Luiz se virou e retirou o capuz do manto de sua cabeça. Sua altura cobria a minha com facilidade, mas eu não recuei. Ele sorriu friamente e se aproximou ainda mais. Recuei me esquecendo que ele não poderia me tocar.

“O que foi, maninha?”, Luiz perguntou ainda sorrindo. “Ainda sou eu, seu irmão.”

Luiz tentou se aproximar novamente, mas eu continuei me afastando. Estava em choque. Esse não era o mesmo Luiz de antes. Seus olhos eram um pouco mais escuros do que os meus, um castanho claro, mas estavam sombrios e maldosos. Rosnei para ele, recebendo uma risada como resposta. Todos na sala permaneciam em silêncio. Aro e Caius continuavam sorrindo.

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“Seu traidor”, rosnei novamente. “Como pode?”

“Todo mundo tem seus motivos, maninha. Assim como eu tenho os meus.”, Luiz respondeu sem mostrar pesar.

Nem havia percebido que estávamos andando em círculos, só quando ouvi a risada de Caius atrás de mim. A raiva era tanta que eu nem sabia se iria me conter para não virar loba e voar no pescoço dele. Eu precisava de respostas primeiro.

“Então quais são os seus motivos?”, sibilei.

“Não é quais, mas quem.”, ele sorriu.

Nesse momento a ficha caiu. Só havia uma maneira de Luiz trair a família.

“Imprinting.”, eu disse olhando de relance para a guarda Volturi.

Quem poderia ser? Não gostava de ninguém da guarda Volturi, mas se Luiz teve um imprinting com uma das vampiras, ele já devia ter esse lado sombrio há muito tempo.

“Sim.”, ele assentiu.

“Quem?”, precisava saber.

De repente, eu ouvi uma risada familiar e olhei para trás de relance.

Jane.

Senti a raiva mais uma vez tentar tomar conta de mim, mas eu tinha que me controlar pelo menos para mais algumas perguntas. Os nossos círculos continuaram enquanto colocávamos as cartas na mesa.

“Como?”, perguntei.

“Quando aconteceu aquela confusão com o nosso pai, Jonathan e Lucas, eu vim tentar ajudá-la ou matá-la, não sei ao certo.”, riu e eu me senti tremendo. “Antes de vir Volterra lhe fazer uma visita, os Volturi já estavam lá em casa com a guarda.”

“E Jane estava com eles.”, completei.

“Sim. Léthy, você está cada vez mais esperta. Continuando, Jane estava liderando a guarda e foi quando aconteceu.”

Luiz parou quando viu meu corpo todo tremendo e eu balancei a cabeça. Ele estava me traindo a quinze anos por causa de Jane Volturi. Isso era o cúmulo. Não, o cúmulo era além de trair a família era se juntar aos Volturi. Eu que sempre contava com ele para quase tudo.

“Traidor.”, murmurei.

“Para de se fazer de certa, Lethycia. Você acha que eu não sei do seu romance com o Alec Volturi? Você está muito enganada”, sorriu.

Aquilo foi a gota d’água. Senti como se fogo se espalhasse por minha espinha e explodi em minha forma de loba, logo em seguida Luiz fez o mesmo. Não estava ligando para as roupas destruídas, só enxergava Luiz naquela sala. O resto tinha sido pintado de vermelho. Todos da sala estavam prontos para separar nós dois, mas Aro levantou sua mão em sinal para que eles esperassem.

Muito sensato.

Rosnava para Luiz como nunca havia rosnado para ninguém. Quebrei o círculo que ainda fazíamos e me aproximei mais dele, tendo os meus movimentos imitados formando um círculo menor. Ele não era mais meu irmão, era apenas um inimigo.

Pulei em cima dele e mordi seu pescoço, ele fez o mesmo. Reclamei mais do que queria e pulei para trás. Vi um pouco de sangue cair por seu ombro e pelo meu, mas não me preocupei. Fui para cima dele de novo e nós rolamos pelo chão espalhando sangue. Eu consegui me soltar das suas presas e pulei em suas costas. Estava pronta para dar uma dentada em seu pescoço quando caí para trás.

Sentia uma dor agonizante em minha cabeça. Contorci-me de dor e ouvi Luiz ladrando em um tipo de riso. No momento seguinte, consegui ouvi-lo choramingando, como se sentisse dor. Apesar da dor, levantei e vi Luiz sendo apanhado por uma fumaça, que o estava envolvendo, mas não o deixava inconsciente. Só estava tirando os movimentos do corpo. A dor em minha cabeça veio com mais força e eu comecei a contorcer de dor novamente.

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“Pare!”, Jane e Alec gritaram um uníssono um ao outro.

Enquanto Jane me lançava uma dor infernal de cabeça, Alec tirava os sentidos de Luiz.

“Parem!”, Aro disse.

A dor parou e eu ouvi Luiz parar de choramingar. Coloquei-me de pé em um segundo e vi pelo canto do olho, todos da guarda Volturi – incluindo Luiz – imóveis. Jane rosnou para mim e Alec rosnou para Luiz. Depois teria que me lembrar de agradecer a Alec por ter me ajudado.

Infelizmente, estava devendo a ele.

Eu continuei encarando o meu inimigo com atenção, não agüentava o chamar pelo nome de novo. Lembrava-me de tudo o que vivemos e o quanto ele havia me traído. Aro se pôs a ficar de pé e seguir até ficar do meu lado – mantendo certa distância. Mesmo sabendo que ele não era o verdadeiro perigo, não consegui relaxar com a sua presença perto de mim.

“Agora, quero que todos voltem as suas tarefas matinais. Todos menos Alec e Lethycia.”, senti seu olhar em mim. “Quero ter uma conversa com vocês.”

Ouvi todos saindo da antecâmara e voltando as suas tarefas normais, incluindo Luiz. Rosnei com a ideia de ele permanecer em Volterra comigo. Era a mesma coisa que colocar uma zebra na frente de um leão faminto.

Morte, na certa.

Senti novamente o olhar de Aro em mim, mas não conseguia retribuir por saber exatamente o que ele queria. Meu novo dom no seu controle. Visões do futuro.

“Alec”, Aro disse e ouvi os passos de Alec se aproximando. “Vá buscar roupas para Lethycia. Eu não consigo conversar com um transfigurador.”

Quase lati em protesto, mas não queria ter a chance de esbarrar com Luiz no corredor. Aro odiava se sentir incapacitado de ler os pensamentos de alguém e esse alguém da vez era eu. Ele nunca pôde ler meus pensamentos com medo que eu pegasse um pouco de seu precioso dom.

Alec voltou em poucos segundos e me pegou uma camiseta e uma calça de moletom. Fiquei relutante em colocar, mas cedi. Fui para o canto mais escuro da antecâmara e lancei um olhar ameaçador a todos que ficaram. Assim que viram meu olhar todos se viraram de costas para mim.

Voltei a minha forma normal e rapidamente estava vestida, penteando meu cabelo com os dedos. Estava ao lado de Alec novamente e o cutuquei por cima da blusa. Ele havia se esquecido das minhas luvas.

Mas ele não havia esquecido. Colocou a mão no bolso e me entregou.

“Só achei que você não iria conseguir carregá-las na boca.”, ele sorriu.

Sorri de volta e coloquei as luvas. Alec havia sido tão bom comigo, tirando os desentendimentos, ele me salvou se metendo entre mim e a sua irmã. Se eu não estivesse sob o efeito do imprinting, eu teria voltado com ele. Mas não era o que estava acontecendo, infelizmente.

Aro voltou ao seu trono e riu. Seu riso na era de algo engraçado, mas sim de vitória. Caius se juntou a ele, deixando Marcus em seu estado de desinteresse.

“Então, minha querida Lethycia, você conseguiu o dom de Alice Cullen? Visões! Que maravilhoso!”, Aro declarou animado.

Enrijeci e senti a mão de Alec na minha, apertando-a em sinal de conforto. Era um ótimo amigo. Assenti sem confiar em minha para voz para respondê-lo.

“Então podemos garantir que você usará esse dom a nosso favor?”, Aro perguntou.

Balance a cabeça, negando. Ouvi Caius rosnar e vi que se levantava, mas Aro o segurou fazendo sinal que esperasse.

“Por que, minha querida?”, perguntou lentamente.

Não respondi e ouvi Aro suspirar levantando-se. Continuei rígida ao lado de Alec e senti que sua mão continuava apertando a minha, só que com um pouco mais de força. Eu continuei olhando para Aro enquanto ele se aproximava e parava na nossa frente. Aro pegou minha mão livre e beijou por cima da luva, depois sorriu. Alec já teria quebrado minha mão se eu fosse humana.

“Minha querida, descanse. Amanhã iremos conversar. Você já teve muitas surpresas por hoje.”, Aro soltou minha mão e olhou para Alec. “Acompanhe-a até o quarto e depois volte ao trabalho.”

Eu e Alec assentimento em sincronia e nos viramos para a saída. Sem olhar para trás.