O inverno estava no auge.

Capitulo I

Gendry esfregava as mãos uma na outra em uma frustrada tentativa de calor, um fina nevoa se formou a sua frente após um longo suspiro.

“O Inverno está chegando” murmurou ele o lema da Casa Stark. A primeira vez que ouvira essas palavras foram da boca de uma garotinha de 11 anos. Arya. Gendry tentou realmente esquece-la, tirar de si o peso da culpa pela morte dela, mas mesmo com o passar dos anos a tentativa foi vã.

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Ele precisava redimir-se, precisava encontrar alguma forma de reparar os danos que causara a Arya Stark e ao seu próprio coração há nove anos, quando ela foi levada pelo Cão por culpa dele, indireta, sim, mas ainda culpa dele. Se ao menos não tivesse gritado com ela, se ao menos não tivesse sido rude. Se ao menos eu não fosse um touro estupido. Mas de nada adiantava agora seus lamentos, ela estava morta, ele sabia disso, ele podia sentir.

A chance de redenção apareceu seis anos após o desaparecimento de Arya, a Guerra dos Cinco Reis estava agora no final, a Rainha do Dragão, aquela que todos chamavam de Mãe de Dragões, Daenerys Targaryen, a Nascida na Tormenta, khaleesi Dothraki, a Não Queimada conquistara Westeros, e o Jovem Bran Stark ressurgiu dos mortos reivindicando o Norte, e reconstruindo sua tão amada casa, Gendry sabia que tinha que ajudar. Por ele e por Arya.

Ele percebeu que, por mais que tentasse nada seria capaz de apagar de sua mente aquela jovem garota que se vestia de homem, brincava com espadas e o maior insulto para ela era ser chama de m’lady nunca sairia de sua mente. Ele a amava, e isso era inegável.

Fazia três anos desde que chegara a Winterfell, ajudou a reconstrui-la, o castelo, muralha e torres, e agora servia lealmente como ferreiro. Muita coisa havia mudado, Gendry havia sido legitimado pelo Rei Stannis Baratheon em uma tentativa desesperada de assumir o trono, mas de nada adiantou, Gendry podia ser um Baratheon em nome, mas o nome nunca mudaria quem ele era, nasceu ferreiro, e iria provavelmente, terminar assim, mesmo sendo herdeiro por direito de Ponta Tempestade.

Se havia algo que o incomodava, com certeza eram as noites, não por serem frias já que vez ou outra ele tinha mulheres que se ofereciam para aquecer sua cama, mas não, o motivo por ele não gostar eram porque, junto com ela vinham os pesadelos com a jovem e corajosa garota que conheceu.

Já era tarde quando Gendry saiu da quente fornalha para encarar a noite fria e sombria de Winterfell, ele estava andando em direção ao castelo, mais uma vez acabou por perder o jantar, e tinha esperança do velho cozinheiro ainda ter algo para ele. E foi então que ele viu o vulto, negro atravessando a neve em direção ao castelo. Provavelmente não havia visto ele, mas mesmo assim Gendry não podia arriscar, a primeira coisa que lhe veio à cabeça eram os selvagens, era normal vê-los deste lado da muralha ultimamente. Gendry caminhou furtivo em sua direção, o vulto era pequeno e pelo pouco que Gendry pode notar, muito magro, encontrava-se a poucos passos dele quando algo o atacou por trás, Gendry nem mesmo teve tempo de sacar a adaga, estava embolado em um emaranhado de pelo cinzentos e prezas gigantes, e apenas sentiu o sangue descer lentamente de por sua panturrilha. O seu sangue.

- Nymeria, pare. Aqui.

A dor era lancinante, mas ele não pode deixar de notar que a voz do vulto era de mulher e o que tinha o atacado era um lobo gigante. Não, não pode ser.

- O que está fazendo, Touro estupido?

Ele não podia acreditar, seu coração batia descontroladamente, e sua cabeça começava a ficar em branco e então, o mundo se apagou.