Ratos

Capítulo 1


Tudo começou com uma promessa quebrada. Na verdade, foram várias promessas, levando em conta que muitas pessoas quebraram a mesma.

Para sempre, como todos sabem, nunca dura. Ela sabia disso mais que ninguém.

Logo, ficou sozinha no mundo, abandonada. Familiares, amigos, amantes. Todos deixaram-na para trás, esquecendo-se de sua agonizante existência.

Estava definhando, precisava de companhia, ou enlouqueceria. Talvez, a solução fosse enlouquecer para não enlouquecer. Foi o que fez.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Primeiro, começou com os ratos.

Em sanidade, morreria de medo deles, mas já estava tão solitária que ratos lhe pareciam a companhia perfeita. Via os roedores em todo lugar.

No começo, ficou receosa. Mas aos poucos, eles foram se aproximando, se acomodando, até que deixaram-na dependente.

"Dependente de ratos?", você deve estar se perguntando. E a resposta é sim, dependente de ratos. Entenda, eles eram seu refúgio, seus amigos.

A esperança então ressurgiu.

Aos poucos, foram tomando conta e a pobre coitada fazia de tudo para tê-los por perto: eram melhores que qualquer indivíduo que já conhecera. Foi se convencendo que pessoas deveriam ser extintas.

Nas poucas vezes que saía de casa, transtornava-se (como se já não fosse desequilibrada o suficiente) e dava aos humanos o que mereciam.


A primeira a ser castigada foi uma menininha. Era loira e possuía cachinhos. Saltitava graciosamente com um livro na mão, os olhos transbordavam alegria e delicadeza. Ainda assim, não prestava.

A louca pegou um pedaço de ferro qualquer largado na rua, próximo à uma obra e começou seu serviço: primeiro golpeou-a na cabeça.

Caída no chão, a menina teve ainda mais outra ultilidade.


Eu cheguei a comentar que nossa desequilibrada havia saído de ser 'refúgio' para arranjar comida?


Sentindo o cheiro de sangue, não resistiu e acabou por provar. Um gostinho metálico agradável invadiu seus sentidos. Perdeu o pouco de controle que restava sobre si e,aos poucos, foi mordendo a carne da garota.

Começou pelos braços e depois passou para seu interior tão delicioso. Aquelas entranhas, que pouco tempo atrás estavam vivas e pulsantes, estavam agora saciando a fome de uma perturbada.


Já ouviram falar que tudo que é bom dura pouco?


Algum tempo depois, eles chegaram.

Não os ratos, mas os homens.

Vieram num carro branco e vermelho para levá-la. Possuíam sedativos e remédios para tentar controlar as partes asquerosas das mentes.

Como se fosse adiantar.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.