Shindu Sindorei - as Crianças do Sangue
Capítulo 10
Esgotos perto do Royal Quarter.
Imladris havia se pendurado de ponta cabeça em uma das pontes. Sorena se arriscava na beirada dos esgotos de água esverdeada e levemente malcheirosa. As duas estavam munidas de uma redinha de insetos e a clériga segurava uma orbe translúcida de cor clara e tentava chamar atenção da imensa mariposa que vivia debaixo da ponte.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- Calminha... Calminha... – sussurrou Imladris se aproximando a mariposa e mostrando o orbe. O inseto se sentiu atraído pelo feixe de luz hipnotizante e planou perto da clériga. – Isso menina...
- Vai Immie...! – pediu Sorena entediada por estar na mesma posição há minutos.
- Calma...! – murmurou a clériga tentando laçar a mariposa com sua rede de pesca singular. – Oh porcaria!! – a clériga perdeu a concentração, pois uma outra mariposa havia espalhado pó para se proteger da intrusa. – Oh porcaria!!
- Se você cair, eu te seguro?
- Mas é claro que sim!! – a clériga tentou içar seu corpo para cima, mas ficou pendurada novamente.
- E se cairmos nos esgotos aqui?
- Não iremos. – dando um bote imperfeito e recebendo mais pólen nocivo no rosto da mariposa em questão.
- Eu posso derrubá-la com uma Shadow-Bolt?
- Não?
- Por que não?
- Por que você pode me atingir acidentalmente?
- Minha mira é boa! – a mariposa saiu de seu lugar e voou por toda extensão da ponte. Sorena correu até Imladris e a ajudou sair do lugar.
- Vamos! Vamos! – exclamou uma.
- Tou indo! – exclamou a outra.
- Caçar mariposaaaas!! – Imladris saiu pela ponte balançando a cabeça para que seu rabo-de-cavalo se movesse livremente.
- Ebaaaaa!! – exclamou Sorena indo atrás dela como se fosse uma criança.
- Que barulho infernal é esse? – disse um Abandonado que ficava ali perto com uma vara de pescar.
- Estamos caçando mariposa, senhor Boyle... – explicou Immie com as bochechas ruborizadas pela corrida. O inseto voava para bem alto e Sorena tentava pegá-lo com a rede de pescaria que a clériga tinha guardada. Ela lançou a rede para cima e acertou na captura. A mariposa foi descendo lentamente até atingir o chão. Imladris e Sorena a rodearam por alguns instantes e depois olharam uma para a outra. A mais nova levantou a rede e deixou o inseto escapar.
- Quem pegar ela primeiro, ganha um doce de Brill!! – gritou Sorena já aprontando a rede e correndo atrás da mariposa gigante que fora para o outro lado da ponte.
- Vai pensando!!
Mais tarde.
O cubículo em que Imladris dormia era estreito e cheio de memorabilia e livros. Sorena encostou a cabeça no travesseiro fino em sua cama improvisada no chão e suspirou alto. Suas pernas estavam doloridas depois de correr tanto por todos os cantos de Undercity na caçada a mariposa. Imladris estava sentada na cama, coberta cobrindo as pernas, concentrada em um livro de capa grossa.
- Foi um dia e tanto... – comentou Sorena. A resposta da clériga foi um:
- Arrãm...
- Está lendo sobre o quê?
- Aplicações de ungüentos volume 3.
- Parece interessante...
- É uma porcaria, mas me faz dormir...
- Ah... – o bocejo de Sorena fez Imladris rir.
- Alguém aqui disse que ficaria a noite toda conversando comigo...?
- Eu agüento sim! Quer apostar?
- Não, eu já ganhei o doce de Brill na caçada...
- Você teve sorte, conhece o terreno em que pisa.
- Você está aqui há 2 meses e ainda não acostumou?
- Eu tenho medo deles... – a clériga baixou o livro nas pernas e a olhou com a sobrancelha erguida. – Ora! Olha só pra eles! Dá para ver os intestinos de fora!
- Alguns de nós não se importam mais com a moda ocasional... O grotesco é belo, novata... – Sorena soltou um grunhido e se virou para encará-la.
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- Sou sim.
- Não é não. Ainda está viva...
- Tenho a incrível capacidade de manter um estado latente de “vida” em meu corpo para enganar novatos bobocas como você...
- Você respira ar...
- Impressão sua...
- Sua bochecha fica vermelha quando você corre.
- Consigo irrigar os vasos sanguíneos de minha epiderme para tal efeito.
- Você come doce de Brill!! – a clériga pensou um bocado e não pode rebater. – Vai me dizer que você é canibal? – Immie se contorceu em uma careta horrenda.
- Éca! Nem pense nisso! Odeio o gosto de carne!
- Viu? Você é uma elfa como eu...
- Sou uma Abandonada e você não vai me convencer do contrário.
- Não queria te convencer de nada, só te mostrar a realidade...
- Por que sinto essa necessidade absurda de lançar esse livro grande e pesado em sua cabeça-oca?
- Porque você sabe que eu tenho razão, deve ser isso... – a clériga ameaçou jogar o livro contra a mais nova, Sorena se escondeu debaixo dos lençóis e riu bastante.
- Você sabe como deixar alguém irritado não?
- Minha especialização desde que nasci... – silêncio das duas. Sorena deitou de barriga para cima e ficou cutucando uma das orelhas.
- Você a curou? – A pergunta foi feita bem baixinho, quase em um sussurro.
- Eu lá tenho cara de clériga...? Eu não curo, eu remendo coisas mortas.
- Não chame a Dama Sombria disso!! – exclamou Immie dando outra livrada nela. – O que quero saber é se ela está bem!
- Acho que sim... deve estar...
- Você acha?!
- Eu lá tenho cara de clériga...? - Immie voltou à leitura com a cara emburrada. – Ela está morta, todos estamos e é assim que vai ser...
- Do que você está falando Sorena...?
- Eu quero a minha Soul Shard de volta... Tou sem mais nada agora, porcaria... – a clériga deu uma espiada para a cama feita no chão e Sorena se ajeitava com o travesseiro fofo. Discretamente, Imladris tocou seu pulso por algumas vezes para se certificar que estava morta mesmo.
- Já chegou a pensar sobre aquela história toda de ser filha de Vereesa Windrunner...? – ela puxou conversa para o chão, e foi recebida com um ressonar baixinho vindo da mais nova. Sorena caíra no sono instantaneamente sem avisar. Immie se esgueirou em sua cama e cobriu a mais nova com a própria coberta, pois sabia que ela sentiria mais frio do que ela ali em cima da cama. – Bons sonhos, querida implicante... – e voltou para seu livro desinteressante, mas não dormiu como previsto.
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