Diferentes, Mas Iguais

Não desistirei


Não desistirei

Ele sorria, e andava com as costas eretas, não sabia bem o porquê, na verdade sabia, quer dizer, era proibido ele começar a ter, hum, digamos, sentimentos por Rose? Ela era complicada, vivia discursando, sempre querendo ter razão em tudo onde aparentemente ela não tinha razão, tinha uma dor que a atormentava sempre que ele queria descobrir, na verdade o que desejava era cuidar dela. Sim cuidar dela.

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As palavras dela da última noite eram como musica em sua cabeça “Eu disse para não me fazer gostar de você”. Logo depois disso ela saiu correndo o deixando com cara de bobo no corredor. Ele estava amolecendo aquele coração de pedra.

Na verdade ela não tinha um coração de pedra, ele sabia perfeitamente disso, ela tinha uma dor muito grande dentro de si que a assombrava, ele imaginava que tinha alguma relação com o fato de sua personalidade maluca do primeiro ano, só não sabia bem o que era.
Mas ia descobrir, faria todo possível para descobrir.

- Pegou quem ontem à noite? – perguntou Alvo dando risada do jeito empinado feito pavão que o amigo andava.

- Pegou? – questionou confuso o encarando.

- Você sabe – ele ergueu as sobrancelhas – Alguma garota?

- Alvo Potter, pegar é um verbo usado para manusear, coisas ou objetos, não sei onde tem alguma relação com beijar garotas – respondeu cruzando os braços assumindo uma feição seria.

- Vou reformular a frase: “Beijou quem ontem à noite?” – perguntou ainda rindo do jeito encabulado dele.- Você sabe muito bem que não fico com nenhuma garota daqui, elas são vazias e fúteis e... – ele parou de falar assim que a viu.

Estava parada no corredor e dava risadas conversando com Lily sua prima, seus cabelos estavam amarrados em um rabo de cavalo, suas bochechas coradas naturalmente, usava brincos, por incrível que parecesse, na cor rosa. Não parecia a mesma garota da noite anterior. Ele tinha que conversar com ela. Precisava disso mais que tudo.

- Pode ir para o café da manhã – anunciou Scorpius caminhando até Rose.

- Foi a Rose não é? Sempre soube de vocês dois... – gritou Alvo vendo o amigo se distanciar.

- Bom dia – ele a cumprimentou sorridente fazendo Lily o olhar assustada.

- Meu Merlin! Vocês estão juntos agora! – não era uma pergunta saindo da boca da ruiva, mas sim uma afirmação – Me deixem ser madrinha dos filhos de vocês? Por favor!

- Lily cala essa boca! – disse Rose nervosa – O que quer? – virou-se para Scorpius friamente.

- Só, saber como está – ele respondeu, ignorando Lily completamente.

- Oh, estou segurando vela né? Irei sair daqui, me conte os detalhes depois prima... Tchau! – e saiu saltitante pelo corredor.

- To bem, ta? – respondeu constrangida, fingindo que não havia escutado as ultimas palavras da prima – Pode ir tomar seu café agora.

- Vamos juntos – ele dizia meio hipnotizado, e tentava relar nas mãos dela – Todos dizem que estamos juntos mesmo e não há nada que faça...

- Não! – ela afirmou tão forte que o assustou – É melhor ir sozinho, é melhor – desviou seu olhar do dele – Esquecer...

- Esquecer o que exatamente? – Scorpius questionou parecendo confuso.

- Tudo. – Rose respirou afobada enquanto algumas pessoas passavam por eles. - Quero dizer esqueça às 24horas, as conversas no corredor, e principalmente esqueça de ontem.

- Devo esquecer o seu pedido também? E sua promessa? – Scorpius perguntou tentando desvendar a expressão da garota a sua frente.

- Não. – Rose disse depressa demais. – Isso só não está dando certo. Não somos amigos.

- E não poderíamos mudar isso?

- Não. Scorpius você não entende. – Rose parecia prestes a chorar novamente, mas aguentou firme, ela era especialista nisso. Fingir.

- Me explique. – Scorpius cruzou os braços e permaneceu em frente a ela.

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- Não tem o que explicar, só nunca daríamos certo como amigos, nem em nada além de colegas de escola. – Rose disse séria. – Eu sou um veneno, e você não precisa ser minha cura. Entenda isso. E esqueça o que aconteceu até aqui. Ponto.

- Me responda uma ultima coisa?

- O que quer saber?

- Qual é a Rose de verdade? A de ontem, a de hoje, ou a de sempre? – Scorpius disse e esperou uns segundos em silencio.

- Não importa quem eu sou.

- Bom para mim importa, eu não quero fazer a garota errada gostar de mim.
xx

- Eu não entendo, simplesmente não entendo - dizia Lily inconformada nos jardins do castelo. Era sábado, elas não tinham aula, conversava com a prima, que afirmava que a história dela namorando o Scorpius era ridícula e sem fundamento algum – Mas vocês estão andando tão juntos ultimamente.

- Isso é ilusão de ótica prima – disse Rose tentando disfarçar seu constrangimento quando tocava nesse assunto, lia mais uma vez “O pequeno príncipe”. Tentava desfocar seus pensamentos.

- Agora estou chateada – Lily disse tristemente cruzando seus braços – Ei, não havia perdido esse livro?

- Pedi para minha mãe comprar um novo – respondeu simplesmente.

- Irmãzinha, escute sua musica “Look there she goes that girl is so peculiar. I wonder if she's feeling well. With a dreamy far-off look. And her nose stuck in a book. What a puzzle to the rest of us is Rose”– Hugo com seu violão apareceu na frente das garotas, ele grifou bem a ultima parte da música, na qual tinha mudado Belle para Rose.

- Hahaha – ela riu sarcástica, ainda mergulhada em seu livro.

- Oras, sempre está com o nariz enterrado num livro – ele deu de ombros – Agora a sua parte na música Lily – e ele começou a tocar mais empolgado e Lily não conseguia desgrudar seus olhos brilhantes dele: “Look there she goes that girl is strange, no question. Dazed and distracted, can't you tell? Never part of any crowd. 'Cause her head's up on some cloud. No denying she's a funny girl that Lily”.

-Garota estranha e distraída? Definitivamente é a Lily – riu Rose levantando de súbito do chão que estava sentada – Ops, agora é eu que estou segurando vela, até mais para vocês.

- Rose é engraçada – disse Hugo sentando-se ao lado de Lily que tinha as bochechas coradas e os olhos arregalados.

- É – ela suspirou e saiu do seu estado sonhador – Eu estou muito nervosa com você – ela o encarou com sua melhor cara carrancuda, mesmo que parecesse mais uma careta para Hugo.

- Por quê? – perguntou quase rindo.

- Descobri de quem é a letra nos bilhetinhos... – ela levantou uma sobrancelha vitoriosa.

- Como? – Hugo engoliu em seco.

- Não te interessa.

Ele precisava que ela confessasse, droga! Seu plano estava indo por água abaixo, não devia ser assim, tudo devia caminhar do jeito que ele pretendia, as coisas não podiam começar a ir pelo controle dela. Simplesmente não podiam.

- Ei, sabe do que sinto falta? – ele lhe entregou seu mais belo sorriso – De quando dançávamos juntos.

Então puxou a mão da prima e ambos levantaram do chão. Ele passou as mãos na cintura dela, o que fez o rosto dela ficar completamente vermelho.

- Eu não sei dançar, você sabe disso... – começou a contestar.

- Eu também não, mas você pode fazer como sempre fazíamos, sim? – ele pediu sorrindo com os olhos, o que era uma jogada bem certeira em Lily.

- O que as outras pessoas vão dizer? – era seu ultimo argumento, não muito bom, ela admitia a si mesma.

- Que somos primos, com grandes histórias de nossa infância para reviver.

E então ela colocou seus dois pés nos dele, mesmo assim, ficou baixa em relação a ele. Hugo começou a dar passos a esmo numa dança, bastante ridícula, vista de longe com olhos invejosos de diversas garotas da escola, mas cheia de significado para Lily.

- Sem música? – ela perguntou, esperando a música que sabia qual seria.

Então ele começou a cantar em seu ouvido, outra de suas músicas preferidas de filmes que falavam sobre príncipes e princesas, na qual era obcecada, sempre seria, não importava o quanto ela sabia que aquilo não existisse na vida real.

- To reaching that famous happy end. Almost believing this was not pretend… - e ela queria, como queria chegar logo nesse famoso final feliz. Onde é que ele estava afinal? Fechando seus olhos, ela cravou suas unhas no pescoço dele, tentando desenfrear seu desejo doentio de virar seu rosto e lhe beijar, ali na frente de todos - Let's go on dreaming for we know we are...So close...So close – tão perto ela estava dos lábios dele, tão perto de seu final de feliz. Abrindo os olhos ela começou a virar seu rosto, lentamente, bem lentamente para ele - And still so far.

Hugo terminou a música a encarando, Lily respirava irregularmente e tentava acalmar as batidas de seu coração. Foi tão estupida a ponto de quase o beijar ali mesmo?

- Eu nunca vou entender... – ela disse ainda sem folego, continuava abraçada a ele com os seus pés em cima dos do dele.

- O que? – ele perguntou sorrindo acariciando as bochechas dela.

- Essa sua obsessão por músicas, aparentemente para garotas – e ela se permitiu fechar os olhos, apenas esperando a resposta dele.

- É você... – ele respondeu, sussurrando em seu ouvido. E quando viu que ela estava totalmente entregue a ele, perguntou: - De quem é a letra nos bilhetinhos?

- Lysander... – respondeu sem ao menos pensar antes, ainda sonhando pelas ultimas palavras dele em seu ouvido. Ele gostava por causa dela, por culpa inteiramente dela.

- Como descobriu? – Hugo voltou a perguntar com as sobrancelhas levantadas.

- A letra dele, naqueles cartões do escritório esquisito dele... – respondeu ainda sem folego.

- Eu preciso ir... – ele disse sorrindo tirando gentilmente ela de seus braços – A gente se fala priminha – E lhe depositou um beijo na bochecha.

Lily ainda com o corpo molhe e os olhos brilhantes, deitou na grama e só se lamentava:

- Minha vida é uma tragédia, uma tragédia grega ainda!

xx

Rose estava como a música dizia, com o rosto enfiado em um livro. Sempre que alguma coisa a perturbava ela se fechava em um mundo em que ninguém a machucaria, um mundo onde poderia se aprender lições incríveis, um mundo onde era possível ser ela mesma. O mundo do “pequeno príncipe”. Não importava o tanto de vezes que lesse, sempre parecia que era a primeira vez. Ela dizia as palavras lentamente em sua mente e sentia-se imensamente mais calma e feliz. Quando sentiu um corpo de encontro ao seu.

- Não olha por onde anda? – Ela perguntou enquanto começava a concertar seus olhos.

- Desculpe. – A voz dele foi fria e fez com que olhasse para cima mais rapidamente do que pretendia. – Estava distraído. – Ele estendeu a mão para ajuda-la a se levantar.

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- Eu não estava olhando para o caminho também. – Rose disse ignorando a mão do garoto e se levantando por conta própria. Ela olhou em volta procurando seu livro, não poderia perdê-lo não naquele momento em que aquele era seu mais seguro refugio.

- Seu livro? – Scorpius disse ao ler o título. E naquele instante ele voltou ao passado se lembrando perfeitamente bem de como e quando aquele mesmo titulo começou a fazer parte da sua vida.

Flashback

Scorpius estava muito aborrecido com a aula de poções, nunca mais faria dupla com Rose Weasley. Primeiro porque ela simplesmente se achava a mais inteligente da escola e segundo porque ela o odiava e isso é visível. Ele não entendia o porquê, mas estava cansado de tentar descobrir. Foi simpático com ela muitas vezes, e isso só tinha resultado em patadas.

A garota de cabelos pintados estava a sua frente parecendo atrapalhada com os milhares de cadernos e livros que tentava carregar, ele se ofereceria para ajudar se não fosse ela. Mas oferecer ajuda para alguém tão antipático estava completamente fora de questão. O loiro continuou observando ela e por percebeu que um dos livros caiu e ficou despercebido no chão.

- Hei Weasley... – Ele tentou chama-la, mas a garota continuou andando sem olhar para trás.

Ele se abaixou e apanhou o livro. Folheou-o antes qualquer coisa. Viu que tinha poucas páginas, e alguns desenhos. No fundo algo ali lhe chamou atenção e ele finalmente se colocou a ler o titulo.

- O Pequeno Príncipe. – Scorpius ficou alguns minutos absorvendo aquele titulo. – Interessante, posso devolvê-lo depois.
Saiu andando para a próxima aula com o livro bem guardado no meio de suas coisas. Seria uma leitura que mudaria sua vida.

Fim do Flashback

- Pensei que conhecesse. – Rose tomou o livro das mãos do garoto. – Afinal, você o citou perfeitamente bem não é mesmo?

- Citei? – Scorpius perguntou ainda tentando absorver a lembrança.

- Sim, não se lembra? – Rose perguntou sarcasticamente. – Eu não sou capaz de cativar ninguém.

- Rose eu sinto...

- Não importa. – Rose voltou a andar antes que mais coisas fossem ditas.

- Estamos ligados de uma maneira irritante. – Scorpius resmungou retomando também seu caminho. – E eu ainda não devolvi o livro dela.

xx

- Elas estão lá – anunciou um garoto ruivo, dentro de uma sala bem escura, ao lado do amigo, enquanto visualizavam sombras do outro lado da porta, e escutavam cochichos – Vamos executar o plano Lysander – ele disse levantando a sobrancelha e comendo uma espécie de bala na cor azul vivo.

- O que são isso? – perguntou Jenny a Lily intrigada enquanto via a amiga lhe passar um fio discreto com cor de carne.

- Orelhas extensíveis – respondeu a ruiva simplesmente – Você nunca foi à loja de meus tios não?

- Meus pais não me levam lá, dizem que irão me levar para o mau caminho.

- E te deixam andar comigo e se apaixonar pelo Lysander? – Lily riu pelo nariz dando um tapinha nas costas da amiga – O fato é que poderemos ouvir tudo que acontece lá dentro.

Ela ergueu as sobrancelhas apontando para a porta do suposto escritório de Lysander.

Ambas verificaram se não havia ninguém passando no corredor e colocaram uma parte do fio cor de carne por debaixo da porta e ouviram perfeitamente.

- Então Lysander escreva isso – pedia uma voz ampliada, parecia diferente de todas as outras vozes que já haviam ouvido - Entre a aula de poção e de história eu daria qualquer coisa para me transfigurar nessa balinha que insiste em chupar...

Lily olhou com os olhos esbugalhados para Jenny que tentava segurar uma risada.

- A balinha seria de que sabor? – perguntava seriamente Lysander.

- Não sei isso é necessário? – perguntou o rapaz dono da voz.

- Depende, se for bala de canela, ela irá pensar que tem um lado feminino em você, se for bala de menta, irá pensar que é muito normal...

- E se for bala de caramelo?

- Ai ela vai pensar que faz muito doce, sabe? – Lily olhava pra Jenny e tentava dar risada sem pronunciar som e identificar que estavam lá– Então qual bala vai ser?

- É... Hum... Pode ficar sem sabor?

- Sempre soube que era indeciso... – disse Lysander – Pronto já escrevi, qual é a garota mesmo que quer endereçar?

- Ah isso é comigo. Obrigado pelos serviços do... como é mesmo?

- “Serviços Scamander para corações jovens iludidos pelo sentimento de euforia, que os reles mortais intitulam de amor, que na verdade é passageiro, mas eles insistem em afirmar que é para sempre”.

- Isso, devia ter um nome menor...

- Ah existe uma sigla: A.M.O.R – Alucinados, malucos, obsessivamente retardados.

- É claro, de qualquer forma obrigado.

Elas ouviram passos e rapidamente saíram de perto da porta e viraram o corredor, afim de o estranho não as vissem espionando.

Quando estavam bem longe, Lily falou:

- Então concluísse que...

- Que qualquer um pode ter chego no Lysander e pedido para escrever o bilhete para você...

- Não... – disse Lily maldosa – Concluísse que você não tem chance nenhuma com o Lysander.

- Nossa, também te adoro Lily...

Enquanto as duas jovens andavam pelo corredor, outros dois rapazes dentro do escritório fechado e abafado, davam risadas enquanto Hugo provava outra bala na coloração roxa.

- Já disse o quanto adoro as invenções do meu tio Jorge? – perguntou ainda rindo com sua voz normal.

xx

Sua pena batia repetitivamente no tampão da mesa da biblioteca, era finalzinho da tarde. Ela tentava escrever uma simples carta, que de simples não tinha nada, porque, apesar de ser para seu pai, ela era quase uma fênix ressurgindo das cinzas em sua concepção. Ela precisava pedir desculpas. Ela precisa pedir um colo, histórias antes de dormir, aulas sobre xadrez, obsessão por certo time laranja do Quadribol. Ela precisa de Rony Weasley. Mesmo que já fosse quase adulta, ela queria seu pai como quando ela era uma garotinha.

Crescer era uma loucura, uma confusão, sempre a machucava, e foi com isso que ela iniciou sua carta:

“Olá papai...

Crescer, qual a necessidade disso?

Posso me lembrar como se fosse ontem, das nossas brincadeiras no quintal de casa, a forma como corríamos na chuva e nos sujamos com barro deixando a mamãe maluca. Lembra disso papai? Lembra quando eu lia um de meus livros preferidos no sofá da sala e adormecia, esperando você chegar do trabalho, sentia quando chegava e me levava em seus braços até minha cama, fingia que estava dormindo enquanto sentia seu beijo em minha testa dizendo ‘Boa noite minha pequena Rosa’. Lembra quando te venci pela primeira vez no Xadrez? Seus olhos brilhavam tanto de orgulho papai, sabia que daquela vez, não tinha me deixado ganhar. Lembra quando me ensinou a mostrar o dedo do meio numa partida dos Chudley Cannons? O estádio estava lotado, e quando estávamos perdendo, me disse para mostrar o dedo a um senhor que estava sentado bem na nossa frente, com a desculpa que ele jamais machucaria uma garotinha de seis anos de idade. Me fez jurar que não contaria isso nunca a mamãe.

Eu lembro de cada detalhe nosso papai, mas sabe o que é pior?

Isso é passado, isso é lembrança agora, eu cresci e junto de mim cresceram ideias novas...

Ideias essas que nos separaram.

Me lembro das brigas. Das brigas que começaram quando entrei em Hogwarts.

Dos nossos gritos.

De eu brigando com a mamãe e esfregando na cara de vocês dois, que eu não era ela, e jamais seria.

Você implorando para eu pedir desculpas, não a você papai, mas sempre a mamãe.

Eu odeio essas brigas que me assombram.

Odeio o que me tornei.

Tentei me encontrar e acabei perdendo tudo.

Não queria me sentir assim. Uma pessoa estranha dentro do meu corpo. Eu não sei definir quem sou. Na verdade eu sei quem sou, uma pessoa horrível, que machuca as pessoas, que o que mais ama fazer é discursos para se mostrar superior, quando perde a razão grita. Isso sou eu? Não quero ser assim.

Eu quero ser aquela sua Rose, a menininha inocente que mostrava o dedo do meio sem saber o significado.

A menininha inocente que não machucava as pessoas quando queria.

Eu quero ser importante para alguém, eu quero cativar alguém.

Quero cativar você papai, de volta para mim.

Então:

Me desculpe papai? Sinto falta da gente. Me desculpe?

Sua pequena Rosa.

Ps: esse meu jeito foi bom em um aspecto, nenhum garoto chega perto de mim, a não ser para sofrer dolorosas torturas psicológicas”

Ela leu e releu, e leu novamente sua pequena carta, suas mãos tremiam, parecia que seu corpo sentia que, a partir do momento que enviasse aquela carta sua vida mudaria. Estava pronta pra isso?

- A quem estou tentando enganar?

Amassou o pedaço de pergaminho em sua mão e jogou atrás de si, sem se importar se sujaria o chão e com o fato de estar quebrando uma das regras, mesmo sendo monitora.

O papel relou na cabeça de um jovem, que estava sentado na penumbra entre duas prateleiras, lendo seu livro preferido “O pequeno príncipe”.

Scorpius fez um impulso para se levantar do chão e dar uma enorme bronca no aluno que havia feito aquilo quando notou que era ela.

Segurando fortemente o papel em sua mão e se afundando ainda mais na penumbra ele a observou.

Rose coçava a cabeça e tentava pensar numa carta casual:

“Pai...Aqui está tudo muito bem, obrigada.

Ainda estou tirando as maiores notas da turma, mesmo que o Malfoy tente me superar em algumas delas. Os professores adoram o fato de eu sempre fazer discursos em suas aulas.

Por favor, não acredite em qualquer coisa que Hugo disser a você, e as fotos que ele provavelmente mandará são uma montagem que ele fez com algum programa de Trouxas que edita fotos.

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Com amor, Rose”

- Agora sim sou eu – disse com a voz chorosa sentindo lágrimas descerem pelo seu rosto – Alguém insuportável, que não cativa ninguém. Está tudo muito bem por aqui papai, estou usando minha máscara como sempre.

Então ele ouviu ela soluçar chorando absorta em seu próprio mundo.

Olhou o pergaminho amassado em sua mão e o abriu.

Conforme lia a carta Scorpius começou a compreender várias aspectos naquela menina mal criada que ele tentava entender durante o dia todo. Mais que isso, ele compreendia que mais que tudo agora, ela precisa de alguém.

Alguém que tomasse as decisões por ela.

- Olá Pichi II – Rose acariciou a cabeça da pequena ave, parada a sua frente, esperando uma resposta da garota para enviar a seus pais – Leve a eles? Diga que estou como sempre estive? Fingindo.

Dizia como se a ave a compreende-se enquanto amarrava o pedaço de pergaminho em sua perna.

A viu levantar voo e ouviu os murmúrios da bibliotecária dizendo que era proibido correio de corujas na biblioteca.

Levantando, sem se dar conta que um jovem loiro ainda a observava, Rose começou a andar para seu dormitório com a cara enfiado em seu livro de poções, torcendo para que ninguém olhasse seu rosto e percebesse que ela havia chorado.

“Finja mais um pouco Rose, tudo ficará bem”. Repetia a si mesma.

Já à noite, Scorpius burlou suas próprias regras, e andou a noite fora do castelo, foi até o corujal e enviou uma carta, ao pai de Rose:

“Olá senhor Weasley,

Eu queria te contar uma história, a de uma garota que chama Rose, mais conhecida como sua filha. Ela usa uma máscara durante o dia inteiro por Hogwarts, fingi ser algo que ela não é. Ela tentou confessar numa carta jogada fora o quanto sentia falta de várias coisas.

Eu sei que é feio isso, observar as pessoas, ler coisas pessoais.

Mas estou preocupado com ela. E tenho certeza que o senhor gostaria de ler isso. Em anexo, estou mandando uma carta que Rose não teve coragem de enviar ao senhor horas mais cedo.

Eu deveria revelar quem sou agora, aposto que o senhor não tem preconceito com meu sobrenome. Pelo menos espero que não.Eu torço para que as coisas acima de tudo se resolvam. Mais que isso, que Rose enxergue, que sim, que ela cativou muitas pessoas.

Inclusive a mim.

Afetuosamente.

Scorpius Malfoy”

- Não desistirei de você, menina mal criada – ele disse enquanto via a coruja voar pelo céu.