Vampire Heart

Capítulo 20


-Ville... Eu... Quer dizer... Nós... Se você... Não... – as palavras saiam indistintas. Era difícil prosseguir.

Ele permaneceu calado a me observar. Estava sério e claramente nada feliz com a situação.

-Não estou gostando do rumo dessa conversa. – disse-me friamente.

Era preciso ter coragem para falar com ele dessa forma. O fundo do meu coração preferia se submeter de uma vez, porém minha intuição dizia que eu devia ser forte e resistir. E agora, a quem seguir?

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Houve um período de longo silêncio e medo vindos de mim. Respirei profundamente e disse a mim mesma que tudo daria certo.

-Ville... Eu quero saber tudo.

-Tudo o que? – disse-me ele fingindo não ter interesse.

-Tudo! Tudo o que eu não sei ainda! Sobre o que você é! ...Eu preciso saber!

Silêncio.

-E também quero saber quem é Vladimir.

Silêncio outra vez.

-E também quero saber o porquê de você visitar a Tia se a odeia.

Eu estava falando com convicção. Ele percebeu que nada me faria mudar de idéia.

-Pra quê tudo isso?

-Porque eu te amo. – falei.

De repente, aquele rosto sério desapareceu e foi substituído por um mais relaxado, porém triste.

-Jessy... – ele cantou – Desista, por favor. Você sabe que falar sobre isso não é bom para nenhum de nós dois! Você sabe que eu sofro!

-E você acha que é o único a sofrer com isso? Eu me preocupo com você! Eu preciso saber! Pelo nosso amor! Por tudo que me faz feliz!

Ele suspirou e sentou-se ao meu lado.

-Droga. – ele disse – Você venceu. Feliz agora?

Sorri para ele e o beijei.

-Quer dizer que vai me contar?

-Sim.

Que engraçado! Nem foi tão difícil assim. Melhor do que eu esperava.

-Só estou fazendo isso porque eu te amo. – ele disse – mas, por favor... Não sinta medo de mim. Não sinta raiva de mim. Apenas continue a me amar como antes.

-Você sabe que sempre amarei!

Por alguns segundos sorrimos um para o outro. Eu estava feliz por ele finalmente estar me falando sobre tudo aquilo. Mas a alegria logo se tornou um monte de cinzas.

-E você sabe que tem que dormir agora, porque já são dez horas.

-NÃO! – gritei – Você disse que ia me contar!!! Você acabou de dizer... Voc...

-Negativo. Eu não conto nada pra quem tem trabalho no dia seguinte e não foi dormir ainda.

Não! Ele não tinha o direito de fazer isso comigo! Ele não podia!

-Posso e estou fazendo! Ou você descansa por bem, ou descansa por mal.

Descansar por mal era pelo método dos vídeos do Animal Planet.

-Mas Ville... Você disse que...

-E contarei; você sabe que não posso mentir. Agora, quero que vá descansar. Teremos uma eternidade amanhã.

Tentei protestar, mas ele me beijou antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa. Carregou-me até o quarto e deitamos juntos.

-Isso é muito injusto!

-A vida é injusta. – riu-se ele.

-Mas não deveria!

-E é pra mim que você reclama?

-Ville... Eu só quero saber da história toda! Isso é tão ruim assim?

-Eu sei que vou me surpreender com você. Não parece se importar quando digo que mato gente.

-Eu me importo... Mas não tem muito que eu possa fazer. Você sabe!

-É eu sei. No entanto... Quero que entenda que o meu sacrifício para estar aqui é enorme.

-Por quê?

-Porque eu quero te matar a cada segundo que estou com você.

Estremeci.

-Está com medo agora? – perguntou.

-“Tecnicamente” não.

Ele parecia confuso.

-Ville... Uma das coisas que eu mais quero é morrer.

-Eu sabia que ia me surpreender com você. Já começou e eu ainda não falei nada muito sério!

Eu ri bastante. Não pensei que isso fosse surpreendente.

-Mas de certa forma... Sim, estou com medo.

-Finalmente uma atitude normal!

Agora nós dois estávamos rindo.

-Mas é sério Jessy. Eu quero mesmo que você durma.

-Aaaaaah... Pra quê dormir? Dormir é para fracos!

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-Você é “tecnicamente” fraca.

Ele estava usando a palavra que eu usei.

-Mas é preciso ser forte para estar ao seu lado, não acha?

-Aonde quer chegar com isso? – perguntou-me desconfiado.

-Por que você não me morde? Aí poderíamos ser fortes juntos!

Silêncio.

-Jessy... Está delirando de sono. Vá dormir. Amanhã conversamos.

-Mas Ville...

E ele não respondeu mais nada, nem mesmo por pensamento.

-Tudo bem, seu chato! Eu vou dormir!

-Agora está melhor.

Deitei-me e permaneci abraçada nele com o seguinte pensamento: Eu estava pronta para morrer... Ele estava pronto para me matar. Como é que as coisas poderiam ser mais simples que isso?

Ou será que não estávamos prontos ainda?