo para o lado. Eles continuaram a rir e eu revirei os olhos. Minha mãe parou de rir, mas assim que seus olhos encontraram os meus, ela jogou a cabeça para trás rindo novamente – Mas que droga! Não perguntei literalmente! Vocês entenderam o que eu quis dizer, tá bom?! Parem de rir de mim!

– Olha... Seu pai vai adorar saber que você não sabe disso ainda. – Comentou minha mãe rindo. Ares e Apolo riram ainda mais, e eu cruzei os braços esperando que parassem.

Enquanto isso, saía gente dos outros carros. Minha mãe levantou-se e saiu rindo em direção á porta, provavelmente para avisar Will e tio Edgar que eles estavam chegando. Ares continuou rindo com Apolo.

– Oooooown, olha esse rostinho vermelho! – Implicou Ares apertando minhas bochechas. Olhei para ele com raiva, mas ele continuou – Não se evergonhe! Só porque você tem uma mente de uma criança de 7 anos, não quer dizer que você seja lesada! Ou... Sim.

– Bem, agora você já sabe. Nove meses, e tcharam! Um bebê! – Disse Apolo. Suspirei pesadamente imaginando quando eles parariam de rir. Olhei novamente para Trisha e o bebê, e notei algo.

Thomas estava correndo, mas não era em uma direção qualquer. Era na minha direção. Lembrei-me rapidamente de um fato que não havia mencionado, e que era melhor que eles soubessem.

– Eu esqueci de falar para vocês! O Thomas é...! – Eles me interromperam. Estavam rindo ainda mais.

– O Thomas também não sabe como o irmãozinho dele nasceu? – Perguntou Ares rindo. Dei um tapa em minha própria testa.

– Esquece. Vou deixar vocês se ferrarem mesmo. – Comentei virando as costas para eles. Eles fingiram que queriam se desculpar, mas continuaram me zoando.

Aí veio.

Fiquem longe da minha garota! – Berrou Thomas. Ele correu na direção de Ares e lhe deu um soco no meio das pernas. Ele parou de rir instantaneamente, e curvou-se para frente soltando um berro de dor. Ele chutou Apolo no mesmo lugar, e o Deus do Sol caiu no chão encolhendo-se.

– Thomas, menos. – Pedi, embora estivesse feliz. Se ele não fizesse isso, eu acabaria fazendo. Ele rosnou para Apolo no chão, e depois olhou para Ares, e fuzilava-o com um olhar de ódio.

– Seu pivete filho da pu...! – Eu lhe dei uma cotovelada, e bufou de dor. Ele trincou os dentes – Eu vou abrir a sua cabeça de tanto batê-la na parede, seu anãozinho!

– Está se metendo com a minha garota?! Fica longe dela, senão eu vou partir para cima de você! – Berrou ele com igual raiva. Ares rosnou.

– O que?! Vem então para ver o que eu faço com você! – Berrou ele colocando-se reto novamente. Seu rosto estava vermelho de raiva, e o de Thomas também. Eu puxei Thomas para trás de mim, e olhei para Ares. O Deus da guerra olhou para mim – Chama issode garoto normal?!

– Eu ia falar para você, mas estava ocupado rindo da minha cara. – Comentei calmamente, e com um sorriso no rosto – Acho que depois dessa, a cegonha nunca mais vai trabalhar para você.

Cala a sua boca, sua lesada! – Rugiu ele de raiva.

Não manda ela calar a boca! – Exclamou Thomas tentando bater novamente em Ares, mas eu o impedi.

– Calma aí! – Exclamei. Olhei para Ares e tentei interpretar o melhor possível para evitar mais problemas – Desculpa mesmo por essa bagunça toda. Olha, eu gosto muito de você, mas eu já tenho um namorado, então realmente não vai dar.

– O que?! Está falando isso para o garoto?! – Perguntou ele confuso e com raiva.

– Não, estou falando isso para você. – Deixei mais claro, e Ares franziu o cenho – Thomas é o meu namorado há um bom tempo, por isso... É bom deixar claro que não temos nada um com o outro. Não e tem eu e você.

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– É! Fica no seu canto, retardado! – Berrou Thomas ainda irritado.

– Como você falou comigo?! – Perguntou Ares com raiva.

– Olha... É melhor eu apresentar vocês. – Disse para Ares – Esse é Thomas, como eu já disse. Thomas, esse é Harry. Um amigo. E aquele ali no chão é meu outro amigo, Tyler. Só amigos. Fique calmo, certo?

Thomas respirou fundo e assentiu. Ares não estava nem um pouco calmo. Ele fuzilava o menino com um olhar de ódio profundo, enquanto Apolo estava gemendo e tentando se recompor.

O garoto esticou a mão, e tentou parecer mais calmo.

– Ei. Sem ressentimentos. – Disse, mas Ares ergueu a mão para lhe dar um soco. Eu intervi.

– Você tem problemas, seu pirralho?! Vai se enxergar no espelho antes de tentar arrumar uma garota! – Reclamou Ares irritado e possessivo. Eu olhei para ele como se ele tivesse sérios problemas por reclamar com Thomas, uma criança, sobre um assunto tão idiota.

– Só está com raiva porque ela gosta mais de mim. E eu cheguei primeiro! – Exclamou ele fazendo careta.

– Tsc! Chegou primeiro! – Ridicularizou Ares – Você realmente acha que alguma garota vai se interessar por você?! Quantos anos você tem?!

– Sete anos e meio. – Respondeu prontamente.

– Nem cabelo no braço você tem! Vai brincar lá no cantinho, e volta quando sua voz começar a mudar! – Retrucou Ares irritado. Thomas fez outra careta para ele.

– Não precisamos de você! Vamos embora, Alice. – Disse ele segurando minha mão e me puxando para longe de Ares. O Deus da guerra segurou minha outra mão e puxou-a para si.

– Você quer arrumar encrenca comigo, é?! – Perguntou ele furioso.

– Você tem problemas? – Perguntei olhando para ele – Quantos anos você tem?

– Ele está invadindo o meu espaço! – Exclamou Ares revoltado.

– Eu conheci ele antes, então... Tecnicamente, você está invadindo o espaço dele. – Disse sorrindo delicadamente – Ajuda o Apolo a levantar, e... Bem-vindo ao Alabama.

Ares trincou os dentes, segurou o braço de Apolo, ergueu-o do chão e o arrastou em minha direção, seguindo á mim e á Thomas. Sabia que teria problema, por isso resolvi despistar Thomas.

– Thomas, pode me fazer um favor? – Perguntei para ele – Pode ir ao meu quarto pegar a minha escova de cabelo para mim? Mas tem que ser a minha, ouviu? Pode fazer isso para mim?

– Claro. Deixa comigo. – Sorriu ele. Thomas saiu correndo para dentro de casa, bem no instante em que Ares parou perto de mim. Ele olhou para o garoto, que se afastava cada vez mais correndo, e depois para mim.

– O que fez para aquele idiota ir embora? – Perguntou.

– Mandei ele ir para o meu quarto pegar uma escova de cabelo. Ele não vai voltar Tão cedo. Não alcança a cordinha para puxar a escada. – Contei. Apolo já estava de pé e observava Thomas também.

– O que foi isso? – Perguntou atordoado.

– Ele acha que é o meu namorado desde os quatro anos de idade. – Contei para Apolo e dei de ombros – Só que... Ele nunca tirou a ideia da cabeça.

– Nem você tentou tanto, pelo visto. – Reclamou Ares.

– Está com ciúmes de uma criança de sete anos? – Perguntei incrédula, e ele resmungou irritado. Deu para ver que sim, e resolvi irritá-lo ainda mais por causa disso – Bem, o que posso falar? Ele me protege melhor que você. Ganhou meu coração.

– Como é que é? – Perguntou ele com raiva.

– Acho que um homem tem que saber defender a garota que ama. E ele consegue. Sinto muito, Ares. Você está ultrapassado por uma pessoa mais forte. – Falei.

– Uma pessoa mais forte? Aquilo é uma barata! Não chega nem a metade da força que eu tenho! Só abre a sua boca se for para falar algo inteligente! – Queixou-se. Apolo olhou para mim, e resolveu entrar na brincadeira.

– Fala isso para a sua cegonha. Acho que ela notou a força do garoto. – Comentou ele rindo – Acho que ela está certa. É concorrência demais para nós dois.

– Diga por você mesmo! – Berrou ele com raiva profunda. Ele deu um empurrão em Apolo, e o Deus do sol revidou. Eles chegaram bem perto, se encarando com raiva, mas Ares logo virou o rosto para mim – Eu quero você longe do Collins, do Apolo, e desse pivetinho, você entendeu?!

Eu revirei os olhos e olhei para os outros dois carros.

– Espera para ficar com raiva quando conhecer o resto da família. – Respondi.