Outland, Santuário das Estrelas, atualmente.


A bagunça se espalhava pelo acampamento armado pelos Elfos de Shattrat, todos obedeciam a organização de Shattered Hand ou eram Cavaleiros do Sangue. Campeão Lightrend separava a briga entre Capitão Dranarus e o famoso Paladino da Ordem da Luz, Arator Windrunner. O cavaleiro cuspiu ao chão o sangue que brotava de sua boca bem perto dos pés do inimigo, Sorena Atwood segurava dois dos guardas com uma aura silenciadora como uma película fina, mas difícil de ultrapassar.

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- Viemos para conversar, não para brigar! – ela gritou para o líder do acampamento.

- Tem idéia de quem é esse patife, menina elfa? – disse Capitão Dranarus – Esse desgraçado promove matança entre os nossos com aqueles malditos da Aliança!

- Nunca fiz tal coisa!! Retire o que disse, seu amaldiçoado!! – Arator avançou alguns passos, foi a vez da prima dissipar a aura, livrar os guardas e ir em direção ao paladino orgulhoso e estapeá-lo na cabeça com força. A cota de escamas de dragão tilintou com o tapa e Arator se encolheu para baixo. – Aaaaai!

- Conversar, não brigar. Sabem conjugar esse verbo na boa? Eu posso ensinar. – e virando para o grupo de guardas que os cercavam agora. - Eu converso... – apontando para si mesma e mostrando a insígnia de Silvermoon no manto. - Tu conversas! – estapeando o primo novamente no ombro largo. – Ele conversa. – apontando para o líder. – Nós conversamos... – indicando ela, Arator e os guardas. – Vós converseis... – para o líder e os guardas. – E eles conversam. – indicando os Cavaleiros de Dragonhawks que pairavam sobre eles. – Viu como é fácil? Vamos fazer de novo? – Lightrend cochichou algo no ouvido do líder, depois este apaziguou os ânimos dos guardas exaltados.

- O que querem? – Lightrend subiu um morrinho e foi para o fundo do acampamento.

- Só as direções para Área 52... E soube que há um Capitão de Vôo aqui que faz a rota... – Arator pegava água do seu cantil e viu que este já acabara. Ele olhou para a prima com sofrimento. Parecia uma criança.

- Cobraremos pela viagem. E não vai ser barato! – Sorena revolveu a sua bolsinha de dinheiro e viu que o primo gotejava suor abundante.

- Fechado, mercenário... – ela comentou jogando a bolsinha de dinheiro para ele. – Exijo duas montarias voadoras e vou pegar algumas coisas no taverneiro... – puxando o primo estranhamente cansado com ela para uma construção precária que servia de hospedaria para os viajantes. E colocando Arator em uma cadeira, depois tirando um frasco avermelhado da mochila, deixou-o tomar um tanto.

- Queima... – Sorena sentiu a testa do primo e deu-lhe um lenço umedecido com o mesmo conteúdo do frasco.

- Já, já passa... – ela disse levantando, enchendo o cantil com água da fontezinha dali e voltando ao líder. – Posso usar a caixa de correio também, mercenário? – o mais velho iria protestar, mas ela já colocava cartas dentro da caixa de correios mágica. – Vai me revistar e ver se eu sou um perigo para a nação élfica?

- Vocês vieram a pé de Honor Hold?! Estão malucos?

- Ahn... sim! Windrunners são assim mesmo... – o líder arregalou os olhos e seus lábios mexeram sem falarem.

- W-windrunner...?!

- O rapaz devidamente insultado e quase surrado ali dentro é filho de Alleria Windrunner, conhece? – o líder endireitou a postura e observou o quanto Arator tomava água. – E eu sou filha de Sylvos Windrunner... – mostrando o anel antes pertencente ao pai. E depois tirando um outro anel do bolso. – Sobrinha dessa aqui também... – era o anel de Sylvanas Windrunner, com o brasão dos Abandonados. – Mas vamos deixar entre nós, sim?

- Não obedecemos aos mortos-vivos...!

- É, eu também não obedeço... Mas você vai me tratar melhor só porque eu sou uma Windrunner não é? – Capitão Dranarus pigarreou sem graça.

- Respeitamos os nossos heróis... A família Windrunner sempre defendeu a nação élfica desde os tempos em que estávamos na Aliança.

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- Viu como é bom aulas de História? – dando tapinhas na cabeça do líder. Ele devolveu a bolsinha de dinheiro para ela, ela tirou algumas moedas e colocou de volta na mão dele. – Eu sei o quanto é difícil manter Dragonhawks em um lugar feio como esse. Aceite e não reclame.

- E-eu não poderia... – Arator saiu do prédio comendo uma maçã.

- Acho que tou melhor...

- Quer tentar de novo? – ela perguntou com carinha exageradamente macabra. O primo fez pose de gorila e bateu no peitoral de sua armadura.

- Vamos à caça!! – mastigando mais outro pedaço. Capitão Dranarus franziu a testa.

- O que vocês malucos estão pensando em fazer?!

- Vacas infernais, aí vamos nós!! – Arator saiu correndo para a saída do acampamento. Sorena sorriu gentilmente para o líder.

- Será que você pode guardar minhas coisas um pouquinho? É que eu e Arator queremos ver um daqueles rikes lá em cima na estrada, mas um bando de javalis chatos nos atacou... Arator foi atingido com um ferrão deles, dá febre essa porcaria!

- Vocês realmente são Windrunners...

- Vamos logo Sooooor!! – a mais nova ergueu as sobrancelhas várias vezes.

- Se conseguirmos derrubar um deles, prometo trazer a carcaça aqui pra vocês guardarem sim? – Campeão Lightrend a cutucou e entregou um embrulho enorme, Sorena segurou com dificuldade.

- Fala pro seu primo maluco que ele se esqueceu disso... – Sorena apoiou o embrulho no braço. – Estarei aqui quando vocês decidirem voltar.

- Certinho, senhor Campeão! – ela bateu continência e saiu correndo atrás do primo. Capitão Dranarus assoviou para alguns guardas.

- Ajudem esses aventureiros pirados... – os guardas foram com má vontade. – Eles vão caçar rikes... – os guardas sorriram um para o outro e melhoraram o humor.

- Aratooooor, sua espada!!

- Esqueciiiiii!!

- Cabeça de ventoooo!! - ouviam eles gritando no vale.

- Segura aí, segura aí!! – sons de espada e flechas.

- Tem certeza que eles são mesmo da família Windrunner...? – perguntou o líder. Lightrend confirmou.

- E você ainda vai ouvir muito deles por aqui...


Undercity mesmo dia.

- E então...? – questionou a Rainha de Undercity colocando suas luvas negras com detalhes imitando ossos das mãos.

- Nada ainda, Dama Sombria... Enviamos a notícia para a clériga Imladris, mas ela informou que a referida elfa está em Outland... – informou o mensageiro.

- Outland?! – a voz de Sylvanas foi alta, clara e com certa revolta. – Mas pra que aquela desmiolada está fazendo em Outland?!


Outland, final do dia.

- Dor... – gemeu Arator caído no chão. O vapor esverdeado do monstro abatido estava se dissipando. Os guardas arrastavam o corpo imenso do rike com a ajuda de dois kodos de carga. Sorena estava sentadinha na escadaria comendo pão com banana e cantarolando uma canção. – Você não está moída?

- Estou...

- E...?

- Só que eu não fico resmungando que nem um bebê chorão como você...

- Eu não sou bebê chorão!! – ele se levantou rapidamente e se encolheu caindo no chão. – Aaaai doooor...!!

- Bebezinho de mamãe...

- Cala essa boca!

- Mamãe não pode assoprar o dodói do neném...

- A maldita me deixou pra trás porque não tinha coragem de aceitar o que eu era!

- Que diferença faz? Seu pai também não iria te levar pra casa... – o primo ficou calado e tentando se curar. Sorena atacou o cantil de couro na barriga dele. – Toma poção de restauração... Já levou chifrada de javali e porrada de rike... – ele obedeceu tomando o cantil inteiro.

- Eu poderia ido morar em Theramore...

- Você endoidou da cabeça depois de levar unhada de rike?! Aquele lugar é péssimo!

- Mas me disseram que os maiores heróis do Reino estão por lá... E meio-elfos... E Lady Proudmoore... – ele suspirou.

- Não sei se você recebe notícias lá de Azeroth com freqüência, mas... Todo cara que flertou com ela acabou causando confusão...

- Quê?! – o primo sentou perto dela ainda tomando na cantil.

- Kael’Thas Sunstrider...? Antigo Príncipe dos Elfos de Quel’Thalas... Foi pro Kirin-Tor, viu a formosura da garota e endoidou. Arthas Menethil, paixãozinha adolescente? Endoidou.

- Quem é Arthas Menethil? – Sorena fez cara de estranheza e depois caiu na risada. – O que foi?!

- Tenho mesmo que te levar em Undercity! Nossa tia vai adorar ouvir isso...

- Você fala dela o tempo todo... – resmungou Arator remexendo na mochila de Sorena, ela o estapeou na mão.

- Não mexa na bolsa de uma garota!

- Tou com fome! – ele disse sofregamente. Ela tirou um outro pacote com pão com banana.

- Neném chorão! – os dois morderam e mastigaram no mesmo tempo.

- Tia Sylvanas é poderosa assim?

- Arram... A melhor feiticeira que eu já vi...

- Você não conheceu Illidan Stormrage...

- Aquele cegueta roxo? Fichinha perto dela...

- Arquimonde o Enganador?

- Ela derrubou três dreadlords da Legião Flamejante...

- Poxa, dreadlords?! – o primo se surpreendeu com a boca cheia. – Mas ela não era arqueira-vigia que nem a...

- Ela é multiclasse... Faz uma pancada de coisa ao mesmo tempo...

- Ela deve ser bem poderosa...

- Arram... – tomando suco de melão e arrotando sonoramente.

- Mal-educada... – Sorena riu com a provocação.

- Temos que visitar a outra tia então...

- Qual outra tia? Ah! Tia Vee...

- Essa mesmo que ninguém se lembra, coitada! – mordendo um bom pedaço e indicando o rike estropiado sendo decepado por muitos soldados da Shattered Sun, um grupinho de viajantes parara para ver o espetáculo. – Eu tenho saudades da cara maléfica dela...

- Ela vive de mau-humor, caramba! Os meninos ouviam muito!

- Você ouviria também se sua mãe fosse zelosa... – provocou Sorena o socando no braço.

- Pois não era... – ele entristeceu rapidamente e se levantou para pegar sua bagagem para a próxima aventura.

- Hey bebê chorão! – Arator virou-se com os olhos azulados faiscando de fúria. – Sem neurose. Você vale bem mais pra mim do que todas elas juntas... – o rapaz meio-elfo sorriu largamente e correu para suas mochilas. – Tirando a morta-viva. Eu gosto dela pacas!! – ela balançou os braços para o alto. - Só não fala pra ninguém, sim? Não quero que minha reputação seja manchada por esse detalhe... – Arator ajeitou a bagagem nas costas e pendurou sua espada no suporte que tinha escondido entre a capa e a armadura.

- Vamos? – Sorena levantou, limpou a boca com a manga do manto novo que ganhara em Silvermoon e se sentia extremamente confiante com ele.

- Próxima parada: Área 52... – indo para o Capitão de Vôo e sorrindo como uma criança feliz. – Senhor Capitãããooo...?

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- Tá, tá, está certo! Capitão Dranarus já me deu as instruções e quer vocês bem longe daqui o mais rápido possível...

- Oh priminho, somos famosos!!

- Os Windirritantes!! – Arator montou no wyrvern pardo e ajeitou as duas mochilas nas costas.

- Valeu aew tio... – disse Sorena beijando a face do elfo que ficou muito sem graça pela demonstração de carinho gratuita. – Te mando carta falando que chegamos bem sim?

- Beijos, não-me-manda-carta, tchau... – disse Arator rapidamente e depois fazendo uma pose heróica brandiu: - Ao infinito e Alééém!! – o wyrvern se moveu abaixo dele, e o paladino foi obrigado a segurar bem as rédeas da sela. Sorena já pairava sobre ele.

- Trouxa!! – ela exclamou rindo muito dele.

- Quando a gente descer, eu te acerto com o rabo dessa coisa aqui...

- Ai que medo do bebê chorão...

- Pára de me chamar de bebê chorão!!


Undercity já de noite.

Alguém extremamente entediado tentava se concentrar arduamente para fazer um molho de chaves se mover sozinho até ela com a força do pensamento. O esforço fazia seu rosto ficar com rugas e uma careta cômica. Cansou depois da quarta tentativa e deixou os ombros caírem. Resolveu apelar para o óbvio.

- Eu preciso ir ao banheirooo!! – gritou para o silêncio que presidia o Apotecário Real desativado. Tentou olhar além do alcance que conseguia, mas só viu as sombras dos mesmos objetos e paredes. A teia tão bem presa ao seu corpo já adormecera parte de suas pernas, mas aquela irritaçãozinha abaixo do umbigo a incomodava de tantos em tantos. – É sério!! Banheiro por favoooor!! Ou vou acabar fazendo aqui mesmo... – fazendo uma cara sofrida ao pensar na possibilidade. – E são as minhas melhores calças de caça... Não tem como comprar outras e nem lavar... A não ser que tenham sabão neutro aqui...

- Ahn... posso ajudar? – disse uma elfa vestida impecavelmente com um vestido escuro com detalhes prateados nas bordas. O molho de chaves estava na mão dela e ela destrancou a jaula em que colocaram Lady Annie. Rapidamente ela livrou a grossa teia enrolada no corpo da meio-elfa com um poder emanado de uma das suas mãos e a ajudou ficar de pé.

- Banheiro, banheiro, banheiroooo!! – Lady Annie levantou trocando passos, mãos na altura da virilha e empurrando quem estivesse no espaço entre ela e um cantinho bem escuro do Apotecário. Os guardas que acompanharam a Embaixadora Imladris observaram a movimentação, mas a elfa apenas pediu para que eles esperassem. Um ruído baixo de esguicho foi ouvido no espaço vazio do Apotecário. Alguns guardas olharam um para os outros não entendendo a situação, outros se afastaram ao ver que Mistress Carrie chegava a passos lentos inaudíveis, jeitosa com toda sua forma aracnídea. Quando o ruído terminou, a menina veio cambaleante do cantinho abotoando as calças de ladino que roubara de um aventureiro desprevenido na fronteira de Howling Fjord.

- Ai que alivio... – a menina suspirou baixinho. E colocando as mãos para trás, ela foi de volta para a jaula, sentou ao chão e esperou alguém falar.

- Você está livre. – anunciou a elfa que a soltara. Annie apenas olhou para a elfa e depois para Mistress Carrie lá atrás, um olhar totalmente venenoso pra cima dela.

- Sim, que legal...

- Pode ir... Você foi declarada inocente no Julgamento...

- Julgamento que nem vi! Que bom! – disse Lady Annie com uma cara fingidamente animada, mas não moveu um músculo.

- Isso quer dizer que você pode... sair e fazer o que bem entender de sua vida... – a elfa se aproximou da jaula.

- Oh sim... Tou sabendo... – olhando para os lados e evitando encarar qualquer coisa.

- Podemos te deixar em Northrend se você quiser... Mistress Carrie disse que você vem de um vilarejo em Forte Valgarde...

- Viagem looonga... – respondeu a menina mordendo os lábios. – Preciso lavar as mãos... Posso? – Imladris não entendeu a fala, mas deu de ombros.

- Há água potável nas fontes perto da Quadra dos Ladinos... – a menina foi caminhando lentamente, observando muito bem cada um e tomando uma distância enorme entre a direção da Quadra indicada e Mistress Carrie. – Rapazes, podem mostrar a menina onde tem as fontes...? – um dos guardas de elite acenou com a cabeça e seguiu a garota. A nerubiana mostrou os dentes afiados assim que a menina ousou olhá-la de soslaio, Lady Annie saiu correndo de medo.

- Não concordo com a decisão! – replicou ela enfurecida. – Essa criaturinha roubou algo muito sagrado para nós! Eu a quero de volta!!

- Mistress Carrie, é difícil saber o que a menina fez com a Saga. Do jeito que a descreveu, já deve ter vendido pra algum comerciante em qualquer lugar entre Forte Valgarde e aqui...

- Seria justo se EU ficasse em posse da ladrazinha e desse o castigo merecido a ela! Malditazinha, filha de pragas... – Imladris se intimidou com os xingamentos, a aracnídea deu as costas para todos e foi em direção onde as fontes estavam. Imladris sorriu para seus pés e voltou aos seus afazeres. Já sentia saudades de Oxkhar e ia demorar alguns dias para voltar para ele.


O Clube da Luta se concentrava no próximo participante, um anão briguento recém capturado nas fronteiras com Silverpine Forest. Os membros do Clube empurravam o anão e depois um deles se colocou no centro da roda.

- Vem cá tampinha...

- Seu desgraçado morto-vivo!!

- Me diz uma novidade? – e um duelo corpo a corpo violento começou sob o olhar atento de Lady Annie. Ela já havia lavado as mãos, tomado muita água, e roubara discretamente de um viajante Tauren a sua bolsinha de moedas e uma carta selada ainda. O duelo se seguia com muito sangue espirrado no chão, urros dos participantes, resfolegar do anão, risadas do Abandonado envolvido diretamente. A meio-elfa não entendeu bem porque as pessoas se digladiavam desse jeito, mas não perdeu a oportunidade de observar bem os movimentos dos Abandonados, o jeito gingado de mexerem os ossos antes que pudessem atacar, ninguém tinha bolsos, nem nada de interessante para furtar, mas ficou impressionada com a destreza do combatente morto-vivo.

- Cadê sua bravura, nanico? – provocou novamente, o anão avançou furiosamente e tentou derrubá-lo com um golpe bruto com as mãos, mas o Abandonado desviou rapidamente e plantou uma cotovelada nas costas do inimigo. O anão caiu ofegante de joelho ao chão. – Você não é de nada...

- O que eles estão fazendo? – perguntou Lady Annie para um. O questionado deu uma olhada em quem fizera a pergunta.

- Estão lutando...

- Mas por que lutam?

- Para sobreviver...

- Mas um deles já está morto, não tem como sobreviver se já está morto...

- Aqui no Clube da Luta funciona assim, agora calada! – ordenou o Abandonado voltando sua atenção ao duelo. O cara que lutava parou bruscamente e apontou para o questionado.

- Regra número 1 do Clube da Luta?! – todos silenciaram as provocações, xingamentos e urros de ânimo.

- N-não há um Clube da Luta, senhor Tyler...

- Mas vocês lutam... Então é um Clube da Luta...

- QUAL É A REGRA NÚMERO 1 DO CLUBE DA LUTA??? – gritou Tyler para ser bem ouvido, a garotinha fez careta, ouvia exageradamente com os ouvidos élficos.

- NÃO HÁ UM CLUBE DA LUTA!! – gritaram os outros em resposta.

- Mas se vocês são o Clube da Luta, por que negam a existência do próprio Clube...? – alguém a agarrou pela gola e a puxou do lugar.

- Chega de perguntar, fora daqui. – era Mistress Carrie a ameaçando com as quelíceras. – Fora daqui bem rapidinho ou corto suas pernas fora...

- Mas eu não tenho pra onde ir!! – a nerubiana esvaziou os bolsos dela e a obrigou tirar as botas. Alguns objetos caíram ao chão.

- Se vira! – dois guardas pegaram a menina pelos braços e subiram com ela pelos corredores até atingirem os esgotos e a jogarem no gramado seco do começo dos esgotos.


Lady Annie rolou no gramado e só foi parar quando um pé pesado pisou no chão para interceptá-la. Espadas e flechas miraram para a cabeça dela.

- Os malditos te mandaram para nos espionar é? Pois descobriu bem o que te espera, infiel... – era um senhor muito alto e robusto, cicatriz nos lábios e uma armadura de cota de malha coberta por uma camiseta branca com um símbolo vermelho.

- Posso pedir parola? – perguntou Lady Annie tentando ser amigável. Uma sucessão de baques surdos de corpos foi ouvido e logo o senhor que a ameaçou teve o rosto atingido por um punho grande e forte. Dentes pularam fora e ele caiu com um sorriso demente no chão.

- Blábláblá camarada... Vocês têm as idéias mais absurdas do mundo sobre a Luz... – e virando-se para a menina caída no chão. – Posso ajudar? – estendendo a mão que nem a elfa de antes. Era um humano jovem, cabelos loiros bem cortados rente as entradas, olhos castanhos claros grandes e um rosto quadrado.

- E-eu tou bem... acho... – se levantando com o puxão dele. Ajeitou-se como podia e sentiu as escoriações nos braços, quadril e rosto. Depois de uma maratona de dois dias pendurada em uma teia nerubiana, sem comida ou água, ainda fora jogava morro abaixo e quase morta.

- Foi uma rolagem maneira ali em cima... - o rapaz riu quebrando o silêncio, Annie tentou sorrir também, mas sua mandíbula doía. Franziu a testa e saiu andando tonteando. – Hey, vai aonde?

- Pra algum lugar aí... Sei lá... Não quero saber... – o rapaz foi segui-la, mas alguém descia o morro as pressas em uma corrida só. Oxkhar foi obrigado a deixar a espada no chão e pegar Imladris antes que ela rolasse morro abaixo.

- Nunca pensei que aqui fosse tão íngreme!

- Nunca saiu escondidinha pelos fundos, querida...? – ele disse malicioso, Imladris o afastou com um empurrão carinhoso.

- Canastrão... – e olhando para os lados. – Aonde ela foi? – Ox aprontou a espada curta na bainha do cinturão que usava.

- A menininha? – ele apontou para o Lago em volta das ruínas.

- Temos que ir atrás dela...

- Mas por quê?

- Porque não vou deixar uma meio-elfa perdida em Tirisfal Glades!

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- Meio-elfa? Ela é meio-elfa mesmo?

- Não percebeu? – caminhando para a margem da água.

- Pra mim era outra elfa...

- Ela tinha orelhas menores e os olhos? Você nem percebe nisso não é?

- Como não?! É o que eu mais gosto em você, paixão... – Imladris sorriu para si, mas fez cara de séria ao olhar para ele. – Por que é tão importante? Ela sabe se virar sozinha não?

- Ela veio de Northrend a mando do Mestre Derris... Ele prometeu 300 peças de ouro para ela, nunca pagou. Ela está sozinha, longe de casa, sem um tostão e provavelmente com medo...

- Ela pareceu bem destemida ao roubar o tal Bastão lá no dia da invasão...

- Ela é ladina... – Oxkhar sorriu e puxou a esposa para perto dele.

- Eu sei, e ladinos fazem por trás amorzinho... Não quero que ela mate o curandeiro primeiro... – sussurrando no ouvido da elfa.

- Ox, isso não é hora de... – a clériga ficou tão vermelha que nem percebeu que a menina estava caída no chão desacordada. Uma aranha gigante se aproximando velozmente. – Ox, rápido! – o guerreiro Farstriders se adiantou e lançou a espada curta em direção da aranha que guinchou algo e espalhou sangue negro e viscoso no chão. Imladris chegou depois indo direto para a menina. Um ferrão estava pregado em seu pescoço.

- Poxa! Essas aranhas têm mira boa por aqui hein?

- Nem queira saber o quanto a “nossa” mira é boa... – disse alguém chegando de mansinho. Mistress Carrie descera o morro e verificava os membros da Cruzada Escarlate caídos ou sendo escondidos por outros dentro da Fortificação deles lá embaixo, perto da entrada do esgoto de Undercity.

- Minha cabeça dói... – resmungou Lady Annie abrindo os olhos com dificuldade e salivando muito. – Aranhas malditas!

- Você trate de me respeitar, mamífero inferior! – Carrie cutucou as pernas da menina com uma de suas patas. Imladris verificava o ferrão e aplicava uma cura menor nela para apaziguar a dor. A menina estava tão mole que mal conseguia falar direito.

- Isso é mesmo a vida real...? Eu me sinto engraçada... - Seu corpo deu um espasmo para frente e ela vomitou ao chão seguido por tosse seca. Demorou um pouco para Imladris estabilizá-la quieta no chão. – Isso vai ficar assim pra SEEEMPRE?! – ela esganiçou chorosa por culpa do veneno ainda no organismo.

- As “minhas amigas” andaram se sofisticando nos ataques... – disse a nerubiana recolhendo seu vestido arrastando no lodo da margem do Lago. – Se você não tivesse aparecido, clériga Imladris, ela morreria sufocada pelo ferrão. Este atinge exatamente o nervo que controla os músculos para a dilatação dos pulmões... – Oxkhar estava de olhos arregalados pela aranha gigante que falava e vestia roupas pretas bem ali na frente deles.

- Ox...? – Immie pediu e ele içou a menina e a colocou em suas costas.

- O que será que essa menina come? Vento?

- Pelo jeito sim... – disse Imladris de cara fechada. A nerubiana já havia entrado novamente.

- Não consigo enxergar naaaada! – reclamou Lady Annie balançando a cabeça vigorosamente.

- Claro que consegue! – replicou Ox já irritado com a menina se debatendo em suas costas.

- Eu tenho dois dedos... Não, peraê... Quatro dedos... Um, dois, três, quatro... – a menina contava os dedos dormentes, enquanto o guerreiro a segurava bem pelas pernas.

- Aonde levo a praguinha barulhenta?

- Vamos dar a volta... Entraremos pelas ruínas porque aí não vamos ter o perigo de algum guarda te atacar só por ela estar aí atrás...

- Tou em perigo aqui... – Imladris virou-se imediatamente. - Se essa guria acordar e me atacar com os golpes ladinos, eu tou ferrado... – ajeitando as pernas da menina em volta de sua cintura. Ela parara de se mexer e roncava atrás dele.

- Melhor o guerreiro que o curandeiro, amorzinho...

- Isso eu vou ter que concordar... – ele disse com um sorrisinho já conhecido.

- Uuuuuuuhaaaaaaaaa!! – gritou Lady Annie com um outro espasmo apertando os ombros de Oxkhar com toda força. O rapaz suprimiu o gemido de dor e olhou para trás com revolta.

- Quer parar quieta?!

- Não me sinto cansada... – e caiu subitamente em sono profundo com rosto grudado na nuca do guerreiro. Ele balançou a cabeça desaprovando.

- Essas crianças de hoje... No meu tempo não era assim não... - Imladris sentiu um estranho arrepio assomar sua nuca e virou-se rapidamente, Oxkhar havia desviado o olhar segundos antes para outro lugar.

- Pare de me olhar assim! Dá agonia! – se colocando ao lado dele e verificando o pulso calmo da ferida.

- Posso fazer o quê se esse vestido deixa o seu corpo bem... ahn... visível aos pobres incautos que colocam os olhos em vossa beldade...

- Isso foi um elogio ou uma cantada furada? – Imladris provocou voltando a andar na frente dele com certo andar mais sedutor. Oxkhar sorriu largamente fixando seu olhar em um ponto abaixo da cintura da clériga.

- Mary tinha um carneirinho... Um carneirinho branquinho, ieieie...

- Por que está cantando?

- Distraindo a minha mente para não obedecer ao meu corpo...