Romeu...

“Estas alegrias violentas, tem fins violentos, falecendo num triunfo como fogo e pólvora, que num beijo se consomem.”

Shakespeare

Eu estava em um sono profundo, sabia que estava sonhando e
que provavelmente acordaria em breve. Comecei a me questionar se o nosso plano
havia dado certo. Será que tudo ocorrera como havíamos planejado? O frei
conseguiu falar com Romeu?

Esqueci minha boca no teu rosto

Pensei que isso te faria meu

Usei de artifícios, gastei meus
truques

Depois, quem escapou fui eu.

Romeu... Sim, meu Romeu! O amor da minha vida... Só Deus
sabe como foi difícil conquistá-lo, como foi difícil fazê-lo me notar. Mas ai as
coisas começaram a ficar complicadas, nossas diferenças sociais começaram a
interferir...

Não pense que eu não desejei

Não diga que eu não quis

É só que eu me assustei

Ao me ver tão feliz.

Desde a primeira vez que eu o vi, me apaixonei perdidamente.
Quando nos encontramos na ponte e nossos lábios se tocaram, foi um momento
mágico... Não tenho palavras pra descrever a felicidade que eu senti naquele
momento.

Colei os meus olhos no teu mundo

Guardei cada passo teu

Mas eu, Julieta, presa nesse
pacto

Você, o meu Romeu.

Acordei num salto, o silêncio ao meu redor era gritante.
Isso só podia ser porque o nosso plano deu certo... Então eu deveria me
levantar e ir direto ao encontro do meu amado.

Abri os olhos... Olho para o lado em que sinto uma leve e
fria pressão na mão.

-Não, Romeu não...

Não acredito no que vejo. Romeu, o meu Romeu, morto ao meu
lado. Nosso plano não deu certo e ele sacrificou sua vida por pensar que eu
estava morta...

Entenda esse lado bom

Nem tudo é aflição

Ficamos com o sonho

Ao invés da punição.

Pego a ampola que ainda continha o líquido fatal. O líquido
que me levaria até o meu Romeu. Sem hesitar bebo todo o conteúdo, deito-me nos braços do meu amado e flutuando vou ao sonho eterno.

Não pense que eu não desejei

Não diga que eu não quis

É só que eu me apavorei

Ao me ver tão feliz