XXXVIII

Porque o pouco que a gente tem, parece imenso quando se vai.’

Projota- Quanto.

Ponto de Vista: Kiryuu Zero.

No caminho ao parque ambiental as pessoas me lançavam olhares de todos os tipos.

Olhares mortais, assustados e até mesmo aqueles olhares sem expressão alguma.

Talvez eles devessem saber exatamente o que eu estava sentindo.

Talvez eles soubessem que eu era um pobre e maldito que acabou de ter o resto do que chamava de coração arrancado cruelmente do seu peito.

Ou talvez eles não soubessem de nada que eu estava sentindo e isso seria apenas fruto da minha imaginação que se sentia mais segura inventando mentiras para sobreviver.

Mentiras como essas mentiras sobre estar bem e não estar porra nenhuma, mentiras sobre meus sentimentos.

E de tantas mentiras contadas para me confortar eu acabei me afundando em uma escuridão tão grande que agora não sei nem voltar mais.

E a única pessoa que parecia me tirar desse abismo, era ela.

Yuuki era a luz que me tirava da escuridão.

Mas essa luz foi ficando cada vez mais distante até que não pude mais acompanha-la. Ela preferiu rumar outro caminho e me abandonar em outra dimensão e ir iluminar outra pessoa.

E é por isso que eu não tenho mais motivos para viver.

- Porque é tão difícil admitir que você esteja precisando de ajuda? – perguntou aquela velha conhecida de cabelos ruivos.

- Porque eu não estou precisando de ajuda, Tsumugi.

- Vou fingir que acredito. – falou ela. – Por causa da Kuran, não é? – perguntou ela comprando dois pirulitos daqueles coloridos e grandes de uma velha senhora. Ela me entregou um e eu peguei mesmo não querendo.

- Não interessa mais se é por causa dela ou não. Ela não vai mais sentir minha falta. – falei suspirando pesado. – Nem ela e nem ninguém vai sentir minha falta quando for para o lugar que eu quero.

- Para onde você pensa que vai? – falou ela saboreando seu pirulito, mas acho que a ficha dela caiu e sua expressão mudou rapidamente. – Não vá me dizer que você vai se...

- Você me entendeu, merda. – por fim falei saindo e deixando Tsumugi naquele parque.

-x-

- Merda Zero, larga de ser tão idiota, cara. – berrei com raiva.

Ok.

A ultima coisa que eu tinha ouvir era que Zero queria se matar.

Merda, porque ele vai fazer isso?

Tudo isso porque a aquela sem gracinha da Yuuki deu um pé da bunda dele?

Ah, que infortúnio.

Mas de um jeito ou outro eu tinha que impedir que ele fizesse essa idiotice.

E eu odiava ter que admitir isso, mas eu ficaria muito triste se algo acontecer com essa criatura idiota.

Porra, ele foi meu primeiro amor.

Eu tinha um sentimento por ele, não de amor ou coisa do tipo, mas se afeto.

Que merda, eu estou demonstrando sentimentos por alguém novamente.

Fazer o que não é?

Um dia teria que fazer isso.

[...]

- E eu posso saber por que de você querer que eu te leve a casa da Yuuki? – perguntou Andy não tirando os olhos do vídeo game.

- Porque é uma emergência. Eu sei que você ainda tem o numero dela no celular.

- Eu não tenho nenhum tipo de contato com ela, Tsumugi. E mesmo que tivesse eu não daria o numero do celular da Yuuki para pessoa que quis matar ela.

- Foi só um detalhe, Andy.

- Tanto faz. – resmungou ele ainda preferindo jogar a conversar comigo.

- Então você não vai me dar o numero?

- Não.

- Maldito. – resmunguei indo desligar o Xbox pela tomada, Andy me xingou de todos os palavrões que existiam.

[...]

- Alguém abre a porra dessa porta? – berrei chutando a porta com toda a força que eu tinha.

É, e aqui estou praticamente derrubando a porta da mansão dos Kurans só para poder falar com a Yuuki.

Mas parece que a mesma estava se fazendo de surda ou coisa do tipo.

- Abre a porta, bosta! – continuei a quase derrubar a porta esmurrando a mesma, mas alguém me chamou pelo interfone.

- Residência dos Kurans, quem gostaria? – falou uma voz que parecia com a de Yuuki.

- Yuuki, saia dessa casa imediatamente. – mandei.

- Er, não é a Yuuki que está falando. – falou a mesma mudando a voz, revirei os olhos com a ensenação. – Ela não está no momento.

- Eu sei que é você Yuuki e eu acho melhor você sair daí de dentro antes que eu queime essa bosta de mansão com você dentro. – ameacei perdendo o resto da minha paciência. Escutei a porta se abrindo e logo a idiota apareceu.

- Er, oi. – falou ela forçando um sorriso. – O que te traz aqui, Tsumugi?

- Não importa, você tem que vir comigo.

-x-

- E porque eu iria, Tsumugi? – perguntei indiferente. Poxa a menina quase quebra minha porta e agora quer que eu vá com ela para algum lugar aleatório?

- Porque você é a única pessoa que pode impedir que aquele idiota não se mate.

- Quem?

- Zero.

Só de ouvir aquele nome senti meu coração voltar a disparar.

Como se ele tivesse despertado para alguma coisa que até agora estou tentando descobrir.

Ele estava vivo.

Ou isso seria mais uma das mentiras que as pessoas me contam para poder me confortar?

Não importa muito bem a resposta, eu tinha que ver Zero novamente.

Mesmo que eu quebre a cara como toda vez eu faço.

- Se matar? – perguntei. – Ele não estava morto?

- Ele não está morto Yuuki. – falou Tsumugi com cara de tédio. – Você é a única que não sabia disso até hoje? – perguntou ela, assenti. – Meu Deus! Que tipo de mundo você vive?

- No mundo da mentira. – falei fitando o piso branco que havia ali. – Só me fale onde ele está.

- Aonde todos os vampiros decaídos vão quando quiser se matar ou sair dessa bosta de realidade, a ponte dos pesadelos.

- Onde fica?

- Você vai descobrir sozinha, Yuuki, a minha boa ação do ano já foi feita. – resmungou Tsumugi, levantei o rosto olhando para o céu.

- Eu vou te salvar, Zero. Mesmo que isso soe estranho vindo de mim, eu vou te salvar.

-x-

Andando lentamente para aquela trilha que dava para aquela ponte, fui analisando cada detalhe daquele cenário tão repugnante.

O cheiro forte que havia ali não deixava duvidas.

Era cheiro de gente morta.

- Seja bem vindo a Ponte dos Pesadelos, Kiryuu Zero. – falei a mim mesmo avistando aquela maldita ponte.

Dizem que quando você está de cara para morte, sua vida passa diante dos seus olhos como se fosse um filme.

Comigo não passou nada.

Por quê?

Bem, eu não tive uma vida digna de ser fazer um filme.

Então porque passar?

E de tão indigno que eu sou, nem uma morte decente eu pude ter.

Nem importava muito.

A única coisa que fiz a vida inteira foi ter um ódio mortal de vampiros, de ser um vampiro.

Acho que seria por isso que eu virei um caçador de vampiros.

Por ter ódio de ter me tornado um.

Engraçado isso não?

E de tanto odiar vampiros, eu acabei morrendo em um lugar repugnante repleto deles.

Que vida maldita eu levei.

Aproximei-me da beira daquela ponte tão infortuna a qual eu havia escolhido para morrer.

Suspirei pesadamente e olhei para baixo, apesar do filme não ter passado na frente dos meus olhos a única que passou diante dos meus olhos foi a imagem de Yuuki.

Nossos momentos, sejam tristes ou felizes, mas ela estava na minha cabeça.

Talvez minha vida valeu realmente a pena.

Mas do que adiantou?

Agora ela estava com o Kaname e eu tinha que aceitar isso.

Eu teria muito tempo para aceitar isso no inferno.

E as ultimas palavras que me lembro de ter falado foram.

- Obrigado por me fazer uma pessoa melhor, Yuuki. – por fim falei fechando os olhos.

- Zero, não! – gritou aquela voz conhecida e calmamente para mim. – Por favor, não!

Era Yuuki.

Ela havia vindo até aqui só para impedir que eu me matasse?

Ela teria mesmo vindo até aqui só para impedir isso?

Ela falando as palavras me deu um forte abraço por trás com todas as forças que parecia possuir no momento.

Ter ela novamente por perto me envolvendo em seus braços na esperança que me salvaria de todos os mal que me agoniavam me fez ficar paz novamente dentro de mim.

Foi como ela com uma palavra estendeu uma corda para me tirar do fundo aquele abismo escuro, a luz que me salvaria da escuridão, a razão na qual eu voltaria ter motivo para viver.

Esquecendo toda aquela cena que me fez vir para aquele lugar.

- Porque está tentando me impedir de cometer um suicídio? – perguntei ainda indiferente, pude a ouvir suspirar.

- Serve porque eu te amo?

-... – preferi nem falar nada.

- E-eu não consigo ter mais forças para ficar longe de você, Zero. – falou a garota entre soluços e suspiros. – E se você ousar pular dessa ponte, eu juro pular junto com você.

Bem, depois dessas palavras eu não preciso falar que eu sai da beira da ponte e fiquei fitando a garota chorar.

As palavras dela soaram tão verdadeiras.

Ela seria capaz de se matar se eu fizesse o mesmo.

Porque eu fui tão idiota de acreditar que ela preferia ficar com o Kaname a comigo?

Zero você é um retardado mental infeliz.

- Yuuki. – falei praticamente em um sussurro. – Er, você vai se casar com o Kaname. – perguntei. Porra, eu tinha que saber disso pela boca da Yuuki logo de uma vez, mas ouve um silencio vindo dela.

-... – ela nada falou, só olhou para o chão e varias lagrimas caíram sem parar no mesmo. Então, pude concluir que ela ia sim se casar.

- Então você vai mesmo se entregar a aquela maldito mesmo sabendo que ele não vai te fazer feliz? - falei. – Mesmo sabendo que ele nunca vai te amar como eu te amo?

- Sim.

- Então se é para você ser a prometida do Kaname, porque você veio tentar me salvar da morte?

- Porque antes eu estava sofrendo por pensar que você está morto, e agora mesmo indo se casar com Kaname, eu sei que você está vivo e que eu sempre irei te amar. – falou ela agora me olhando seriamente. – Mas agora se dizer que ainda sente o mesmo, irei suportar qualquer tipo de desgraça, tipo casar com o Kaname.

-... – palavras?

- Você ainda me ama, Zero? Mesmo estando ciente de tudo isso?

- Er. – falei sem graça com aquilo tudo. – E depois de tudo que você fez por mim, porque eu não te amaria Yuuki.

E ela sorriu de um jeito tão encantador naquele momento que eu esqueci toda a raiva que eu estava sentindo naquele momento.

Sim, eu amava aquela garota de um jeito que nem sei explicar.

Sem pensar duas vezes, beijei Yuuki demoradamente e novamente me senti inteiro depois de tanto tempo sofrendo que nem um condenado.

Ah, eu te amo tanto, sua garota encantadora.

- Eu tenho uma pergunta. – falei.

- Pergunte.

- Não que esteja invejando o Kaname, mas gostaria de ser minha prometida hoje?

A garota ficou imensamente vermelha com essa minha pergunta, e não pude rir daquela reação que ela teve.

- Er, sim. – falou ela ainda vermelha, continuei sorrindo.

- Então vamos, minha pequena prometida. – falei dando o braço para ela segurar, ela sorriu com a ação.

[...]

E Yuuki acabou adormecendo em meus braços com vestida com uma das minhas camiseta de banda que para ela ficam quase um vestido longo para ela.

Eu jamais pensaria que viveria algo assim com ninguém, mas essa garota mudou meus conceitos com seu jeito fofo e meigo de ser.

Esse jeito fofo e meigo de ser que acabou deixando completamente apaixonado um maldito sem coração feito eu.

Correção, acho que agora eu tenho um coração.

E que apesar de machucado aprendeu a bater fortemente por essa garota.