- A coisa funciona assim... – dizia Lady Annie fazendo outro sanduíche com carne defumada e bastante tomate cortado e guloseimas exóticas de serem colocadas em fatias de pão dormido. Imladris tomava um elixir fortalecedor para se curar do cansaço pela “luta” contra o granizo e a emoção de interagir com um dragão de tão perto. Oxkhar vigiava a fogueira ali perto da carroça que foi reservada para eles. – Papai precisava desse favor sabe? Muita coisa na demanda e muito trabalho em Tanaris? – Sorena chegava com um copão de café quente e entregou a clériga trêmula em cobertores e cabelos soltos. A mais nova se espreguiçou lentamente.

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- Sono? – disse a mais velha.

- E quando não estou? – respondeu a feiticeira sorrindo e beijando a testa da amiga. – Se importam? – Imladris apontou o lado vazio de seu banco e a obrigou sentar.

- Vai explicar isso direito, nem que eu grude seu traseiro aqui. – Lady Annie pediu atenção com um grunhido.

- Olá? Eu que tou contando a história toda? Mas então... Valeu Ox... – ela agradeceu quando ele pegou duas lâminas de esquentar pão e colocou o sanduíche da menina no meio para ser tostado na fogueira. – Tem esse arco super poderoso e talz, lendário vindo sei lá da onde e que precisava ser repassado para o dono original sacas? – comendo um pouco da verdura deixada pra trás. – Dizem que só os Bem-Nascidos poderiam manejar um arco daqueles, perigoso pacas caso caísse nas mãos erradas? Outra história...? O arco tem o poder de derrotar o manézão ali atrás... – indicado a arena onde o Cavaleiro Negro ficava. – Fazer coisas lindas e salvar o mundo? Coisa brega, mas vai...

- Você é totalmente confusa, Annie... – interferiu Sorena bocejando. – Tem que seguir cronologicamente os fatos...

- Ah que se dane a cronologia dos fatos! – a menina exclamou jogando os braços pra cima. – Quem precisa de...?

- Seu pai iria adorar ouvir isso...

- Ele nem está aqui...

- Ele falou com a gente telepaticamente! – replicou Imladris empolgada e já no efeito do café.

- De qualquer forma...!! – a menina ralhou mostrando os dentes. – Ele tinha que se livrar dessa porcaria de arco. Entregar ao dono original, blábláblá essas coisas de herança de família...

- Deixa eu adivinhar... O arco é dos Windrunner? – opinou Oxkhar verificando seu toucinho fritando lentamente nas brasas. Sorena riu alto.

- Se o mundo girasse em torno dos Windrunner, eu seria a pessoa mais feliz do mundo... – Imladris a beliscou de leve na bochecha a fazendo calar.

- Aí depois de pesquisarmos um tiquinho, informações ali, arvore genealógica de fulado e beltrano e finalmente... A madeira do arco foi esculpida em uma das árvores atingidas pela guerra da Floresta Eversong...

- Aquela com dragões e orcs montando dragões, e dragões queimando a floresta e nomnom elfos? – implicou Sorena verificando a pulsação da amiga ao lado e sentindo sua testa.

- Da árvore mais antiga e castigada pelo bafo fumegante da revoada vermelha de Alexstraza, o ferreiro Darion e seu amigo Ythilien fizeram o corpo do arco, as inscrições foram feitas pelo próprio Ythilien, runas especiais que entranharam na madeira e deram o poder destruidor do fogo para ser usado contra aqueles que castigaram tanto suas terras... – agora Lady Annie cobrira sua cabeça com seu capuz e com voz grossa narrava a história em volta da fogueira. Oxkhar riu um pouco e virou a sanduicheira, Imladris sorriu bobamente pela interpretação da menina, Sorena pestanejava quase caindo de sono no ombro esquerdo da amiga. – “Que aqueles lagartos com bafo de fogo venham!!”, disse Ythilien brandindo o arco para os céus fumacentos da Floreta Eversong. “Nos vingaremos daqueles que destruíram nosso lar!” replicou Darion. Então os dois decidiram dar nome ao arco vingador... – e fazendo um gesto bem amplo em direção ao céu escuro da noite com densas nuvens, ela imitou um arqueiro prestes a atirar. – O arco dourado de Quel’Thalas, seu nome verdadeiro? “Vontade do Fogo”...

- E depois dessa: eu vou dormir... – disse Sorena se levantando rapidamente, Imladris a puxou pelas calças e a colocou sentada de novo.

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- Sem essa!! – exclamou Oxkhar rindo alto. – O arco é da Kali?!

- História pra boi dormir. Por isso eu sou uma taurina e vou dormir... – Sorena se levantou de novo, mas Imladris a fez sentar.

- Os dois fizeram um juramento sobre o arco oras! A geração de cada família protegeria a Floresta Eversong de qualquer ameaça usando o arco para trazer a justiça. E tchananam, nunca mais um dragão pisou por lá... Vontade do Fogo foi mais poderoso que eles...

- Você tá me dizendo que esse arco mata dragões e coisas malignas vindas do Rei Lich? – questionou Oxkhar, Imladris fungou quieta no lugar, encarando o seu café. Sorena bocejou novamente. Lady Annie concordava avidamente.

- E o que você negociou para pegar isso de volta, Sorena? – murmurou a amiga para outra.

- Ah, não foi a minha alma... Pode acreditar... Ela está desvalorizada no mercado ultimamente... – e suspirando cansada.

- Ox, me devolve meu sanduíche!! – e uma briga por comida começou na frente das duas elfas. Lady Annie pulara em cima do paladino e tentava retirar o sanduíche bem feito de sua boca.

- Vem pegar pirralha! – dando outra mordida.

- Sanduíche é meeeu!!

- Sorena...? – Imladris voltou-se a amiga.

- Tá... Papai viu algo estranho quando foi em Tanaris certa vez... – e murmurando no ouvido dela. - Ele viu esse arco sendo usado por você-sabe-quem lá naquele-lugar-você-sabe-aonde...

- O quê?! – o tom de Imladris foi tão exagerado que os dois combatentes de comida na frente das duas pararam de se digladiarem pelo sanduíche parcialmente comido por Oxkhar.

- Não duvido do meu pai. E o meu velho caduco avô também viu... – disse Sorena.

- E meu pai que acompanhou eles... – Lady Annie completou dando um soco forte abaixo do estômago do paladino e pegando o sanduíche de sua boca.

- Golpe baixo, pirralha... – disse Oxkhar sôfrego e se ajoelhando no chão pela intensidade da dor provocada pelo soco perto de um rim.

- Sou uma ladina, me processe. – e indo até Imladris, mastigando o sanduíche, ela concluiu. – Ela vai usar o arco contra o tiozão sentadinho no trono geladinho. Vai se dar mal, muito mal. E coisas horríveis vão acontecer. Por isso vamos devolver o arco para quem é realmente o dono.

- M-mas!! Como seria possível prever o futuro desta maneira?! Eles visitaram o passado!! Não há como...!!

- Eu vejo algo bem tenebroso na equação: Windrunner ferrado e vingativo mais arco super poderoso mais porta dos fundos da casa do almofadinha geladinho. – Lady Annie riu do linguajar de Sorena. – Vingança é um pratinho raso que se come frio...

- Ela não seria capaz disso!! Nossa Majestade é uma estrategista exímia! Uma líder ponderada! Ela nunca...! – Sorena a olhou com uma cara de tédio.

- Claro que ela faria isso!! – exprimiu Lady Annie com a boca cheia. – Depois de tudo que o almofadinha fez com ela e tudo mais?!

- Concordo com a pirralha... – gemeu Oxkhar levantando do chão e tirando a panela de toucinho das brasas. Imladris encarou o marido, a ladina e sua amiga ao lado.

- Ela não faria isso...

- E eu sou um murloc doutor-bruxo...

- Bruxo-doutor... – corrigiu Lady Annie mastigando mais.

- Que seja. – retrucou Sorena impacientemente e apertando a mão de Imladris ela confessou. – Nós sabemos o quanto a situação lá embaixo está desesperadora.

- Ela nunca...!

- Ela deixou Putress tomar conta do Apotecário e fazer aquele alarde lá no Portão...

- EPIC FAIL, cara... E minha tia Alex é uma chata quando essas coisas acontecem, isso eu te falo... – a menina ladina sentou no chão e apreciou cada dentada no sanduíche já quase acabando. – Bombas de gás venenoso não afetam caras que passam boa parte do tempo sentadinhos em troninhos geladinhos... – e rindo alto para si mesma. – Cara, isso é muito afeminado!

- Aquilo foi um golpe desastroso do destino.

- Ela deixou alguém invadir a cidade debaixo do nariz dela... – Imladris virou o rosto para não ter que encarar a realidade nos olhos de Sorena. Odiava ter que introduzir o assunto “Lorde Varimathras, o traidor.” na conversa. – O pai da Annie chamou papai Hrodi lá em Dalaran, pediu para ele achar o arco e tudo mais... A gente precisa fazer alguma coisa antes que outra tragédia aconteça...

- A pior já aconteceu... – murmurou Imladris ressentida por estar sendo vencida no argumento.

- Você sabe que eu não deixaria nada de ruim acontecer... – Imladris a olhou espantada, mas Sorena deu um risinho malicioso. – Acontecer a você... E sei que se algo acontecesse “lá”, você ficaria uma pilha de nervos élficos... – a clériga bufou para cima e tomou um gole do café.

- E o que tem a ver esse arco e o Torneio aqui? C-como você conseguiu um favor de Chronalis?! Aonde você foi e não me disse aonde ia?! – a clériga foi aumentando o tom de voz, mas Sorena apenas sorriu exageradamente.

- Em meus vôos por aí... Você conhece alguém que conhece um cara e aí vai... – a feiticeira abanou a mão como se aquilo fosse trivial.

- E o meu pai costuma visitar Dalaran de vez em sempre... – comentou Annie com um dedo na boca, lambendo o molho exagerado que escorrera do sanduíche. Oxkhar apenas ouvia a conversa encarando bem a esposa. Ele já conhecia bem as mudanças de humor de Imladris.

- Vocês não entendem!! A Dama Sombria NUNCA iria se precipitar dessa maneira! Não desse jeito absurdo! Invadir Icecrown apenas munida com um arco lendário? Assaltar os Corredores Gelados sozinha?! Ela é a última pessoa nesse mundo que faria uma idiotice dessas!! – Sorena abriu a boca para respirar profundamente.

- Immie, eu te dou a xícara de café milagrosa que vai salvar à todos e acabar com todos os nossos problemas. Você vai usá-la ou guardar para si pra poder pensar em um plano bom? – a clériga ponderou imediatamente e foi para responder.

- Eu com certeza jogaria café quente na bundinha do almofadinha do troninho geladinho... – Sorena riu do comentário de Annie. – Será que ele grita que nem menininha? – e imitando uma menininha histérica, ela levantou as mãos. – Aaaaaaaaaaah café queeeente!! – gritando esganiçadamente e dando voltas em si mesma. Imladris riu um pouco e sua preocupação sobre um futuro negro na história dos Abandonados com a perda de sua Rainha Banshee foi se dissipando com as risadas das mais novas.

- Ele deve ser fã de sorvete... – disse Sorena com uma cara pensativa.

- Não, esse é o Kel’ Thuzad... – corrigiu Imladris ajeitando a postura e dividindo o casacão com Sorena. Oxkhar cruzou os braços e sorriu satisfeito pela cena. As três garotas que mais gostava no mundo estavam ali se divertindo à custa das imagens agourentas dos supremos vilões de Azeroth.

- E como assim largar a Lady Proudmoore por causa de uma espada?! Esse cara tá louco?!

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- Eu ficaria com a espada, muito obrigada! – gracejou Imladris fingindo um gesto de querer regurgitar tudo ao chão.

- Ela é bonita... – opinou Sorena bocejando.

- Você está prestes a cair de sono, sua opinião não é válida! – replicou Imladris cutucando Sorena nas costelas.

- Faz isso não que faz cócegaaaas!! – as três riam alto e falavam bobagens, Oxkhar foi cutucado no braço.

- Soube da chegada, tá tudo bem?

- Oh sim! – era Kali com sua mochila de viagem e bufando arfante. – Muito tenso lá embaixo, mas o pai da pirralha salvou o dia... – indicando Lady Annie fazendo cócegas em Sorena.

- Pai? – perguntou a arqueira se aproximando do fogo e tirando as luvas. – Pelo Sol, que frio faz aqui nesse lugar...

- Kaliiiiii!! – esganiçou Lady Annie daquele jeito histérico, abraçando a arqueira com força e a apertando. – Sou sua fã, me dá autógrafo?! – a cara de Sorena fechou nitidamente, Imladris a cutucou discretamente.

- Vou dormir... – a do meio disse levantando e indo para a carroça reservada.

- Mas e o jantar? – perguntou Oxkhar tirando o toucinho da panela e ajeitando em uma travessa cheia de grãos de milho cozinhados. A irmã acenou e entrou, Kali a olhou entrar e fez uma cara preocupada.

- Deixa ela... Muita emoção por hoje... – explicou Imladris. Lady Annie limpou um lugar para Kali e todos se sentaram para comer. Imladris com sua panelinha separada cheia de legumes e uma torta de palmitos feita a mão por Oxkhar.

- Falando em emoçãoooo!! – anunciou Lady Annie. – Você passou nas eliminatórias!! – Kali acenou cordialmente e mastigou um pouco de toucinho.

- Eu sou boa assim mesmo... – a menina meio-elfa estava maravilhada com a presença de Kali. – Mas tem um troll de Orgrimmar que ganhou o tiro-ao-alvo... Foi horrível ganhar pontos para alcançá-lo...

- Você vai ganhar, pode ter certeza... – dizia Lady Annie. Sorena ouvia a conversa se estender pela noite adentro, mas não pregou o olho como anunciara.

- Encontre-me na Caverna de Cristal não é? – se virando para um lado e fechando os olhos. – Se o mundo não girasse em torno dos Windrunner, eu seria uma elfa menos paranóica... – e suspirando cansada ela tentou pegar no sono antes que a madrugada viesse.