Jogos Vorazes
Capítulo 16
Abro os olhos e percebo que está de noite, escuto o hino da capital que anuncia duas mortes. Glimmer e a garota do distrito 4, e como eu disse que ia acontecer antes, não me importei nem um pouco com a morte de Glimmer.
Devo ter caído aqui mesmo devido os efeitos do veneno das teleguiadas e só acordado agora. Levanto com dor nas juntas, passo a mãos pelas ferroadas e percebo que as bolhas estão enormes e roxas.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Você tem que retirar o ferrão – Diz Clove sentada atirando sua faca. Ela está com a aparência bem melhor que a minha, seu rosto está marcado por algumas bolhas, mas não tão grandes iguais as minhas. Seu ombro que continua em um tom meio rosado por causa da queimadura.
– Porque você não me acordou? – Pergunto
– Era mais divertido escutar você gritando por sua mãe
Eu realmente sonhei com minha mãe, na verdade não eram sonhos e sim lembranças. Era a primeira vez que eu assistia aos jogos vorazes, eu devia ter cerca de um ano e a cena não saia de minha mente. Eu chorava para minha mãe me tirar daquele lugar, o grito e as súplicas dos tributos não saiam de minha cabeça, era agonizante, mas ela apenas ria e dizia para meu pai que eu iria ser o vencedor dos jogos. Desde então, todos os anos, eu fui obrigado a assistir todos os jogos, saber cada detalhe, gravar as estratégias dos vencedores e aos nove anos comecei a treinar.
– Saudades da mamãe, Cato? – Diz Marvel Sorrindo.
– E você saudades da sua parceira de tributo? – Rebato
Marvel para de rir instantaneamente e Clove solta uma enorme gargalhada.
– Essa foi muito boa – Diz Clove entre risos.
Decidimos voltar para o acampamento, e pegar nossas coisas. Notamos que o arco de Glimmer não está mais aqui, Katniss deve ter pegado. Continuamos andando na direção do rio e paramos quando vemos um garoto agonizando no chão.
Sua pele está cheio de ferroadas, o garoto se debate no chão e grita.
– Vamos acabar logo com ele – Digo
– Não, vamos deixar ele sofrer um pouco mais, assim será muito sem graça matá-lo – Sugere Marvel.
Nós sentamos e esperamos entre os gritos de alucinações do garoto que depois de algumas horas cessa. Ele se levanta e olha fixamente para uma árvore.
– E agora a diversão começa – Digo pegando minha espada.
– TEM ALGUÉM NAQUELA ÁRVORE! - Diz garoto apontando para a árvore ao lado. – UMA MENINA, PEQUENA NAQUELA ÁRVORE!
– Ele ainda deve estar tento alucinações – Conclui Clove
–ELA ESTÁ... NÃO VOLTA AQUI! – Grita o menino olhando para a árvore. – ELA PULOU PRA OUTRA ÁRVORE!
– Desde quando uma menina pequena consegue pular de árvore em árvore? – Diz Marvel dando gargalhadas.
– Eu... é verdade... tinha uma menina ali. – Diz o menino começando a se afastar de nós.
– Bela estratégia para tirar nossa atenção – Diz Clove pegando sua faca.
– Não! Não me mate, eu... eu posso ajudar vocês, eu fico de guarda! – Oferece o menino.
– Dá ultima vez que deixamos alguém ficar com a gente as coisas não deram muito certo – Digo
– Vai ser diferente, eu prometo, vou ajudar – Suplica o menino.
– Nós precisamos de alguém para ficar de guarda – Diz Marvel
– Nossa que guarda maravilhoso que vê garotinhas pulando de árvores! – Rebate Clove
– Eu sou do distrito 3, sei fazer armadilhas! – Diz o garoto
– Agora sim está falando a minha língua. – Digo – Levante daí e comece a trabalhar!
O garoto deve ter sido atacado pelas teleguiadas quando elas nos seguiram para o rio, mas veja pelo lado positivo agora temos um guarda. Não é um lado positivo pra ele já que o garoto sabe que podemos matá-lo a qualquer momento.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Precisamos ir para a cornucópia – Diz o garoto pegando uma mochila.
– Mas lá é aberto, e qualquer um pode nos ver durante a noite – Diz Clove.
– O que eu preciso para minha armadilha está lá – Diz o garoto.
– Não tem mais armas lá, todas estão com a gente. – Digo
– Eu não me referi a armas – Diz o menino dando um sorriso.
Toda nossa comida está empilhada ordenadamente em uma pirâmide, nosso acampamento em uma distância considerável por precaução. O Garoto explicou tudo para nós, ao redor dos cilindros que nos levaram para dentro da arena existem bombas para caso o tributo queria sair antes do tempo determinado pela capital. No distrito 3 eles mexem com tecnologia, o garoto diz saber como rearmar todas as bombas e usá-las a nosso favor e foi isso que ele fez até a noite cair.
Nós nos acomodamos e o garoto do distrito 3 fica sempre afastado e quieto.
– Até que ele fez um bom trabalho – Diz Clove – Só quero saber como nós vamos pegar nossa comida.
– Eu pego! - Disse o garoto. Ele se levanta e anda em direção a pirâmide dando pequenos passos calculados. Ele pega uma maça e sai de perto da pirâmide da mesma maneira que entrou. – Aqui! – Oferece a maça a Clove.
Clove pega a maça e dá uma mordida, o garoto volta para seu saco de dormi e é como se ele não existisse.
Levanto e me arrisco a entrar na cornucópia, está da mesma forma que antes só que parece que limparam, está vazia e produz até o eco dos meus passos. Pelo menos estava vazia, no canto da boca da cornucópia agora se encontra um paraquedas prata cintilando sobre a luz do luar. Um presente dos patrocinadores! – penso. Na ponta do paraquedas tem um frasco com um pote. Dentro do pote se encontra uma pomada. Corro em direção ao acampamento e vejo que Marvel já está dormindo.
– Olha o que eu achei – Digo mostrando a embalagem para Clove.
– Deve ser um remédio! – Diz a garota se levantando - Deixa-me ver!
Entrego o frasco para ela observar.
– É pra queimadura! – Diz Clove observando o frasco e depois me devolve.
– Ótimo você precisa disso. Use no seu ombro.
– Não, eles mandaram pra você!
– Mas eu não preciso!
– Nem eu!
– Claro que você precisa! Já viu seu ombro?
Clove dá as costas e começa a lançar facas no chão.
– Deixa de ser teimosa, toma!
– Não quero!
Então eu abro a embalagem, pego um pouco da pomada e coloco em seu ombro. Clove sorri e tira umas folhas de dentro do bolso.
– Aqui, isso vai ajudar com as ferroadas. – Diz ela me entregando as folhas.
– Como essas folhas vão ajudar?
– Deixa que eu mostro. – Clove mastiga as folhas e depois coloca em cima da ferroada em meu braço. O Alívio é imediato.
– Nossa como você aprendeu isso? – Pergunto pegando mais folhas de sua mão.
– Na estação de sobrevivência enquanto você treinava com a Glimmer – Ela disse esse ultimo nome quase cuspindo.
– Mesmo depois de ela estar morta você ainda sente ciúmes?
– Eu não estou com ciúmes!
– Adoro quando você fica irritada!
–EU NÃO ESTOU IRRITADA!– Grita Clove
– Então porque você está gritando?
– ARGH! Me deixa em paz cato! Boa noite. – Ela se vira de costas para mim e se senta no chão.
Aplico um pouco das pomadas na queimadura em meu braço, depois mastigo mais folhas e coloco em cima das picadas. Resolvo então descansar, retiro meu saco de dormir da mochila. Deito e fico observando Clove tremendo de frio ainda atirando sua faca.
Quando estávamos fugindo do fogo às bolas de chamas atingiram a jaqueta de Clove, causando assim seu ferimento no ombro, e eu a rasguei. Agora deve ser só cinzas em seu lugar.
Levanto, tiro minha jaqueta e me aproximo de Clove.
– Toma você vai morrer de frio se continuar assim – Digo entregando meu casaco e percebo que ela está chorando. – Clove, o que aconteceu? Porque você está chorando?
– Eu pedi pra você me deixar em paz!
– Só quando você me responder por que está chorando!
A garota amarra a cara e logo depois, para a minha surpresa, me abraça caindo em lágrimas.
– Só... só um pode sobreviver Cato!
Eu estava tentando evitar falar sobre esse assunto. Não há nada que eu possa falar pra ajudar Clove e ao invés de dizer alguma coisa apenas a abraço.
– Nós temos que nos separar! Vai ser o melhor, amanhã eu vou pegar minhas coisas e sair daqui – Diz Clove ainda chorando.
– Não! Você tem que ficar. Ainda tem muitos tributos vivos aqui na arena, temos muito tempo para...
– Para que cato? Para esperar a morte?
Clove sempre foi uma garota forte, eu nunca imaginei que estaria aqui a consolando. Busco palavras em minha mente e não arrumo nenhuma se quer. Não posso ficar aqui sem dizer
nada, ela tem que saber que eu me importo e muito. E então eu penso, não posso fazer isso, mas não consigo evitar.
Olho para o rosto de Clove, as lágrimas escorrendo pela sua bochecha cheia de sardas, os olhos fixos em mim. Seguro sua cintura cuidadosamente e a puxo para perto de mim como se ela fosse tudo o que eu preciso como se fosse o mundo em minhas mãos. E então eu a beijo.
Fale com o autor