Protesto Mudo

Protesto Mudo


Frustrada novamente. Não se conformava. Se tantas pessoas quisessem realmente mudar, por que não diziam nada? por que não levantavam-se e diziam para todos a sua opinião? No momento, ela lembrava seu professor de filosofia. Criticava as pessoas por serem tão inflexíveis e cabeça-dura. Para poder progredir, as pessoas deveriam estar dispostas a mudar e aceitar a opinião alheia, a expressar-se. Ela diria que viviam em um mundo em que o progresso parecia inexistente.

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Lia em jornais a opinião de poucos. E, geralmente, via a opinião desses poucos fazerem a cabeça das outras pessoas. A partir daí, essa opinião não podia ser contestada. Era a verdade e pronto. Fim. Era aquilo e não poderia nem deveria ser mudado.

O mundo realmente estava dogmatizado. Há tempos que ela não via alguém levantar-se e questionar a verdade, aquilo que lhe era imposto. Que não via alguém dizer o que achava sobre isto ou aquilo. Ela era contra esse tipo de pessoas. Mas estaria disposta a mudar de opinião. Era a exceção daquele mundo.

Por muitos, era chamada de ousada, imprudente e respondona. Apenas por dar sua opinião. A esses, ela retrucava; não o retrucar mal-educado, não o retrucar ignóbil. O retrucar de simplesmente responder com a própria ideia. Não com agressividade, violência. Apenas a opinião.

Ela estava cansada daquilo. De tantas dogmas, tanta passividade, tanta aceitação. Ao ver dela, aquilo era passar por cima de seus valores, ideias e opiniões. Era enganar a si mesmo. Talvez não fosse. Talvez ela mudasse seu jeito de pensar algum dia. Precisariam apenas bater o argumento dela com o próprio. Mudar a visão dela seria fácil. Ela era uma pessoa \"desarmada\", com a mente livre e a cabeça sempre aberta para escutar e aceitar novas opiniões.

Decidiu, por fim, agir. Expressar o que sentia, não apenas para seus conhecidos. Iria além. Bateria o argumento de todos com o seu. Se a fizessem mudar de pensamento, aceitaria. Ela era uma pessoa que sabia filosofar.

Mandaria sua critica. Tentaria levar a opinião dela a todos. Uma ideia silenciosa, como fora até agora, não adiantaria, não adiantaria. Uma exclamação que não seria dita não serviria de nada. Ela levantaria sua voz e diria o que pensava. Um protesto mudo nunca ganharia nem a batalha, nem a guerra. Um protesto mudo é um argumento inútil, uma verdade mentirosa. Um protesto mudo não leva a nada. E ela deixaria esse protesto mudo para sempre.



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