Capítulo 47 - Interlúdio: A noiva-sacrifício.

Dustwallow Marsh exatos 13 anos atrás

- Entendeu tudo direitinho?

- Sim, papai...

- Você é a preciosidade desse vilarejo... És a única que poderá nos salvar.

- O que seja.

- E se Neltharion quer uma esposa, nós temos que dar uma esposa a ele... A Brígida não serviria de esposa para ele...

- Não, não... Ela tem canelas tortas.

- E dentes feios.

- Tudo bem, eu aceito. Dá pra acabar com isso logo? – o tom na voz da jovenzinha elfa Joannes Lórien era de tédio mortal. Ela já sabia o que teria que fazer, qual era o seu destino. Aceitara isso no mesmo momento em que conhecera seu dom, o Dom da Profecia. Todos no vilarejo entranhado no meio do pântano borbulhante de Dustwallow Marsh sabiam que era um ato violento e amargo entregar a única filha de Sibilas Lórien, Arcanista Elfa que ajudara a fundar e proteger aquela vila de tantos perigos, para Neltharion, o filho mais velho de Asaletal. A garota elfa nem parecia se preocupar, estava era ansiosa.

- Minha filha... – disse o seu pai de criação, o cego Armande, conhecido por escrever as profecias que a mãe falecida dela dizia de tempos em tempos. O último ataque fora culminante para a desgraça do vilarejo. A maioria dos habitantes mortos, sua mãe morreu a protegendo do fogo mortal de Neltharion, vida em ruínas e ela era a única que poderia apaziguar o dragão negro que assolava a região. – E-eu... não me culpe...

- Pai Armande... Está tudo bem. Eu sei bem o que devo fazer. Não há surpresa alguma. – logo o ar se encheu de fumaça, fuligem e brasas espirradas ao vento. Neltharion chegava em sua forma humanóide com um robe negro impecável com uma insígnia de chamas bem no peito. Ele tinha o rosto fino e jovem, olhos avermelhados como brasas e sobrancelhas arqueadas.

- Aonde está a minha linda esposa? – ele perguntou com a voz cavernosa e poderosa. Todos ali se ajoelharam ao poder do herdeiro de Asaletal. – Que não seja uma caipira humana de vocês, seus vermes inúteis... – Joannes se colocou na frente de todos e estendeu sua mão direita para o dragão personificado. – Ah, uma elfa atrevida...! – ele deu um sorrisinho com caninos salientes. – Adoro elfas atrevidas... – beijando a mão estendida, Joannes não expressou dor por ter a sua costa da mão marcada pelo hálito fervente do dragão. – Então querida elfa atrevida...

- O nome é Joannes. – o dragão sorriu novamente e a puxou para si.

- Saiba que a usarei para uma missão importantíssima...

- Já imagino o desastre que será...

- Dizem que tens o Dom da Profecia... Eu quero esse dom para meus futuros filhotes...

- É uma idéia muito perigosa...

- Você acha? – beijando seus lábios sem ela demonstrar emoção alguma. Os olhos de Joannes foram de um azul vivido para um cobre opaco.

- Seus planos são nefastos assim como teu nome filho de Asaletal. – disse uma voz através de Joannes. – Desista de teu intento ou sofrerás as conseqüências amargas.

- Mas que disparate é esse, sua elfa insignificante!! – dando um tapa que a derrubou no chão. Joannes segurou o rosto sentindo muita dor na mandíbula.

- Hey fracote, não se bate em uma donzela! – gritou alguém descendo dos céus em alta velocidade. Todos se afastaram ao verem que a voz atingiu a cabeça de Neltharion em cheio, abrindo uma cratera de quase 100 metros no local onde o filho de Asaletal estava.

- Fracote é você!! – gritou Neltharion alçando vôo e cobrindo a terra com suas enormes asas negras. O Sol de repente não brilhou mais para as pessoas no chão.

- Seu palermão! Abaixou sua guarda! – um jovenzinho de aproximadamente 20 anos pegou Joannes pela cintura e a puxou bem para si. – Eeer, olá Joannes... – ele disse todo envergonhado, a profetisa massageou a testa com fervor.

- Vocês dois estão me confundindo! Qual de vocês dois irá me raptar?!

- Eu!! – gritou os dois ao mesmo tempo, Neltharion não conseguia dar a volta para encarar o jovem audacioso.

- Sou eu Joannes, o seu futuro esposo! – disse o dragão negro. O jovem riu baixo e fez careta.

- Olha, pode até ser ele, mas se vier comigo vai ter vantagens adicionais...

- E o que seria pior que nascer com essa maldição em meus olhos? – disse a jovem elfa tediosamente.

- Que tal desafiar o destino? – ele disse bem no ouvido dela.

- Ninguém desafia o destino e sai vitorioso... – encarando bem ele. O jovem sorriu.

- Aqui é o Sr. Destino falando e ele quer mesmo ser desafiado. – Joannes tentou se desvencilhar dele. – Então... Quer vir comigo?

- Você vai fazer eu parar de ver... essas coisas? Ver o futuro? Eu ODEIO ver o futuro! – o jovem estendeu a mão para ela.

- Se confiar em mim, você fará o seu destino...

- Chronalis, não ouse interferir em meus planos!!– e subitamente tudo ali mudou de aspecto. Neltharion observava atônito a cena totalmente mudada. Estava no mesmo pântano, em sua mesma forma dracônica, mas sem o vilarejo e sem sua donzela-sacrifício. - MISERÁVEL!!